FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

LEITURAS PARA DESASNAR ABISCOITADOS

O meu maior desejo atual, de nordestino brasileiro caminhante e sempre desejando alcançar um nível mais elevado de pensação, é o de ver, em todas as capitais nordestinas, uma Feira Anual de Livros, favorecendo uma ampla elevação crítico-cultural de todas as nossas comunidades, independentemente de crenças religiosas e partidos políticos. Para elas seriam oferecidos livros para todas as idades e escolaridades, etnias e regiões, favorecendo sempre gregos e troianos ainda não ruminantes.

Aproveitando este canto do Jornal da Besta Fubana, uma iniciativa sementeira, de excelente nível desabilolante, do amigo escritor Luiz Berto, autor do premiado O Romance da Besta Fubana, de muitas consagradas edições, indicaria aos estimados leitores algumas leituras que favoreceriam todos aqueles que buscam ser brasileiros mais conscientes das suas responsabilidades pessoais, familiares e comunitárias. A ordem dos livros não tem qualquer relevância, apenas exigindo dos leitores um grau médio de escolaridade e muita garra meditativa e rabiscativa. São apenas cinco indicações, para todos os gostos e balizamentos mentais. Ei-las:

a. ALÉM DA ORDEM: MAIS 12 REGRAS PARA A VIDA, Jordan B. Peterson, Rio de Janeiro, Alta Books, 2021,412 p. O autor, considerado pelo New York Times como “o mais influente intelectual público no mundo ocidental da atualidade”, trabalhou durante muitos anos como psicólogo clínico, também tendo sido docente aplaudido das Universidades de Harvard e Toronto. Tem um estilo bastante objetivo para jovens, atuando sempre como vacina ótima no combate às cretinizações contemporâneas das redes sociais e dos ambientes comunitários de todos os níveis.

b. TER OU SER: UMA INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO HUMANISTA, Erich Fromm, São Paulo, Planeta do Brasil, 2024, 256 p. Páginas escritas há décadas pelo famoso filósofo e sociólogo (1900-1980), de plena utilidade ainda diante da necessidade de uma radical mudança qualitativa dos níveis éticos comportamentais contemporâneos, principalmente após o acelerado desenvolvimento tecnológico das últimos três decênios, quando os que mais possuem materialmente são os possuidores de gigantescos níveis de alienação, somente contemplando os próprios umbigos, numa caminhada radicalmente autodestrutiva.

c. A SOCIEDADE PERFEITA: AS ORIGENS DA DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL, João Fragoso, São Paulo, Editora Contexto, 2024, 352 p. O autor, docente titular por concurso da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresenta um panorama bastante diferenciado daquele que analisa o capitalismo comercial atuando em terras brasileiras, explicitando a origem das desigualdades na sobrevivência das relações feudais do mundo ibérico.

4. A AVENTURA DO PENSAMENTO: UM PASSEIO PELA HISTÓRIA DA FILOSOFIA E PELOS GRANDES NOMES DOPENSAMENTO OCIDENTAL, Fernando Savater, Porto Alegre, L&PM, 2015, 344 p. O autor é um dos pensadores mais conhecidos da atualidade, espanhol nascido em 1947, aclamado pelos seus esforços em tirar a Filosofia dos pedestais que a colocaram, tornando-a um meio saudável de despertamento mental de uma consciência crítica indispensável na atual pós-modernidade. Segundo Savater, Filosofia não deveria ser uma disciplina, mas o instrumento ideal para uma nova binoculização civilizatória, potencializando amanhãs mais regionalmente solidários.

5. ESCRAVIDÃO: DO PRIMEIRO LEILÃO DE AFRICANOS EM PORTUGAL ATÉ A LEI ÁUREA: VERSÃO DA TRILOGIA CONDENSADA E ADAPTADA AO PÚBLICO JOVEM, Laurentino Gomes, Rio de Janeiro, Globo Livros, 2023, 320 p. Uma leitura familiar indispensável para quem deseja identificar os ainda persistentes níveis escravistas de milhões de irmãos afro-brasileiros.

Os livros acima são simples sugestões para o início de PDs – Procedimentos Desalienantes, ensejando uma Cidadania Brasileira mais consistente para enfrentar os atuais sectarismos imbecilizantes, os hipnóticos fundamentalismos religiosos, os hipócritas populistas, os influencers e os idioters, ambos amplamente interrelacionados sobrevivencialmente. Leituras úteis para todos aqueles que buscam ser, cotidianamente, uma metamorfose ambulante, capazes plenos de fazer a hora sem esperar acontecer.

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BRASIL, MODERNO OU MODERNOSO?

