PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

SE TU VIESSES VER-ME… – Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

COMENTÁRIO DO LEITOR

MAIS UM

Comentário sobre a postagem MAIS UM QUE DECEPCIONA

Luiz Carlos Freitas:

Mais um psicólogo, esperto, malandro, ardiloso, que estuda a natureza humana, em suas mais complexas nuances, para se aproveitar financeiramente.

Com abordagens maquiavélicas, junto aos incautos fiéis, em busca de esperanças e milagres para suas vidas. Usando do Santo nome de Deus.

Aproveitando-se, da fragilidade, do medo, da superstição e das carências diversas, que as pessoas carregam em suas existências.

É só acessar os diversos vídeos, onde ele pede dinheiro, como tantos outros, em nome das suas seitas religiosas.

Sem esquecermos que essas entidades são “imunes” de IR. Portanto…

Essa “eminência parda”, parece um agente infiltrado em todos os espectros dos cotidianos: político, financeiro, econômico, pessoal, midiático, religioso…

Um “bobo da corte” às avessas.

Ao mesmo tempo que diverte o rei, a corte, os amigos do rei, os súbitos, os plebeus… Assume, o lugar de todos, sem ao menos eles perceberem.

ALEXANDRE GARCIA

PERDEU A AÇÃO

Em 2017, o presidente Lula processou a Isto É e dois repórteres, pedindo indenização de R$ 1 milhão, pela divulgação de uma entrevista do senhor Davincci Lourenço de Almeida. Nessa entrevista, Davincci conta que levou uma mala de dinheiro para Lula.

Seria uma propina de R$ 100 milhões, referente a um contrato entre a Camargo Corrêa e a Petrobras. Ele conta que a mala saiu do hangar da Camargo Corrêa em São Carlos, foi até o hangar da Camargo Corrêa em Congonhas, e lá foi entregue a um funcionário, que a levou ao destino final. O dinheiro estava em um saco que ele colocou dentro da mala.

O advogado era Cristiano Zanin, mas ele perdeu. O Tribunal de Justiça de São Paulo alegou que foi uma entrevista com identificação da fonte e sem opinião. Então, ninguém tem que pagar nada nesse caso, nem a Isto É, nem os dois repórteres.

Mas Lula vai ter que pagar R$ 150 mil de honorários dos advogados dos réus. Ele ainda pode recorrer. Certamente não será Cristiano Zanin o advogado, porque ele já levou Zanin à Suprema Corte.

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TSE impede PMB de Cristina Graeml de usar fundo eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que é o partido de Cristina Graeml, candidata a prefeita em Curitiba, não pode usar o fundo eleitoral no segundo turno.

Para Cristina Graeml, isso não faz diferença, porque ela já fez o primeiro turno sem dinheiro público, e isso até contou pontos a seu favor. Ela não está gastando dinheiro dos contribuintes, mas sim de quem a segue e quis fazer doações como pessoa física.

Eu acho que isso é o certo. Quem deve sustentar um partido político não é o contribuinte que não concorda com o partido para onde vai o seu imposto. O partido tem que ser sustentado pelos seus seguidores.

Cristina Graeml não está mais sozinha. Está com o povo de Curitiba, indo muito bem para o segundo turno, e a origem do seu apoio é algo orgânico.

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Agro dá exemplo em Mato Grosso

Outra questão orgânica: já há 21 usinas de etanol em Mato Grosso usando milho.

E vocês sabem o que fazem depois com o milho que é prensado para fazer o etanol? O resíduo do milho está sendo utilizado como ração para o gado, e os resultados têm sido excelentes. O gado está se alimentando bem e ganhando muitos quilos a mais.

É a renda desse país, esse agro que alimenta o mundo. É a fertilidade dos cérebros de quem trabalha no agro e soube fertilizar e corrigir a terra brasileira. Imaginem se isso fosse multiplicado por todos os cérebros deste país; seríamos uma grande potência, com bem-estar social à altura da Finlândia.

A Finlândia é muito fria, mas está em primeiro em bem-estar social no mundo. E nós estamos lá atrás, infelizmente.

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Governo Lula continua estatizante e gastador

Também estamos lá atrás nos resultados das estatais. De janeiro a agosto deste ano, o déficit das estatais brasileiras já chegou a R$ 7,2 bilhões.

Há uma estatal que faz o “chip do boi” [Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec)], que estava na lista de extinção, para privatização. Só que Lula bloqueou a privatização. Ele é estatizante e vai continuar assim. Tal como o governo militar, que foi muito estatizante, Lula está ao lado disso.

