MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

O BRASIL É UMA PIADA

Essa semana foi recheada de coisas interessantes, coisas que fortalecem as instituições e protegem o estado de direito e a democracia no Brasil. A coisa é simples: ação do STF em defesa da corrupção e dos corruptos. Eu acredito que isso deve fazer parte de uma negociação que por enquanto, confesso, não tenho capacidade de entender o que está “fervendo na panela”.

A joia da coroa começou com a anulação das provas contra Marcelo Odebrecht pelo ministro Dias Toffoli, o conhecido “amigo do amigo do meu pai”. Depondo, em juízo, Marcelo explicou como funcionava a Diretoria de Operações Estruturadas da Odebrecht. Sua finalidade básica era favorecer políticos (deputados, senadores, ministros, presidente) em troca de contratos milionários, dentro e fora do Brasil. A Odebrecht publicou um texto nos jornais impressos do Brasil, admitindo que corrompeu, pedindo desculpas e devolveu, num acordo de leniência, R$ 6,9 bilhões, dinheiro este que foi entregue por Moro na petrobras e, lembre-se, que ele vaiado por essa ação.

São públicas declarações de ministros do STF sobre a corrupção. Gilmar Mendes chegou a dizer que foi instalado no país um regime leptocrático; Barroso, se referindo a mala de dinheiro de Loures levava para Temer, disse “eu vi a mala”; acharam R$ 51 milhões, em dinheiro, num apartamento em Salvador de propriedade de Geddel Vieira e uma das preocupações da defesa era identificar quem fez a ligação denunciando, pois eles acreditam que se não houve tal denuncia, a ação da PF é ilegal.

Quem não lembra de Carmem Lúcia dizer, como presidente do STF, que eles eram odiados pela população? Entretanto, tudo isso era pechincha com o que estava por vir. Temer presidente indicar Alexandre de Morais para o STF. Não vamos chamar isso de “cereja do bolo” porque o que se tem, de fato, é uma massa de esterco que favorece o crescimento da impunidade, da corrupção, da proteção há grupos individuais e pune, rigorosamente, que pensa ou se declara contrário a isso tudo.

Quem não lembra das palavras de Homero Jucá falando sobre a necessidade de “estancar a sangria?”. Pois bem: o STF ouviu seus apelos e começou a estancar a sangria quando tirou da cadeia o ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine que envolvimento em corrupção foi delatado por corruptores. O STF fez algo inusitado na doutrina jurídica brasileira: soltou Bendine com a alegação de que seu depoimento foi anterior ao depoimento dos delatores. Mas, isso era apenas alternativa porque não se reproduziu em todos os casos.

Ampliando seus tentáculos, desconsiderando que Lula foi condenado em três instâncias, desconsiderando que o STJ não afastou uma prova sequer, mas tão somente refez a dosimetria da pena que tinha sido acrescida no TRF-4, deixando-a num prazo semelhante a condenação de Moro. Eu fico imaginando a insônia que esse pessoal experimentou para encontrar meios de livrar Lula da cadeia. Imagino a pressão que eles – na sua maioria indicados pelo PT – sofreram para tirar Lula da cadeia. E, num passe de mágica, Fachin anulou tudo, de forma monocrática, sob o argumento de que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência e transferiu para Brasília os processos contra Lula. De modo simples, isso quer dizer que o processo deve ser julgado onde houve benefício do crime e não onde o crime ocorreu. Algo como “roube aqui, aplique o produto do roubo nas Bahamas e você deve ser julgado lá”.

Isso não foi suficiente. O instituto lula (escrever essa porra no singular mesmo), na constituição legal, é uma empresa sem fins lucrativos. Isso significa que a empresa pode ter lucro, mas não pode haver distribuição de lucros e no capital social consta lula com 99% das cotas e Okamoto (aquele que foi presidente do Sebrae e que pagava as contas de lula) tinha 1% e houve transferência de lucros da empresas para estes senhores. Resultado: a receita federal viu essa movimentação, apurou o período de ocorrência e cobrou os impostos devidos sobre os lucros. Isso totalizou R$ 18 milhões e Gilmar Mendes anulou esse processo alegando vinculo com a Lava Jato. Não tinha vínculo algum! Era puramente um problema contábil.

A coisa parece não ter fim. Circula nas redes uma matéria que trata da anulação de um processo contra um desembargador do Rio de Janeiro que recebeu R$ 6 milhões em propinas para tomar decisões favoráveis as empresas de ônibus. Nunes Marques suspendeu o processo que estava aguardando uma decisão do STF. Premia-se, mais uma vez, os corruptos a partir da nítida opção pela impunidade.

O Brasil é uma piada de mau gosto. Daquelas que somente alguns poucos acham engraçado. Chame o presidente de ladrão que você pode ser processado, preso e declarado uma ameaça ao estado de direito e ao fortalecimento da democracia. Por falar em democracia, não custa lembrar que em recente visita ao senado, o ministro Alexandre de Morais disse estar preocupado com o avanço da direita. Frei Betto disse que se tiver poder sobre a constituição, não haveria “direita’ no Brasil e quando o repórter perguntou se isto não seria antidemocrático ele disse “Não me importa”. Em outras palavras: fodam-se!

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

DESTRUIÇÃO GAÚCHA

Há algum tempo, meu prezado amigo Goiano Horta, compartilhou comigo uma manchete de um jornal de Petropólis, datado do final do século XIX. O jornal falava da enxurrada que matou centenas de pessoas. Geralmente, quando chega janeiro a água leva sonhos, casas, animais, carros, esperanças, etc. na cidade maravilhosa e adjacências. A gente vê o poder público “comovido” dizer que está implantando projetos para acabar com o sofrimento do povo e o resultado são recursos mal empregados, desviados, e o povo sofrendo e perdendo vidas.

