A PALAVRA DO EDITOR

UM NATAL DE KAROL WOJTYLA

Ressoa nesta noite, antigo e sempre novo, o anúncio do Natal do Senhor. Ressoa para quem está alerta, como os pastores de Belém há dois mil anos; ressoa para quem aderiu ao apelo do Advento e permanecendo atento, está pronto a acolher a mensagem feliz que canta a liturgia: “Hoje nasceu o nosso Salvador”, (João Paulo II, homilia de Natal do ano 2000).

Dias antes dessa homilia, leigo católico cativado pela vida e obra de tão extraordinário pontífice, escrevi um artigo reivindicando para ele o título de “Magno”, reservado pela Igreja a poucos, como São Gregório Magno e Leão Magno, que marcaram o Cristianismo, o papado e suas respectivas épocas de modo definitivo, com incomparável – a palavra continua sendo adequada – magnitude.

Gregório, misto de romano da velha estirpe e de monge capaz do maior ascetismo, como o descreve Daniel-Rops, emerge numa época em que o Império Romano sucumbira às hordas bárbaras. Era preciso começar tudo outra vez e Gregório percebe que a evangelização dos invasores deve ser conduzida como obra de toda a Igreja. Gregório Magno faz a síntese das duas cidades de seu muito admirado Agostinho: pés e mãos na cidade dos homens; olhos e coração na cidade divina.

Leão, dois séculos antes, vivera as lutas contra o declínio do Império, salvando o que podia. E nesse enfrentamento atribuiu à Sé Apostólica um primado religioso, moral e cultural que ela nunca mais haveria de perder.

É bem conhecido o episódio do encontro entre o terrível huno Átila e Papa Leão I. O “Flagelo de Deus” varria o Império e se preparava para lançar um ataque definitivo sobre Roma. À margem do Míncio vê, no lado oposto, um curioso cortejo aproximar-se em sua direção, entoando cânticos. Eram sacerdotes, monges e diáconos, portando cruzes, pendões e ostensórios, conduzidos por um ancião de barbas brancas. Átila avança com seu cavalo até um banco de areia e o interroga: “Como te chamas?”. No silêncio que se seguiu, o ancião responde: “Leão, papa!”, e cruza o rio ao seu encontro.

A posterior narrativa de Leão ao imperador Valentiniano sobre esse episódio, que acabou dando origem a muitas lendas, não revela o conteúdo do diálogo que manteve com Átila. Certo, porém, é que o “Flagelo de Deus” recuou.

Foi pensando em personagens assim, extraordinários, que sugeri em artigo, às vésperas do Natal de 2000, o cognome Magno a João Paulo II. Eu o via conjugar as virtudes de Gregório e Leão. Intelectual, valente e diplomático como o primeiro, político e asceta como o segundo, reprovou energicamente quaisquer guerras, levou chumbo e cruzou todas as fronteiras com a mensagem da solidariedade e da paz. Fez penitência, orou, escreveu, foi firme e fiel. Como Leão, foi ao encontro do Átila soviético. Teve atuação decisiva no recuo daquele regime, na queda do Muro, na democratização do Leste Europeu. Conseguiu, até mesmo, que os católicos de Cuba pudessem comemorar, publicamente, o Natal do Novo Milênio.

Assim o via, também, a multidão dos fiéis. Em 8 de abril de 2005, seu velório foi assistido pela TV por 1 bilhão de pessoas. Quatro milhões se reuniram nas praças e ruas de Roma. Trezentas mil na Praça de São Pedro. Representações oficiais de 200 países. Foi o maior funeral da História da Igreja. De repente, naquela multidão, irrompe um brado que se reproduz nas praças, nas ruas, nas sacadas, nas telas: “Santo súbito!”. Levem logo esse homem de Deus, esse irmão de fé, aos altares! – estavam a clamar em uníssono.

Assim foi o grande Karol Wojtila, São João Paulo II, Magno em vida, referência da minha geração, cujos Natais nunca foram “politicamente corretos”. Feliz Natal a todos!

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DISFUNÇÃO

A disfunção da atividade cerebral na política brasileira de hoje, como diriam os psiquiatras nas descrições sobre transtornos de comportamento, nos deixou na seguinte situação: a exemplo das ofertas de pasta de dente, se você é contra Bolsonaro, leva um Doria de brinde; e se você é contra a esquerda em geral, leva um Bolsonaro no pacote. A diferença, e aí vai uma bela diferença, é que a oferta da pasta de dente é opcional – só leva quem quer. Na política, hoje em dia, tornou-se obrigatória.

Ou seja: o cidadão tem de levar um Doria se quiser militar na “resistência” ao bolsonarismo, goste ou não goste, e tem de levar um Bolsonaro se não quiser que o PT, ou coisa parecida, volte a mandar no Brasil.

