PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

O SINO – Rogaciano Leite

Seis horas… Somente o sino
Lá da torre da Matriz
Canta enganando a si mesmo
Para pensar que é feliz;
Mas… quem sabe no seu canto
O sino triste o que diz?!

Ah! Talvez o sino cante
Porque sente nesse instante
Alguma recordação…
Às vezes a gente canta
Porque não suporta tanta
Saudade no coração.

Delém… Delém… São palavras
Que ele arranca das entranhas
Provando às cousas estranhas
Quem também sabe falar…
O que seria do sino
Se por sorte fosse mudo

E na alma guardasse tudo
Que às vezes o faz cantar?!

Ah! O pobre sino canta
Mas nunca diz à garganta
O que o coração lhe diz…
Do mesmo modo que o sino,
Eu engano meu destino
Dizendo que sou feliz!

Almanaque de História: Quem é Rogaciano Leite.

Rogaciano Bezerra Leite, São José do Egito-PE, (1920-1969)

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO JORNAL

ALERTA

Bolsonaro comparou os R$ 54 bilhões de superávit em 2022 com os mais de R$ 50 bilhões de déficit em 2023, com Lula.

Concluiu: “não tem como dar certo”.

O ex-presidente ainda fez um alerta: o pior ainda está por vir.

* * *

É de lascar!

E a gente sabe – a gente que enxerga bem e vê as coisas direitinho -, que o pior está mesmo por vir.

E bote pior nisso!

O desmantelo desse desgoverno petralha tá arrasando o Brasil.

Estou pensando em fazer contato com Dona Gina, a maior catimbozeira e benzedeira de Palmares.

Vou acertar uma viagem dela a Brasília pra fazer uma reza braba com Lula no Palácio da Alvorada, e tentar dar um jeito nesse “pior que está por vir”.

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

DEU NO X

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

AS MENINAS DAS SAIAS PLISSADAS

“Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador

Minha linda normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor

Eu que trazia fechado
Dentro do peito guardado
Meu coração sofredor

Estou bastante inclinado
A entregá-lo ao cuidado
Daquele brotinho em flor

Mas a normalista linda
Não pode casar ainda
Só depois que se formar

Eu estou apaixonado
O pai da moça é zangado
E o remédio é esperar”

Nelson Gonçalves

As normalistas vestindo saias plissadas

Chovia forte. Chuva forte que, em vez de cair na vertical, tangida pelo vento também forte, num milagre operado pela Natureza, quase caía na horizontal. Algo digno do que hoje rotulam de ciclone. Para o sertanejo nascido, criado e vivido na roça, aquilo nada mais era que uma “chuvinha metida a besta”.

Os ainda poucos relógios “nas munhecas” dos homens mais abastados, já marcavam mais de onze horas, e os ponteiros, um atrás do outro, corriam céleres para se encontrarem ao meio-dia, e ficarem um sobre o outro naquele papai-e-mamãe tão desejado, bom e por isso muito praticado.

Chuva forte e vento diminuíram, provavelmente por interferência divina. A chuva virou neblina (“leblina” para o sertanejo) e voltou à posição normal. Vertical.

A tarde chegou. O movimento na Praça Figueira de Melo aumentou com a chegada das meninas para as aulas na Escola Normal, onde a conclusão garantia o título de “Professora” e habilitava para o ensino às demais iniciantes.

No Liceu do Ceará, os meninos aprontavam no expediente matutino, perturbando moradores da Rua Liberato Barroso e cobradores e motoristas da linha Jacarecanga. No expediente vespertino as meninas da Escola Normal não faziam diferente – só que o objetivo era “provocar” os mais maduros, com uma sentada nos bancos da Praça do Ferreira e pernas mal postas, ou, ainda, com uma rápida de pretensiosa passada na calçada do Cine São Luiz, principalmente se o vento estivesse açoitando mais forte.

O vento forte levantava as saias plissadas e mostravam pernas roliças, bonitas naturalmente (ainda não existiam as “academias”), sem o benefício da depilação, que nenhuma ousa desperdiçar nos dias atuais.
E os mais maduros rogavam à Deus: “Senhor, fale com São Pedro para parar a chuva e deixar apenas o vento agindo”.

A clássica saia plissada das escolas

Hoje, nossas esposas, tão maduras quanto nós, nas horas de devaneios dos fins de tardes nas calçadas defronte as casas, perguntam: “o que vocês faziam tanto em grupos na frente do Cine São Luiz”?

Ao que respondíamos: “Nada. Apenas pegando um ventinho!”

Na verdade, aquilo explicava nossa preferência exagerada pela cena clássica do filme “O PECADO MORA AO LADO”M, em que Marilin Monroe é “surpreendida” pela força do vento e “despretensiosamente” mostra as brancas e belas coxas. Tudo por conta da sorte do figurinista William Travilla, que apresentou aos cinéfilos e alhures a saia plissada.

DEU NO JORNAL

ACONTECEU NA DITADURA AMIGA

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, que Lula bajula e passa pano, mandou a polícia congelar contas e até despejar do gabinete a presidente da Suprema Corte.