A questão da seca do Nordeste não foi diferente disso. Desde D. Pedro II que se falava em combater a seca no Nordeste, em desenvolver projetos que mudança as condições climáticas da região e a transposição do rio São Francisco era o projeto mais viável que se dispunha. O PT passou 13 anos construindo canais e prometendo entregar água na região. Nunca entregou um canal e somente no governo passado a água do Velho Chico chegou as torneiras enferrujadas do povo nordestino.

É sabido que havia a chamada “indústria da seca”. É sabido que os recursos destinados ao combate à seca no Nordeste nunca passaram de migalhas distribuídas na forma de cestas básicas, cadastros em frentes emergenciais, programas sociais puramente eleitoreiros. A presença dos carros pipas se somava ao cenário tétrico da sede e, entre 2018 e 2022 isso foi, absurdamente, reduzido, mas, recentemente, vi um senador aqui do estado pousando junto a uma comunidade que acabara de receber um carro pipa.

A economia mundial foi abalada, nos seus mais sólidos fundamentos, com a pandemia e todos acreditavam, baseados em projeções de agências de análise de risco, que o Brasil não sobreviveria. Nosso produto caiu menos do que economias maiores, nossa inflação se comportou mais rapidamente do que noutros países e o Brasil cresceu em meio aquela crise. Eu digo sempre: destruir é bem mais simples do que construir ou reconstruir. Com a pandemia eu acreditava que a gente levaria pelo menos uns 10 anos para recuperar empregos, renda, equilibrar contas públicas. Algumas coisas dessas chegaram mais rápido e, na minha cabeça, a política adotada pelo ministro Paulo Guedes, nitidamente, mostrava que era possível ter um Brasil diferente.

Agora a gente vê a destruição da economia gaúcha e diga-se: por absoluta negligência de Dilma Rousseff que teve a oportunidade de conhecer um projeto que favorecia o controle das enchentes no Rio Grande do Sul e não fez nada. O Rio Grande do Sul, diga-se de passagem, apresenta problemas econômicos desde o governo Yeda Crusis. Apesar dos recursos disponíveis, o descontrole fiscal do estado sempre foi palco de um cenário econômico duvidoso. Agora, a gravidade é muito maior.

Estamos falando de um sistema produtivo que perdeu seus insumos, suas instalações e sua capacidade de gerar receita. Estamos falando de um estado que não dispõe de recursos para quitar sua parcela de dívida com a União e, embora o governo tenhas suspendido a dívida por três anos, o governador já disse que esse prazo é insuficiente. E com razão. A economia se desenvolve mediante o consumo e para consumir é preciso renda, mas a fração maior da renda disponível é paga pelo setor público. Se pensarmos em setor público federal, tudo bem, mas aquilo que depender do estado e das prefeituras não é passível de contabilização.

O Rio Grande do Sul está experimentando o calor da solidariedade humana. De todas as regiões do país, chega ajuda humanitária, mas no curto e médio prazo, o estado precisa de recursos para reconstruir a infraestrutura e só pode contar com a União. Lógico que a iniciativa privada tem seus recursos próprios para retomar suas atividades, porém isso precisa ser feito de forma absolutamente planejada. Não adianta refazer uma planta e se ela não vai gerar receitas.

O pior de tudo isso é que essa catástrofe pega o país com descontrole nas contas públicas, com abandono das metas fiscais e com descredito por parte de investidor estrangeiro que tem, sistematicamente, retirado recursos da Bolsa de Valores. Em síntese: a chuva torrencial do Rio Grande do Sul, vai respingar no resto do país e acho bom refazermos projeções de crescimento econômico.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Em 2018, com a eleição presidencial chegando, fui convidado para participar de um grupo de zap cujo objetivo era discutir propostas políticas. A ideia era que as urnas favorecessem algumas candidaturas para vereança já em 2020 e que se fortalecesse as alianças para as eleições de 2022. Um dos administradores do grupo tinha sido meu aluno, anteriormente, e daí veio o convite.

Eu fico muito preocupado com propostas políticas, principalmente porque tenho discernimento para saber se é viável ou não determinadas propostas. Alguns candidatos já deixaram de falar comigo porque declarei, taxativamente, que não votaria nele porque o cerco de horrores que eles chamavam de “propostas”, não suportava uma crítica mais séria.

O primeiro caso foi quando eu era professor da rede Estadual de ensino. O colégio que eu trabalhava ficava num bairro que era limítrofe com a vizinha cidade do Jaboatão dos Guararapes. Tinha um professor de matemática que decidiu concorrer ao cargo de vereador e veio falar comigo para que eu abrisse espaço nas aulas para que ele apresentasse suas propostas. Tínhamos um 3º ano que ia se formar naquele ano e aí foi a primeira turma na qual ele entrou e também foi a última. O cara começou falando da candidatura, da importância de ter alguém do bairro paa defender interesses de moradores, etc. até que saiu com essa pérola: “se eu for eleito, eu pago a festa de formatura de vocês.” Mandei parar, disse aos alunos que não votassem nele e nem pedissem voto porque ele não merecia e botei para fora da sala. Numa boa. Claro que ele nunca mais me dirigiu a palavra.

Tempos depois, outro conhecido me procura com sua candidatura a vereador mne pedindo não apenas o voto, mas apoio para divulgar. A gente era relativamente próximo, porque eu dava aula particular para a sobrinha dele. Bom, eu fui ler a proposta e lá estava: “lutar pela implantação da pena de morte no Brasil”. Eu disse logo: “isso aqui é lorota. Pena de morte é competência da União”. Em suma: perdi a relação e só não perdi as aulas porque a menina gostava da minha didática.

