DEU NO JORNAL

INVEJA

Na manhã desta quinta-feira (2), o ministro da Economia, Paulo Guedes, celebrou o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“PIB para cima. Desemprego para baixo. Inflação para baixo e economia crescendo”, disse Guedes.

* * *

“PIB para cima”.

Me veio um pensamento maldoso quando li esta frase…

Fiquei morrendo de inveja do PIB.

Chega assuspirei…

A PALAVRA DO EDITOR

A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

Sextou, como se diz na novíssima linguagem fuleirageana.

Ainda bem que é sexta-feira 3, e não 13.

Ufa!

Chupicleide já me pediu um adiantamento de salário.

Pra fazer a feira da casa dela neste final de semana, por conta da generosidade e do bom coração dos nossos leitores.

Gratíssimo aos fubânicos Osnaldo Pereira, José Claudino, Marcos M. Brandão e Lourdes Amaral pelas bem vindas doações que fizeram esta semana.

Muito obrigado a todos vocês que colaboram pra manter esta gazeta escrota avuando pelos ares e nos ajudam a cobrir as despesas de hospedagem e manutenção do JBF.

Abraços e um excelente final de semana pra toda comunidade fubânica.

E pra encher de alegria e brilho a nossa tarde, uma roda de choro bem gostosa!!!

DEU NO X

DESRESPEITO AO HINO DO RIO GRANDE DO SUL

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

ZÉ LIMEIRA, O POETA DO ABSURDO (III)

Orlando Tejo (1935- 2018), e o seu livro, que já vai na 11ª edição, e foi tema de vários documentários, teses, artigos e estudos

* * *

Frei Henrique de Coimbra
Sacerdote sem preguiça
Rezou a Primeira Missa
Na beira duma cacimba
Um índio passou-lhe a bimba
Ele não quis aceitá
E agora veve a berrá
Detrás dum pau de jureme
O bom pescador não teme
As profundezas do mar.

* * *

No tempo do Padre Eterno
Getúlio já governava
Prantava feijão e fava
Quando tinha bom inverno
Naquele tempo moderno
São João viajou pra cá
Dom Pedro correu pra lá
Escanchado num tratô
Canta, canta, cantadô
Que teu destino é cantá.

* * *

Eu cantei lá no Recife
Dentro do pronto socorro
Ganhei 500 mil réis
Comprei 500 cachorros
Morri no ano passado
Mas neste ano, não morro.

* * *

Frei Henrique descansou
Nas encosta da Bahia
Depois fez a travessia
Pra chegá onde chegou
Pegou a índia, champrou
Ela não pôde falá
Assou carne de jabá
Misturou com querosene
O bom pescador não teme
As profundezas do mar.

* * *

Um General de Brigada
Com quarenta grau de febre
Matou um casal de lebre
Prá comê uma buchada…
Quando fez a panelada
Morreu e não logrou dela
Porco que come em gamela
Prova que não tem fastio
Peixe só presta de rio
Piau de tromba amarela.

* * *

Na corrida de mourão
Quem corre mais é quem ganha
São Thomé vendia banha
Na fogueira de São João
Foi na guerra do Japão
Que se deu essa ingrizia
Camonge quage morria
Da granguena berra-berra
Quem se morre é quem se enterra
Adeus, até outro dia.

* * *

Às tantas da madrugada
O vaqueiro do Prefeito
Corre alegre e satisfeito
Atrás da vaca deitada
Deitada e bem apojada
Com a rabada pelo chão
A desgraça de Sansão
Foi trair Pedro Primeiro
O aboio do vaqueiro
Nas quebradas do Sertão.

* * *

Jesus foi home de fama
Dentro de Cafarnaum
Feliz da mesa que tem
Costela de guaiamum
No sertão do cariri
Vi um casal de siri
Sem compromisso nenhum.

* * *

Jesus ia rezar missa
Na capela de Belém
Chegou Judas Carioca
Que viajava de trem
Trazia trinta macaco
Botou tudo num buraco
Não tinham nenhum vintém.