O estupidificante rebuliço provocado por uma manada posicionada em frente da Penitenciária Feminina Bom Pastor, no Recife, na expectativa de ver a soltura de uma ricaça envolvida com ganhos financeiros ilícitos, nos remete a um questionamento histórico indispensável: o Brasil é um país moderno ou um país modernoso?

Preliminarmente, a definição de país moderno se baseia numa comunidade portadora de uma educação muito acima da média, renda bem distribuída, com elevado discernimento cultural, uma justiça social plena, saneamento urbano consistente, sem discriminações nem preconceitos, respeitado internacionalmente pelas demonstrações efetivadas em prol dos Direitos Individuais e Coletivos de todo o planeta.

Em nosso país, entretanto, é frequente constatar regimes escravagistas, muita miséria e fome, uma brutal insuficiência educacional, um empreendedorismo voltado para ganhos acima de uma mínima normalidade, uma insegurança urbana e também rural, um consumismo exagerado, uma mídia voltada para o alarmismo e as escandalosidades, bem como eventos indutores de comportamentos voltados para a prática de quase baixo meretrício. Para não se falar de racismos e preconceitos das mais variadas tonalidades, como se por aqui a branquitude fosse sinal único e exclusivo de mando e comando.

Lamentavelmente, ainda estamos situados há milhares de quilômetros de um mínimo civilizatório exigível, de consequências nada agradáveis para os socialmente mais confortáveis, atualmente já bastante temerosos dos seus amanhãs nada promissores. E nada atentos ao desenvolvimento dos seus códigos de inteligência e de autocrítica, tudo se reduzindo a um “se deus quiser” radicalmente despropositado, posto que a responsabilidade é exclusivamente suas, distanciados que estão das recomendações políticas sadias que buscam consolidar o todo nacional entre os ambientes mais dignos do planeta.

O psiquiatra brasileiro Augusto Cury alerta para as armadilhas que ameaçam as elites brasileiras: o conformismo, o medo de reconhecer os erros, o coitadismo e o medo de correr riscos. Para não citar mais alguns: a incultura, o mandonismo machista, o só eu sei, a ausência de autocrítica, a cegueira binoculizadora, o ter acima do nada ser, a desolidariedade e o desamor comunitários, o exibicionismo arroteiro e o nível intuicional próximo de zero. Características típicas dos que integram manadas, sem criticidade nem pensação, participando de um conjunto de idiotas que se auto imolam por exclusivas desatenções para com a construção de eus efetivamente contemporâneos.

Recomendaria a todos os habitantes de um Brasil que busca ser internacionalmente visto como soberano que procurem identificar o seus nível evolucionário dos seus diferenciados códigos: o de gestor do intelecto, o de sua autocrítica, o de sua resiliência, o de seu altruísmo, o de sua capacidade dialogal, o de sua criatividade empreendedora, o de seu carisma pessoal, o de sua ansiedade, o de sua politicidade e o de sua emocionalidade. Avaliando seu nível evolucional como ser humano, brasileiro, participante comunitário, ser espiritualizado e cidadão crítico-construtivo. Sem nunca deixar de perceber-se uma metamorfose ambulante, a caminho da Luz Infinita, para retornos existenciais sempre mais consequentes.

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FATOS, NOTAS E PITACOS

1. O notável pernambucano Nelson Rodrigues escreveu certa feita: “Idiotas vão dominar o mundo porque são muitos.” Tudo faz crer que, nas narrativas e comentários esportivos das TVs nas paralimpíadas, eles já predominam. Urge a implantação de um PGDT – Programa Geral de Desidiotização Televisiva. Antes que tudo vá para o brejo.

2. O teto do Santuário de Igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Vasco da Gama, Recife, desabou, eternizando duas pessoas. Que a sua estrutura física seja brevemente reconstruída, preparando o ambiente – restauração, prevenção e conservação – para as comemorações festivas do Dia de Nossa Senhora da Conceição, no próximo dia 8 de dezembro. E que o povo nordestino não falte com seu apoio financeiro.

3. Que os participantes das Paralimpíadas de Paris 2024 sirvam de exemplo de resiliência, altivez, perseverança e fé para todos os desanimadões planetários, que se imaginam sempre coitadinhos, quando muitos vezes não passam de manada, sem eira nem beira, por causa de uma permanente desvontade de crescer, participar e vencer, sintoma que produz coitadismos e vitimismos, “deus quis” e “estava escrito”.

4. A campanha eleitoral pela TV começou. Hora de não se mudar de canal, mas de principiar a separar as intenções sinceras das falas demagógicas, hipócritas, sectárias e imbecilizantes. Em todas as agremiações partidárias tem candidatos éticos e cabras safados que não valem o que os gatos enterram. Para estes últimos, DET – Dedetização Eleitoral Total, sem dó nem piedade.