Nesse grupo de zap que entrei, começaram a propor temas para ser levado aos eleitores. E o meu nobre aluno, que era candidato, colocou como o primeiro item de luta, de trabalho, “transferir a sede da câmara de vereadores para “Jaboatão Velho”. Para contextualizar: Jaboatão Velho é como se chama o centro da cidade de Jaboatão dos Guararapes. A câmara funcionava lá, a prefeitura idem e a administração foi transferida para o bairro de Prazeres, devido ao PIB que esse bairro tem (shopping center, comércio intenso, grandes indústrias tantos às margens da BR 101 quanto na parte internado bairro). Na hora, eu disse que isso era idiotice, que isso não era proposta que valesse a pena discutir. Ganhei um monte de críticas e sai do grupo.

Uma coisa que é importante esclarecer é que eu não sou político, então não me sinto na obrigação de dourar pílula. Mas, em meio a tanta sandice que vi nesse grupo de zap, muitas delas ainda permeiam as redes sociais. São fantasias mirabolantes sobre a prisão de Alexandre de Morais, sobre impeachment de Lula e cada vez mais acabam propagando inverdades monstruosas, que apenas fortalecem a ideia de que a oposição vive de fake News. Cara, não é fácil: dia desses recebi um vídeo no qual Renata Vasconcelos noticiava, em caráter de urgência, que Lula havia levado uma facada e tinha morrido no hospital Sírio-Libanês. Chamou até um repórter para entrar ao vivo comentando a morte. Puta que pariu! É preciso isso? O pior é que algumas pessoas repassam e propagam esse tipo de bobagem.

Entre as eleições de 2018 e 2022, o debate foi intenso. As mentiras também. De ambos os lados. Nos grupos que participava eu alertava que tínhamos argumentos melhores de crescimento econômico, de recorde na bolsa, de equilíbrio nas contas públicas, de geração de emprego, controle de inflação. Putz! Os caras pegavam uma foto de Lulinha e botavam lá como o “verdadeiro dono da JBS”. Bastava consultar o quadro acionário via CNPJ para ver que isso nunca aconteceu, mas não: vez por outra, isso voltava à tona. Liguei o foda-se.

Estamos agora com uma eleição intermediária que vai ter impacto em 2026. Se os interessados em mudanças não partir para esclarecer e organizar o povo, vão perder. Aliados do governo contam com a máquina e com a gastança de dinheiro e vão caminhar para fortalecer isso. Quem se opõe tem que mostrar, comparar e argumentar, sem mentiras.

Eu, como parte do povo que sonha por um Brasil livre dessa corja que está aí, tô de saco cheio.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

FANATISMO

Acredito que o fanatismo é a pior opção que qualquer pessoa pode adotar. Um religioso fanático conduz fiéis à morte. Foi assim que Jim Jones fez na Guiana Francesa e o resultado foi a morte de quase mil pessoas. No futebol, torcidas organizadas foram extintas pelo Ministério Público pelo comportamento violento, inclusive provocando mortes. Times de futebol tiveram que jogar sem torcida por conta desses atos. Na política não é diferente.

Com o fim do governo militar, a proposta de Tancredo Neves era fundar uma nova república, escrever uma nova constituinte e buscar desenvolvimento do país. Sarney assumiu o governo tendo como meta a manutenção de 5 anos para cargo de presidente do que qualquer outra política série. Chegamos a 1989 com uma disputa entre Fernando Collor e Lula e com o impeachment de Collor, seu vice, Itamar Franco abriu as porteiras para o primeiro governo de esquerda, com Fernando Henrique Cardoso.

O que sucedeu foi uma disputa no âmbito da esquerda, puramente, com FHC vencendo Lula duas vezes e depois Lula vencendo Serra, vencendo Alckmin, Dilma vencendo Serra e Aécio. O país estava acostumado a escolher entre PSDB e PT e apesar de toda falcatrua, falta de seriedade política, etc. ninguém aparecia fora desse eixo. Até que surgiu Bolsonaro e tudo mudou, algumas coisas para pior, como, por exemplo, a atuação do sistema judiciário desse país, sem muitas exceções. Puseram um pulha no poder depois de tirá-lo da cadeia e o Brasil intensificou a rachadura que já existia.

Surpreendeu-me Barroso dizer que “nós derrotamos o “bolsonarismo”, mas isso soa de forma, absolutamente, estranha quando se observa a quantidade de pessoas no entorno do ex-presidente Bolsonaro, principalmente quando se compara a baixa adesão na presença de Lula. Se o bolsonarismo existe como uma proposta política, precisa fazer diferente do que faz a esquerda, ou em outras palavras: não pode agir de forma igual ao que faz a esquerda.

Na essência, o que existe de esquerda nesse país orbita em torno de Lula. Ele conseguiu ofuscar o surgimento de lideranças e se colocou como a única opção para comandar. Quem não lembra a sacanagem que fizeram com Suplicy apenas porque ele cogitou disputar prévias com Lula? O cara foi jogado ao ostracismo, deixou de ser senador, conseguiu se eleger vereador de São Paulo, mas não há mais tempo para ele. As oportunidades passaram e não voltarão.

Ciro Gomes é outro que amargou isolamento provocado por Lula. Fez de tudo para obter apoio do PT em 2018, chegando até prometer dar indulto a Lula, caso fosse eleito. A credibilidade desse cara é tanta que até partidários seus abriram comitê com foto de Lula na campanha de 2022. Agora, junte num saco só: Marina, Boulos, Luciana Santos, etc. e veja a capacidade desse pessoal conseguir alguma coisa, por si só.

Não precisamos de fanatismo. Precisamos de pessoas racionais que reconheçam os erros, que proponham mudanças, que saibam criticar de forma construtiva. Não precisamos de comentários deturpados que colocam todos os funcionários públicos num âmbito de alucinados ou estereotipados como “ativistas de esquerda”. O leitor Carlo Germani basicamente sugeriu que minha crítica era palco do ativismo. Infelizmente, não lê minha coluna no JBF.

