CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

AUTOMÓVEIS – COMO OBRAS DE ARTE

Packard esportivo modelo 1937

A partir do tempo em que nasci – 1936 – começaram a surgir na Europa, Estados Unidos, Alemanha e acanhadamente em nossa cidade, , automóveis de fabricação especial, que eram verdadeiras obras de arte.

Poucos podiam adquiri-los, porque nesse tempo ainda não existiam as Financeiras e os Bancos não financiavam veículos para turismo, somente viaturas para serviços: caminhões, caminhonetes e ônibus.

Comprava carros quem tivesse dinheiro para importá-los.

Das características de alguns, ainda me lembro de um Packard Esportivo, modelo 1937, que pelo Recife apareceu desfilando, cujo dono era um usineiro, que manteve a “relíquia” funcionando por vários anos depois foi vendido a um colecionador do Rio de Janeiro, para onde foi transportado no navio Jaraguá.

As estradas não davam chance a passeios pelo inteior porque estavam sendo estruturadas e quase todas eram de terra batida. E assim os ricos utilizavam automóveis para amostragem de suas fortunas nos passeios dominicais.

Lembro-me de alguns detalhes interessantes os quais servem para comparações com os modelos atuais que pelo Brasil circulam, os quais no trânsito diário de nossas cidades, mais parecem “baratas tontas” face às ruas entupidas deles e a agonia dos automobilistas diante da pressa de chegar aos seus destinos.

Havia particularidades interessantes, dentre as quais a pintura, em sua maioria preta, porque ainda não havia ocorrido a invenção de cores variadas. Mas o Packard era o que chamamos atualmente: um carro-conceito.

Salientava-se a grande quantidade de partes cromadas, que como sabemos se trata de um revestimento metálico utilizado para evitar corrosão. Hoje coisa rara, porque as muitas peças das carrocerias são pintadas.

Outra particularidade interessante eram os pneus-faixa-branca, o desenho das carrocerias, dando-se destaque ao compartimento do motor, que eram enormes, e o emolduramento do radiador, que na maioria dos modelos evidenciava, em destaque, a marca da fábrica, através de símbolos apresentados como estatuetas no capô.

Estatueta de capô

Alguns itens de segurança tinham destaque pela beleza. Os parachoques, por exemplo, todos de metal cromados, havendo dois estepes, cobertos com capas de metal, que ornamentavam o estribo, outra peça que desapareceu nos modelos atuais.

O compartimento de bagagem era enorme e o interior do veículo permitia a acomodação de 6 passageiros folgadamente, com direito a esticar as pernas à vontade. O volante, geralmente era de marfim e o painel de jacarandá.

O material da carroceria era sólido o suficiente para suportar acidentes sem danos aos passageiros. Hoje, o que se vê, são carrocerias quase todas de material plástico, as quais, pelas fotos dos acidentes nas estradas, vê-se que se desmancham completamente.

Faz-me lembrar um carrinho que apareceu por aqui nos anos de 1960, o “Dauphine”, que de tão frágil foi apelidado de “Leite Glória”, pois, sob inspsiração de famosa propaganda de leite-em-pó da época, cujo slogan era: “Leite Glória – Desmancha sem bater”.

Hoje, tristemente, vemos veículos destituidos de segurança e conforto; sem chassis, sem parachoques, causando dificuldades de acomodação aos passageiros adultos, obrigando qualquer humanóide a ficar de pernas encolhidas, sem o menor conforto. Uns “carretes”, como diria tio Moacir.

A partir do final da II Guerra Mundial – 1945 – fabricantes italianos, suecos, russos, ingleses e franceses, para se adequarem à realidade daqueles anos, passaram a reduzir o tamanho dos seus carros, por economia de material, combustível e de preço mais accessível, lançando os minúsculos: Austin, Prefect, Juvaquatre, Mini Morris, Fiat Punto, Skoda, Opel, Volvo, Slavenka, Lada, etcetera.

Atualmente, com tristeza para nós idosos, o que vemos nas ruas são veículos fabricados para se auferir lucro rápido e propiciar ao governo brasileiro forte tributação de 50% sobre o preço final.

São veículos sem chassis, sem parachoques, sem estribo, sem conforto e sem beleza. Só com facilidades para a compra e lotar as avenidas, diariamente engarrafadas. Nada mais. Os notáveis da década de 1930 só podem ser vistos com colecionadores.

Tudo isso faz parte de nossas “Gavetas de Saudades”, cheias de fotografias do tempo em que os automóveis eram verdadeiras obras de arte.

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