Milagre argentino: país deve ter segundo maior crescimento do PIB entre principais economias.
Pouco mais de um ano e meio após a posse de Javier Milei, a Argentina colhe resultados econômicos que estão sendo elogiados em todo o mundo.
Matthew Lynn, colunista do jornal britânico The Telegraph, publicou em julho um texto que mencionou o país governado pelo presidente libertário como um exemplo de racionalidade em um mundo de incerteza econômica.
“Quando o resto do mundo acordará para o milagre argentino?”, escreveu Lynn.
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Esse nosso vizinho estás brilhando e sendo notícia na Europa.
Enquanto isso, na republiqueta banânica. sob o comando de um bando vermêio e tendo um Taxadd na fazenda, a situação piora mais e mais a cada dia.
E vamos aproveitar esse domingo, minha gente, que será melhor que amanhã, segunda-feira!!
Estávamos em julho de 1953. Férias escolares do meio do ano. Naquele tempo eu ainda cursava o “primário”. E, nas férias, sem condições financeiras para conhecer a Disney ou outros lugares proibidos aos sem-dinheiro, o paraíso distava uns 90 Km de Fortaleza. Era a minha querida e encantada Queimadas.
As férias proporcionavam armar arapucas com iscas de melão São Caetano; caçar rolinhas e tomar banho nu no açude.
Mas, a lista de atividades no gozo das férias não era isso tudo. As crianças, mesmo de férias, tinham suas tarefas diárias catalogadas por dona Raimunda Buretama, a Vovó. Entre essas obrigações, “dois caminhos d´água” para encher a terrina de madeira e os potes da casa.
Cumpridas essas tarefas – lembro bem que Vovó, “passada nas casca do alho” recomendava (e aquela recomendação significava uma ordem) sempre que, para buscar os caminhos d´água, eu fosse montado no jumento.
Hoje, lembro bem, desconfio o porque daqueles dois caminhos d´água não podiam ser feitos na jumentinha Preciosa. Pois bem. Menino, na idade dos 11, 12 e 13 anos, é a imagem do cão. É nessa faixa etária que começa despertar para conhecer a “Maria Cinco Dedos”, e, às vezes, cabras e até galinhas.
Os meninos de hoje, não pensam nisso e nem se masturbam mais. Mas, esse não é o assunto.
Vovô João passava o dia na roça. Encontrava sempre algo para fazer e só voltava para casa na “boquinha da noite”, quando as andorinhas faziam malabarismos no ar e com o primeiro cântico do Vem-Vem.
Vovô levava para a roça: a enxada, a foice, uma faca peixeira de 12 polegadas que mantinha sempre na bainha e na cintura para picar fumo (era o que ele dizia) – e uma cabaça com água.
Num dia daquele ano, após o cumprimento das tarefas domésticas, fui ajudar Vovô. Fui fazer as coivaras do mato capinado para bater até moer e fazer o que chamam hoje de adubo orgânico. E foi nesse varrer o mato que encontrei uma castanha de caju nascendo em broto.
Vovô recomendou para que eu protegesse aquele broto pois, com certeza, nascendo, cresceria até servir de sombra para alguém, onde se pudesse pegar o “dicumê” e pousar a cabaça d´água para esfriar na sombra. Fiz o que ele recomendou.
Vieram as férias de 1954 e as de 1955.
Nas férias escolares de 1956, atingindo a adolescência e notando o surgimento dos primeiros pelos pubianos, nova ida para a minha Queimadas. A mesma rotina dos anos anteriores. Dois caminhos d´água – sempre usando o jumento como montaria, pois, usar Preciosa, seria iniciar a saga da longa prática sexual.
Mais uma vez cumpridas as tarefas domésticas, a visita para ajudar Vovô na roça. Dessa vez Vovó mandou levar o “dicumê” e um bom pedaço de rapadura para a sobremesa.
Vovô já esperava a comida. Mas, agora, o cenário era outro. Debaixo de um sol causticante Vovô esperava na sombra do cajueiro que, em julho iniciara a floração.
– Conhece esta sombra? Perguntou.
Antes que eu respondesse, ele mesmo o fez: essa maravilha é aquele broto de cajueiro que sugeri para você não varrer. Agora está nos servindo!
A boa sombra do cajueiro
Os tempos passaram. Concluí o primário e ingressei no Liceu do Ceará, onde concluí do ginasial e o científico. Ingressei na Universidade – e, confesso, ali não aprendi nada além do que meus avós me ensinavam durante as férias escolares.
Eles eram mestres do viver com graduação adquirida no dia a dia. Na enxada, nas benzeduras com galhos de arruda, nas missas dominicais e, principalmente, no ouvir outros iguais – é isso que forma a gente e faz de nós filhos de Deus, capacitados para transmitir o bom para as gerações seguintes.
Se eu tivesse varrido o broto do cajueiro, jogando-o na coivara, não teríamos usufruído da sombra anos depois.
