WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

LIVRE ARBÍTRIO

São Paulo Apóstolo

Tudo me é permitido,
Mas nem tudo me convém.

*I Coríntios, 6, 12.

Nem tudo que posso faço,
Nem tudo que quero tenho…
De querer eu me abstenho
Quando é demais pro meu passo,
Ou quando aperta o meu laço.
Querer mais do que se tem
As vezes não nos faz bem
E noutras não faz sentido…
Tudo me é permitido,
Mas nem tudo me convém.

Melchior SEZEFREDO Machado

O livre árbitro me dá
O direito de viver
Sou eu que devo saber
Aonde quero chegar
A conta quem vai pagar
É, só eu e mais ninguém
Mas só existe um porém!
Nada disso é dividido.
Tudo me é permitido,
Mas nem tudo me convém.

Poeta Nascimento

Você pode até querer
Do seu jeito planejar
Onde você quer chegar
Mas não tem esse poder
Pois logo vai perceber
Esse poder só Deus tem
Na vida, e mais ninguém.
Isso já foi definido.
Tudo me é permitido,
Mas nem tudo me convém.

Léo Brasil

O livre arbítrio foi dado
Por nosso Deus Soberano
Pra que cada ser humano
Siga o que for do agrado:
Se escolher o pecado,
Se afastará do bem,
No Tribunal do Além
O Parecer será lido.
Tudo me é permitido,
Mas nem tudo me convém.

Wellington Vicente

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TRIBUTO A JANDHUIR FINIZOLA

Janduhy Finizola da Cunha (1931–2024), médico, escritor e compositor brasileiro, encantou-se no último dia 14 deste mês de setembro

Partiu Mestre Finizola,
Outro doutor do Baião.

No Jardim do Seridó,
Foi nascido e foi criado,
Em Recife foi formado,
Virou “Doutor do Forró”.
Compunha como ele só
Pra Santanna e Gonzagão
E fez pra Jorge Assunção
A canção “Vida Viola”.
Partiu Mestre Finizola,
Outro doutor do Baião.

Escreveu “Ana Maria”,
“Bananeira Mangará”,
“Balance, Balanceá”,
Com Onildo fez parceria.
Sempre injetou poesia
Em toda composição,
Hoje vai pegar na mão
De Jobim, Nélson e Cartola.
Partiu Mestre Finizola,
Outro doutor do Baião.

“Vivência” foi um estouro
Na voz de Jorge de Altinho,
Fez da caneta o seu pinho,
De cada verso um tesouro.
Merece um busto de ouro
Na Praça da Conceição.
Caruaru, no São João,
Irá ver se nos consola.
Partiu Mestre Finizola,
Outro doutor do Baião.

* * *

Jorge de Altinho interpretando “Vivências”, da autoria de Janduhy Finizola

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AINDA É SELEÇÃO?

Penso nunca mais vou ver
O Brasil ser campeão!

Mote de Ronaldo Barbosa

Eu pensei que Dorival
Fosse ser a solução,
Mas a nossa seleção
Continua a jogar mal.
Já entra num baixo astral,
Um time sem ambição,
Não joga com coração
Nem tem gana de vencer.
Penso nunca mais vou ver
O Brasil ser campeão!

Ronaldo Barbosa

A nossa Verde-Amarela
Não verá mais um Ronaldo,
Virou um peixe sem caldo
Esquecido na panela.
Jamais será aquarela
De Pelé, Gérson e Tostão,
Romário, Zico e Leão,
Rivaldo e Riva a correr.
Penso nunca mais vou ver
O Brasil ser campeão!

Wellington Vicente

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O SERTÃO É UM POEMA

Foto de Zilda Farias

O sertão é um poema
Que a Natureza escreveu.

Mote de Tarcísio Fernandes/RN

Primeiros raios solares
Expulsando a madrugada
O cantar da passarada
Ecoando nos pomares
É a babel de cantares
Que Deus criou e nos deu
Quem ouviu se comoveu
Com o canto da seriema
O sertão é um poema
Que a Natureza escreveu.

O gado se deslocando
Ao pasto do pé da serra
Um cabritinho que berra
Por querer estar mamando
Vem um vaqueiro aboiando
Com o sentimento seu
Pega a cria que nasceu
Perto dum pé de jurema
O sertão é um poema
Que a Natureza escreveu.