É bom colocar as barbas de molho.

* * *

Deixe eu ler de novo…

Congelou contas e despejou do gabinete a presidente da Suprema Corte da Nicarágua.

E pelo que foi noticiado, colocou a própria esposa no comando:

Image

Se aqui no Brasil o Ladrão Descondenado seguir Ortega, seu amigo do peito, o ministroso Boca de Veludo, atual presidente da suprema zorra, vai ficar sem dinheiro.

Liso, liso, e sem uma poltrona pra sentar a bunda na Praça dos 3 Poderes.

E com Esbanjanja no comando supremo!!!

Caralho!

JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

OS BRASILEIROS: Millôr Fernandes

Milton Viola Fernandes nasceu em 16/8/1923, no Rio de Janeiro, RJ. Escritor, poeta, jornalista, desenhista, humorista e dramaturgo, tornou-se o mais conhecido desenhista de humor gráfico da imprensa brasileira. Ficou célebre na sátira politica, filosófica e de costumes através das principais revistas e jornais em mais de 70 anos de atividade. Não era filófoso, mas recebeu título de “O pensador de Ipanema”.

Filho de Maria Viola Fernandes e do imigrante espanhol Francisco Fernandes, falecido quando Millôr ainda era bebê. A mãe, aos 27 anos, passou por uns perrengues financeiros e foi obrigada a alugar parte do casarão no Méier. Aos 11 anos, a mãe também faleceu e a família teve que viver separada, quando ele passou a ser criado pela
avó. Aos 14 anos conseguiu emprego fixo como entregador de remédio. Mas durou pouco e logo estava trabalhando na imprensa. Fã ardoroso de gibis, copiava os desenhos quadro por quadro e mais tarde declarou que esta foi sua “maior e mais legítima influência” em sua formação de humorista e escritor. Seu tio estimulou-o a enviar um desenho para O Jornal, que foi aceito e lhe rendeu o pagamento de 10 mil réis.

Aos 15 anos foi trabalhar na revista O Cruzeiro e ingressou Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou de 1938 a 1942. Aos 17 anos adotou o nome artístico Millôr Fernandes, devido à caligrafia do escrivão, transfomando o nome Milton em Millôr. Estreou na revista A Cigarra, em 1945, sob o pseudônimo Vão Gogo, com a seção “O Pif-Paf’, em parceria com cartunista Péricles. Pouco depois, lançou um livro em defesa do homem – Eva sem costela – com o nome Adão Júnior. Casou-se em 1948 com Wanda Rubino, com quem teve 2 filhos. No ano seguinte lançou o livro Tempo e contratempo, usando o nome Emmanuel Vão Gogo e produz seu primeiro roteiro de cinema Modelo 19.

Em 1953 estreou sua primeira peça teatral – Uma mulher em três atos – no Teatro Brasileiro de Comédia (SP). 4 anos depois já era um desenhista conhecido e realiza uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1957. No ano seguinte passa a manter sozinho a coluna “Pif-Paf” em página dupla semanal, assinada por Vão Gogo, mantida até 1962, quando assumiu o próprio nome. Mantiha intensa atividade intelectual junto com práticas esportivas. Junto com um gurpo de amigos, lançou um novo esporte de praia denominado “Frescobol”, em 1958. Segundo ele “o único esporte em que ninguém tem a obrigação de ganhar, e nem a vergonha de perder”. Trata-se um esporte de estilo cooperativo, em oposição ao estilo competitivo do tênis de praia.

Em 1960 estreou a peça Um elefante no caos, no Teatro da Praça (RJ), que lhe rendeu o prêmio de melhor autor, pela Comissão Municipal de Teatro. Em seguida inicia uma coluna semanal no Diário Popular, de Lisboa, mantida por 10 anos. Em 1965, junto com Flávio Rangel, escreveu o musical Liberdade liberdade, um protesto contra o Golpe Militar, instaurado no ano anterior, apresentado no Teatro Opinião (RJ). Com o acirramento da ditadura militar em 1969, passou colaborar no jornal O Pasquim, tornando-se um de seus principais colaboradores.

No ano seguinte, com a redação desfalcada de muitos colegas presos, ele junto com Henfil e ajuda de Chico Buarque, Glauber Rocha e Odete Lara entre outros, procuram manter o jornal até 1972, quando assume a diretoria do jornal. Reorganizou as finanças salvando-o da falência e permanece até 1975. Em seguida escreveu para Fernanda Montenegro a peça É…, que veio a se tornar seu maior sucesso teatral. Aos 57 anos, em 1980, conheceu a jornalista Cora Rónai e mantiveram um relacionamento até o fim de sua vida. 20 anos depois, aos 77 anos, experimenta uma novidade profissional: lançou o Saite Millôr Onlline, publicando novos desenhos e resgatando antigos trabalhos. Foi um pioneiro na Internet alcancando grande sucesso.

