JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

AS BRASILEIRAS: Johanna Döbereiner

Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner nasceu em 28/11/1924, em Aussig, República Checa. Engenheira agrônoma, pioneira na área de biologia do solo. Trabalhou no Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, o precursor da Embrapa Agrobiologia. Sua atuação possibilitou o avanço do programa Pró-Álcool, além de colocar o Brasil como o 2º maior produtor de soja do mundo. Seus estudos e pesquisas foram decisivas na produção de alimentos mais baratos e saudáveis, garantindo-lhe a indicação ao Prêmio Nobel de Quimica, em 1997.

Filha do cientista Paul Kubelka, professor de Química da Universidade de Praga e fabricante de produtos químicos de uso na agricultura. O pai foi preso por ajudar judeus na persguição nazista e a mãe -Margarete Kubelka-, morreu num campo de concentração. Após um periodo de perseguições, a familia se instalou na região de Munique, onde ela ingressou na Universidade de Munique, em 1947, no curso de agronomia. Lá conheceu o estudante de medicina veterinária Jürgen Döbereiner, com quem se casou em 1950. Em seguida o casal veio para o Brasil e ela foi trabalhar com o Dr. Álvaro Barcellos Fagundes no atual Centro Nacional de Pesquisa em Agrobiologia da Embrapa, em Seropédica (RJ), onde vivia.

Em sua primeira publicação tratou da relação entre bactérias fixadoras do nitrogênio e plantas superiores e causou estranheza entre os colegas por não haver na literatura qualquer relação entre estes elementos. Naturalizou-se brasileira em 1956 e pouco depois foi fazer pós-graduação nos EUA, onde concluiu o mestrado em 1963, na Universidade de Universidade de Wisconsin-Madison. Em seguida foi à Paris fazer um curso de bacteriologia, no Instituto Pasteur. De volta ao Brasil, montou uma equipe e deu inicio as pesquisas sobre a fixação de nitrogênio atmosférico em gramíneas (milho, sorgo e cana-de-açucar. Ela e seus colegas descreveram mais de nove espécies de bactérias diazotróficas, fato inédito para o Brasil na área agrícola

Sua contribuição científica consistiu em aproveitar as associações entre plantas e bactérias fixadoras de nitrogênio (FBN), contrária ao uso da adubação nitrogenada obrigratória e desenvolvendo uma tecnologia capaz de diminuir e até eliminar nossa dependência desse modo de cultivo. Ou seja, a FBN possibilita a substituição de adubos químicos nitrogenados oferecendo, assim, vantagens econômicas, sociais e ambientais. Isto fez com que o Brasil tivesse o menor custo de produção de soja do mundo. Em 1974 foi a primeira cientista a descrever a ocorrência de uma associação ente bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Azospirillum e a gramínea Paspalum notatum, em seguida tais bactérias foram descritas para o milho e plantas forrageiras. Em 1988 estas associações foram extendidas para a cana-de-açucar. Pode-se dizer que suas descobertas causarm uma revolução na agricultura brasileira e propiciaram uma poupança de 1 a 2 bilhões de dólares por ano.

Foi uma das cientistas estrangeiras que mais se apegou ao Brasil. Na década de 1980, um centro de pesquisas canadense convidou-a para trabalhar ganhando 5 vezes mais seu salário na Embrapa. “Sou extremamente grata ao País que me acolheu quando eu precisei. Por amor ao Brasil, continuo na Embrapa”. Certa vez uma repórter disse-lhe “Mas a senhora não é brasileira!”. A resposta veio rápida: “Minha filha, talvez, mais do que você. Porque sou brasileira por opção, e não porque nasci aqui”.

Em pesquisa realizada pela Folha de São Paulo, em 1995, foi considerada a mulher brasileira mais citada pela comunidade científica mundial, e a 7ª considerando-se todos os cientistas do país. Ocupou a vice-presidência daa Academia Brasileira de Ciências, membro da Academia de Ciências do Vaticano e da Academia de Ciências do Terceiro Mundo. Foi agraciada com diversas premiações: prêmio Frederico Menezes Veiga (Embrapa, 1976), prêmio Bernardo Houssay da OEA (1979); Prêmio de Ciências da UNESCO (1989), Ordem de Mérito de Primeira Classe da República Federal da Alemanha (1990); Prêmio México de Ciência e Tecnologia (1992) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito (1994). Recebeu o título de doutora honoris causa da Universidade da Flórida (EUA) e da UFRJ.