Protestei contra as palavras de Constantino porque conheço um sem número de funcionários públicos que são trabalhadores de verdade. Médicos, enfermeiros, professores de escolas públicas que não teriam incentivo algum para continuar, mas estão lá tentando melhorar a sociedade. Tem esquerdistas nesse meio? Claro! E tem muitos, mas independente de ideologia tem gente dedicada.

Não sou sindicalizado. Nunca quis ser e por um motivo simples: sindicato não discute política de emprego, implanta ideologia e faz política partidária. Então, é natural que esse pessoal migre para o petismo porque as centrais sindicais são, naturalmente, de esquerda, são contra os patrões e doutrinam seus filiados a odiar essa classe. Eu conheço muitos funcionários públicos que votaram em Bolsonaro, mas o fizeram com racionalidade.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

MIOPIA x ESQUIZOFRENIA

Confesso que preciso consultar um psiquiatra porque estou com sintomas fortes de esquizofrenia. Não leio jornais, não tenho mais tempo de ver televisão, das novelas globais, a última que assisti foi Roque Santeiro, nos idos dos anos 1980. A Globo não me atrai mais. Abri mão até do especial de final de ano de Roberto Carlos, mas a internet não me deixa alheio ao que acontece, pois basta abrir o celular e uma chuva de notícias inunda a telinha.

Hoje, me interessa mais as notícias econômicas, até mesmo porque isso faz parte do meu trabalho, ou seja, eu acompanho indicadores econômicos porque gosto de debater com meus alunos. O melhor laboratório é usar dados reais da economia e procurar justificar as diversas teorias. É aqui que reside o problema: eu não consigo enxergar as maravilhas econômicas do governo atual e olha que eu me esforço bastante. Eu queria ter os olhos de Miriam Leitão, não a mente.

Eu sempre achei a mente de Miriam Leitão um pouco limitada. As opiniões econômicas dela são desprovidas de nexo, aliás, sempre foram, mas agora o cérebro inchou tanto que ficou do tamanho de uma ervilha. Em 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez, conversando com um professor amigo no seguinte ao da eleição, eu perguntei o que ele tinha achado do “discurso da vitória”. Eu queria ter certeza de que havia entendido direitinho o que ouvi e por isso perguntei. A resposta dele foi: “eu já estou na oposição!”

Entabulamos a conversa no sentido das promessas que dificilmente seriam cumpridas e também dos comentários dos “especialistas” sobre a proposta econômica. Lembro que ele se referiu a Miriam Leitão dizendo: “Eu tenho pena dessa coitada. Toda vez que ela começa a falar, eu desligo a televisão ou saio da sala”. Que bom! Eu não era o único que via as deficiências intelectuais de Miriam.

Olhando os indicadores econômicos, a gente sabe que a dívida pública cresceu nesse governo, estão engolindo o PIB; as estatais que antes davam lucros, agora estão dando prejuízo; os Correios cujo lucro foi suficiente para reverter alguns anos de prejuízo – e que chegou a comprar um avião – teve sua proposta de privatização enterrada e …deu prejuízo em 2023. Puseram um sindicalista que não tem a menor experiência em Atuária para administrar o fundo de pensão dos Correios, o Postalis que tem um déficit financeiro e atuarial absurdo. Coisa da ordem dos R$ 7 bilhões.

Em adição, a política de preços da petrobras está longe de fazer a empresa ter o desempenho que teve no governo anterior. Além disso, o governo se meteu a regulamentar a profissão de motoristas de aplicativos e os próprios trabalhadores protestaram veementemente. Acrescente agora, mais de 29 universidades em greve de professores e técnicos administrativos e o governo diz que não tem orçamento para dar aumento em 2024, mas autorizou um aumento de 23% para funcionários do Banco Central, que será pago em duas parcelas: janeiro de 2025 e maio de 2026.

Registre-se que as desgraças não param por aí. A meta fiscal é “lêndia”. O imposto sobre consumo proposta no novo arcabouço fiscal será comprado no local de consumo e não de produção. Isso é pouco? O governo pretende tributar bebidas, puteiros, e um monte de outras formas de lazer. O imposto sobre o valor agregado, proposta básico do ministro da fazenda, terá uma alíquota mais alta do que se imagina. Não está satisfeito? O senado aprovou uma proposta que aumenta benefícios do poder judiciário, inclusive, criaram um quinquênio a ser pago com o nosso dinheiro, mas isso se faz porque os deputados morrem de medo do judiciário. Boa parte deles tem processos no STF e ninguém incomoda a corte com medo de represália.

Isso é pouco? Bem, o candidato que criticou sigilo imposto por Bolsonaro em assuntos relacionados com sua vacina, virou presidente e colocou sobre sigilo a hospedagem de 57 funcionários públicos que se hospedaram em Londres.

Eu vejo tudo isso ocorrendo no Brasil e Miriam Leitão vê a população prestes a comer picanha. Segundo ela, o preço da carne está caindo. Por favor, me diz onde para que eu possa comprar, porque onde eu compro carne, faz um bom tempo que um quilo de picanha custa R$ 75,00.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

O X DA QUESTÃO

A recente polêmica entre Alexandre de Morais e Elon Musk sobre bloqueio de contas no X, tem reações favoráveis e contra. Reações favoráveis por parte de todos aqueles que entendem que o ministro tem esse poder e que pode impedir, tranquilamente e seu bel prazer, qualquer pessoa de se pronunciar publicamente. A liberdade de expressão tem limite na lei e não na opinião particular e pessoal de um ministro. O limite da liberdade de expressão está claramente tipificado no Código Penal: calúnia, injuria e difamação.

