DEU NO X

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

HÉLIO FONTES – VIDEIRA-SC

Berto,

Deste e do mês passado.

Chupicleide deve estar puta da cara, pelo atraso.

Apresente a ela minhas sinceras desculpas pela mancada.

Um abraço e desejo de excelente fim-de-semana.

R. Meu caro Hélio, essa sua doação em dobro – a do mês passado e a desse mês corrente de abril -, já está na conta do JBF e provocou um verdadeiro delírio na safada da Chupicleide.

Ainda mais que hoje é sexta-feira, dia em que ela costuma cair na gandaia.

A sujeitinha chega se mijou-se nas calças e relinchou de fazer zuada aqui na redação desta gazeta escrota.

Ele disse que logo mais vai encher o rabo de aguardente no Bar dos Três Cacetes, aqui perto da redação, no Beco do Mulungu.

Aproveito para também agradecer as doações da colunista Violante Pimental e dos leitores Manoel Linaldo e Arnon M.S.

Vai voltar tudo em dobro pra vocês, na forma de paz, saúde, prosperidade e longa vida!!!

Abraços e um excelente final de semana para toda a comunidade fujbânica.

“Um xêro Hélio lindão. Tô doida pra encontra com tu. Te prepara!!!”

DEU NO JORNAL

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

SEIS MESTRES DO IMPROVISO E UM FOLHETO DE LEANDRO GOMES DE BARROS

Valdir Teles

No momento em que Pinto faleceu
As violas pararam de tocar
Deus mandou o Nordeste se enlutar
Respeitando o valor do nome seu
Pernambuco ao saber entristeceu
Paraíba até hoje está doente
Só tem galo cantando atualmente
Porque Pinto mudou-se do poleiro
Com a morte de Pinto do Monteiro
Abalou-se o império do repente.

Severino Lourenço da Silva Pinto, o Pinto do Monteiro (1895-1990)

* * *

Domingos Martins da Fonseca

Falar de nobreza e cor
É um grande orgulho seu
Morra eu e morra um nobre,
Enterre-se o nobre e eu,
Que amanhã ninguém separa
O pó do nobre do meu.

* * *

Manoel Macedo

Fui cantador violeiro
Nas terras do meu sertão
Mas deixei a profissão
Em Goiás fui açougueiro
Eu trabalho o dia inteiro
Com minha faca amolada
Mas da profissão passada
Uma coisa me consola
Ainda tenho a viola
Como relíquia sagrada.

* * *

Dudu Morais

A lei do retorno é dona
De uma justiça tamanha
Porque quem bate se esquece
Da cara do que apanha
Mas quem apanhou se lembra
Da cicatriz que arranha.

* * *

Oliveira de Panelas

No saco de cego tem:
Arroz, feijão e farinha
fubá de milho e sardinha,
tem pão, café, tem xerém
algum dinheiro também,
sal, bolacha, amendoim,
tem pé de porco e pudim,
tem tripa e carne de bode.
Só outro cego é quem pode
ter tanta salada assim.

* * *

Otacílio Batista Patriota

Certa vez fui convidado
Para dançar numa festa
Perto de Nova Floresta
Na Vila do Pau Inchado
Eita forró animado:
Chega a poeira cobria
Mas a mulher que eu queria
Do Pau não se aproximava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.

A garota Manuela
Quis viver só de um negócio
Entrava sócio e mais sócio
Dentro do negócio dela
Eu fui lá falar com ela
Mostrando o que possuía:
Ela somava e media
Meu negócio não entrava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.

* * *

O IMPOSTO DE HONRA – Leandro Gomes de Barros

O velho mundo vai mal
E o governo danado
Cobrando imposto de honra
Sem haver ninguém honrado
E como se paga imposto
Do que não tem no mercado?

Procurar honra hoje em dia
É escolher sal na areia
Granito de pólvora em brasa
Inocência na cadeia
Agua doce na maré
Escuro na lua cheia.

Agora se querem ver
O cofre público estufado
E ver no Rio de Janeiro
O dinheiro armazenado
Mande que o governo cobre
Imposto de desonrado.

Porém imposto de honra
É falar sem ver alguém
Dar remédio a quem morreu
Tirar de onde não tem
Eu sou capaz de jurar
Que esse não rende um vintém.

Com os incêndios da alfândega
Como sempre tem se dado
Dinheiro que sai do cofre
Sem alguém ter o tirado
Mas o empregado é rico
Faz isso e diz: — Sou honrado.

Dizia Venceslau Brás
Com cara bastante feia
Diabo leve a pessoa
Que compra na venda alheia
O resultado daí
É o freguês na cadeia.

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE

Ilustre Editodos,

hoje o Cabaré terá sessão de fofocas, fuxicos e oportunidades ímpar de se falar da vida do povo. Vai ser uma hora de falação, com tema livre para cada participante. Essa sessão seria realizada a quinze dias, mas nossa querida Maria do Rosário apareceu e fez uma participação muito proveitosa naquela ocasião.

