Nikolas Ferreira
Produtora cancela shows da banda Ira! em 4 cidades, após o vocalista Nasi se manifestar contra a anistia ao 8/1
Durante um show em Contagem–MG no dia 29/03, o vocalista da Banda Ira!, Marcos Valadão Ridolfi, mais conhecido como Nasi, atacou o eleitorado de direita presente em seu show, após ser vaiado ao criticar o projeto de anistia para os manifestantes do 8 de janeiro. “Vão embora e não voltem mais aos nossos shows” e “não comprem nossos discos” foram as declarações do músico, mostrando todo o “amor” que existe na esquerda.
Há dois meses, participei de um podcast onde comentei um pouco sobre a questão cultural no Brasil. Lá destaquei que, particularmente, consigo separar a capacidade artística de uma pessoa com sua opinião política – provavelmente foi um pouco do que aconteceu em Contagem, até o cantor querer fazer militância em cima do palco.
Se faltou tolerância por parte de Nasi, parece ter sobrado ignorância. Primeiro porque a intenção principal em um show musical é curtir a música. Em segundo lugar, porque ele estava em uma cidade mineira em que Lula teve menos votos que Bolsonaro e onde fui o deputado mais votado com quase 76 mil votos. A chance de não ter ninguém de direita ali preocupada apenas com a apresentação da banda era praticamente nula.
O pedido de Marcos Valadão foi atendido de forma rápida. Cerca de duas semanas após a sua fala em Minas Gerais, a banda Ira! teve shows cancelados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
A produtora dos eventos publicizou os inúmeros pedidos de cancelamento de ingressos, desistência de patrocinadores e não progressão das vendas.
Produtora 3LM e centro cultural Scar anunciaram o cancelamento dos shows
Filiado ao Partido Comunista do Brasil desde 2003, o vocalista do Ira! atribuiu o cancelamento das apresentações a um “bombardeio de fascistas” e citou o tal “gabinete do ódio”, ignorando que o único a ter demonstrado ódio foi ele.
Sobre o fato de Marcos estar em um partido e ser de uma ideologia que exalta ditadores ao mesmo tempo, em que chama manifestantes de golpistas, é só mais um motivo para ter certeza de que definitivamente o melhor para ele é se concentrar em suas canções.
Nasi até tentou minimizar os fatos, mas as indiretas a cantores de direita como Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, que nada tem a ver com o que aconteceu, indicam que ele sentiu, e muito.
Para não ser injusto, finalizo o texto com uma boa lembrança que tenho de Nasi, o seu milésimo gol sofrido no Rockgol 2007, e que era um campeonato ótimo de assistir.
Talvez o ressentimento do “Wolverine Valadão” tenha resquícios dessa época, já que ele também levou um gol de Roger Moreira no antigo programa televisivo da MTV. Bons tempos!