O cajueiro nascido do broto continua servindo como sombra
Anos depois, já morando no Rio de Janeiro, voltei a Fortaleza. Sozinho visitei Queimadas. Agora não é mais Queimadas e foi agregado ao recém-criado município de Horizonte, Região Metropolitana de Fortaleza.
Não encontrei mais a casa que outrora fora dos meus avós, e de onde saí várias vezes, nas férias escolares, para transportar dois caminhos de água num jumento – encher a terrina e os potes da casa. Não vi mais sinal da jumenta, salva das minhas iniciações sexuais.
Onde um dia foi a roça do Vovô, agora é um parque arborizado onde famílias usufruem com suas crianças nos domingos e feriados.
Visitei o lugar e voltei ao tempo de adolescente: levei comigo a cabaça onde transportava água para Vovô, que ainda estava ali, mantida pelos cuidadores em respeito ao passado.
Era a única lembrança material que ainda me ligava aquele lugar onde aprendi tudo que sei hoje.
Já trago alguns bons anos nas costas como professor, tanto em escola estadual quanto na educação superior. Comecei a dar aula de Matemática uns 10 anos após ter concluído a 8ª série, equivalente, hoje, ao 9º ano. Quando o colégio começou com o ensino médio, passei a ensinar Física também. Peço perdão aos colegas da época, mas meus professores tinham mais qualidade que meus colegas. A educação é base para qualquer modelo de desenvolvimento econômico e social de qualquer nação, exceto para aqueles malucos dos talibãs que não permitem mulheres nas escolas.
No Brasil, o sistema educacional enfrenta uma crise prolongada e os gestores insistem em manter essa estrutura deficiente, professores insatisfeitos, mal remunerados e, em alguns casos, poucos comprometidos em melhorar a qualidade de ensino. Uma questão que vejo sempre é a responsabilidade sobre o método Paulo Freire e eu sempre pensava que, talvez, o ângulo de estivesse errado, posto que Paulo Freire desenvolveu um método para alfabetizar adultos. Então, em tese, ele não seria responsável pelo fracasso do ensino. Mas, a gente entende que o fracasso não foi propriamente por ensinar às crianças, mas por tentar adaptar para as crianças, um método politizado que era destinado a adultos. Os professores compraram essa ideia e a consequência foi a prática doutrinária.
A realidade do Brasil é chocante porque somos marcados por deficiências estruturais, baixa qualidade de ensino e desigualdade de acesso. Essa situação compromete não apenas o futuro das novas gerações, mas também a capacidade do país de competir em um cenário global cada vez mais pautado pelo conhecimento e pela inovação, fato, facilmente comprovado pelos resultados dos nossos estudantes no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) que é coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O desempenho do Brasil revela, de forma contundente essa fragilidade. Basta procurar na internet os nossos resultados e, tenha certeza, você não vai se chocar com isso. Vai, simplesmente, constatar que estamos, geralmente, nas últimas posições do ranking mundial, com desempenho muito abaixo da média da OCDE em leitura, matemática e ciências. A distância entre o Brasil e países líderes, como Singapura, Japão e Coreia do Sul, equivale a vários anos de escolaridade. Vamos fazer uma analogia: o que os alunos do Japão, Singapura e Coreia do Sul, aprendem nos primeiros anos, o aluno brasileiro leva uns 8 anos para “desconfiar”.
Buscar causas para essa situação calamitosa, irá aparecer inúmeros argumentos, por exemplo, falta de recursos para educação, falta de investimento em educação, subfinanciamento e vai por aí. Eu sempre desconfio quando dizem que “faltam” recursos e acho isso ridículo. O pessoal quer fixar o gasto em educação como fração PIB, algo como 12% do PIB seria destinado à educação. Agora pergunte em que esse dinheiro seria aplicado?
Eu citei as condições dos professores, mas acho que isso pode ter um peso diferente do desvio de finalidade na educação. Se o professor ensinasse o que se exigem nos planos, tranquilo, mas o que hoje se ensina são coisas pontuais relacionadas com a dominação de classes, socialização etc. Não restam dúvidas de que professores brasileiros recebem salários significativamente menores do que seus pares em países desenvolvidos e, em muitos casos, trabalham em condições adversas, com turmas superlotadas e falta de apoio pedagógico, de tecnologia necessária para uma boa aula. Isso dificulta a atração e retenção de profissionais qualificados e impacta diretamente a qualidade do ensino.
A desigualdade social agrava ainda mais o cenário. Alunos de escolas públicas, especialmente nas regiões mais pobres, têm acesso muito limitado a materiais didáticos de qualidade, programas de reforço e atividades extracurriculares. Essa disparidade se traduz em diferenças profundas no desempenho escolar, perpetuando o ciclo da pobreza. E não pense que isso incomoda gestores de escolas ou o governo. Na verdade, a manutenção dessas falhas é importante para os gestores políticos. O presidente atual, já disse que quando uma pessoa passa a ganhar um determinado valor ou conseguir uma formação profissional, então dele deixa de votar no PT.
