MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

A IGREJA E SEU PAPEL – PARTE 1

Ao pronunciarmos a palavra “igreja” ergue-se, imediatamente, diante de nós a Igreja Católica. Ela imperou desde Cristo e somente no século XVI, Martim Lutero, ex sacerdote católico, instituiu a Reforma Protestante trazendo 95 teses que contestavam o poderio da Igreja e a infalibilidade do Papa. Obviamente, com a Reforma Protestante surgiram interpretações diversas que gerou subdivisões como as igrejas hoje conhecidas como Assembleia de Deus, Batista, Presbiteriana, Pentecostal e mais recentemente surgiram as neopentencostais que visam, apenas, a exploração do povo e nas quais os pastores e pastoras não se envergonham de tirar dinheiro dos miserais.

Essa ramificação imoral e exploratória se solidificou com a Igreja Universal de Edir Macedo, mas o R. R. Soares, salvo engano genro de Macedo, veio com a Igreja Internacional e depois outras com Igreja do Evangelho Quadrangular, Renascer e mais recentemente vi Danilo Gentile entrevistar um pastor cuja igreja se chamava Picas das Galáxias. Segundo ele, era necessário ter um nome que demonstrasse a grandeza como “Universal”.

O fato é que a igreja, seja ela com “i” maiúsculo ou “i” minúsculo, se distanciou soberanamente do Cristo. Imagina, você: um cara que pregou o amor, o perdão, que mudou a contagem do tempo (antes de Cristo, depois de Cristo) jamais pregaria a violência ou a tomada do poder pelas armas. Uma figura, que ao meu ver, é injustiçada na história cristã é Barrabás. Pelo que já pesquisei sobre ele, eu o vejo como um cara que acreditava que o “messias” ia usar armas para derrotar o império romano. Essa minha curiosidade veio com o filme Jesus de Nazaré, de Franco Zeffirelli. Outra figura injustiçada é Madalena. Nunca foi puta como se pregou a vida toda.

O domínio da Igreja, questionado por Lutero, se impôs através do terror. As cruzadas deixaram rastro de mortes em nome de Deus. A Inquisição condenou tocou fogo em muita gente, dentre as coisas Joana D´Arc e quase acendia um lampadário de ignorância queimando Galileu que, sabiamente, preferiu continuar suas pesquisas e trazer lucidez à ciência.

Uma das questões mais importantes no catolicismo é o celibato. A Igreja Católica trata Pedro, o apóstolo, como seu primeiro Papa porque Jesus teria dito: “tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Pedro era casado e outros apóstolos também tinha esposas e filhos. Uma busca rápida no google você vai encontrar uma relação de papas que foram sexualmente ativos durante o papado. João XII institui uma pornocracia no seu papado e foi deposto porque transformou a Basílica de São João de Latrão num puteiro. Adúltero, incestuoso, etc., vivia ao lado de prostitutas e foi morto por um marido ciumento que o pegou transando com sua mulher.

Em adição tem uma lista de papas como Paulo II, Sisto IV, Leão X, dentre outros, que eram suspeitos de manterem relacionamentos homossexuais. Ou seja, a putaria na Igreja vem de longas datas e continua ao longo dos séculos. Fui “coroinha” de um padre sério, egipciense, chamado Luis Muniz do Amaral. Quando ele faleceu foi substituído por um chamado padre Dutra que era “pederasta”.

A arquidiocese de Los Angeles pagou mais de US$ 660 milhões a mais de 500 vítimas de pedofilia, inclusive o padre responsável por tantos abusos havia falecido em 1987, mas as vítimas processaram a igreja. O filme Spotligh: Segredos Revelados retratou a investigação feita por repórteres sobre os casos de pedofilia na igreja que estavam sendo acobertados pela arquidiocese. Procure na internet que você encontrará casos de pedofilia na igreja em Portugal, França, Polônia, Alemanha, Itália e não poderia ser diferente: no Brasil.

Aqui há mais de 100 padres envolvidos em pedofilia dos quais 60 foram condenados por crimes sexuais. Tem algumas pesquisas sobre o assunto e até livros escritos, relatando tais casos. Um dos casos mais rumorosos sobre abuso sexual de padre foi o caso do padre Airton que comandava a Fundação Terra. Tal entidade desenvolvia um trabalho importante no interior do estado e o tal padre violentou uma mulher que depositava nele absoluta confiança.

O caso do Padre Júlio Lancelloti veio a público com a divulgação de um vídeo no qual o padre se masturba para um menor de 16 anos. Um escritório de perícia atestou que as imagens são reais, que o cara do filme é o padre, que o ambiente do filme é o mesmo que aparece nas suas redes sociais e tudo mais. Outro perito desacreditou o trabalho feito por esse escritório, alegando que era montagem, no entanto, em mais de 2000 frames não se viu o menor indício de que se trata de montagem.

Em São Paulo, um grupo de vereadores iniciou a abertura de uma CPI para investigar o papel das ONG’s que mantem viva a Cracolândia. Ao que se sabe alguns vereadores retiraram a assinatura da CPI quando souberam que as investigações podem atingir o padre Júlio. O vídeo no qual o padre se masturba foi encaminhado a arquidiocese que resolveu arquivar as denúncias.

O fato é que a Igreja Católica tem perdido adeptos ao longo dos anos. Muitas pessoas se dizem católicos por falta de opção ou por pura acomodação. De certa forma, a Igreja não está sabendo conciliar os ensinamentos de Jesus com as práticas dos seus “representantes”. Não se trata de generalizar porque sabemos que há pessoas bem intencionadas, mas o comportamento de alguns não tem nada de cristão.

