JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

CONVERSAS DE ½ MINUTO (35) ‒ PORTUGAL ‒ 1ª PARTE

Lisboa. Mais conversas, novamente de Portugal, em livro que estou escrevendo (título da coluna).

Almirante AMÉRICO THOMÁZ, 13º presidente de Portugal, último do Estado Novo. O mesmo que, logo depois da Revolução dos Cravos, acabou exilado no Rio. Se o Brasil teve um presidente (Jair) Messias, Portugal se gaba de ter tido (Américo) Deus. Em conversa com o generalíssimo Franco, da Espanha, disse

‒ A mi me gustam las cazadas (caçadas de animais, queria referir).

O espanhol não entendeu; que caçada, na sua língua, é caceria. E tentou responder, a partir do que imaginou,

‒ Ah, si? E las solteras, non?

ANÚNCIO NO GOYANNA (NUM. 153), EM 10.12.1922.

‒ Effectuou-se no dia 6 do mez corrente o enlace matrimonial do querido moço Luiz Cornelio da Fonseca Lima, agricultor, com a senhorita Ignacia Rabello, prendada, filha do nosso saudoso amigo Senador José Rabello e de sua virtuosa consorte. O acto civil effectuou-se no Lindo Amor, em caza de rezidencia da digna genitora da nubente. Os recém-casados seguiram após os actos para a sua excelente morada no Engenho Jacaré, onde fixarão rezidencia.

APÓCRIFO DO POETA ALEIXO. Apócrifos são citações que não tem autenticidade comprovada; e assim é conhecido um do poeta popular (António Fernandes) Aleixo (1899-1949), guardador de rebanhos e cantor de feiras, que diz

‒ Quando os olhos cansam
As pernas dançam
As peles crescem
Os colhões descem
O nariz pinga
E a piça minga
Deixa-te de bazófias
Que a missão está finda.

GILDA MATOSO, jornalista. Caetano Veloso, no Porto, pede que ligue para o cineasta Manuel de Oliveira. Atende mulher, desaforada, gritando

‒ Minha querida!, Miguel está em África!, buscando locações para o próximo filme!.

‒ Que coisa boa.

‒ Boa para quem?!

‒ Estou ligando só para convidar para o show de Caetano.

‒ E a Betânia?!

‒ Está no Rio.

‒ Então não vou!, que gosto mesmo é da Betânia!

JOÃO PAULO SACADURA, jornalista. Mandou página do semanário salazarista Agora (março de 1961) em que se lê

– MENINAS DE CALÇAS. Consta que no Liceu Infanta D. Maria apareceu há dias uma menina de calças à homem para assistir às aulas. A reitora, pessoa recta, mandou-a imediatamente para casa. Felizmente ainda temos professorado digno que sabe impor o respeito.

JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS, jornalista e advogado. Em Coimbra, estavam a passear José Carlos, natural de Freamunde, Porto; Paulo Quintela (germanista, tradutor de Goethe e Rilke), de Bragança, Trás-os-Montes; e Vitorino Nemésio (poeta, da revista Presença), de Praia da Vitória, Açores. Ocorre que, sem perceber, entraram em propriedade privada, conhecida como São Marcos (hoje, pertencente à universidade local). Foi quando apareceu um tipo que os censurou rudemente

– Andam por aqui e não sabem que estão a invadir terra de terceiros?

Quintela, considerando-se ofendido por seu tom de voz, falou em nome dos amigos

– E quem é o senhor?

O outro, não se sabia então, era da Casa de Bragança – fundada pelo Rei Dom João I, mestre de Avis, nos anos 1400. Caindo Filipe IV (em Portugal Filipe III, por conta do fuso horário, se diz brincando) um antepassado, Dom João IV, Duque de Bragança, até rei foi (em 1640). Bragança, como nosso Dom Pedro I – Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Por isso, com toda pompa de quem ainda se considerava com direitos ao trono português, encheu o peito

– Sou Dom Duarte Pio de Bragança.

Com ênfase no de Bragança. Só para ouvir Quintela responder, sem lhe dar maior importância,

– De Bragança? Como de Bragança? De lá sou eu e não o conheço de lugar nenhum.

JOSÉ OTÁVIO CAVALCANTI, advogado e tenor. Vinham Glória e ele caminhando pela Rua das Oliveiras, à Cidade Invicta (O Porto), quando viram no Pipa Vella essa placa

‒ Se bebe para esquecer, pague adiantado.

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NO JORNAL

FAZ FALTA

É quase certeza no governo Lula que a rede ‘X’ só voltará a funcionar no Brasil após o primeiro turno das eleições municipais.