* * *

Jesus saiu de Belém
Viajando pra o Egito
No seu jumento bonito
Com uma carga de xerém
Mais tarde pegou um trem
Nossa Senhora castiça
De noite Ele rezou Missa
Na casa dum fogueteiro
Gritava um pai-de-chiqueiro:
Viva o Chefe de Puliça!

* * *

São Pedro, na sacristia
Batizou Agamenon
Jesus entrou em Belém
Proibindo o califom
Montado na sua idéia
Nas ruas da Galiléia
Tocou viola e pistom.

* * *

Um professor de francês
Honestamente dizia:
Tempo bom era o moderno
Judas só foi pro inferno
Promode a virgem Maria.

* * *

Minha muié chama Bela
Quando eu vou chegando em casa
O galo canta na brasa,
Cai o texto da panela
Eu fico olhando pra ela
Cheio de contentamento
O satanás num jumento
Pra mordê a Mãe de Deus
Não mordeu ela nem eus
Diz o novo testamento.

* * *

Eu vi numa gavetinha
Da casa de João Moisés
Mais de cem contos de réis
Só de ovo de galinha
Ela comeu uma tinha
Da carcaça de um jumento
Que bicho mais peçonhento
É lacrau e piôi de cobra
Não pode mais fazer obra,
Diz o novo testamento.

* * *

Eu me chamo Zé Limeira
Cantadô qui num é tolo
Sei tirá couro de bode
Sei impaiolá tijolo
Sô o cantado milhó
Qui a Paraiba criou-lo.

* * *

POETA MERLÂNIO MELO FALA SOBRE ZÉ LIMEIRA

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

O VIRA-LATA

O cachorro de rua, chamado “vira-lata”, é o mais fiel que existe, quando arranja um dono que se propõe a tratá-lo com dedicação e carinho. Durante décadas, esse tipo de cachorro sem raça, nascido e criado na rua, foi alvo de preconceito.
O dramaturgo Nelson Rodrigues, de saudosa memória, popularizou a expressão “complexo de vira-lata”, numa demonstração gritante de discriminação.

Dona Lia, minha saudosa Mãe, dizia que o cachorro de olhar mais terno que existe é o vira-lata. E é também o mais amigo do dono.

Convém salientar que as ruas nivelam as pessoas. Elas acolhem o bem e o mal, o Céu e o Inferno. As ruas desconhecem a erudição. Aceitam palavras de baixo calão e chulas, que terminam inseridas nos dicionários.

O vira-lata é um cão de rua, sem coleira e sem patrão. Dorme na sarjeta e quando escuta corneta, corre atrás do batalhão ou da banda.

O Escritor Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850 – 1923) conta no seu poema intitulado “O Fiel”, a emocionante história de um cachorro que vivia e sobrevivia nas ruas.

Para sobreviver, garimpava sobejos nas lixeiras dos bares e restaurantes. Era acostumado ao vento e ao frio. Durante as chuvas fortes, abrigava-se nos portais e vestíbulos, mas era sempre enxotado a pedradas e pontapés. Mesmo assim, ele era incapaz de morder alguém. Olhava para as pessoas como quem pedia desculpas por existir.

Certo dia, um pintor boêmio e solitário deparou-se com esse cachorro de rua, de olhar triste, e se identificou com ele. Levou-o para casa e se propôs a cuidar dele, em troca da companhia. Passou a chamá-lo de Fiel.

E falou para si mesmo: Eu sou igual a este cachorro. Sem família e sem amigos. Agora vou ser amigo dele e ele vai ser meu amigo.

Depois de alguns anos passados juntos, dividindo por igual privações e dores, o pintor, por obra do destino, foi contemplado com a glória, que o libertou da miséria. Livres dos aperreios financeiros, ele e Fiel passaram a desfrutar de uma vida tranquila e alimentação farta.

O cão dormia em confortável tapete à borda do leito do pintor. Ao despertar, de manhã cedo, cuidava de acariciar festivamente o seu amo.

Mas o pintor, inebriado com a riqueza, enveredou pelos caminhos da luxúria, das paixões e da esbórnia, circunstância que o afastava cada vez mais do seu leal rafeiro, de quem, aliás, já não tolerava a presença.