Eu tenho um amigo alagoano que dizia que a iniciação sexual do tio dele teve início com uma confissão feita a Frei Damião. Ele tinha uns 10 ou 11 anos quando Frei Damião foi fazer uma missão na cidade e aqueles que iam fazer a primeira comunhão deveria se confessar. Qual a porra de pecado que uma criança de 10 anos tem para pedir perdão? (“Deixai vir a mim as crianças e não as impeçais porque deles é o reino dos céus). Bom, o fato é que Frei Damião perguntou se ele fazia “safadezas” e o cara disse “que tipo?”….Bom o frade completou: “daquele tipo que fica brincando com a pintinha”… Ele nem sabia o que era isso, mas correu para casa depois da confissão e… Obrigado Frei Damião!

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

LEVANDO PISA

No início desse século o OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico teve a brilhante ideia de promover um teste de conhecimento para estudantes de, aproximadamente, 80 países, dentre os quais o Brasil. Surgiu o exame do PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que exige conhecimento em Matemática, Ciências e Leitura. O exame é aplicado para estudantes com até 15 anos.

Desde os primeiros resultados, o Brasil tem ocupado uma sofrível posição dentre os participantes e quando a gente olha o que aconteceu em 2022 dá vergonha. Basta dizer que 50% dos nossos alunos não leem mais do que três páginas de texto… por ano. Menos de 10% conseguem ler mais de cem páginas e o resultado nos colocou em posição distante de países vizinhos como Argentina e Chile.

Nitidamente, o modelo educacional que temos é falho. Fui aluno de escola pública, localizada no interior do estado, no sertão, e meus professores eram mais dedicados a nos ensinar do que meus colegas de escola pública quando passei a ensinar. O tempo entre o término do meu ensino fundamental e minha experiência como professor foi inferior a dez anos e numa década eu não conseguia entender o que aconteceu com a educação.

Dois casos curiosos aconteceram: o primeiro é que não havia as escolas de referência como há hoje – tempo integral – e tínhamos 5 aulas de Matemática por semana em cada turma. Então, numa reunião de planejamento eu propus que dessas 5 aulas a gente reservasse duas, por semana, para ensinar geometria porque era os últimos capítulos do livro e não dava tempo de abordar. Nenhum dos demais professores aceitou e o motivo, soube depois, era que eles não sabiam geometria.

O segundo caso aconteceu quando postulamos colocar o ensino médio nessa escola. Precisávamos garantir que não teria disciplina sem professor e aí eu pedi para assumir as disciplinas de Física e Matemática, no ensino médio. Um professor insistiu pra ficar com uma turma de Física e não vi problema. O fato é que um aluno dele me procurava com frequência para ajudar a resolver a lista de exercícios e depois de tanta “ajuda” eu perguntei: “por que você não pede a teu professor para resolver?” e o aluno respondeu: “prof. não comente com ele, nem com ninguém, mas ele pega essa lista do livro e me pede para falar com o sr. O sr. resolve, eu passo para ele e copia as respostas no quadro”.

É por essa razão que me choquei quando vi que a qualidade dos professores que ensinavam no colégio onde trabalhei era muito inferior à qualidade dos professores que tive. Não preciso dizer que ao longo do tempo isso só piorou e fico estupefato quando vejo alguém defender esse modelo educacional que não produz nada, ou melhor, produz uma maioria de analfabetos. Quando vemos os resultados obtidos na prova do PISA em leitura é que percebemos que não há incentivo para se fazer diferente.

Essa semana, num grupo de zap, um dos colegas afirmou que a escola pública só melhoraria se o filho do governador estudasse nela. Na escola que ensinei, durante uma reunião de pais e mestres eu pedi a diretora da escola que dissesse o nome da escola que os filhos dela estudavam. Ela não disse, claro, mas eu não deixei de dizer que a escola pública que estava era para filho se miseráveis e nenhum professor tinha filho estudando em escola público.

Cabe lembrar que essa ideia de filho de político estudar em escola pública foi dita, exaustivamente, por Eduardo Campos, agora ele nunca tirou os filhos dele de escolas privadas para matricular na escola pública. Deveria ter aproveitado a ocasião e ter dado um bom exemplo. Não fez, porque tudo isso é pura demagogia e o governo, para suprir sua deficiência acerbada, criou um sistema de cotas onde, logicamente, se entende os fins. O sistema de cotas não passa disso: o reconhecimento da falência múltipla dos nossos órgãos governamentais.

De certa forma não soubemos aproveitar o desenvolvimento tecnológico do mundo. Pelo contrário, caímos um pouco mais. Recentemente puseram um anúncio no grupo de professores do meu departamento onde ofertava-se monografias para os concluintes da graduação. Isso mesmo: pague X reais e você não precisa se preocupar para fazer uma monografia com 30 páginas, sem precisar pesquisar nada. Francamente, não condeno quem vende esse tipo de produto e nem quem o compra afinal esse cara que está comprado é só o retrato do que foi feito com ele ao longo de 4 anos de graduação, ou seja, não teve ensinamento necessário para se envolver com uma pesquisa, escrever um texto e defender sua ideia.

O Brasil cometeu um erro crasso: colocou muita política na educação e pouca educação na política. Por isso, externa para o mundo seu alto nível de burrice. Vamos continuar levando PISA e não vamos aprender.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

LÁ VEM 2024

Mais um pouco de paciência e 2023 vai embora. De vez. Morre integralmente deixando apenas algumas lembranças gratificantes e outras bastantes amargas. Não espere milagre porque nada mudará automaticamente, ou seja, o dia primeiro de janeiro não fará o mundo viver melhor. Guerras continuarão vigentes e outras tantas arquitetadas; corruptos continuarão no poder; inocentes continuarão massacrados pela intolerância política ou religiosa; a fome continuará assolando moradores do Nordeste brasileiro que continuarão liderando o ranking de analfabetismo no Brasil. A quantidade de beneficiários do Programa Bolsa Família continuará superando a quantidade de empregos formais no Norte e Nordeste desse país.

