DEU NO X

JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

MARTELADAS EM COMPASSO

José era assim: um sonhador.

Não sonhava com as viagens espaciais, tampouco com as bicicletas, de forma alguma com os carrinhos importados, nem com a bola de couro… sonhos comuns a qualquer menino de sua época. José sonhava apenas em ser músico e tocar na bandinha de sua cidade.

Sonhava acordado, olhos abertos e fixos num ponto nem percebido, enquanto assobiava dobrados e valsas. Imaginava-se subindo e descendo as ladeiras do seu lugar, observado pelo povo, recebendo aplausos. Via-se com a farda azul e aquele quepe na cabeça, as botinas bem engraxadas, as luvas brancas e todos os botões dourados levados na farda azul esmeradamente engomada pelas mãos ágeis de Dona Rosa, sua mãe.

Porém, como não tinha certa disposição para os estudos e todas aquelas disciplinas, especialmente a Matemática, recebia sempre a reprovação do maestro nas inúmeras tentativas de ingressar na escola de música. Jamais passou, sequer, da primeira lição. Renovava-se sua decepção a cada nova prova.

Fora isso, José sonhava apenas com carros. Mas os seus sonhos eram tão simples, que os carros eram de brinquedo. Não os de ferro importados, tampouco os de plásticos coloridos. Mas carros feitos de latas. Sim. Isso mesmo. Latas!

Um dia cortou uma lata, estirou o flandres nas batidas certeiras de um martelo, utilizou-se de um prego para riscar algo parecido com o carro do seu desejo utilizando um pedaço de madeira como régua e, como arte de menino inquieto, pegou às escondidas a tesoura da mãe e a fez perder o corte fino invadindo o desenho em seus contornos. Usando a primeira peça como molde, repetiu o desenho aproveitando o espaço do outro lado da lata. Como prêmio duas bandas de um carro imaginário imitando um modelo real, colocadas em paralelo uma contra a outra.

Indagou o que seria preciso para compor o restante daquela carroceria. Mediu o capô, a frente para o para-choques, o teto e a tampa do porta-malas.

Em outra lata aberta e da mesma forma estirada, o prego servindo de giz foi gerando linhas limites para a tesoura.

Juntou restos de madeiras numa serraria, comprou pregos e com o serrote do pai começou a construir seu primeiro carro. Levou dois dias nessa tarefa. Perdera tempo imaginando um sistema de amortecedores e, o mais difícil, como criar um jeito de mover os pneus da frente para fazer curvas com seu carro. Acabou copiando os modelos feitos por um senhor de sua cidade. Saiu em buscas de chapas finas de ferro que serviam para amarrar os grandes fardos de algodão na velha usina. Conseguiu três pequenos pedaços. Estava de bom tamanho.

Os pneus, também de madeira, foram traçados com a ajuda de uma concha velha e abandonada por sua mãe. Depois ele aparou as arestas o quanto pôde e, no lugar do cimento mais grosso da calçada do vizinho, lixou o que restava para chegar aos limites dos círculos produzidos por um lápis grafite. Surgiram os quatro pneus. Uma ideia fluiu em sua mente. Correu ao lugar do muro onde o pai guardava alguns trecos e encontrou os restos de uma câmara de ar. Retirou uma parte, cobriu os pneus com a borracha, prendendo-a com pregos bem pequenos.

Sob um velho tecido grosso, dentro de uma caixa de madeira, encontrou o que sobrara da tinta utilizada para pintar os portões de sua casa. O carro teria uma cor. Seria branco.

Com paciência e perspicácia foi enfeitando o carro. Dois retrovisores, o espelho interno, uma antena de rádio, os guarda-lamas produzidos na mesma borracha utilizada nos pneus, os faróis feitos com tampas de creme dental, o para-choque, um pedaço de plástico de fio para cobrir cadeiras virou o cano de escape. Um quadrado de madeira sobre o teto daria a ilusão de uma entrada de ar. Quatro tampas originadas de um recipiente para fermento serviram de calotas.