Mas a expectativa (e torcida) é que fique fora do ar até depois do segundo turno, dia 27.

* * *

Essa gazeta escrota foi muito afetada com o sumiço da rede X.

Era uma fonte inesgotável de assuntos e notícias para as nossas edições diárias.

Tá fazendo um falta danada.

Mas, nas atuais condições dessa nossa republiqueta banânica, as coisas sempre vão de mal a pior.

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

“AS BREJEIRAS”

No interior nordestino, antigamente, o dia das eleições era um dia de festas, e muita comida nas casas dos candidatos, para alimentar os eleitores que vinham da zona rural. Era um dia divertido, apesar das brigas de rua, entre eleitores do PSD e UDN, com os “boca de urnas” tentando corromper os inocentes eleitores, que já sabiam em quem iriam votar e traziam as “chapas” para servirem de cola. Mas o perigo era a troca de chapas na boca de urna.

Em Nova – Cruz, cidade do interior do Rio Grande do Norte, se instalava um verdadeiro comitê, onde se trancavam conhecidos advogados venais, verdadeiros “medalhões”, vindos da capital, com a finalidade de fraudar as eleições. Eram títulos de eleitor tomados, chapas trocadas e no fim do dia, urnas adulteradas e “roubadas”. A polícia era obediente aos prefeitos e vereadores, e se limitava a prender cachaceiros, arruaceiros e fanáticos, que se agrediam na defesa de seus candidatos preferidos. Além dos eleitores vivos e ativos, também havia casos em que se flagrava pessoas com título eleitoral de pessoas já mortas, tentando votar.

Era um dia divertido, e a movimentação na cidade era grande. A animação e euforia eram maiores do que as que haviam nas festas de final de ano.

Eram comuns, nessas antigas eleições, o desaparecimento e a troca de urnas eleitorais, para o favorecimento de determinados candidatos. A apuração dos votos era lenta, manual e duvidosa, principalmente nas cidades do interior, como Nova – Cruz (RN), onde nasci e me criei.

Nas antigas eleições norte-rio-grandenses, era comum o desaparecimento de urnas eleitorais, após o encerramento da votação. Havia pessoas inescrupulosas e de “gabarito”, como certos advogados e latifundiários da capital, envolvidas nessas fraudes, mas, numa luta desigual; o que se sabia de verdadeiro, morria ali mesmo. A polícia nada podia fazer, diante da quadrilha de fiscais eleitorais, acobertados até a medula óssea, para pôr em prática as falcatruas planejadas para o dia das eleições.

Bem antes da era cibernética, as falcatruas marcavam a luta dos poderosos contra a pobreza. O que se sabia de fraudes morria ali mesmo. Triste de quem denunciasse. Ficava preso, sem pão e sem água, até que algum cristão se lembrasse de soltá-lo . Os conhecidos advogados e latifundiários do Rio Grande do Norte, responsáveis pela garantia dessas fraudes, eram protegidos pelo podres poderes que nunca deixaram de existir. A lei só punia ppp (preto, pobre e p…). Durante as eleições, só quem mandava na cidade eram os “podres poderes”. Os poderosos seriam capazes de destruir quem se opusesse contra eles e ficava tudo por isso mesmo.

Nessa época, o sistema eleitoral era precário e facilmente manipulável. Os fazendeiros ricos e cabos eleitorais compravam votos abertamente, ou negociavam os votos em troca de bens materiais, como dentaduras, óculos, pares de sapatos, cortes de tecidos, ou alimentos. Os “coronéis” alteravam votos e falsificavam títulos de eleitor, para que os eleitores pudessem votar várias vezes, em diversas seções, até mesmo com títulos de pessoas falecidas.

Um conhecido político e latifundiário de Natal, do PSD, era apontado como o principal mentor de fraudes eleitorais homéricas. Semianalfabeto, o homem era dono de um raciocínio rápido e maquiavélico. Dominava seu reduto eleitoral e seu apoio garantia a vitória de qualquer candidato. Seus adversários o acusavam de fazer fraudes nas votações e nos mapas eleitorais, conseguindo falsificar o resultado das urnas. Esse político tinha prestígio no Estado e também no âmbito federal. Liderava um grupo acostumado a fazer campanha política, eleição e apuração. Na época, não havia institutos de pesquisas, nem marqueteiros.

O medo das fraudes, na época apelidadas de “brejeiras” se espalhava tanto no partido da situação como da oposição.