Não parece justo, mas aí é que está – a vida frequentemente não é justa. Fazer o que? Num mundo mais equilibrado, deveria ser aceitável que o cidadão não gostasse por igual de nenhum deles – já que parece impossível gostar dos dois ao mesmo tempo. Mas o mundo real da política brasileira não é equilibrado. Gente existe de sobra. O complicado é achar um que valha alguma coisa por si próprio – e não porque é, simplesmente, um antídoto contra o outro, ou a única alternativa considerada viável para evitar o chamado “mal maior”.

O resultado é que não se pode fazer quase nada sem sofrer efeitos colaterais. Por exemplo: se o sujeito faz alguma objeção ao fato de que a “vacina do Doria” até há pouco não tinha sido aprovada em nenhum país-estrela do primeiro mundo, ou mesmo do quarto ou quinto, é imediatamente acusado de ser “gado bolsonarista”.

Corrupção nas vendas sem licitação por conta da covid? Violação flagrante dos direitos individuais? Transformação do combate à epidemia em operação de marketing? Doria decreta a volta da “fase vermelha” e vai passar as festas em Miami? Não é mais possível apontar qualquer dessas aberrações sem incidir no delito de bolsonarismo explícito.

Qualquer restrição à alguma coisa feita pelo presidente da República, ao mesmo tempo, é automaticamente acompanhada da seguinte praga: “Então vota no Doria” – ou “no Haddad”, o que, francamente, não alivia nada. Assim fica difícil.

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O INSTITUTO DATA BESTA ESTÁ NAS RUAS

Classificado por todos, de norte a sul, de leste a oeste, como sendo o melhor jornal do planeta, o JBF também tem o melhor instituto de pesquisas deste país.

O Instituto Data Besta,  invejado e odiado pelo Data Folha, está com nova enquete nos ares.

Todos os nossos leitores estão convocados para exercer sua digna cidadania fubânica.

Vá aí do lado direito desta gazeta escrota e dê o seu pitaco.

Uma excelente quinta-feira natalina pra todos vocês!!!

A PALAVRA DO EDITOR

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VAI DE TREM!

Indo à Holanda, de ônibus.

Saímos de Paris à noite, o ônibus parou em uma lanchonete na estrada para café, banheiro, esticamento de pernas, não nessa ordem, porque a necessidade primeira, mais premente, era de alongamento, por causa do ônibus desconfortável, apertado, com muita gente grandalhona, não dava nem para mover a poltrona para uma posição mais deitada.

Quem diria! Europa, era de se esperar mais conforto!

A viagem estava sendo meio assustadora, porque os rapazes, enormes, bebiam muito, parecia que usavam drogas, começavam a ficar desagradáveis.

Os comentários eram de que muitos jovens estavam aproveitando as festas do aniversário da rainha da Holanda para irem a Amsterdã e se drogarem.

Precisávamos sair daquele ambiente apertadíssimo para relaxar e para usar os toaletes, tomar um cafezinho e seguir viagem.

Das excursões que fizemos, essa seria uma das mais atrapalhadas, nada dava muito certo, volta e meia acontecia algum problema.

Pois, foi descer do ônibus e entrar na lanchonete para dar mais um enguiço: tentei comprar alguma coisa nas máquinas automáticas, a máquina comeu a moeda de dois Euros, não entregou a mercadoria, tentei usar o mecanismo de devolução do dinheiro, mas nada. Apelei para a ignorância, como vemos nos filmes, dei-lhe umas pancadas, chutei, esmurrei e nada aconteceu.

Fui ao balcão, reclamar do problema com os entraves da língua estrangeira.

A moça disse que não podia fazer nada.

Como assim? Então chama o gerente. Veio o gerente que disse ”não podemos devolver o dinheiro, porque as máquinas não são nossas”. Ora, mas eu é que não posso ficar no prejuízo, as máquinas estão dentro do seu estabelecimento, vocês tem que ser responsáveis. Mas não somos, os responsáveis têm o nome, o endereço e o telefone escritos nas máquinas para reclamações, vocês tem que falar com eles. Como assim? De madrugada, no meio da estrada, em trânsito por vários países, vou telefonar para reclamar alhures por uma moeda? Pois bem, só por desaforo, onde está o número do telefone? Vamos ver. Ah, não! O telefone é em Marselha, vocês estão brincando! Deixa para lá! Nunca mais vou usar essas máquinas para comprar o que quer que seja.

Mas, como “nunca mais” é muito tempo, eu iria ainda por duas vezes, em estações de metrô de Paris, tentar comprar refrigerantes nas malditas e perder meu dinheiro.

