Lá vem o vendedor da loja de carros coreanos me apresentando o novo automóvel: motor turbo, ignição eletrônica digital mapeada, injeção Multi Point Fuel Injection, cabeçotes de alumínio, sensores diversos e outras tecnologias desnecessárias, além de um inteligente computador de bordo. Explicou tudo, menos sobre a minha musiquinha: como fazer para ouvi-la, se não existia no interior daquele bólido de última geração um leitor de CD? Em seu lugar, um buraco pequenino no qual cabe apenas um pen-drive.
Não sabia ele que eu gosto do CD físico, aquele que tem capa, que tem encarte com as letras e fotos, que tem os nomes de quem fez e de quem tocou as músicas. Um NÃO sonoro tenho que gritar a essas indústrias que relegam a um segundo plano os protagonistas da arte, por se submeterem, servilmente, às macabras leis do mercado. Me deu até saudades do meu velho Fuscão 73 (EE-4080) com seu atualíssimo Toca-Fitas Roadstar, último modelo, com auto-reverse, sonho de consumo dos jovens da época, adquirido numa viagem à Zona Franca de Manaus. Corria o ano de 75 e meu saudoso carrinho ficou submerso na Encruzilhada, na cheia que ocorreu naquele ano. Mas o primeiro amor com 4 rodas a gente nunca esquece.
Saí da loja meio deprimido e fui curar minha amargura na PASSA DISCO comprando o mais novo CD de Francisco César Gonçalves, também conhecido por Chico César, meu parceiro e xará. Dúvidas não havia, mas ao ouvir esse disco ficou mais que consolidada a ideia de que “o amor é, e sempre será, um ato revolucionário”. O conteúdo é lindo. O encarte, letras e fotos, também. Coisas que nenhum pen drive me permite usufruir.
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