A indiferença do pintor entristecia cada vez mais o olhar do cachorro. Os animais sentem quando são rejeitados. E os olhos tristes do animal denotavam que ele entendia perfeitamente o desprezo que o seu dono passara a sentir por ele. Velho e desprezado, o cachorro muitas vezes chegou a ser castigado pelos criados, sem ter feito nada de certo ou errado. Levava pontapés, e foi preterido de acompanhar o dono nos seus passeios pelas ruas. Os pelos começaram a cair e tornou-se rabugento, por falta de trato..

Certo dia, chegando em casa embriagado, tarde da noite, e encontrando o cachorro dormindo no seu quarto, o pintor se voltou contra ele, irado:

– Que fazes aqui, animal lazarento? Hei de pôr fim à tua teimosia agora mesmo!!!

Mas, fingindo calma, continuou:

– Ó meu querido amigo fiel, de tantos anos, tão velho e doente, vamos passear!

E na escuridão da noite, seguiram os dois em direção ao cais. O comportamento do pintor assustou o cachorro, que se recusou a andar, mas foi forçado pelo dono. O cachorro pressentia que alguma coisa funesta o esperava. Repetia-se, no fiel animal, a cena do beijo de Judas em Jesus Nazareno.

Bruscamente, o pintor arremessou o cão às águas profundas e geladas, mas junto se foi o gorro de memoráveis lembranças, do qual ele tanto se orgulhava.

De volta à casa, o pintor exclamava indignado:

“Por causa desse cão lazarento, perdi o meu gorro de estimação, que me trazia tão boas recordações! Eu devia tê-lo envenenado!!!, Pagarei uma grande recompensa a quem conseguir encontrar meu gorro!!!

Deitou-se, mas, não conseguiu dormir, contrariado por ter perdido o gorro. Ao amanhecer o dia, sentiu bater a porta; ergueu-se e foi abrir. Recuou, cheio de espanto e horror. Era o amigo fiel, a quem ele traíra miseravelmente.. Era o cão que voltava arquejante, encharcado, a tremer e a uivar no último estertor. E o cão tombou fulminante, deixando cair da boca o gorro do diabólico pintor.

DEU NO JORNAL

CRESCIMENTO DO FABRICO DE CAMISETAS

Nem só do agronegócio vive a economia brasileira.

Os primeiros quatro meses do ano mostraram alta de 29,6% nas exportações da indústria têxtil.

US$ 396,3 milhões (R$ 1,9 bilhão) segundo associação do setor.

* * *

O crescimento da indústria têxtil brasileira não foi apenas por conta da alta nas exportações.

Segundo apurou o Departamento de Costuras do JBF, o crescimento se deu, sobretudo e principalmente, por conta aumento da fabricação de tecido pra fazer camisetas.

Camisetas tendo o descondenado Lula como tema.

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

MENINOS DA AVENIDA II

Nós meninos da Avenida, quase da mesma idade, amigos, juntos, tínhamos predileções semelhantes. Gostávamos de pescar no Riacho Salgadinho. Empurrávamos uma jangada de tronco de bananeira para o meio do Riacho, jogávamos a tarrafa aberta que enchia de tainhas. E o siri era pescado com teteia. Nas margens e imediações do Salgadinho, por ser terra salobra, lama salgada, se prestava à vivência, ao “habitat” de caranguejos, o goiamum azulado. Com lata quadrada de azeite, fabricávamos armadilhas para capturá-los. Armávamos a arapuca, com uma isca no buraco do caranguejo. Quando o bicho saía, beliscava a isca e fechava a arapuca. Uma vibração, uma felicidade, quando a gente via a lata com a tampa fechada e um baita goiamum preso. Cevava, engordava os caranguejos num gradeado. Dias depois nos deliciávamos com uma caranguejada, feita por nossas mães, o caldo do gordo escorria pela boca.