Sua ironia fina e a sátira nos textos e desenhos sempre foram alvo dos censores de plantão, que não lhe davam trégua. A partir de 2010, aos 86 anos, a saúde já não era a mesma e sofreu AVC isquêmico no ano seguinte. Com a saúde fragilizada, veio a falecer em 27/3/2012. Bem antes disso, deixou um Poeminha com saudades de mim mesmo:

“Quando eu morrer / Vão lamentar minha ausência / Bagatela / Pra compensar o presente / Em que ningúem dá por ela”. Pouco depois foi homenageado pelos cariocas com o nome dado ao seu local predileto entre as praias do Diabo e do Arpoador: o Largo do Millôr. Em 27/5/2013 o local ganhou um banco incorporado a um monumento com sua sihueta desenhada por Chico Caruso, batizado como “O Pensador de Ipanema”.

Em 2018 a atriz Fernanda Montenegro fez-lhe uma declaração comovente em seu livro Itinerário fotobiográfico: “Millôr – retrato 3×4 corajosamente à maneira do próprio: Millôr, duas sílabas fortes, desconcertantes e gentis, cuja rima pode ser flor e também dor. Os olhos eram de águia, mas, também de pintassilgo, colibri, sabiá…” Foi reconhecido como um dos melhores frasistas do País, exibindo irreverência, ironia, sagacidade e senso de humor: “A morte é compulsória, a vida não”. “Amor não é coisa para amador”. “A vida é uma doença terminal”. “O ruim das amizades eternas são os rompimentos definitivos. “Todo homem nasce original e morre plágio”. “Livrai-me da justiça, que dos malfeitores me livro eu”. Em 2002 lançou o livro Millôr definitivo – A Bíblia do Caos, reunindo mais de 5 mil frases, lançado e relançado pela Editora L&PM diversas vezes.

No mês de seu centenário -agosto de 2023- diversos amigos publicaram textos reverenciando sua memória. Entre eles os acadêmicos Geraldo Carneiro: “Costumo dizer que ele tinha um processador mental inigualável. Suas respostas eram anárquicas e engraçadíssimas. Era uma figura maravilhosa, não só pelo intelecto, mas também pela ética, pela retidão intelectual. Era um dos caras mais bacanas da história do Brasil”, e José Paulo Cavalcanti Filho, em artigo publicado aqui no JBF: “Millôr era amigo certo de amigos incertos. Homem reto, apesar do empeno da coluna. Que sentia dores e quase todos os seus derivativos ‒ sobretudo amores, andores e ardores. Apreciador de bolo de rolo; e, para ser justo, de outros bolos e outros rolos. Alguém que acreditava na bolsa dos valores e nas boas ações. Que não gostava de roubar nem o tempo dos outros. Magro, no corpo. E gordo, nos sentimentos. Pobre, mas não de espírito. E rico, até de ilusões perdidas. Homem justo, em uma vida injusta, onde os dias passam tão devagar e os anos passam tão depressa. Dizem que Millôr morreu? Impossível. Que Millôr é terno. Eterno. Viva Millôr”.

Como biografia, ele mesmo providenciou a sua em 1972 com o lançamento de 30 anos de mim mesmo, uma autobiografia bem-humorada em seu estilo próprio, como se dizia “um escritor sem estilo”. Em seu centenário foi programado o relançamento de 16 de seus livros, 13 deles pela Editora L&PM. Em meados de 2023 foi publicada a Coletânea Centenário de Millôr Fernandes, fruto de um concurso realizado pelo Projeto Apparere, contendo 86 textos selecionados de 152 textos inscritos, conforme se vê clicando aqui.

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOSÉ ALVES FERREIRA – SÃO PAULO-SP

A pior coisa que pode existir em nossa vida terrena é ser julgado por incompetente, ou o próprio algoz.

Ao ser colocado um assunto, questão ou divergência, espera-se que o julgador esteja apto a nos proporcionar a justa decisão pelo assunto colocado, sem ser parte.

Talvez, diante dos argumentos assertivos do juiz encarregado de analisar e, depois de muito procurar na lei, nas normas e princípios atinentes ao assunto proposto, solução haverá, isenta.

Para isso, presume-se que o julgador tem que ser um pleno conhecedor dos princípios, regras e das leis do pais, não ser interessado.

Ter reputação ilibada; para poder decidir é necessário notável saber jurídico, imune ao assunto discutido, ou seja, apenas a letra da lei.

Tais requisitos são verificados ao longo de sua vida, onde não devem existir dúvidas quanto aos requisitos básicos para serem considerados em condições de se elegerem ao posto pretendido.

Qualquer curso “mequetrefe” de Direito, mesmo os famosos cursos de final de semana dos anos 60/70 ensinam/ensinaram isso.

Hoje, ministros do stf – minúsculo – decidem ao sabor de suas vontades e sem se ater a lei… semideuses, são os precursores da balburdia legal que se instala no país… onde poderosos se esgueiram nas firulas jurídicas sérias ou inventadas por eles…

Aos demais, quem são eles para questionar?

Triste fim para quem um dia sonhou com um país sério, quem sabe até justo e esperou tanto… aos 72, tenho certeza que não verei esse país.