Outra coisa: o montante gasto com a retirada humanitária de brasileiros de Beirute para São Paulo foi estimado em R$ 21 milhões, caso fossem pagas as passagens. No entanto, a verba destinada para esse resgate é de R$ 80 milhões.

Sabemos que, normalmente, obras públicas acabam saindo mais caras que obras privadas. Isso é uma regra. Queria lembrar o dinheiro gasto em Belo Monte. Belo Monte é quase do tamanho de Itaipu. Colocaram 18 turbinas, mas nada está funcionando. Só duas turbinas estão operando.

Fizeram tanta pressão para não haver um reservatório de água que o dinheiro foi jogado fora, porque agora a usina depende da vazão do rio.

XICO COM X, BIZERRA COM I

LADRÃO DE LUAS

O homem tinha por sonho roubar a lua. Egoísta e desvairado, desejava apenas para deleite próprio o brilho e o encanto do luar. Talvez para dividir com sua amada os raios prateados, enternecendo e eternizando seus instantes de amor. Não sei.

Sorrateiramente, num crepúsculo de abril, às escondidas de um sol já escondido, colocou seu plano em ação e, achando pouco a audácia, convidou um amigo para registrar seu delito, fotografando-o. Serviria de comprovação para os que duvidassem de seu ato. Assim, final de tarde, lua recém-surgida e bem cheia como convinha à ocasião, o homem abriu a porta traseira de seu carro, aparentemente grande para comportar um satélite, colocou a lua num carrinho de mão e daí levou-a até seu veículo.

Ele conta a história e quase ninguém acredita. O amigo fotógrafo não concluiu o registro do fato insólito e histórico. Por pouco. Conseguiria, não fosse o porta-malas um pouco menor que a grandeza da lua. Menos mal. Frustrado, o ladrão devolveu a lua a seu habitual habitat. Tivesse logrado êxito em seu intento, hoje estariam os namorados às escuras, sem o luar e com um sol muito chateado por terem-lhe roubado a companheira fiel e solidária.

Talvez até São Jorge o perdoe pela tentativa de tão hediondo crime. Mas, pela gravidade de sua ação, acho que o frustrado ladrão deveria habitar, por bom tempo, uma cela escura, sem qualquer janela que lhe permita contemplar a beleza do luar. O castigo será mais que justo e merecido. Quem já viu querer roubar a lua?

DEU NO X

DEU NO JORNAL

A CERTEZA DA PUNIÇÃO É A MELHOR PREVENÇÃO

Roberto Motta

A manifestação do MPF ocorre depois de o Grupo de Trabalho (GT) Interinstitucional de Defesa da Cidadania publicar uma nota atacando o projeto.

A penitenciária não foi criada para ser um local de estudo ou de “capacitação profissional”. A função da penitenciária é manter criminosos isolados da sociedade como punição por seus crimes. Por isso não é correto argumentar que uma penitenciária não é adequada se não oferece ensino aos presos. Aqueles que realmente desejam estudar não cometem crimes.

É claro que criminosos podem se arrepender e decidir estudar e aprender uma profissão. É mérito deles. Mas, se isso não for possível na penitenciária onde os criminosos estão presos, paciência. Essa é exatamente uma das desvantagens de cometer um crime: existe a possibilidade de ser privado de algumas oportunidades que você teria se não tivesse cometido crime algum.

Um criminoso preso, naturalmente, não pode ter acesso aos mesmos serviços e oportunidades que um cidadão de bem, que nunca cometeu um crime.

Além disso, é absurdo exigir da sociedade, que já foi vítima do crime e que já arca com todo o custo de manutenção do sistema de justiça criminal, que ela também assuma a responsabilidade pela “reciclagem” do bandido – a expressão usada para essa reciclagem é “ressocialização”, uma construção ideológica fantasiosa.

Não é correto dizer que “apenas” punir não adianta. Punir criminosos com rigor é a receita mais eficiente contra o crime porque impede o criminoso de continuar agindo, dá o exemplo a outros criminosos potenciais e promove o sentimento de justiça. Não existe democracia desenvolvida que não puna seus criminosos com prisão. A maioria delas tem penas de morte, de prisão perpétua e de prisão por longos períodos sem qualquer benefício. Nenhuma das três penas existe no Brasil. Aqui o autor de um assassinato brutal, em geral, não fica nem dez anos preso.