Portanto, fiquem sabendo, para não passar raiva: evitem comprar salgadinhos, doces e refrigerantes naquelas malditas máquinas!

Não vou perder o tempo de ninguém relatando o drama que foi, no início da viagem, entrar no ônibus em Paris, em uma noite fria, cujos lugares não são pré-determinados e com a multidão aglomerada na porta da viatura, todos tentando entrar primeiro.

Nessas horas, mesmo a educação européia dá lugar ao salve-se quem puder.

Também não vou falar da via-crucis na chegada à Holanda para a disputa das acomodações, nem vou reclamar do apartamento acanhadíssimo do hotel escolhido pela agência, nem do fato de que na volta a Paris (entre a saída do hotel, com o vencimento da diária, e a entrada no ônibus, que ainda por cima atrasou mais de hora para chegar no ponto de encontro) tivemos que ficar onze horas zanzando sem rumo para passar o tempo.

E nem vou lembrar de outros incômodos dessa viagem, porque, afinal, valeu a pena e superou tudo o fato de termos conhecido Amsterdã, termos visitado algumas cidades do interior da Holanda e termos conhecido Haia, onde nosso Rui Barbosa se elevou como uma águia nos céus do Velho Mundo.

Só vou dizer que, para não faltar mais nada, choveu, e este andarilho passou um frio do cão naquelas ruas encharcadas da linda cidade.

Está certo, não foi um mar de rosas essa viagem, mas foi um mar de tulipas, plantações quilométricas delas, de todas as cores, lindas, maravilhosas, pelos campos cortados pelas estradas por onde passamos.

E vimos os moinhos de vento. E o trânsito das bicicletas; e a fabricação dos tamancos típicos holandeses de madeira; e degustamos os queijos; e andamos de barco pelos canais com o povo jogando ovo em cima da gente; e nos misturamos à multidão no verdadeiro carnaval que é a festa de aniversário da rainha.

Assim foi a aventura na Holanda. Próxima viagem a planejar: Londres!

Na Holanda, foram só três dias que ficarão na nossa memória para nos alertar: – Não vão a Londres de ônibus! Esqueçam a companhia de turismo, vão por conta própria, vão de trem, pelo túnel sob o Canal da Mancha! Escolham o quarto de hotel que vão ficar! Não confiem nas escolhas da companhia de turismo baratinha.

Depois de tudo isso era de se esperar uma lição aprendida, mas Londres nos aguarda e só a passagem de ida e volta pelo Euro$tar, o trem maravilhoso, fica várias vezes mais cara do que todo o pacote turístico baratinho, que inclui o transporte de ônibus de ida e volta, hotel com banheiro no quarto e café da manhã, mais um tour bem safadinho pela cidade…

Londres! Lá vamos nós!

De ônibus de novo! A gente até aprende, mas a grana é curta, como sempre!

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A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS

Foi nos estudos que o homem aprendeu a satisfazer as suas necessidades básicas. Através do livro, o ser humano adquire conhecimentos, enriquece a cultura pessoal, aprende a conviver com pessoas de formações e raças diferentes, na esperança de se tornar útil para a sociedade.

O livro tem o dom de ensinar a viver honradamente, ser reconhecido, respeitado e admirado no meio onde vive. Só não aproveita quem não quer.

Salvo alguns contratempos, esse é o objetivo do homem. Os primeiros ensinamentos, lógico, a criança aprende em casa com os pais. Depois, a escola, os professores e os livros ampliam a técnica de aprendizagem. A maneira de se auto planejar para o futuro. Saber interagir socialmente, como crescer profissionalmente, saber navegar na internet e manobrar o smartphone, a moda do momento, que deixa a moçada gruda na telinha o tempo todo.

Os países de primeiro mundo, preocupados em garantir um futuro florescente para a juventude, priorizam a boa educação nas escolas. O intuito, é manter elevado o nível das principais riquezas do homem, a material e a cultural. Aproveitar a maior parte do tempo da criança e do adolescente dentro da escola para valorizar as habilidades. Descobrir as vocações, profissional, esportiva ou artística, estimular novas amizades, contribuir, enfim, para o jovem perder a natural timidez da idade.

Porém, está claro que a habilidade estudantil do aluno depende de outros fatores extracurriculares. Grau de personalidade, situação econômica da família, vontade de estudar e aprender, vencer o desestímulo pela leitura.

No Brasil, a média de leitura é super baixa. Não passa de 5 livros por brasileiro. Ao contrário da Índia, onde a população é chegada a uma boa leitura. Fator considerado importante para a expansão do pensamento, manter a mente aberta e ativa para a compreensão, formação de ideias e extensão de relacionamentos pessoais.

Na medida em que a pessoa se sente atraída pelos estudos e a leitura, aumenta a segurança pessoal, cresce a confiança no aprendizado. A concentração na leitura, inclusive, incentiva o leitor a enfrentar novas barreiras. Sem medo.