Hoje, teríamos um palestrante que por motivos de viagem pediu para adiar e como na próxima sexta já é Semana Santa, abriremos esse espaço para uma participação aberta dos nossos costumeiros cabarelistas, lembrando que só voltaremos de hoje a 15 dias.

Assim, divulgue no Jornal mais lido da face da Terra que para participar basta clicar aqui.

As portas do Cabaré estarão abertas, pontualmente, às 19h25.

É só chegar.

Abraços

R. Excelente ideia, meu nobre gerente cabarelístico.

Não vai ter um palestrante, um conferencista, um tribuno.

Todos poderão peruar, fazer fuxicos e baixar o cacete (êpa!)

Cada qual pelo seu cada qual.

E aí o bambu vai gemer e a jeripoca vai piar.

Logo mais, às sete e meia da noite, a gente se encontra por lá.

Um grande abraço!

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MARINALVA AGUIAR – NATAL-RN

Meu nobre editor:

A cada discurso de Lula, Bolsonaro ganha milhares de voto.

Fale mais Lula, fale mais!

– Defender o envio do dinheiro do BNDES para os narcoditadores

– Censurar imprensa e internet

– Perseguir mulheres e filhas de parlamentares

– Legalizar aborto

– Defender roubo de celular

– Fazer acordos de paz em bar

– Reduzir consumo da classe média

É muito bom que este criminoso continue falando: vai ajudar a reeleger o meu presidente!!!

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

VALÉRIA BARBALHO – RECIFE-PE

Parece mentira, mas assistindo ao longa norte americano Noé, em 3D e cheio de efeitos especiais, lembrei-me de uma das estórias do genial farmacêutico do País de Caruaru, Major Sinval, que, entre tantas coisas, era um excelente poeta e criava passarinhos. E não foi porque Anthony Hopkins, no papel de Matusalém, está parecido com o “velhinho de aço” da Terra de Vitalino, que partiu para o Céu em 21 de janeiro de 1974 com quase 91 anos (completaria em 12 de abril).

Foi a cena em que Noé mostra para sua mulher Naameh um pássaro adormecido na palma da sua mão, que me fez recordar o ‘causo’ que agora vou contar.

Certa manhã, como de costume, o Major estava na sua Pharmacia Franceza, com z mesmo (a mais antiga da cidade, fundada em 1856 pelo seu pai adotivo, o francês Jean Barthlemy Pegot), limpando as gaiolas dos seus passarinhos, quando chegou ao balcão do estabelecimento um cliente, chato de galocha, bancando pose e querendo zombar com a cara do velho boticário.

Ao ver o galo de campina, cuja gaiola Sinval limpava, o provocador perguntou se aquele pássaro cantava. Antes de ouvir a resposta, comentou: “Quem canta mesmo é o galo de campina que tenho lá em casa. É o canto de gratidão”. O Major parou o que estava fazendo, mas nem teve tempo de perguntar que danado era aquilo. O abusado logo emendou: “Ele canta assim desde o dia em que salvei a vida dele. Imagine o senhor, uma vez eu estava pescando, num barquinho, no riacho perto lá de casa. Joguei o anzol e nada. Joguei novamente, nada. Na terceira vez, quando joguei o anzol, pesquei ele. Tadinho, todo esmorecido. Tirei logo o anzol que estava enganchado no pescoço dele, coloquei o bichinho na palma da minha mão (parece mentira, mas na cena do filme, também, era um galo de campina), enxuguei bem as peninhas dele e fiz massagem no seu coraçãozinho. De repente ele abriu os olhinhos, me encarou e, agradecido, danou- se a cantar. Um canto especial, só o senhor vendo. É canto de gratidão. O senhor num acha?”.

Quando Sinval, o maior improvisador do Brasil (segundo o folclorista potiguar Luiz da Câmara Cascudo), ia responder, o sujeito, vendo um quadro pendurado na parede, perguntou: “Quem pintou esse quadro?”. Novamente, sem esperar a resposta, esnobou: “O quadro mais bem pintado do Mundo é o que tenho lá em casa. É uma beira de praia. Tão bem pintada que, quando venta muito, as palhas dos coqueiros balançam”.

Dessa vez, o Major se abufelou e, de imediato, se fazendo de besta, retrucou: “Ôxe, o quadro mais bem pintado do mundo, que eu saiba, é o que tem lá na Prefeitura. É de um pintor daqui, de Caruaru. Deve ser o mesmo que pintou a sua beira de praia. Ele fez um retrato de Dom Pedro, tão perfeito, mas tão perfeito que todo dia o barbeiro tem que ir à Prefeitura fazer a barba e aparar o bigode do Imperador!”.

Parece mentira!