Uma marrã de ovelha
Come os brotos de aveloz
Um sabiá solta a voz
Ali em cima da telha
A cravina se avermelha
Com o canto que desprendeu
Um pardal que ali desceu
Come xerém na arupema
O sertão é um poema
Que a Natureza escreveu.

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

CARRO VELHO

Se eu puxar a maçaneta
A praga cai nos meus pés
Não vale um conto de rés
Vou quebrá-lo de marreta
Do óleo, aquela vareta
Já não consigo puxar
Se eu saio pra passear
Lá vem um pneu rasgado
Quem tem carro velho usado
Tem o cão pra lhe atentar.

Hélio Crisanto

Já fiz muito finca-pé
Pra empurrá-lo em ladeira
Quando eu engato a primeira
Pula da quarta pra ré
Se eu ainda tomasse “mé”
Tentaria consertar
Mas parei de “biritar”
Pra não ser “flagranteado”
Quem tem carro velho usado
Tem o cão pra lhe atentar.

Wellington Vicente

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TRIBUTO A MIKE JOSÉ

Como o seu genitor, foi forrozeiro,
Sua voz encantava nossa gente,
Partiu hoje para Deus Onipotente,
Deixa o luto pra cidade de Monteiro.
Cada palco onde houver um sanfoneiro
Com seu fole tocando arrasta-pé,
Uma lágrima virá, como a maré,
Relembrando este jovem promissor
E o povo dirá, com muito amor:
– Salve, salve, imortal Mike José!

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

PEGANDO NA DEIXA 

Toda noite quando eu deito
Um pesadelo me abraça,
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça.
Ficou branco após os trinta,
Eu não quis gastar com tinta:
O tempo pintou de graça.

João Paraibano

O meu já virou “fumaça”
No sopro de tantos anos.
Já faço parte do time
Composto por veteranos
E a navalha da idade
Só não decepa saudade,
Ilusões e desenganos.

Wellington Vicente

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DIA DOS PAIS

Meu saudoso pai, Poeta Zé Vicente da Paraíba. Foto: Arquivo pessoal do amigo Herbert Lucena

Hoje, Dia dos Pais, quanta lembrança
Dos conselhos que um dia recebi,
Dos momentos tão belos que vivi
Nos meus dias alegres de criança.

Lembro a tua viola, com pujança,
Ritmando teus versos e canções,
Despejando nos nossos corações
Enchentes de amor, de esperança.

Sei que hoje no Céu terá louvores
E ouvirás dos colegas cantadores:
– Pegas tua viola, grande Zé!

– Olha o povo no coreto te esperando!
Essa gente quer ouvir você cantando
A mais nova homenagem ao Pai Javé!

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

RODA DO TEMPO

Bom dia, Poetas do Quiosque da Poesia!

Passado o mês de Sant’Ana
O ano acaba ligeiro.

Mote deste colunista

Logo depois do São João
Depois das festas juninas
Os meninos e as meninas
Fazem a comemoração
Que alegra o coração
De todo povo festeiro
Gasta todo seu dinheiro
Nesta homenagem bacana.
Passado o mês de Sant’Ana
O ano acaba ligeiro.

Leo Brasil

Agosto chega depressa
Montado na ventania…
De longe, dezembro espia
E ao tempo pouco interessa.
Seguro, segue sem pressa
No seu galope certeiro.
Constante e sem paradeiro,
É claro e a ninguém engana,
Passado o mês de Sant’Ana
O ano acaba ligeiro.

Melchior SEZEFREDO Machado

Na contagem regressiva
Falta cinco pra acabar
Acabou de começar
Eu na expectativa
Com o tempo na ativa
Rodando cada ponteiro
Que já já chega janeiro
De outro ano que bacana.
Passado o mês de Sant’Ana
O ano acaba ligeiro.

Cabal Abrantes

Já estamos caminhando
Para Agosto e Setembro
E vem Outubro e Novembro
Os tempos andam voando
Já já estamos chegando
Em Dezembro e Janeiro
E logo vem Fevereiro
Com um Carnaval bacana!
Passado o mês de Sant’Ana
O ano acaba ligeiro.

Poeta Nascimento

Janeiro foi apressado,
Fevereiro foi um raio,
Março e abril, chegou maio,
Teve o rosário cantado.
Junho dancei animado
Aquele forró brejeiro,
Em que o mestre sanfoneiro
Anima toda cabana.
Passado o mês de Sant’Ana
O ano acaba ligeiro.

Wellington Vicente