Teremos um ano de eleições municipais e a política do panis et circenses será a principal tônica. Basta agradar o eleitor pobre com uma obra sem muito sentido, ou aplicabilidade, e os votos choverão na urna do benfeitor. A miséria continuará gerando votos e os imbecis continuarão miseráveis tanto de patrimônio quanto de espírito.

Caramba! Vai ser pessimista assim no inferno!… pensarão alguns de vocês. Não se trata de pessimismo, mas de realismo nu e cru. As desgraças, geralmente, são sistêmicas, ou seja, atingem a sociedade como um todo, enquanto as alegrias são individuais, familiares ou fraternas. O jogador de futebol que fica no banco de reserva, não está ali torcendo pelo time. Ele torce para que o titular se machuque e quando isso acontecesse ele entrar em campo com as mãos erguidas para o alto como se suas preces tivessem mesmo sido ouvidas por Deus.

Então, o possível Feliz Ano depende do volume de esperanças que carregas contigo. É esse combustível que te move e em função dele executarás os teus atos. O mundo só vai melhorar se colocarmos a esperança a frente das decepções, mas a esperança é uma variável dinâmica: aquele que senta e fica esperando que as coisas melhorem verá, tão somente, o tempo passar diante dos seus olhos sem agregar um milésimo de segundo a ao estoque de felicidade que carregas. “Quem vive de esperança morre de fome” exatamente pela falta de ação, de movimento.

Tem outro dito popular que diz “quem espera sempre alcança”. Pode até ser verdade, no entanto, esse “nirvana” pode demorar a vida inteira. É como a árvore plantada que só recebe incentivo quando chove e não creia que “A esperança é a última que morre”. Ledo engano, a realidade mata de forma mais drástica e muitas das vezes a esperança é um embrião que se perdeu no ventre dos sonhos.

O dito “enquanto a vida, há esperança” está, nitidamente, errado. É ao contrário: enquanto há esperança, há vida porque, de fato, a esperança é, ao mesmo tempo, um ponto de apoio e uma alavanca e como disse Arquimedes “dê-me um ponto de apoio e uma alavanca e eu moverei o mundo”. Creio nisso. Nós precisamos dessa estrovenga se quisermos sair do marasmo. Se quisermos fazer acontecer, não basta falar. Se sabe fazer, faça. Não espere porque o tempo passa e sua ação pode ter sido importante no segundo anterior.

Há quem diga que a “esperança é o pão dos infelizes” e quando ouço isso, lembro tremo nas bases porque entendo que se alarga o conformismo, o entreguismo a situações de penúria porque se delega a outrem a prerrogativa de fazer algo por você. Talvez seja com base nisso que as regiões Norte e Nordeste são repletas de necessitados que acreditaram que Frei Damião traria chuva para região ou que Antônio Conselheiro estava certo quanto disse, em 1833, que o “sertão vai virar mar”. Há uma romaria intensa na região em torno de “Padim Ciço” no qual o sertanejo deposita esperanças e milagres que não existem. Não espere milagre, faça a sua parte.

“A miséria só começa quando a esperança acaba”. Isso está muito sintonizado com o tal “pão dos infelizes”. Não é assim. A miséria não é uma imposição divina. Ela é criada pelo Homem. E aí, as pessoas usam o temor de Deus, a religião, etc. para justificar a miséria e trabalhar para que ela permaneça. Não é de graça que as regiões, Norte e Nordeste, possuem mais beneficiários do Bolsa Família do que empregos formais.

Então, prezado leitor. Faça suas escolhas, baseadas nas suas convicções. Qualquer decisão sua, você será o primeiro a ser afetado. Transforme, cada dia de 2024, num altar de esperança, mas trabalhe para que haja ação.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

NOTA DE FALECIMENTO

É com profundo pesar que comunico que a República Federativa do Brasil, no dia 31/10/2022, foi submetida a uma cirurgia delicada para extirpar do seu organismo males históricos, como corrupção, leniência judicial, desvio de conduta, bem como seus efeitos colaterais. A equipe médica, comandada pelo Dr. Alegilbarchin, não percebeu a infecção generalizada que acometia o pobre paciente e ao invés de ministrar antibiótico, receitou placebo levando o paciente a um estado vegetativo que atingiu a esperança e fez o paciente sangrar até a exaustão.

O processo cirúrgico começou às 8h do dia 31/10/2022 e terminou às 17h, no entanto, somente às 22h, com a divulgação do boletim médico, era notório que a agonia do paciente, respirando por aparelhos, causou um excesso de tristeza nos seus dependentes. A equipe comandada pelo Dr. Alegilbarchin, alegou que era apenas 58 milhões de imbecis que não entendiam das novas técnicas cirúrgicas e não considerou a formação de cada membro da equipe cirúrgica.

Familiares da combalida paciente, desde então, se mantiveram em vigília entoando cânticos de louvor numa medida desesperada de que outra equipe fosse reanimar o enfermo. Ledo engano, pois sem comando a equipe consultada “lavou as mãos” replicando o gesto de Pôncio Pilatos.

Durante mais de um ano, o óbito da República Federativa do Brasil não foi divulgado de forma correta, no entanto, a equipe do Drl. Alegilbarchin, devidamente treinada em sistemas de saúde de países de tecnologia de ponta como Cuba, Irã, Nicarágua, não assinou o atestado de óbito e aciona a justiça sempre que qualquer pessoa indagar a “causa mortis” do referido paciente, que foi falência múltipla do órgãos e das instituições.

Para a equipe médica, nada disso! Para eles o paciente renasceu das cinzas que se encontrava e passou a mostra que o referido paciente sofreu apenas uma operação plástica ficando revigorado, com expectativa de vida secular e condições de gerar e distribuir riqueza de forma igualitária. Todavia, a poupança formada por esse rebento, arrebentou já no seu primeiro ano de vida, pós cirurgia, visto que, passado um ano, essa criança traz as malezas congênitas dos seus ancestrais que o conceberam na primeira metade desse século.