Além disso, a gestão educacional sofre com problemas de coordenação entre União, Estados e Municípios, gerando sobreposição de políticas, falta de continuidade e desperdício de recursos. Planos e programas muitas vezes são descontinuados a cada mudança de governo, impedindo avanços consistentes. Junte a isso, o currículo escolar, que é, absurdamente, desconectado da realidade contemporânea e das demandas do mercado de trabalho. No ensino superior, o sentimento que eu tenho é que não estamos preparando jovens para o mercado.
O fracasso educacional brasileiro não é inevitável. Países que já enfrentaram desafios semelhantes, como Portugal e Vietnã, conseguiram reverter trajetórias negativas por meio de reformas abrangentes e persistentes. O Brasil precisa seguir esse caminho, com compromisso político, participação social e visão estratégica.
Se a educação é a chave para o desenvolvimento, a atual situação representa um obstáculo que precisamos remover com urgência. Sem isso, continuaremos condenando gerações ao subemprego, à baixa produtividade e à exclusão social — um preço alto demais para qualquer nação que almeje um futuro digno e próspero.
Paula Beiguelman nasceu em 5/6/1926, em Santos, SP. Destacada cientista social, pesquisadora, professora e primeira mulher a ingressar por concurso na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP-Universidade de São Paulo. É considerada pelo CNPq uma das pioneiras da ciência no Brasil.
Filha de Cecília e Rafael Beiguelman, imigrantes judeus que vieram da Polônia e se estabeleceram num bairro operário de Santos, onde concluiu os primeiros estudos. Com algum esforço, a família conseguiu sua mudança, em 1941, para São Paulo afim de ingressar na FFLCH da USP. Para se manter no curso, conseguiu ajuda de alguns professores com uma bolsa de estudos.
Obteve a licenciatura em 1945 e prestou concurso para trabalhar no funcionalismo público do Estado, passando em 1º lugar. Atuou no Departamento Estadual de Estatística até 1949, quando surge a oportunidade de retornar à faculdade como assistente do prof. Lourival Gomes Machado. Aí tem início a carreira acadêmica, assumindo a titularidade e vindo a substituir o professor em diversas ocasiões.
Em 1954 iniciou o curso de pós-graduação e no ano seguinte já era responsável pelo curso de “Introdução à Ciência Política”. Sua tese de doutorado, defendida em 1961, versou sobre a Teoria e ação no pensamento abolicionista. Em 1967 defendeu a tese de livre-docência: Contribuição à teoria da organização política brasileira e no ano seguinte pleiteou a cátedra com o trabalho: A formação do povo no complexo cafeeiro, concorrendo com Fernando Henrique Cardoso pela titularidade. Não conseguindo a cátedra de Ciência Política, mudou de cátedra passando estudar a História da Civilização Brasileira, dirigida por Sergio Buarque de Holanda.
Após alguns anos como professora e pesquisadora na área, foi aposentada compulsoriamente pelo regime militar junto com Emília Viotti, Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso entre tantos outros. Foi viver na Europa e retornou ao Brasil, com a anistia em 1979. Mais tarde, em 2003, voltou à USP com o título de professora emérita orientando diversos mestrandos e doutorandos. O tema central de sua carreira e obra foi levantar a discussão sobre a transição do trabalho escravo para o trabalho livre no Brasil.
Desmontou o mito do abolicionismo como uma dádiva da corte e redirecionou os estudos sobre este curso da História. Na época o pensamento vigente na USP era que a substituição do trabalho escravo era um espelho do processo de construção do capitalismo e da sociedade de mercado, um processo macrossocial. Ela, no entanto, postulava “que não havia contradição entre capitalismo e escravidão e a expansão do capitalismo não precisava se fazer, necessariamente, com a substituição da mão-de-obra escrava”.
Faleceu em 5/6/2009 e sua obra contempla diversos aspectos e visões da História, expressa no título de alguns livros publicados: Formação política do Brasil, vol. 1, Teoria e ação no pensamento abolicionista. São Paulo: Pioneira. (1967); A formação do povo no complexo cafeeiro: aspectos políticos, São Paulo: Pioneira. (1977); Os companheiros de São Paulo, São Paulo: Símbolo. (1977); Pingo de azeite: a instauração da ditadura, São Paulo: Perspectiva. (1994) e a biografia Joaquim Nabuco, São Paulo: Perspectiva. (1995).
Na falta de uma biografia sua, temos a tese defendida por Dimitri Pinheiro da Silva “Da política à ciência política, da ciência política à política: a trajetória acadêmica de Paula Beiguelman (1949-1969), focada em sua carreira acadêmica. Para acessar clique aqui.