CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

UM CERTO SENHOR SALVADO

Osmar Salvado de Lima – Tenente Aracaty

Disseram-me certa vez que eu nunca tentasse voltar ao passado físico. A algum lugar de sabor intenso para o espírito. O amigo Osmar Salvado de Lima, mais conhecido como “Tenente Aracaty”, versado em filosofias, poeta em dias de domingo e também filósofo, costumava dizer: “Nada é igual na repetição”. Tomei isto como norma!

Portanto, nunca encontraremos o lugar como era antes, as pessoas com as mesmas fisionomias, as casas com o mesmo jeito, os velhos quintais arborizados. O melhor mesmo será manter apenas as velhas lembranças da mente. E assim fica tudo como era antes.

No decorrer destes 86 anos de vida conheci pessoas que marcaram minhas atenções pelos modos pessoais de convivência, pensamentos, ideias e formas de vencer dificuldades do cotidiano.

Alguns deixaram registros tão significativos que faço questão de viver repetindo-os e transmitir, porque sua notabilidade e exemplo podem orientar os mais jovens.

Um deles foi Osmar Salvado de Lima, um carioca que se tornou recifense para sempre. Meu amigo até seus 102 anos bem vividos. Recentemente encantou-se, ainda com a mente intacta para relembrar coisas do Recife. Um personagem que merece muito mais do que estes breves comentários.

Teve pouco estudo na juventude. saíra de casa com 13 anos de idade e passara a adolescência trabalhando avulso em várias atividades. Sendo o mais velho, havia ouvido dos irmãos menores uma frase desconcertante, em conversa entre eles , que jamais souberam que ele havia escutado:

“Tomara que o Osmar cresça logo e vá embora para sobrar mais comida para a gente”. Foi a pobreza que o levou a sair de casa e parar de frequentar a escola pública. Mas, no decorrer dos tempos de caserna foi autodidata e cresceu na arte de escrever, fazer versos e filosofar.

Entrou na Marinha do Brasil no tempo em que o Brasil participou da II Guerra Mundial e precisava de jovens altos e fortes. Não chegou, portanto, a viver as delícias da juventude carioca, pois serviu a melhor parte dessa época na caserna.

Como Fuzileiro Naval foi até o fim da carreira chegando à Reserva Remunerada quando servia no Recife.

Redigia como ninguém. Inteirado do assunto, pegava a esferográfica e uma folha de papel-jornal – que sempre usava para rascunhos – e escrevia com facilidade. Dominava a clientela através de correspondências.

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