A plástica realizada sob a égide da idiocrasia, trouxe a face cruel de uma criança perdulária que a cada dia gera um mal maior do que o do dia anterior. Cerca por 38 padrinhos diretos, alguns dos quais envolvidos em falcatruas e outros que no passado chamaram seu genitor de ladrão, Pindorama Luljan, em apenas em um ano, mostrou ao cordão de idiotas que torceu pelo seu nascimento, fez os seus responsáveis torrar milhões em cartão corporativo, comprar sofá e colchão por R$ 80 mil, pagar viagens de “papai e mamãe” para que eles percorressem pouco mais de duas voltas ao mundo.

O problema é que Pindorama Luljan tem padrinhos muitos fortes. Daqueles 38 padrinhos diretos, tem um “tiozinho”, conhecido marmitex de porta de cadeia, que numa trama bem arquitetada, convenceu 375, dos 513, vizinhos a aprovar um protocolo de intenções chamada “reforma tributária” na qual o bolso dos idiotas será penalizado duramente.

Lamentavelmente, os doadores de sangue, os crédulos que a República Federativa do Brasil era capaz de sobreviver aos ataques bacterianos do hospital onde o paciente estava internado, vai precisar esperar até 2026 para tentar mudar alguma coisa, visto que os adeptos da limpeza moral aceitaram o remédio amargo ministrado pela equipe do Dr. Alegilbarchin.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

LÍNGUA FERINA

Língua Ferina era a coluna escrita por Adônis Oliveira no Jornal da Besta Fubana. Quando Cheguei ao JBF como colunista, Adônis já protestava de foram veemente contra as mazelas desse país criticando, desde a corrupção desacerbada à leniência do sistema judiciário. Sua opinião, sobre os temas que abordava, eram extremamente contundentes e, quando incomodado com algum texto publicado por outro colunista, Adônis não se fazia de rogado e contra argumentava, quase sempre, de forma ácida. Seu estilo ganhou trocas de “amabilidades” com dois colunistas: Altamir Pinheiro e Fernando Gonçalves, sendo este caso bem mais leve.

O debate com Altamir foi publicado na íntegra, sem cortes e sem censura como é o estilo do JBF. De certa forma, a gente se divertiu com aquilo. Eu digo a gente que estava fora da discussão, mas cada um atribuía à mãe do outro o exercício natural da prostituição. Tudo isso porque Adônis discordou de um texto de Altamir. Com Fernando, foi bem mais leve, mesmo porque Fernando não entrou no debate. Trago estes episódios ressalvando meu profundo respeito ao Altamir, de quem guardo profunda admiração e tenho a pretensão de visitá-lo em Garanhuns, e também a Fernando. Meu objetivo, aqui, é apenas externar o jeito natural de ser de Adônis Oliveira.

Aos domingos, a leitura da coluna Língua Ferina era algo obrigatório porque a lucidez, o conhecimento de Adônis sobre o que escrevia era notório. Um cara absolutamente plural que, com o rigor da formação acadêmica em engenharia mecânica, gostava de demonstrar suas teses, as quais eram baseadas em pesquisas. Poderiam acha-lo arrogante? Sim! Mas, na minha opinião, era apenas um cara realista.

Há pouco mais de seis meses, entrei no JBF para atualizar-me (faço aqui outra ressalva: o JBF, atualmente, é o único meio de divulgação que pinta os quadros com cores reais) e não encontrei a coluna de Adônis. Lógico que fiquei sem entender, mas seguindo as diretrizes democráticas do JBF, não busquei saber o que tinha acontecido, até mesmo porque Adônis continuava como participante do grupo de zap Cabaré do Berto. Confesso que não pensei se tratar de qualquer divergência com Chupicleide. Entendi que se tratava de um momento próprio no qual ele pretendia dar uma pausa. Já aconteceu isso com outros colunistas.

É bom dizer que o JBF é tem uma característica ímpar: tem um Papa, um cardeal e tem um Jesus e no Cabaré do Berto tem uma santa, Tereza. Eis que o Jesus serve de ponte para unir Adônis e santa Tereza numa nítida tentativa de “catequizar” aquela pedra bruta e foi através da santa Tereza que nós que participamos do Cabaré do Berto tomamos conhecimento que Adônis, o mestre, estava acometido de ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica. Essa doença, conhecida como doença de Lou Gehrig. Lou foi um jogador de beisebol americano nascido em 1903 e falecido em 1941. O físico inglês Stephen Hawking foi um dos casos mais conhecidos em datas recentes.

Essa doença é degenerativa. Ela quebra, progressivamente, as células nervosas. Dados da literatura médica indicam que 50% dos pacientes morrem em até 3 anos após os sintomas; 20% tem sobrevida de 5 anos; 10% sobrevivem por 10 anos e poucos, pouquíssimas pessoas chegam a viver por 30 anos. No fundo é uma condenação à morte lenta e sofrível.

Isto posto, cabe dizer que soubemos de tudo isso graças a Terezinha, a santa deu a Adônis a oportunidade de viver bem por 4 meses. Infelizmente, esse cuidado não se estendeu por mais tempo porque Terezinha acabou sofrendo um AVC no final de outubro passado e não teve mais condições de cuidar de Adônis. De volta ao Recife, ficou num abrigo localizado no bairro de Candeias e no dia primeiro desse mês, eu eu Marcos André fomos visitá-lo.

Foi bom ver Adônis. Ver a pessoa de Adônis. Assim que entramos, vinho e tábua de frios à mão, ele olhou pra gente e nos saudou: “Professor….vocês aqui? Vocês são foda mesmo!” Claro que fiquei incomodado em ver aquela inteligência limitada pela doença. Conversamos, tomamos vinho, falamos dos quatros meses ao lado de Terezinha e colocamos Neto Feitosa na reunião através de uma ligação. Ao vê-lo, Adônis ergue a taça e disse “se fui pobre, não me lembro!”. Neto disse que faria um esforço para visitá-lo em janeiro e ele respondeu: “Traga o vinho!”

