ALEXANDRE GARCIA

PT LEVOU UM BANHO DA DIREITA NAS CAPITAIS

PL de Bolsonaro conquistou mais de 500 prefeituras em várias regiões do país nas eleições de 2024.

Ex-presidente Jair Bolsonaro impulsionou candidaturas do PL em várias regiões do país

Além do fato constatado por todos, de que quem ganhou essas eleições foi a direita e a centro-direita, fazendo mais prefeitos, mais vereadores e tendo mais votos, Jair Bolsonaro também saiu vencedor. Mesmo inelegível, sem participar da eleição, ele avançou até no Nordeste. Em Teresina (PI), por exemplo, um reduto petista, o candidato do PT não ganhou nem com o apoio de Lula e de Wellington Dias, ex-governador e ministro de Lula. Quem venceu foi o candidato apoiado por Ciro Nogueira (PP), que foi ministro de Bolsonaro.

Aliás, o PT não elegeu ninguém em primeiro turno nas capitais. Foi ao segundo turno em quatro das 26 capitais, provavelmente sem chance em nenhuma delas, principalmente em Porto Alegre, onde só houve segundo turno porque o atual prefeito ficou só um pouco abaixo dos 50% dos votos. Era bem o momento de pedir recontagem, se houvesse o comprovante do voto – assim como aconteceu em São Paulo, onde os três primeiros ficaram mais ou menos empatados, indo para o segundo turno Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol).

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Filhos de Bolsonaro se elegeram; quem abandonou o ex-presidente fracassou

Os partidos de centro e direita fizeram quase três vezes mais prefeituras, mais vereadores e mais votos. O campeão de votos foi o PL; de prefeituras, o PSD, de Gilberto Kassab, que é secretário de Tarcísio de Freitas em São Paulo; e o campeão de vereadores foi o MDB. Esses foram os partidos que mostraram mais força. É claro que temos de fazer uma ressalva: em geral, no Brasil, quem puxa mais o voto para prefeito e vereador é o candidato, é sua força pessoal. A força de Bolsonaro foi tanta que agora todos os filhos estão na política: o jovem Jair Renan foi o vereador mais votado de Balneário Camboriú (SC). Bastou dizer “filho de Bolsonaro”. Enquanto isso, uma pessoa que ficou com fama de ter traído Bolsonaro, Joice Hasselmann, foi candidata a vereadora em São Paulo e teve apenas 1.669 votos. Em 2018, candidata a deputada federal apoiada por Bolsonaro, ela teve mais de 1 milhão de votos. Que diferença!

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Em Curitiba e Goiânia, segundo turno terá apenas direita e centro-direita 

A surpresa em Curitiba foi Cristina Graeml. Sem nenhum apoio, sem estrutura, sem nada, assim como Pablo Marçal, terminou praticamente empatada com o primeiro colocado. E os dois têm mais ou menos a mesma cor ideológica. Vai ser complicado lá, porque Cristina Graeml apoia Bolsonaro, ele gosta dela, mas o adversário dela, Eduardo Pimentel, tem um vice que é do partido de Bolsonaro, o PL. Goiânia está com o mesmo problema – ou dilema, eu diria. De um lado, Ronaldo Caiado; do outro, Bolsonaro. O segundo turno lá tem um candidato de Bolsonaro, do PL, e o candidato de Caiado, Sandro Mabel, do União Brasil. Não deixa de ser uma divisão, e a esquerda muitas vezes tira partido quando a direita, o centro, os conservadores se dividem.

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Ministro de Lula minimiza, mas resultado terá reflexos em 2026, sim

O ministro das Relações Institucionais de Lula, Alexandre Padilha, tentou separar esse resultado de eleição presidencial futura e passada. Nós ficamos sem entender. Se a centro-direita tem tanto voto a mais que a esquerda, se todo mundo sabe que a nação brasileira é conservadora, como foi que Lula ganhou? Isso vai, sim, influenciar a eleição de 2026, tanto presidencial quanto para governadores, deputados e dois terços do Senado. É um resultado eloquente, embora ainda precisemos do comprovante do voto para garantir, e de menos intervenção na campanha eleitoral, que precisa de mais laissez-faire, mais liberdade de expressão.

DEU NO JORNAL

VIOLÊNCIA

Entre todas das prefeituras (253) vencidas pelo PT na eleição do último domingo, 20% estão na Bahia (50), o segundo estado mais violento do Brasil, segundo o Atlas da Violência do Ipea.