O vizinho vendo aquele esforço lhe presenteou com uma latinha de tinta preta. Alguns acessórios ganharam novas cores, para diferenciar da cor original do carro.

Esperou a tinta secar pacientemente observando o seu carro exposto ao sol sobre a parede do muro de sua casa. De vez em quando punha a ponta do dedo indicador por baixo do carro, num lugar específico que pintara apenas para tal teste. Foi dormir sem que a pintura estivesse totalmente seca. Quase não pegou no sono.

Mas o dia amanheceu e José fez novo teste. Ah! Sequinha!

Amarrou as pontas de um barbante na madeira servindo de suporte para o eixo no qual rodavam os pneus da frente, e já foi para a escola puxando o seu próprio carro. Estacionou-o sob a carteira de dois lugares. Um sucesso! Na hora da merenda, no pátio da escola, muitos motoristas testaram “a maciez” do carro. Aprovado! Recebeu encomendas. Virou artesão fabricante de carros de latas.

Virou também o responsável pela realização dos sonhos de outros meninos.

Trabalhava só. E enquanto riscava, cortava, montava, pintava e dava os acabamentos, assobiava pacientemente os dobrados e valsas executados pela bandinha de música.

Hoje, já com o peso dos anos e as inquietudes da saúde debilitada, José continua fabricando seus carros. Já não há mais a mesma procura. Os brinquedos modernos excluíram os velhos sonhos, originam outros nos meninos de agora. Porém, existe sempre um pai saudoso querendo presentear um filho com uma réplica do seu primeiro carro.

E, enquanto fazia carros de flandres, aglutinando meninos ao seu redor, José se viu realizando o seu outro sonho. Aquele mais importante e que lhe fizera de fato perder o sono tantas vezes. Foi por muitos anos o titular no surdo da bandinha de sua cidade.

Subia e descia ruas nos compassos ensaiados nas marteladas dadas em sua fabricação de carros de lata.

DEU NO X

DEU NO JORNAL

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NO JORNAL

É MUITA FESTA!

Já se passaram exatos 42 dias desde a última atualização no Portal da Transparência dos gastos festivos do governo Lula (PT) com viagens para seus integrantes.

Até 28 de fevereiro, somente a administração direta do governo petista já representava gastos de cerca de R$ 80 milhões em viagens.

Procurada, a Controladoria-Geral da União (CGU), responsável por manter a Transparência em dia, diz que atualiza gastos mês a mês e que tem até 30 de abril para atualizar os dados de março.

Pagadores de impostos bancam principalmente as diárias, que engordam os salários ainda mais. As passagens viram um brinde.

Só nos dois primeiros meses do ano, o governo torrou R$ 41,4 milhões em diárias para sua turma e mais R$ 37,8 milhões em viagens de avião.

Ano de maior gasto com viagem da História, o governo torrou em 2023 R$ 2,3 bilhões.

Voltou a gastar o mesmo caminhão de dinheiro em 2024.

* * *

A expressão “gastos festivos”, no primeiro parágrafo dessa nota aí de cima, resume tudo.

A torração de dinheiro na administração petralha é uma festa animada e ruidosa, um bacanal com direito a todos os gozos.

E isso tudo às nossas custas.

Com o suado dinheiro do contribuinte.

É pra arrombar a tabaca de Xolinha!!!

A cachorro Xolinha, mascote do JBF, de tabaca arrombada com a gastança no gunverno do Descondenado

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

JÁ VEJO O SÃO JOÃO CHEGANDO!

Vejo enfeitado o terreiro,
Uma fogueirinha acesa,
Muita pamonha na mesa,
Milho assando no braseiro.
Floreio de sanfoneiro,
A zabumba repicando,
O Triângulo tilintando,
Disparos de bacamarte,
Festejos por toda parte…
Já vejo o São João Chegando!

Caruaru e Campina
Com as suas atrações,
Variados palhoções
Do forró de concertina.
No calor da lamparina
Muitos casais namorando,
Juras de amor trocando
Nos contatos labiais,
Por isso e por muito mais…
Já vejo o São João Chegando!

DEU NO X