Pois é. Adônis não suportou e socorrida para uma unidade hospitalar, deu entrada na UTI, ficou entubado, respirando por aparelhos e, seguindo sua vontade … não era assim que ele queria viver. Se essa era a única alternativa, então que se desligassem os aparelhos e assim foi feito. Adônis partiu e, do meu ponto de vista, foi melhor assim. Não tem graça entrar nas estatísticas que falei acima apenas para prorrogar a batida de um coração.

Diante do que vi, não corro risco em dizer que Terezinha salvou Adônis de uma morte solitária. Não fosse por ela – parece até trocadilho – Adônis poderia morrer engasgado no seu apartamento e só ser descoberto o óbito dias depois. Foi uma relação curta, mas cheia de significados. Adônis precisava de alguém para socorrê-lo. Terezinha precisava demonstrar sua dedicação por causas humanas.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

ISSO É NORMAL?

Confesso que me sinto meio perdido nesse país. Não sei mais o que são limites de moralidade, decência, honradez e afins. Não sei mais se temos fronteiras que separa o digno do indigno. Parece tudo normal. Parece que eu estou andando na contramão a uma velocidade expressiva que não vejo, nem de relance, a paisagem da estrada.

Há um adágio que diz “se quiseres conhecer o homem, dê poderes a ele”. Quem tem poder tem tudo, inclusive crise de consciência porque o mal uso desse instrumento não deixará nenhuma alma passar pelo crivo da justiça divina, impunemente. Pena que quem sofreu agruras do excesso do poder de uns, não terá chance de ver o cara penar nos portais do umbral.

O STF tem se comportado, desde 2018, como único poder republicano no Brasil. Dias Toffoli disse numa palestra, em Portugal, que o STF agiu como poder moderador. Barroso disse que “eleição não se ganha, se toma”. Gilmar Mendes disse que a eleição de Lula deve ser creditada à atuação do STF. Isso é normal?

Basta entrar no site do STF e consultar as estatísticas para verificar que entre 2010 e 2020 foram tomadas mais de um milhão de decisões e dessas 278 mil são decisões colegiadas, enquanto o resto são decisões monocráticas. Ressalve-se que algumas dessas decisões monocráticas vão de encontro a decisões colegiadas, ou seja, o ministro do supremo tribunal federal é, na pior das hipóteses, algo como um deus todo poderoso.

Esta semana a panela ferveu. O senado aprovou um projeto que limita os poderes dos ministros e a choradeira foi grande. Gilmar Mendes ligou para Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, implorando que ele falasse com os senadores do partido para não votar favorável a essa PEC. Ao que se sabe, apenas Romário – que decepção – votou contra a medida e há quem defenda que foi apenas como uma forma de agradecimento pelo favor prestado pelo STF quando prendeu Daniel Silveira que seria seu principal oponente na disputa pelo senado no Rio de Janeiro.

Jacques Wagner, senador petista, votou a favor da PEC e angariou mais 5 votos de apaniguados. Foi com isso que Gilmar Mendes afirmou que a eleição de Lula só foi possível graças ao STF e que o voto de Jacques era traição. Teve ministro dizendo que iria sair do PT. Isso é normal? Essa gente quer ter poder ilimitado. Chegou-se num nível tão sútil que a política brasileira está sendo feita mediante processos judiciais, agora, apenas um lado é punido.

Pense um pouco e busque entender o voto de Jacques Wagner. Por que o um cara do PT votaria contra o STF que ajudou a eleger um cara do PT? “Esmola grande o cego desconfia”, não é assim? Tenha absoluta certeza que por trás disso tudo há argumentos obscuros aos olhos dos pobres eleitores! Talvez, Jacques Wagner esteja apenas sendo cortês com o senado para angariar votos para projetos do seu partido.

Não custa lembrar que quando se tentou a implantação da impressão do voto, o ministro Barroso que presidia o TSE, foi até o congresso falar com as lideranças dos partidos para que o projeto fosse enterrado. O cara foi pessoalmente solicitar que fossem retirados da comissão parlamentares simpáticos à causa … e assim foi feito. O STF tem uma estratégia interessante: quando alguma votação no legislativo afeta seus ministros, o STF desengaveta um processo contra o presidente da casa, contra o autor de um projeto, etc. lembro de Arthyr Lyra arrotando brabeza na ocasião da votação de cassação do mandato de Deltan Dallagnol. Bastou o STF retirar da gaveta um processo contra ele que….Deltan foi cassado, mesmo não existindo nenhum processo administrativo disciplinar contra ele. É muito mais simples.

Finalmente, diante de tudo isso é me lembro do Macaco Sócrates no programa humorístico chamado Planeta dos Homens: “não precisa me explicar, eu só queria entender.”

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

RECONSTRUÇÃO

É muito mais simples destruir do que construir. A construção envolve projeto, planejamento, cumprimento de metas, alcance de objetivos. Destruir não precisa de muita coisa. Nem inteligência diferenciada é necessária. Basta um carro desgovernado para destruir uma parede, basta um avião pilotado por terroristas para destruir uma edificação, basta uma mentira para destruir um sonho, basta um corrupto na presidência para destruir a credibilidade de um país.

Até antes das eleições de 2022 eu experimentei opinar, publicamente, sobre diversos temas que envolviam aquele momento político. Falei da incoerência de candidatos e da leniência da justiça com o maior corrupto desse país. Engraçado é que esse título era utilizado como referência a Paulo Maluf, mas o tempo mostrou o quanto estávamos enganados. Paulo Maluf, por exemplo, não tem seu nome nas planilhas da Odebrecht. Foi corrupto, foi condenado por corrupção em 1995 e a sentença transitou em julgado em 2014. Maluf foi preso, mas ficou poucos dias na cadeia. O STF que destrói a moral jurídica, concedeu prisão domiciliar por questões humanitárias.