Seria engraçado, se não fosse tétrico, as ações de Alexandre de Morais diante a negativa de Musk em bloquear as contas sugeridas e mais ainda sua irritação à pergunta sobre o motivo de ele querer implantar a censura no Brasil? O cara não gostou e imediatamente incluiu Elon Musk no inquérito das mídias digitais. Vejam, a extensão da questão: o cara não é brasileiro, não mora no Brasil, emitiu uma opinião de quem vive num país, absolutamente democrático, e deixou claro que o bloqueio de uma conta no X é decorrente da violação do termo de uso. Nenhum dos pedidos de Alexandre se enquadrava nesse questão, mas apenas na sua vontade megalomaníaca de considerar qualquer palavra contra ele, o STF, o presidente ou membros da esquerdas, como violações constitucionais irreversíveis.

Vamos fazer uma breve comparação: a constituição americana tem 7 artigos, vigente a pouco mais de 200 anos, e ao longo desse tempo recebeu 27 emendas. A primeira emenda, veja bem, a primeira emenda diz que o congresso não pode criar leis que impeça a liberdade de expressão. Este é o mundo de Elon Musk. Agora, a constituição brasileira tem 250 artigos, 36 anos de vigência, e 127 emendas. Esse é o mundo de Alexandre de Morais.

O inciso IV do artigo 5º da nossa constituição diz que “é livre a liberdade de expressão, sendo vedado o anonimato”. Até onde sei, todas as pessoas que publicam no X são plenamente identificadas. Logo, descarta-se o anonimato. O que sobra então? Alexandre de Morais prende, julga e condena qualquer pessoa com base no que ele classificou com crime de opinião. O que vem a ser um crime de opinião? Nada que esteja tipificado no Código Penal. Não existe uma linha no CP que trate de crime de opinião, portanto, a falta de cabelo na cabeça aqueceu demais os neurônios e onde havia sinapses passou a ter cola de PVC.

Dito isso, cabe trazer algumas perólas sobre o X da questão começando pelo senador medíocre Ranolfo Rodrigues. O cara fez uma defesa impressionante de Alexandre de Morais – a que ele no passado queria o impeachment – e publicou sua lamúria…no X. absolutamente ridículo, mas compreensível para uma mente que é capaz de entrar numa piscina usando máscara.

Outros membros do governo se apressaram em condenar Musk, mas ganharam o esforço supremo da mídia que recebe Pix do governo para dizer que tudo está bom, que a gente vive num país democrático, que a imprensa é imparcial, mas até o momento, por exemplo, nem imprensa, nem polícia, nem deputadas, feministas ou qualquer coisa semelhante, ocupou as redes para falar das porradas que Luís Cláudio deu na esposa. “Dura lex, sed látex”… a lei é dura, mas estica.

Cabe lembrar que o X foi banido de alguns países como China, Mianmar, irã, Cuba, Coreia do Norte, Rússia e Turcomenistão, ou seja, o que há de comum nesses países é que a informação que chega à população deve ser aquela que o governo oferece. Não há liberdade de expressão nesses países e muita gente está querendo que o Brasil siga pelo mesmo caminho.

Sem sombra de dúvidas, Elon Musk vai perder dinheiro. O governo, por exemplo, já comunicou que não usará mais o X para divulgar suas ações. Outras empresas suspenderão seus anúncios, por absoluto receio de perseguição, não por discordar do ponto de vista de Musk, entretanto, ele declarou que a questão não é apenas lucro.

Em adição a esta decisão, foram retiradas 27 antenas de internet da Starlink que fornecia acesso as escolas e a população ribeirinha da amazonas. Agora, numa necessidade essa polução fará sinais de fumaça. Não tem perigo porque os focos de inocência por lá estão muitos elevados.

Finalmente, eu digo como Caetano Veloso: “é proibido proibir”. Ele pode ter mudado de opinião. Eu, não.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

DESMORONOU

Tudo mundo sabia que a possível eleição de Lula representaria um período de revanche contra todos aqueles que lhe colocaram na cadeia. Todos nós devemos nos lembrar que durante o papo inicial de uma entrevista que lhe daria a correligionários, num determinado momento ele disse que “queria fuder o Moro”. No esteio desse caminho de ódio, Deltan Dallagnol foi cassado pelo TSE, com parecer favorável de Benedito Silva, aquele mesmo do tapinha na cara que disse “missão dada é missão cumprida”. Ressalve-se que Dallagnol não teve nenhum processo administrativo contra ele e teve uma determinação da TER-PR dizendo que o mesmo não tinha restrições.

O assunto dos últimos tempos é o caso de Sérgio Moro. Cotejado pelo PODEMOS de Álvaro Dias para ser candidato a presidente, Moro embarcou nessa proposta, mas acabou concorrendo ao cargo de senador, sendo eleito com milhões de votos e agora, o PT, certamente por interesse do presidente e o PL, certamente por não perdoar ele ter saído do governo Bolsonaro, entraram com esse pedido de cassação e isso só não foi avante porque faltava um juízo para compor o colegiado. O juiz foi nomeado pelo presidente e seu voto, lógico, foi favorável à cassação.

Quando o sistema judiciário de um país passa a ter dono, ou seja, passa a ser subordinado ao presidente da república, os direitos individuais, a equidade e justiça social deixam de ser meios para o equilíbrio democrático para se transformar numa caricatura grotesca do estado de direito. Na Venezuela, quem manda no judiciário é Maduro e lá todos agem para mantê-lo no cargo indefinidamente. Aqui, o filho de Lula que esta semana encheu de porrada sua esposa, ao que foi divulgado, disse que o pai dele manda na justiça. Qualquer pessoa de bom senso, imparcial, sabe que as peripécias judiciais para tirar Lula da cadeia são semelhantes àquelas que o presidente Maduro usa desde sempre.