A Noruega é destaque no sistema de educação mundial. A organização da educação começou na era medieval e vem se aprimorando desde então. Lá, a política não mete o bico na educação. Governante algum se endeusa por aumentar a quantidade de matrículas nas escolas porque está tudo definido nos programas de ensino. Desde tempos remotos.

O sistema educativo norueguês, essencialmente público, embora existam escolas particulares, é obrigatório. Toda criança dos 6 anos, do ensino fundamental, até os 19 anos do ensino secundário, tem de frequentar a escola.

Desde 1996, existe uma lei única para o ensino na Noruega. Do colégio à universidade. O país investe 7,3% do PIB na educação. A taxa de matrícula dos adultos na escola secundária chega a 95% e na universidade a 73%. A evasão escola é baixíssima, apenas 0.5% na escola primária.

O Brasil investiu 7% do PIB na educação, em 2019, mas em compensação a qualidade do ensino é péssima. Sofrível. É tão ruim que permite uma evasão escolar de 24,1%, em média, registrada no Ensino Fundamental. A evasão escolar brasileira é a terceira maior do mundo. Fica atrás da taxa anotada na Bósnia e nas escolas do Caribe.

Mas, existe um detalhe que não pode ser esquecido e louvado. O graduado ou o mestre que estudou na Universidade de Harvard pode se orgulhar. Afinal, estudar na mais antiga instituição de ensino superior dos Estados. Unidos. Diplomar-se na mais prestigiada e mais famosa do mundo deixa o ex-aluno orgulhoso.

A Universidade de Harvard existe 1936 e mantem um padrão de qualidade que lhe coloca entre as melhores do mundo. O custo para estudar em Harvard sai por mais de 60 mil dólares por ano, incluindo moradia e transporte. O total de alunos estudando graduação na Harvard passa de 7 mil e na pós-graduação, 15 mil alunos. Por aí se tira o gabarito de Harvard.

Os ex-presidentes norte-americanos, mais famosos, John Kennedy e Barack Obama, tiveram o privilégio de ter se formado em Harvard. Também pelas bancas de Harvard passaram 157 laureados com o prêmio Nobel, dos 338 que foram contemplados com uma das principais premiações de pesquisa em benefício da humanidade nas categorias de Química, Física, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Paz.

Neste ano, a Universidade de Oxford, no Reino Unido, passou a ocupar a 1ª posição de melhor do mundo e Harvard desceu para a 6ª colocação. Mas, a descida de posição não tira o mérito de Harvard.

Por tudo que representa, fonte de conhecimento, de aperfeiçoamento, de construção de personalidade e de escadinha para a obtenção de sucesso profissional, o estudo deve ser levado em consideração por três bons e comprovados motivos. Aumenta a capacidade de memória, acelera a concentração, aumenta a capacidade de aprendizagem que chuta para bem longe as doenças de degeneração do cérebro, como o mal de Alzheimer.

A PALAVRA DO EDITOR

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MASCATEANDO

De BESTA ela não tem nada…
Num estilo bem bacana
que envolve a macacada
numa prosa tão FUBANA
quanto o papo bem esperto
d’um escritor consagrado
( O querido Luiz Berto
Editor mui estimado )

Andei por aqui uns tempos
escrevinhando e rimando
os dias correndo lentos
e a alegria dominando
Uma turma bem unida
esclarecida, informada
que sempre levava a vida
como deve ser levada

Com muito humor e às vezes
também indignação
as brigas foram revezes
a que dei atenção
Pois aqui a LIBERDADE
De exercer opinião
é levada com vontade,
com muita dedicação

E o Papa Berto tranquilo
Sacerdote fervoroso
comungava mais de quilo
de “tira gosto” gostoso
agora só bebe suco
num regime fervoroso
Deu adeus à gengibrina
Orgulho de Pernambuco

Eu trago uma novidade
para todos os amigos
Tô voltando com vontade
pois esse sonho persigo
desde que saí da BESTA
fiquei triste, macambúzio,
Fui bola fora da cesta,
Marisco fora do búzio !

A coluna fica, então,
uma vez só por semana
e pra não dar confusão
com aquela DAS LEMBRANÇAS
seu nome é MASCATEANDO
pois em tempo sem bonanças
meus versos ficam minguando
Ainda assim, entro na dança

Um abraço forte aos amigos e poetas desta gazeta arretada de boa.

E meu agradecimento ao Papa Berto por receber de volta este Mascate Velho.

Recife, 21 de dezembro de 2020

(Primeiro dia dos setenta e cinco anos de vida e também primeiro dia do meu Jubileu de Ouro de Bacharelado)