Depois dos resultados da eleição, parei de falar. Deixei o facebook de lado porque descobri que vítima não tem voz e nem vez. Entendei que tudo que fizeram para salvar das amarras judiciais o corrupto-mor, não tinha mais o que dizer. Era aquele sentimento estranho de não ter ninguém para me ouvir. Um sentimento de incapacidade por não ter conseguido mudar a opinião de certas pessoas, embora meus argumentos fossem mais sólidos. Fui bloqueado no facebook por pessoas amigas. Vi uma figura importante dos laços familiares me criticar porque eu “defendia a sandice econômica de Paulo Guedes”. Entendi que não tinha mais o direito de me expressar livremente, embora sempre aceitei a posição política de quem quer seja. Aprendi a separar a pessoa da ideia.

Recentemente, fui convidado para uma entrevista numa rádio. O tema era economia, ou seja, a perspectiva de que o crescimento econômico do Brasil supere o Canadá. Eu gostaria que fosse assim. Apesar de tudo eu sou brasileiro e sei que há pessoas na fila de espera por um emprego. Não tenho como me sentir bem sabendo que alguém precisa de renda para se alimentar, para alimentar a família. Estamos no penúltimo mês do ano e temos previsão de crescimento entre 2,3% e 3,3% para 2023 e um crescimento de 2% para 2024. Eu espero que seja assim, embora desconfie de que as contas estão infladas.

O que mais me surpreende é o comportamento de alguns. Começo por Ciro Gomes. Tenho recebido diversos vídeos de Ciro criticando o governo. Falou sobre a autorização do MEC para abertura de 95 cursos de medicina por parte da iniciativa privada, falou da roubalheira do governo via codevasf, etc. Ciro parece um candidato em campanha. De novo? Ele não disse que 2022 era a última vez? Vocês acreditam nas palavras de Ciro? Acho que só ele mesmo acredita.

O importante é que teremos eleições municipais em 2024 e esse momento serve de termômetro para 2026. A região Sul, embora com o governador do Rio Grande do Sul pertencente a um partido de esquerda, tem se mobilizado para surpreender. Romeu Zema tem conseguido aglutinar esse pessoal num consórcio e ele sabe que não ganha eleição apenas com votos do sul/sudeste. Se quer fazer algo, então que se comece a planejar. Vamos trazer dados comparativos das regiões, vamos mostrar quem governa a região nordeste por anos, vamos nos perguntar porque nossos municípios possuem uma dependência de mais de 90% de transferências governamentais enquanto o cenário no sul/sudeste é diferente.

Nós temos essa obrigação de reconstruir o país. Não é fácil quando a justiça luta pra deixar como está, mas a gente precisa continuar tentando.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

COMO SE DIZ… O CHORO É LIVRE

Beth Carvalho cantava uma música que dizia: “chora, não vou ligar, chegou a hora, vais me pagar, pode chorar, pode chorar”. Torce para que o bom Peninha complete esse texto acrescentando essa música. O choro é livre. Essa expressão ficou marcada, inclusive quando a Maju a pronunciou numa reportagem durante o período da pandemia. Agora, as lágrimas que rolam são do Filipe Neto. Eu tenho visto alguns vídeos dele declarando que perdeu contratos. Mais precisamente dois contratos que somados totalizavam R$ 7 milhões.

Filipe Neto usou e abusou do espaço que tinha para atacar apoiadores de Bolsonaro. Por sua vontade não deveria sobrar um eleitor de Bolsonaro na face da Terra. E, com essas tais voltas que o mundo dá, eis o cara nas suas redes sociais pedindo uma trégua. Como assim? Uma trégua apenas porque você perdeu contratos por conta do posicionamento contrário que essa massa que deveria ser exterminada tomou? O caro chutou o pau da barraca, fez live com o Barroso, soltou o verbo contra as pessoas que acreditavam numa proposta diferente e agora…. “tudo bem, olha, passou, vamos deixar isso no passado e recomeçar…” Não é bem assim. Palavras machucam e por isso devem ser bem pesadas antes de proferidas.

A mais recente onda que envolve o jovem “arrependido” envolve o chocolate Bis. Ao anunciar que seria patrocinado pela marca, o preço das ações da empresa despencou nas bolsas de valores e o mais interessante foi um vídeo que eu vi de uma jovem analista de mercado dizendo que a queda no preço das ações não era por conta do patrocínio de Filipe Neto, mas por conta da guerra que Israel declarou ao hamas. Eu pensei cá com meus botões: puta que o pariu! Como é fácil jogar merda no ventilador e ter um monte de gente para se sentir perfumado com essa merda.

É bem verdade que o mercado de ações oscila em função de uma série de fatores macroeconômicos. É bem verdade que uma guerra pode afetar o preço de determinados produtos, principalmente porque a guerra reduz a oferta de insumos tornando a produção mais cara e com isso o preço sobe, no entanto, relacionar essa queda ao ataque de Israel, me pareceu algo extremamente precipitado. No caso do Filipe Neto com a Bis, a gente precisa aguardar um tempo mais para ver o comportamento, mas de qualquer forma, o boicote que é feito com determinadas marcas e pessoas parece funcionar bem direitinho.

Eu entendo que por trás desse sentimento pio que faz o cara pedir uma trégua, pedir para recomeçar, passar um pano limpo e seguir a vida, tem apenas a incomoda perda de contratos, de grana, que sempre atestou ser o bolso a parte mais sensível do corpo humano. Quem, em sã consciência, acredita que esse cara viria a público pedir uma trégua se não tivesse perdido nenhum contrato? É mais do que claro que o sentimento dele é apenas superficial, que no fundo ele continua com os mesmos sentimentos expostos quando se trata de bolsonaristas.