Com a aproximação das eleições algumas autoridades deram declarações de preocupação com o crime organizado. Mas a preocupação é seletiva; ela só aparece no período eleitoral. No resto do ano o crime está livre para dominar milhares de territórios pelo país. Só no Rio de Janeiro são mais de 1.700 comunidades controladas pelo narcotráfico.

Não faz muito tempo uma ministra de Estado nos informou que andava de moto em uma “comunidade” sem usar capacete porque “essa é a regra por aqui”. Na quarta feira, 18 de setembro, a menina Valentina, de 14 anos, foi baleada no Complexo da Maré, no Rio. Valentina estava no carro do pai, que errou o caminho, entrou na comunidade por engano e, por não obedecer a uma ordem dos traficantes de parar o carro, recebeu uma sentença de morte. Mas como o episódio nada tinha a ver com eleições o Estado brasileiro não viu nada, não disse nada, e não fez nada.

A missão de impedir que criminosos dominem territórios e se tornem uma força política é do sistema de justiça criminal. Ele é composto pela polícia, pelo Ministério Público, pelo Judiciário e pelo sistema prisional.

Todas essas instituições estão sob ataque no Brasil. O próprio governo federal trabalha para derrubar a lei que acabou com as saidinhas. As operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro estão suspensas desde 2020, por determinação judicial no contexto da ADPF 635.

A pergunta é: o que falta para o narcotráfico começar a assumir o controle de cidades inteiras? O professor Pery Shikida, doutor em economia, publicou recentemente um estudo científico realizado com criminosos presos no estado de São Paulo. A pesquisa fez uma descoberta espantosa: a renda mensal obtida pelos criminosos, com suas atividades no crime, era de R$ 46.333,00.

O professor perguntou aos criminosos: que tipo de medidas poderiam diminuir a atividade criminosa? O que o Estado poderia fazer para dissuadir você de continuar a cometer crimes? Os criminosos responderam: pena de morte (29,7% das respostas), prisão perpétua (22,5%) e penas longas sem qualquer benefício (8,8%). Nenhuma das três penas é permitida pela legislação.

Na verdade, o que existe no Brasil é uma campanha permanente pelo desencarceramento. Isso significa soltar criminosos presos. Qualquer desculpa vale. Uma das desculpas usadas com mais frequência para libertar criminosos é o estado dos presídios brasileiros. De uma forma geral, os presídios do Brasil são mesmo muito ruins. Isso acontece de propósito.

O Estado brasileiro já gastou 100 bilhões de reais na construção da refinaria Abreu e Lima, que ainda não está pronta. Com esse dinheiro seria possível construir um novo sistema prisional em todo Brasil a partir do zero, dobrando o número de vagas existentes. Mas por que o Estado brasileiro, que tem vários órgãos que vivem de defender os direitos dos criminosos presos, não constrói novas prisões?

Vou explicar contando um caso.

Em novembro de 2018, uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, um tribunal internacional criado como parte da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica) da qual o Brasil é signatário, determinou que fosse contado em dobro cada dia de pena cumprido pelos detentos no Complexo do Curado, em Pernambuco, porque as condições do presídio foram consideradas como “degradantes”.

Muitos juristas argumentam que essa decisão é absolutamente ilegal – uma invenção jurídica – já que o Pacto de San José da Costa Rica não contém nenhuma previsão de contagem de pena em dobro. A polêmica decisão provocou uma discussão a respeito dos limites da ingerência de uma organização internacional, composta por tecnocratas estrangeiros e não eleitos – e muitas vezes com posições abertamente marxistas – sobre o sistema de justiça do nosso país.

Ainda assim, STF e STJ entenderam que as sentenças emitidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos têm eficácia obrigatória e vinculante no Brasil, e produzem autoridade de coisa julgada internacional. Todos os órgãos e poderes internos do país são obrigados a cumpri-las.

Como consequência dessa decisão, centenas de homicidas, assaltantes, sequestradores e estupradores presos em Pernambuco tiveram as suas penas reduzidas pela metade. Eu aposto que você não sabia disso.

PENINHA - DICA MUSICAL

TEMAS DE FAROESTE – 1

Quero homenagear, durante esta semana, o nosso colega Cícero Tavares, o formidável crítico de cinema desta nossa gazeta.

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1960 – North to Alaska – Johnny Horton

Tema do filme “Fúria no Alasca“, estrelado por John Wayne, Stewart Granger e Capucine.