Deixou mais de 500 artigos publicados nas principais revistas do mundo e teve participação destacada em mais de 60 seminários científicos internacionais. Exerceu a profissão até mesmo depois de ter sido diagnosticada com problemas neurológicos e veio a falecer em 5/10/2000. Seu colega e amigo, o geneticista Clodowaldo Pavan disse que “a contribuição de Johanna Döbereiner para a Ciência e o Brasil foi de um nível invulgar e por isso teve amplo reconhecimento internacional”. Disse bem: “amplo reconhecimento internacional”. Falta-lhe apenas o reconhecimento nacional, pois entre nós é uma ilustre desconhecida. Em reconhecimento ao seu trabalho, a Embrapa publicou o livro, uma fotobiogragia, Hanne – Johanna Döbereiner, uma vida dedicada à ciência, em 2018, produzida pela jornalista Kristina Michaelles, com ajuda do marido Jürgen Döbereiner.

DEU NO X

DEU NO X

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

A RECUPERAÇÃO

O Joãozinho d’Oeiras, uma criança como qualquer outra da sua idade, tinha uma dificuldade gigantesca para aprender Aritmética. Misturava mel com cabaço quando chegava a hora de assimilar os métodos quantitativos mais elementares possíveis. Os seus genitores, Joaquim e Manoela, de descendência moura, já se encontravam à beira de um ataque de nervos, mesmo desconhecendo as realizações cinematográficas do Almadóvar, face o fracasso iminente do filhote na série escolar onde se encontrava matriculado.

Inúmeras iniciativas já tinham sido tomadas, todas elas sem qualquer eficácia: aulas particulares, castigos brabos, brinquedos educativos, centros especializados, terapia instrucional e homéricos cascudos, estes últimos distribuídos simetricamente ao longo dos últimos dois anos. Tudo fazia crer que o garoto, apesar do perfil neuronial normalíssimo, não tinha o mínimo pendor para a denominada Ciência dos Números, não mais adiantando qualquer tipo de estratégia pedagógica. Tampouco cascudóloga.

Num belo dia de domingo, pela manhã, à saída da celebração paroquial, os pais do Joãozinho comentaram o problema com um casal amigo, conhecido de muitos anos, desde os tempos solteirais dos quatro. E eis que um remédio, aplicado eficazmente no filho dos amigos, portador de idêntica dificuldade, não poderia ter sido indicado em hora mais oportuna: a matrícula do pirralho numa escola de freiras, sediada numa distância que seria vencida sem maiores cansaços. A notícia das recuperações proporcionadas pelo educandário no filho dos amigos já tinha ultrapassado as próprias barreiras municipais, já sendo do pleno conhecimento do ínclito Ministério da Instrução Nacional.

Matriculado o Joãozinho, apesar do ceticismo dos pais, eis que já no primeiro dia de escola nova, o menino volta para a casa com um ar bastante compenetrado. Sem quase cumprimentar a mãe, vai diretamente para sua escrivaninha e principia a estudar aritmética como se vestibular fosse prestar no dia seguinte. Nenhuma brincadeirinha, peraltice nem pensar.

Na hora do jantar, apesar do prato principal ser um bacalhau ao murro, o Joãozinho rapidamente se sacia, toma um copo de leite de cabra e volta aos estudos com uma garra impressionante, deixando pasmos os pais e o avô, gerente de uma tabacaria de boa freguesia, situada do outro lado da praça.

As horas de estudos se multiplicaram até o final do bimestre, quando o Joãozinho entrega, com ar vitorioso, o boletim de notas à sua querida mãe. Emocionada, quase chorando de mesmo, ela toma conhecimento da sua nota máxima, 10, em Aritmética. Sem conter o entusiasmo com o filho recuperado, pergunta:

– Filho, me diga o que fez você mudar deste jeito. Foram as freiras?

Diante da negativa de Joãozinho, ela insiste:

– O que foi, então, filho querido? Qual foi o fato que marcou seu despertar para a Ciência dos Números?

Tomando fôlego, Joãozinho finalmente esclareceu:

– Não foram os livros, mãe, nem a disciplina do colégio, nem o professor, nem o carinho das freiras, nem os novos colegas, nem a estrutura de ensino, tampouco os ótimos lanches oferecidos na hora do recreio.

– Mas quem foi o responsável, na escola, pela sua estupenda recuperação científica, meu filho?

– No primeiro dia de aula, mãe, quando entrei na sala de aula e vi aquele cara pregado no sinal de mais da sala de aula, percebi que ali não se estava pra brincadeira…

DEU NO X

PENINHA - DICA MUSICAL

DEU NO X

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FRACASSO EM TODO O BRASIL. SUCESSO APENAS NO VANDALISMO

DEU NO X

SÓ EM PALMARES MESMO…

A esquerda de Palmares não conseguiu encher o centro da cidade neste sábado.

Como em todo resto do país.

Vazio, vazio, vazio… 

Em compensação, o carro de som preencheu os ares.

Escutem a música:

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