Tudo isso traz uma forte lição: respeite as divergências. Debater uma ideia não é bater na ideia dos outros quando difere da sua. E nesse sentido eu vejo tanta coisa que fico me perguntando se as pessoas perderam a noção do que fizeram. Por exemplo, o Ciro Gomes teve a coragem de beijar a mão de Antônio Carlos Magalhães apenas por interesse no seu apoio político. Passada a eleição, estava criticando ACM a ponto de levar uma invertida sem precedentes num discurso feito por ACM no plenário do senado.

Pessoas públicos precisam medir bem o que dizem, medir bem as palavras. Qualquer pessoa pode declarar apoio a qualquer candidato ou qualquer corrente de pensamento, no entanto, é preciso respeitar porque como se diz, o mundo dá muitas voltas e numa dessas tu estarás frente a frente com teu passado. Cuidado, para não seres o Filipe Neto da vez.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

MAIS DO MESMO

Mês passado meu texto – De Goela abaixo – falava da imposição de coisas que estão nos fazendo diariamente nesse país. Queria muito voltar a falar de Economia, de comentar os indicadores financeiros que foram gerados sob a batuta de Paulo Guedes e de tantas outras coisas que se constituíram como ações importantes dentre as quais a inserção do Brasil na OCED que é um grupo de 37 países mais ricos do mundo. O Brasil estava avançando na pauta para entrar nesse seleto grupo, com mais de 50% de compromissos já firmados e cumpridos. Hoje, o país avança na puta…ria.

O governo atual chutou o pau da barraca e deixou claro que não quer a companhia dos ricos e que prefere a miserabilidade dos pobres. Importante dizer: não é vergonha nenhuma em ser pobre e quando falo aqui eu estou me referindo, exclusivamente, as condições de vida desses países ricos, onde um pobre lá é duzentas mil vezes melhor do que um pobre aqui. Lá existem políticas públicas voltadas para atender a população carente. Aqui existem políticas eleitoreiras.

Diariamente a gente vê uma ação do governo que afronta a dignidade humana e quando falo em governo não me refiro ao desgraçado que senta na cadeira presidencial, mas ao gabinete. Governo é um gabinete, não uma pessoa. Se a gente for coletar o que este governo atual faz… digo com toda sinceridade: é um teste para qualquer coração, para qualquer organismo honesto. Algo como: “quem suporta isso aí, tem uma saúde de ferro”.

O governo beira a anarquia em nome de uma minoria que querem, a força, transformar em maioria. A porra da Constituição diz que “todos são iguais perante a lei”, mas as ações governamentais vão na direção de que alguns devem ser melhores do que outros. Não sou contra nenhuma etnia, não tem preconceito de cor – a família de minha mãe é negra – tenho alunos que são gays, participei de um programa do governo – quando jovem estudante de Matemática – para dar aula a presidiários e meus alunos eram ladrões, assassinos, estelionatários, traficantes, etc. e os tratei como alunos. Nunca fiz qualquer julgamento de suas ações porque isso cabia à justiça fazer e não a mim. Um detalhe: havia alunos presos por atentados ao pudor, mas o único caso de estupro que eu conheci foi de um vigilante de uma escola, em Olinda, que violentou uma criança de oito anos, asfixiou e introduziu um pedaço de pau de goiabeira na vagina da criança. Esse cara vivia isolado porque os demais presos queriam matá-lo.

Quando falo sobre uma minoria, não me refiro aos pobres que neste país, assim como em outros, são maioria. A minoria que me refiro é, por exemplo, a quantidade de bandidos que tem esse país. Um percentual muito pequeno dos duzentos e três milhões de brasileiros são bandidos e a turma dos direitos humanos focam essa minoria esquecendo o restante da população. É como se você tivesse um saco com cem laranjas, das quais 5 são podres e ao invés de tirá-las do saco para fazer um suco de boa qualidade, você obrigar que elas permaneçam ali apenas porque elas têm o direito de virar suco. E de laranja podre em laranja podre, aqueles que desejam um suco de qualidade vão ter que engolir. Os desmandos são muitos.

A falência moral desse estado se abriu de vez com essa volta desse bandido infeliz à presidência. Eu tenho dificuldades em entender certas medidas adotadas, mas talvez seja apenas uma fuga para reconhecer que não temos chance de transformar esse país num país sério. Quem acredita, apela para a questão da evolução espiritual, ou seja, seria necessário um cataclismo que depurasse o país tirando do ar aqueles que moralmente não se adequaram. Francamente, eu não gostaria de ver esses bandidos pagando sua pena diante do “Criador”. Gostaria, imensamente, que essa pena fosse paga aqui para servir de exemplo e coibir o surgimento de outros bandidos.

Enquanto isso, o estado continua falhando nas suas prerrogativas de ser estado, de trabalhar para defender o bem estar social das pessoas. A morte dos médicos no Rio de Janeiro é uma falha grave, mais uma falha grave, do estado de defender seus cidadãos. A ação dos traficantes de executar os assassinos antes mesmo da polícia iniciar as investigações é a pura constatação de um poder paralelo muito mais aparelhado e capaz do que as instituições formais. Como os traficantes chegaram aos nomes dos assassinos? Como os localizaram – juntos – em menos de 24 horas? Que rede de informação poderosa é essa? O que está por trás dessa capacidade? Infelizmente, a certeza de que nós somos alvos claros e que qualquer um de nós pode ser vítima na hora que bandidagem bem escolher. Eles sabem onde estamos e as instituições organizadas para nos defender parece não ter nem ideia de quem são essas pessoas.