Nesse sentido, o objetivo desse texto é apontar alguns erros cometidos por Moro para chegar nessa situação extrema. O primeiro deles foi deixar a vaidade interferir nas suas decisões enquanto juiz. Claro, que tudo que ele mostrou jamais vai deixar de ser uma comprovação de toda corrupção praticada por Lula e seus correlegionários. Foi vergonhoso ver e ouvir depoimentos de pessoas envolvidas, como Joesley Batista, Marcelo Odebrecht, Antônio Palocci, dentre outros. Moro acreditou, assim como Bolsonaro, que a luta contra o sistema seria vencida. Ledo engano. A operação Mãos Limpas que ele usou como referência também foi engolida pelo sistema na Itália.

Eu queria deixar claro que nunca entendi aquelas conversas com Deltan como algo pernicioso. Eu sempre disse que o que ouvi ali era uma conversa de pessoas dispostas a combater o crime, ao contrário das conversas dos investigados que tratava de praticar crimes. Mas, entendo que ter saído do cargo para ser ministro de Bolsonaro foi uma escolha equivocada. Moro era um juiz experiente, mas como político era um cego por natureza. Sua primeira tentativa foi lutar para que Fernando Bezerra Coelho, investigado por desvios de valores da ordem de R$ 5 milhões, não fosse designado como líder do governo no senado. Perdeu e passou a ver o quão seria difícil conviver com políticos que ele tinha condenado.

A hostilidade do ambiente político passou a desgastar Moro e, acredito, foi nesse ponto que ele percebeu que não adiantaria ser ministro porque pouco ele teria capacidade de resolver, mas com a possibilidade de ser presidente talvez fosse mais lógico o jogo político. Saiu do governo e com isso externou fragilidades que deveria ter permanecido de forma interna no governo ou no partido.

Agora, o que mais me chocou foi a procura dele por um ser asqueroso como Gilmar Mendes para ouvir algo como “a coisas mais certa que Bolsonaro fez foi lhe tirar de Curitiba!”. O caro poderia ter enfrentado o processo de cassação com altivez. Morrer de fome ele não vai porque sua esposa se elegeu como deputada federal e ele, particularmente, tem um currículo muito bom a ponto de atrair convites da iniciativa privada.

Infelizmente, Moro fraquejou e na tentativa de manter o cargo foi pedir auxílio na fonte da sua derrocada como juiz. Foi o STF contando com apoio de decisões de Gilmar Mendes que a Lava Jato foi devidamente enterrada. Não custa lembrar que Gilmar Mendes voltou favorável a prisão em segunda instância, em 2016, mas quando seu chefe foi preso, em novembro de 2019, Gilmar Mendes voltou contra a prisão em segunda instância. Não custa lembrar que como ministro do TSE, Gilmar Mendes deu provimento a cassação da chapa Dilma – Temer, mas com o impeachment de Dilma, ele correu para salvar Temer.

Foi este ser abjeto que Moro procurou abrigo. É triste constatar que Moro DesMOROnou. Não é um herói que morre por overdose, mas um que sucumbe ao poder do sistema.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

GREVE

Corria o ano de 2012 e na cidade de São Paulo impuseram um reajuste de R$ 0,20 na passagem do transporte urbano. Passou de R$ 3,00 para R$ 3,20. Eu uso bastante esse exemplo para mostrar como se perde dinheiro quando não se sabe fazer contas. Esse aumento, por exemplo, gerou uma receita, por passagem, de 6,67%. Os estudantes foram às ruas, o Brasil parou. Meus alunos me pediram para liberá-los da aula para que pudessem participar dos protestos. Eu permiti. Uma semana depois, as empresa reduziram a passagem dos R$ 3,20 para R$ 3,00 e o argumento é que não houve ganho, o que é mentira. Basta notar que a perda de receita é 6,25%, portanto, os empresários ganharam 0,42%, por passagem, num sistema de transporte urbano do tamanho da cidade de São Paulo.

Naquela ocasião, os caminhoneiros reforçaram o movimento paredista e não era apenas pelo descontrole da política de preços adotada pelo governo Dilma, mas porque havia uma promessa de a economia “bombar” e os caras adquiriram caminhões novos com financiamento da FINAME e quando a economia entrou em recessão, ficaram endividados e sem fretes.

A greve é um instrumento previsto na constituição, embora alguns casos a justiça declara a ilegalidade e manda voltar ao trabalho sob pena de pagamento de multa. Acrescento, ainda, que a greve se tornou um instrumento dos servidores públicos. Não é comum greve por parte de trabalhadores da iniciativa privada fizeram greve, mas isso depende bastante do setor de atividade. Por exemplo: greve dos bancários. O pessoal não encara uma greve sozinho sem a participação dos funcionários dos bancos públicos e, em geral, quando eles aceitam o dissídio oferecido, os funcionários dos bancos privados acabam a greve.

No momento atual, técnicos administrativos das universidades estão em greve e em algumas universidades os professores já estão com indicativos. As reivindicações são as mesmas: melhores condições de trabalho, valorização da carreira, reajuste salarial. O interessante, é que a sociedade nem percebe que professor está em greve, nem tampouco o governo. Em 2012, por exemplo, houve a famosa greve de 100 dias e tudo que se obteve foi um aumento de 15% sobre o salário, de forma linear, ou seja, 5% a cada três anos. Quando o setor de saúde ou os policiais decidem fazer greve, o transtorno é imediato, chamam os sindicatos, vão pra justiça e todo mundo se mobiliza. Educação, foda-se!

O lado irônico da história é o comportamento dos sindicatos. Como se sabe a maioria deles é vinculado à CUT, que é um braço petista. Então, as negociações com que está no governo deveriam ser mais céleres, mas não. Essa gente que elegeu essa gente pra governar, fica sem o menor argumento para protestar. É um tronco de imbecilidade acreditar-se que governo eleito vai atender demanda de funcionário. Pelo contrário, o que se faz é demagogia da grossa.