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Não entendi essa nota aí de cima…

O PT é um partido pacífico, pacato, quieto e manso.

Repudia com vigor a violência.

Muito tendenciosa esta colocação.

DEU NO JORNAL

OS VENCEDORES E OS DERROTADOS DO PRIMEIRO TURNO

Editorial Gazeta do Povo

Apurados todos os votos das eleições municipais do último domingo, partidos e analistas políticos fazem todos os tipos de contas possíveis: número e relevância de prefeituras conquistadas, votos obtidos, ou alianças a buscar no caso daqueles que avançaram ao segundo turno em cidades maiores. E, mesmo que haja muitas prefeituras ainda em jogo, em municípios importantíssimos, os dados que emergem do pleito já permitem apontar algumas tendências, especialmente para quem está mirando um outro processo eleitoral – o que ocorrerá daqui a dois anos, quando o PT de Lula será desafiado pela direita, com os aspirantes a herdeiros do capital político do ex-presidente Jair Bolsonaro medindo forças desde já.

O petismo, que passou de pedra em 2020 para vidraça em 2024, após quase dois anos de governo Lula 3, colheu resultados agridoces. Quatro anos atrás, já contando as disputas vencidas em segundo turno, havia eleito 183 prefeitos. O número subiu para 265 no intervalo entre as duas eleições municipais, graças a filiações de prefeitos vindos de outras legendas, e vices petistas que assumiram no lugar de titulares que deixaram o cargo por motivos variados. Agora, o PT garantiu 248 prefeituras e disputa mais 13 segundos turnos. O desempenho foi inferior ao esperado pela legenda, que corre o risco de repetir 2020 e ficar sem nenhuma capital de estado. O petismo ainda sofreu derrotas em redutos históricos, como seu berço, o ABC paulista; e perdeu para o PL em São Leopoldo (RS), palco dos espetáculos de Lula em meio à enchente no Rio Grande do Sul. Ironicamente, a maior esperança do PT, partido que nunca abriu mão de sua posição de liderança na esquerda brasileira, não está nos seus quadros: é Guilherme Boulos, do PSol, que está no segundo turno em São Paulo com apoio de Lula. Sem lideranças de sucesso em cidades relevantes, um eventual processo de renovação da legenda sai prejudicado.

Na ponta oposta está o PSD de Gilberto Kassab, partido cuja desenvoltura (ou falta de personalidade) política o torna capaz de integrar tanto o governo de Tarcísio de Freitas em São Paulo (com o próprio Kassab) quanto o ministério de Lula. Apesar de uma campanha de boicote movida por setores da direita em protesto contra a inação do senador Rodrigo Pacheco em pautar processos de impeachment de ministros do STF, o PSD se sagrou campeão em número de prefeituras conquistadas (882), posto que sempre fora do MDB desde a redemocratização. Venceu já no primeiro turno no Rio de Janeiro (com apoio de Lula), em Florianópolis e em São Luís, e está no segundo turno em Curitiba (com apoio de Bolsonaro) e Belo Horizonte, além de outras cidades importantes em estados como São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Neste primeiro turno, foi o segundo partido a receber mais votos para prefeito: seus candidatos foram escolhidos por 14,5 milhões de eleitores.

O vencedor neste quesito foi o PL, ao qual Bolsonaro se filiou no fim de 2021, após não ter conseguido viabilizar a própria legenda: os candidatos a prefeito do partido receberam 15,7 milhões de votos. O PL garantiu 511 prefeituras, ficando apenas em quinto lugar, mas, quando se trata apenas dos municípios grandes, com mais de 200 mil eleitores, os dez eleitos deixam o partido na liderança, com outros 23 candidatos disputando o segundo turno, incluindo nove capitais. Além disso, candidatos de outros partidos apoiados por Bolsonaro seguem na disputa, como Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo.

Para além dos dois partidos (e pessoas) que dominam a política nacional, o fato é que o Centrão, capitaneado pelo PSD, continua firme no papel de “noiva cobiçada” para 2026. Se é verdade que o comando de cidades grandes traz prestígio a um partido, cada prefeitura pequena também é um palanque que não pode ser desprezado em uma disputa que promete ser tão acirrada quanto a de 2022 – desde, claro, que os eleitos façam um bom trabalho para que seu futuro apoio seja uma vantagem, e não um peso para postulantes aos principais cargos de seus estados e da nação.

PENINHA - DICA MUSICAL