Não para por ai: rombo de R$ 154 bilhões nas contas públicas quando o ano passado tivemos superavit; multa para Uber de R$ 1 bilhão e o jumento do ministro do trabalho dizer “se a uber quer sair do país, que saia. A gente acha outra para substituir”. Eu desafio essa anta de dizer qual empresa teria interesse em operar um sistema de aplicativo sabendo que terá que contratar cada prestador de serviços. Esses filhos da puta estão acabando com esse país. Economia é assim: basta um evento simples para derrubar a economia, mas a recuperação é lenta e gradual. É como um prédio: implodir é bastante rápido, reconstruir é outra coisa. Numa entrevista sobre a economia brasileira com a pandemia eu disse que eram necessários, pelo menos, dez anos para gente voltar ao nível de emprego, produção e preços ideais. Agora precisaremos de vinte.

Enquanto isso não acontece a gente vai batendo o cu. Se num evento oficial do ministério da saúde dançaram o Bate Cu, acredito que essa é a mensagem formal que o governo quer passar: tá com problema de saúde? Bate o cu. Não posso terminar sem agradecer aos caras que votaram nesse bandido e/ou que permitiram a volta desse bandido.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

DE GOELA ABAIXO

Direitos constitucionais foram, violentamente, desrespeitados nesse país exatamente por aqueles que deveriam preservar tais direitos. Tivemos prisões por crime de opinião, tivemos prisão em flagrante por um vídeo gravado, tivemos um advogado preso porque disse que o “STF era uma vergonha”, tivemos caso de impeachment no qual a presidente não teve seus direitos cassados, tivemos um ex-presidente inelegível por 8 anos porque numa reunião com embaixadores emitiu uma opinião sobre a insegurança das urnas e, em contrapartida, tivemos uma nota de repúdio – apenas isso – para a presidente de um partido que disse que a justiça eleitoral só existe no Brasil e que custa muito mais do que o fundo partidário. Certamente, se fosse alguém contrário estaria com o mandato cassado.

Temos o SUS adotando o candomblé como pratica integrativa, tivemos o ministério da saúde autorizando tratamento hormonal para crianças acima de 14 anos e ontem tivemos um decreto assinado pelo ministro de direitos humanos liberando geral o uso de banheiros unissex. Não há mais problema sua filha 10 anos entrar num banheiro e um cara de 18 anos entrar também, abrir a calça e urinar ao lado dela. Afinal, o destino de quem cresce é o sexo, não?

Não faz muito tempo, fui devolver um livro numa biblioteca e na entrada do centro havia muitos grupos de alunos conversando. A minha direita tinha uma roda com quatro mulheres e dois homens biológicos. Um deles era loiro, o cabelo arramado com um rabo de cavalo, vestido vermelho a palmo do joelho, de alças, naquele estilo do tomara que caia e as sandálias eram traçadas como aquelas dos romanos. Dava para perceber tudo isso porque o grupo estava a uns 5 metros da entrada. Passei reto! Problema do cara se ele quer andar daquele jeito. Ele tem direito de se vestir como quer.

Na semana seguinte, eu tinha uma aula às 16h e cheguei cerca de 15 minutos mais cedo. A aula anterior estava em andamento e eu sentei um banco próximo para esperar. Eis que esse mesmo jovem vem, senta num banco ao lado, tira um cigarro da bolsa e acende. Eu olhei para ele e perguntei, educadamente, “você vai fumar aqui?” Ele me olhou com profundo desdém e começou a jogar fumaça no ar. Eu poderia ter reivindicado meu direito, ter dito que a lei não permite tabagismo dentro de repartições públicas, etc. Não fiz nada disso com absoluto receio de que ele me denunciasse a direção do centro por homofobia. Levantei, me afastei e fique na porta da sala onde iria dar aula. Ele continuou a fumar tranquilamente porque o sistema induz o cara a achar que ele tem esse direito.

Eu confesso que sou meio lento para processar determinadas coisas. Essa inversão de valores é uma delas. Não dá. Simplesmente, não dá e olha que eu tento me colocar no lugar das pessoas que tomam tais decisões para checar o que eu faria se estivesse nos seus lugares. Escuro total. A única coisa que eu entendi é que seremos obrigados a conviver com isso sabe-se lá por quanto tempo.

Essa coisa de gênero está extrapolando os limites da racionalidade. Não se trata de criticar a opção sexual de ninguém. Se o cara se sente bem transando com outro homem, certamente isso não começou agora. Basta consultar os registros históricos, dá uma passada pela Roma Antiga e verás que em termos de sexo sempre houve criatividade. A questão é uma clínica ser multada porque chega uma mulher trans para ser atendida por um ginecologista e o cara diz que não vai atender.

Os espiritualistas costumam dizer que as grandes catástrofes fazem parte da engenharia divina e funcionam como um instrumento para separar os espíritos inferiores daqueles que estão em regeneração ou num nível de evolução maior. Caramba! Quando eu vejo a situação do Brasil fico pensando que isso é pura lorota. Quem é ruim continua vivendo magnificamente à custa da miséria alheia e não está nem um pouco preocupado com essa tal evolução espiritual. Ah! Quando morrer verá o julgamento do Criador. Mesmo? Não é bem assim o meu sonho ou o sonho de uma grande maioria da população brasileira.

Aliás, por falar em maioria da população, um desembargador aposentado disse em audiência pública no STF que os ministros eram as pessoas mais odiadas do Brasil e Alexandre de Morais chegou a rebater dizendo que era por uma minoria. Nenhum deles tem capacidade de sair às ruas sem guarda-costas. Barroso saiu de um voo porque entenderam não ser seguro visto que havia tantos outros passageiros esculhambando com o cara. Teve que voltar ao Brasil de jato.

Infelizmente, as coisas estão sendo empurradas de goela abaixo como diz. Temos um presidente eleito pelo TSE, temos um ministro dizendo que as provas da Odebrecht foram forjadas, temos um presidente que não anda nas ruas e só se apresenta em plateias previamente organizadas. Não queria esperar pela justiça divina. Queria ver, somente isso, esses canalhas chorando e rangendo os dentes na toada da Salve Rainha.