O governo atual, por exemplo, anunciou a construção de 100 unidades a mais do Instituto Federal, seis dos quais em Pernambuco e um, particularmente, simbólico: em Santa Cruz do Capibaribe que é o maior centro produtor têxtil do Nordeste e um dos dois municípios onde o presidente atual não teve maioria dos votos. Acredito que isso é mais um jogo político do que uma política séria de educação. Serão necessários professores, estrutura, gastos com dinheiro que o governo não tem.

O fato é que esses lances pra “galera” continua sendo um instrumento de enrolação. O caso mais esquisito que eu vejo na atualidade é o caso dos motoristas de transporte alternativo. O governo mandou um projeto para regulamentar a profissão e os motoristas estão dizendo que não querem. Hoje, com toda desgraça, o cara tem uma renda e liberdade para fazer essa renda. Da forma que o governo colocou, vai inviabilizar o setor. A Uber, por exemplo, encerrou suas atividades, salvo engano, na Califórnia por conta de reconhecimento de vínculo empregatício. No Brasil, foi multada em R$ 1 bilhão e recorreu. Se perder, sai do Brasil.

Em resumo: o Brasil não consegue crescer porque o cérebro de alguns é do tamanho de uma ervilha. Eu, particularmente, nunca fiz greve. Dizia aos meus alunos que se eles quisessem assistir as aulas, a gente fixava um dia por semana, pra ficar mais barato o deslocamento deles, e juntava a aula da semana. Hoje, tendo em vista que grande parte deles escolheram esse governo, então eu já avisei: serei o primeiro a entrar em greve.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

IMBECIRO

Creio que esta seja a 3ª vez que falo aqui sobre Ciro Gomes, a quem passarei a designar como Imbeciro. O nome é extremamente justo e adequado porque eu nunca vi alguém com o poder de reunir tanta imbecilidade na mesma mente vazia. Imbeciro perdeu quatro eleições presidenciais, mas até hoje não se acredita que o povo brasileiro não o quer como chefe da nação. A primeira candidatura, em 1998, lhe rendeu 10% dos votos, enfrentando FHC, de quem ele foi ministro da fazenda por 100 dias e acredita que isso foi suficiente para deixar o QI dele superior ao de Einstein.

Em 2002, mesmo com o apoio de uma frente de partidos de oposição, com direito a lançamento de candidatura em Pindamonhangaba, salvo engano, sua terra natal, com a presença de Brizola e tudo, Imbeciro aproveitou o momento econômico desfavorável para o governo achou que seria presidente. Foi nessa campanha que ele foi desmascarado por José Serra sobre o fato de ter estudado em escolas públicas. Ele dizia isso publicamente, com orgulho, e disse no programa de Jô Soares e foi aí que no guia eleitoral Serra pegou essa entrevista e mostrou que ele estudou em escola privada. Moral da história: acabou a eleição com 12% dos votos, atrás, pasmem, de Garotinho, um corrupto governador do Rio de Janeiro. Ganhou um ministério no governo Lula.

Com a instalação da Operação Lava Jato, Imbeciro procurou capitalizar votos através de apoio. Quando Lula foi preso ele viu a chance de ser o nome aglutinador de todas as forças de esquerda. Num evento em Fortaleza, ao lado de Cid Gomes, ele soltou o famoso “Lula tá preso, babaca!” e, arrependido, começou a prometer que daria indulto a Lula, caso fosse eleito presidente. Não convenceu ninguém e acabou em 3º lugar com pouco mais de 12% dos votos. Para não se estender muito, chega 2022 e Imbeciro termina com 3%, menos do que teve Simone Tebet.

Não é fácil entender que o problema de Imbeciro é caráter. Ele não sabe o que isso. Não sabe o que é coerência. Além disso, tem dois defeitos que ninguém suporta: o primeiro é não deixar ninguém falar. Eu vi uma entrevista dele no qual o cara começou fazer a pergunta e ele interrompeu já com a resposta. O entrevistador disse “não era isso que eu ia perguntar”. O segundo defeito é que Imbeciro acredito ser a inteligência maior do universo superando Jesus em larga escala. Ele usa a técnica de Maluf: fica jogando dados na cara das pessoas para impressionar, mas nenhuma das teorias tem sustentação.

Após esse longo preâmbulo, toco no ponto principal: um vídeo no qual ele declarava um escândalo no governo de R$ 93 bilhões que era maior do o mensalão, do que o petrolão e que envolvia os precatórios. Parei para ver o quadro demonstrativo que ele fez e, sinceramente, é muita imbecilidade sendo vendida como verdade absoluta.

A lógica dita era que o governo estava transferindo dinheiro do povo para os bancos, através de precatórios. Uma pessoa que tinha R$ 20 mil pra receber, o banco procurava essa pessoa oferecendo R$ 10mil, mas recebia R$ 20 mil. Para quem foi diretor financeiro do Beach Park, ministro da fazenda, presidente do BNB e por aí vai… é muita imbecilidade.

A base do mercado financeiro é a intermediação financeira. Os bancos compram créditos oferecendo desconto sobre o valor nominal (valor que o título tem na data do vencimento). Por exemplo: uma empresa faz uma venda de R$ 1.000,00 para receber o valor em 40 dias. Necessitando de dinheiro, hoje, ela vende o crédito ao banco, portanto, considerando a taxa de descontos que o banco está trabalhando, digamos que o banco descontará R$ 50,00 e o passará R$ 950,00 para a empresa. Quando o comprador efetuar o pagamento, o banco ficará com o dinheiro porque ele comprou esse crédito.