À noite o calçadão da Avenida da Paz se transformava em palco e campo de jogos. Correr brincando “Roubar-Bandeira” era a primeira diversão. Dividia a calçada em dois campos, um para cada equipe de sete ou oito meninos (as), no final de cada campo fixava uma pequena bandeira pregada numa vara. O objetivo da brincadeira era entrar pelo campo adversário e trazer a bandeira fincada para o nosso campo sem ser tocado pelo adversário. Quando alguém era tocado pelo adversário tinha que parar ficar imóvel até um amigo vir e tocar de novo, “soltar” o amigo. Ganhava quem trouxesse primeiro a bandeira do adversário pro seu campo. Jogo de astúcia e velocidade.

Havia outros jogos como ximbra (bola de gude), pião, o vitorioso tinha direito de, com o próprio pião amarrado com a enfieira, tentar com a ponta quebrar o casco do pião adversário. Na época o filme O Cangaceiro fazia sucesso e a Vanja Orico cantava o sucesso: “O meu pião é feito de goiabeira… ele só roda com a ponteira… na palma de minha mão… dança morena. no meio desse salão…requebrando o corpo todo… no ronco desse pião.”

Nosso paraíso não era apenas a praia. Nossos pais gostavam de passear nas lagoas. Embarcávamos numa enorme canoa navegando pelas lagoas até Coqueiro Seco. A meninada sentada no fundo, os mais velhos nos bancos de tábuas na proa e na popa. O canoeiro dava a direção, puxando e molhando a vela conforme a intensidade do vento. Vela enorme colorida em vários matizes marrons, como se fossem manchas. Nós ficávamos extasiados, embevecidos com a beleza da imensidão da lagoa cheia de ilhas, coqueirais e entrecortadas por canais naturais. Enfiávamos a mão dentro da lagoa, deixando a ser acariciada pela água corrente. Tio Béu cantava alto as emboladas e nós acompanhávamos: “Coqueiro Seco do outro lado da lagoa… Se atravessa de canoa… fazer feira no Pilar…” A moçada fazia o coro: “Espingarda, pá, pá, pá, pá, faca de ponta, tá, tá, tá”… A chegada da canoa era uma festa, não havia ancoradouro, era preciso ajudar as mulheres e crianças desembarcarem. Passávamos o dia naquele pequeno povoado, correndo, jogando bola, mergulhando nas águas limpas da lagoa.

Frequentávamos o Clube Fênix Alagoana, onde a elite de Maceió se divertia. Nas noites das segundas-feiras havia cinema no salão nobre numa tela adaptada. Final da fita, nos bancos da Avenida, comentávamos sobre os bons filmes que assistíamos na Fênix. Geralmente filmes de cowboy, Rio Vermelho, com John Wayne, inesquecível. No centro da cidade havia o Cine Arte (São Luiz) quase sempre assistíamos a matiné, depois descíamos caminhando à Avenida da Paz, passando junto ao Arcebispado tomávamos um divino suco de maracujá com pão doce.

Final do ano chegavam as férias, os meninos que estudavam fora retornavam para a vida livre, leve e solta no Paraíso, a praia da Avenida. Adolescentes, tínhamos outros programas: andar de bicicleta batendo a cidade de Maceió e olhar na praia as mulheres de maiôs com intensões pecaminosas.

À noite ficávamos nos bancos da Avenida ou saíamos à cata de namoradas, nas redondezas. Eram namoros à antiga, pegar na mão, em vez em quando um abraço mais quente. A turma dos meninos da Avenida dos anos 50 foi se dispersou no tempo e no espaço. Hoje somos oitentões alegres ou um retrato na parede, cheio de saudade.

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

DEU NO JORNAL

É DE FAZER CHORAR

Antes do anúncio do crescimento do PIB, ainda havia supostos analistas com previsões catastróficas questionando “o que falta para a economia voltar a crescer?”.

Mas ela já estava crescendo havia um ano…

* * *

Os tais “analistas” tomaram todos bem no meio do olho do furico com as últimas excelentes notícias.

Não restou uma só prega no orifício corrugado de cada um deles.

Eu fiquei com tanta pena dos coitadinhos que chega chorei.

Derramei muitas lágrimas.

Xiuf, xiuf, snif, snif…

DEU NO X