DEU NO X

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

É ELA! É ELA! – Manuel Antônio Álvares de Azevedo

É ela! é ela! – murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou – é ela!…
Eu a vi… minha fada aérea e pura,
A minha lavadeira na janela!

Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas…
Eu a vejo e suspiro enamorado!

Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Como dormia! que profundo sono!…
Tinha na mão o ferro do engomado…
Como roncava maviosa e pura!
Quase caí na rua desmaiado!

Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido…
Fui beijá-la… roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido…

Oh! De certo … (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores!…
São versos dela… que amanhã decerto
Ela me enviará cheios de flores…

Trem de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio…

É ela! é ela! – repeti tremendo,
Mas cantou nesse instante uma coruja…
Abri cioso a página secreta…
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!

Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim mais bela… eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!

É ela! é ela! meu amor, minh’alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela…
É ela! é ela! – murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou — é ela!

Manoel Antônio Álvares de Azevedo, São Paulo (1831-1852)

DEU NO X

DEU NO X

A PALAVRA DO EDITOR

COMEÇO DE SEMANA

Estamos começando a última semana deste mês de junho, o mês de São João.

Espero que a normalidade se restabeleça e que a rotina volte ao normal neste jornaleco safado.

Aproveito a oportunidade para agradecer aos doações feitas nos últimos dias pelos leitores Benigno Aleixo, Boaventura Bonfim, Eurico Schwind, Hélio Araújo e Esdras Serrano.

Vocês são a força que mantém este pasquim avuando pelos ares, nos ajudando a cobrir as despesas com hospedagem e manutenção técnica da empresa Bartolomeu Silva.

Tenham certeza de que vai voltar tudo em dobro pra vocês na forma de paz, saúde, tranquilidade e muita prosperidade.

Um grande abraço para toda a comunidade fubânica!!! 

Jornal da Besta Fubana: uma gazeta tão escrota que até o Ministro Boca-de-Tabaca lê todos os dias

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

CARLA MARIA BONFIM – VITÓRIA-ES

Os meus amigos estão reclamando demais de minhas postagens.

Dizem que só falo de política, política, política.

Atendendo aos apelos dos companheiros, hoje vou mudar de assunto.

Quero falar da minha família, minha querida família.

Bom dia para todos.

ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

O INVERNO NOS VERSOS DOS REPENTISTAS

A chuva chegando sana
Até problemas sem cura
O funeral da miséria
Foi feito sem sepultura
E a chuva botou tempero
No cardápio da fartura.

Raimundo Nonato

O sertão estava enxuto,
De repente a chuva veio;
A peixeira do relâmpago
Rasgou a nuvem no meio;
O rio foi dormir seco,
Quando acordou, tava cheio.

Isamael Pereira

Em cada cravo despido
Tem quatro patas de abelhas
A grama está mastigada
Em dentaduras de ovelhas
A bica enchendo a lata
E o lodo cobrindo as telhas.

João Paraibano (1952-2014)

No inverno estou feliz,
Trabalhando o meu dia,
Olhando o saguim na mata,
Que saltita,canta e pia,
E o passa-sebo furando
A casca da melancia.

Moacir Laurentino

No ano bom de inverno
Deus benze a agricultura,
O sertanejo gargalha
Olhando a roça segura;
Sai do inferno da fome;
Entra no céu da fartura.

Francisco Sobrinho

DEU NO X

DEU NO ESTRAGÃO

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

XICO COM X, BIZERRA COM I

RISCOS E RABISCOS

Uma folha só permanece em branco se o rabiscador que lhe dá vida não encontrar algum lápis pelo caminho. Daí, então, outras folhas também deixarão de estar em branco e todos os riscos se transformarão em rabiscos para alegria do papel. Alegrias que se desenharão em letras, sorrisos que, rabiscados sob a forma de palavras e frases, ajudarão a superar a tristeza de alguns, ou até mesmo estancar lágrimas representadas por eventuais desconfortos daquele que tiver acesso ao papel rabiscado.

RISCAR É BOM

Riscar faz bem às almas, a de quem risca e a de quem vê os riscos. Por isso rabisco de vez em quando, nos blogs, nos jornais, na mídia social (só sei mexer no Facebook) na esperança de que meu texto se preste para minorar a desalegria de quem os vê, para aumentar a esperança de quem os lê. Se isso ocorrer pelo menos uma vez, já valeu a pena rabiscar.

MEU LÁPIS VIVE DE PONTA AFIADA

Se essa for a condição de alegrar alguém, nenhum papel permanecerá em branco à minha frente. Para isso, só ando com um lápis no bolso. E de ponta bem aprumada, riscando e rabiscando minhas besteiragens e bobagices, meus textos e poemas ou simplesmente desenhando curvas e retas, paralelas e perpendiculares. Tanto quanto amar, o importante é ver alguém feliz. Para isso risco e rabisco.

* * *

Todos os Livros e a maioria dos Discos de autoria de XICO BIZERRA estão à disposição para compra através do email xicobizerra@forroboxote.com.br. Quem preferir, grande parte dos CDs está disponível nas plataformas digitais. Visite nosso site: www.forroboxote.com.br

Nossos CDs estão nas plataformas virtuais e, em formato físico, na Loja Passadisco do Recife