Estamos já época de imposto de renda e os bancos oferecem antecipação da restituição do IR. Os bancos também descontam vendas realizadas com cartões de crédito e do mesmo jeito funciona a questão dos precatórios. Se o cara tem dinheiro a receber e o banco adquire esse crédito, não tem corrupção, falcatrua nenhuma nisso. É uma operação absolutamente normal. Agora, se o cara tem direito a receber R$ 20 mil e aceita R$ 10 mil, é porque não sabe fazer contas, mas quando existe uma massa falida, o síndico negocia o passivo da empresa mais ou menos nesses termos: Você tem R$ 100,00 a receber, mas não temos perspectiva para pagamento, aceita receber R$ 50,00?

Mais uma vez, Imbeciro se supera enganando as pessoas. O fato é que ele é podre por dentro. Lembro quando ele disse publicamente que no escândalo do mensalão iam chamar o filho de Lula para depor e ele falou com Aécio para parar não fazer isso. Diz isso com a naturalidade de quem fez um bem enorme ao Brasil.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

THE POST – A GUERRA SECRETA

Ontem, por volta das 16h senti o cansaço dominar o corpo e a mente. Um dia extremamente exaustivo, de um trabalho meticuloso que é orientação de tese, dissertação ou artigo, além de tantas demandas administrativas dos projetos do mestrado, que resolvi parar. Liguei a TV e saí procurando algo que valesse a pena, até que parei num filme, que já havia começado, e que tinha o título em epígrafe. Já vi pedaços e resolvi acompanhar.

O enredo trata do escândalo do Water Gate, lá do governo de Richard Nixon que também foi adaptado para o cinema e gerou o bom filme Todos os Homens do Presidente. A invasão do Water Gate era colocar escutas telefônicos no partido Democrata e o trabalho investigativo dos repórteres foi imparcial e graças ao que foi divulgado, Nixon renunciou.

O The Post foi jornal que começou a divulgar os indícios de falcatruas forjadas dentro da Casa Branca e este filme traz a perspectiva de uma pressão sobre o jornal para que não utilizasse determinadas provas. O caso vai parar na Supremo Corte e por 6 x 3 os juízes decidem que a imprensa livre é uma das bases fundamentais da democracia.

Imediatamente veio a comparação com nossa suprema corte e com nossa imprensa. Primeiro, olhe para a imprensa brasileira. É só uma “impressão”. A dependência de recursos públicos mantém qualquer veículo na obrigação de aplaudir até mesmo as baboseiras ditas publicamente pelo presidente. A grana é a motivação mais clara para ser contra ou favor qualquer partido. Existem ressalvas? Acho que sim, mas desconfio que não!

Certa ocasião, nos idos de 2012, eu estava dando aula num curso de graduação quando 4 alunos me pediram para falar com a turma. Concordei e eles entraram e se identificaram como integrantes da UNE. Destilaram mensagens doutrinárias e se posicionaram favorável ao financiamento de campanha e convidaram os alunos para uma “plenária” e depois de uns 10 minutos, perguntaram se os alunos tinham alguma pergunta. Silêncio absoluto. Daí eu perguntei se poderia fazer uma pergunta e eles disseram tudo bem. Então eu mandei essa:

“Por que a UNE era tão combativa no passado e agora eu não ouvi uma nota de protesto contra os escândalos de corrupção do governo? Foi porque a UNE recebeu R$ 25 milhões para construir sua sede e isso acabou com a combatividade?”

Eles se entreolharam e não responderam absolutamente nada. Tentaram dizer que a UNE continuava combativa, mas cada vez mais eu mostrava exemplos contrários. Saíram da sala e foram confabular do lado de fora. Meus alunos tentaram me aplaudir, mas eu não permiti. Disse que eles deveriam se posicionar e questionar as coisas para não servir de cobaias. De modo igual é a imprensa. A grana transferida pelo o governo veda os olhos das redações a ponto de se encontrar repórteres dispostos a defender o indefensável.

Eu vi um vídeo onde o jornalista Reinaldo Azevedo fazia uma intepretação da queda de popularidade do governo e do presidente atual. Dizia ele que a pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro e que por conta do evento na Paulista, o povo ainda estava na rua se lembrando a Lava Jato – era esse o contexto, não as palavras. A imbecilidade é tanta parece que foram entrevistados apenas as pessoas que participaram do 25/02. Não custa lembrar que esse mesmo Reinaldo era o cara que tratava com Andrea Neves notícias que elevassem a figura de Aécio Neves. Como uma pessoa com esse caráter se acha probo para opinar sobre qualquer coisa? Acrescente-se que ele era crítico ferrenho de Lula, mas agora é defensor público sem procuração. Eu era assinante da Veja e ele colunista. Fiz dois comentários à coluna dele e foram publicados. Depois fiz uma crítica mais contundente e ele não publicou. Esse mesmo paspalho confundiu prisão em segunda instância com prisão preventiva.

Na extensão disso vem a suprema corte. Lá no passado, quando invadiram o capitólio contra o resultado suspeito da eleição norte-americana, ministros do STF foram às redes sociais defender a “essências da democracia”, enquanto não se ouviu uma palavra sequer dos membros da suprema corte americana. O grau de proibições feitas pelo STF em relação a parte da imprensa, a blogueiros, etc. é algo fora do padrão. Viola os preceitos mínimos do Direito e das garantias constitucionais. Liberdade de imprensa, liberdade de expressão, direito de ir e vir, me parecem mecanismos acessórios de um mecanismo podre que é esse espectro de democracia a qual estão nos impingindo.

Bloqueio de contas correntes tem sido uma praxe e tudo isso sob o manto de que estamos defendendo a democracia. Caramba! Morro de medo das escolhas que fazem por mim. Gostaria, imensamente, de continuar sendo responsável pelas decisões que tomo.

O pior é que não vejo sinais de mudança. Vejo um país enorme, com um potencial enorme, atolado na merda.