Diz o folclore norte-rio-grandense, que o nome “brejeira”, caracterizando fraude eleitoral, surgiu numa eleição no município de São José de Campestre (RN). Nessa ocasião, o saudoso Deputado Djalma Marinho fora chamado para orientar o delegado do Partido, numa ocorrência, durante a contagem de votos. Ao subir os batentes da prefeitura, onde se realizava a apuração, o Deputado teria cumprimentado um matuto que se encontrava sentado num dos batentes da entrada da prefeitura, fumando um cigarro de palha (brejeiro ) e lhe teria perguntado:

– O que está acontecendo aqui?

O matuto respondeu:

-Tão dizendo que fizeram “brejeira”, doutor…trocaram as urnas verdadeiras por urnas falsas…

O Deputado Djalma Marinho teria achado graça da expressão dita pelo matuto e passou a chamar fraude eleitoral de “brejeira”. Com o tempo, o nome pegou, e os políticos, por brincadeira, também adotaram a expressão “brejeira” quando se referiam às fraudes eleitorais. muito comuns no Rio Grande do Norte, tanto na capital como no interior.

A expressão nativa “brejeira” agradou ao Deputado Djalma Marinho e ficou sendo usada por ele, por brincadeira, quando se referia às fraudes eleitorais, com substituição de urnas autênticas por urnas com votação falsa. Brejeira, no Rio Grande do Norte passou a ser sinônimo de fraude eleitoral. Logo caiu na boca do povo. e tornou-se uma expressão conhecida . Brejeira, portanto, no folclore político norte-rio-grandense, significa fraude eleitoral.

O medo das brejeiras se espalhava entre as lideranças políticas da capital e do interior, atingindo tanto o partido da situação como da oposição.

Inúmeras fraudes eleitorais foram cometidas no Rio Grande do Norte. Mas o caso mais gritante ocorreu com um candidato a deputado estadual, em Natal, que aguardava com ansiedade a apuração, e constatou que a urna em que ele depositara seu voto não fora apurada. Simplesmente, a urna “sumiu”. Ele não teve nem o seu próprio voto, na seção em que votava.

Desesperado, encheu a cara de cachaça e chorou copiosamente numa mesa de bar, depois da apuração, e sua lamentação causava pena:

– Que o meu sogro e minha sogra não tenham votado em mim, eu desculpo…

– Que meus irmãos e cunhados não tenham votado em mim, eu desculpo…

– Que minha mulher não tenha votado em mim, é duro, mas eu desculpo…

– Mas, EU!!! Eu mesmo não ter votado em mim?!!! Isso eu morro e não aceito nunca!!!

Entretanto, a modernidade e segurança das urnas eletrônicas tornaram impraticáveis as antigas fraudes eleitorais.

Salve o progresso!

SANCHO PANZA - LAS BIENAVENTURANZAS

«¿QUÉ IMBÉCIL HA ORGANIZADO ESTO?»

Temos a vida e os governantes que merecemos e por isso estamos de volta, para o que der e vier. Excelente sexta procê!!! Hago lo que quiero y eso es todo lo que soy. Qué rostro tan bello, qué ojos tan profundos, qué sonrisa tan sexy, qué cuerpo tan sensual, … bueno, ya está bien de hablar de mi… ¿y tú como estás, lector elector? Ojos en las erecciones, ops, elecciones, mujeres de mi ‘brésil’ “varonillllll”.

Incredible Football Club – Vasco y Corinthians volven a sus hogares y aún están vivos en la “Copa do Brasil”. Sí, ¡has leído bien! Missão facinha, facinha: depenar Galo e Urubu, na volta.

Des Mots – para se formar um ditador é só dar-lhe poder. Dia de bater palminhas ao comunocapitalismo selvagem chinês onde pluralidade partidária é proibida, eleições proibidas, imprensa livre proibida, greves proibidas, manifestações proibidas, liberdades amordaçadas. E o camarada trans Zé Hinácio informa a Sancho que não há uma Parada LGBT em Pequim, pois a China não realiza eventos públicos que permitam a manifestação da diversidade sexual.

Já que fomos até as muralhas, dica de leitura: Quand la Chine s’éveillera … le monde tremblera; regards sur la voie chinoise / éditions Fayard, 1973.

A foice e o martelo ficam teimosamente na cabeça ‘deste homem que sabe de menos’. Tento esquecê-los, trauteando o “Que Sera, Sera”, na voz de Doris Day ouvido no ‘hitchcockiniano’, “O Homem que Sabia Demais”.

J’aime le souvenir de ces époques nues, pois os regimes não surgem por acaso, alguém lá os pôs. Dos livros aos números. Aos apaixonados por foices e martelos sugiro dar uma comparada nas estatísticas das duas Coreias: a comunista e a democrática.

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PENINHA - DICA MUSICAL