5. Mulheres do Brasil! Todo cuidado é ainda muito pouco quando seu companheiro principiar a praticar grosserias, relinchar, dar coices e ruminar pelos quatro cantos da casa, ameaçando acabar com Deus e o mundo. Um BO – Boletim de Ocorrência é o melhor remédio. Não escondam os seus aperreios, as suas agonias e as agressões dos metidos a humanos. Sou amplamente favorável à pena de castração para os feminicidas e estupradores de crianças e adultos. E nunca se encantem por MSC – Mastros Sem Caráter, que endurecem sempre, mas não se portam como seres civilizados.

6. Tem muitos vestibulandos que ainda desconhecem as origens das desigualdades sociais no Brasil, se comportando como manada na vida, sem eira nem beira, só com focinheira e ferradura. Todo candidato aos Cursos Superiores deveria ler: A SOCIEDADE PERFEITA, João Fragoso, São Paulo, Editora Contexto, 2024, 352 p. Páginas escritas com competência e paixão, para servirem de leitura obrigatória, assimilando farta documentação, potencializando desabestalhamentos e favorecendo efetivas binoculizações profissionalizantes.

No mais, que cada um de nós se aperceba sempre, cotidianamente, uma metamorfose ambulante, a la Raul Seixas, ampliando o saber que faz acontecer, sempre lendo, para não terminar no mundo se lascando, sem mel nem cabaço, sem banana e sem agradar nenhuma fubana.

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PARA OS FUTUROS DIRIGENTES MUNICIPAIS

Tinha, em minha caminhada profissional, uma admiração crescentemente contínua pelo Peter Drucker (1909-2005), um pensador austríaco que sempre se manteve muito atualizado. Sem diploma superior de um Curso de Administração e sendo olhado de esguelha pelos “burocratas e economerdas mercadológicos” da sua época, Drucker, sempre soube antecipar-se à chegada dos desafios emergentes de uma pós-modernidade. Essencialmente um não-especialista, ele não se preocupava com o exercício da administração, mas com a filosofia da administração, na construção dos cenários futuros que se explicitavam nos quatro cantos do mundo.

Homem de leituras amplas, Drucker era mestre em perguntas simples e devastadoras, daquelas que deixam os “ispecialistas”, aqueles que se imaginam notáveis, só com a cara e a vontade de continuar enxergando o “quase nada” de um todo que exigia uma pensação de bom calibre binoculizador. Uma das suas: “Por que todo homem absorto nas rotinas cotidianas do seu serviço possui uma mente confusa e obstruída por preconceitos e cavilações mentais?”

No seu famoso livro Administrando em Tempos de Grandes Mudanças, atualmente ainda de muito bom proveito, ele explicitou seis regras de uma boa estratégia administrativa. Ei-las, sempre indispensáveis:

1. O que precisa ser feito?
2. Concentre-se, nunca se reparta.
3. Nunca aposte numa coisa certa.
4. Não perca tempo administrando detalhes.
5. Não tenha amizades na administração.
6. Eleito, pare de fazer campanha.

É Drucker ainda fez uma advertência antecipatória por derradeiro: “Na sociedade do conhecimento, cada vez mais conhecimentos, especialmente avançados, serão adquiridos muito depois da idade escolar e, cada vez mais, através de processos educacionais não centralizados na educação tradicional.”

Finalmente, uma advertência famosa para todos os futuros dirigentes municipais brasileiros, elaborada por Jean-René Fourton, ex-presidente da Rhône Poulene, uma empresa francesa: “Se tudo que você possui são procedimentos, conceitos e sistemas de computadores, você destruirá a organização e o espírito das pessoas que nela trabalham.”

Deixo aqui uma reflexão de um aprendiz de tudo nordestino, o João Silvino da Conceição: “Sem uma pensação binoculizadora evolucionária, jamais haverá um efetivo clima empreendedor socioeconômico.”

E com uma Inteligência Artificial que não deve falhar e pensando bem, nenhum dirigente municipal fracassará!

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DESABAFOS DE UM NORDESTINO

1. Considero medíocre o atual desempenho da Câmara dos Deputados do Brasil, o mais baixo desde a redemocratização nacional, após o regime militar. Creio que competirá ao eleitorado do país defenestrar os oportunistas, os vigaristas, os hedonistas e os demais istas bolorentos, escolhendo os mais socialmente comprometidos de todos os partidos. Deputado federal imprestável é fruto direto de um eleitorado deseducado civicamente, alienado, desatento para os amanhãs pátrios.

2. Há um ano, na Bahia, assassinaram covardemente Mãe Bernardete, 72 anos, líder quilombola baiana, no Quilombo Pitanga dos Palmares. Ela foi a décima pessoa quilombola morta na Bahia nos últimos 10 anos. Um sinal evidente de uma impunibilidade que agride a sociedade não-branca brasileira.

3. Lamentavelmente, multiplicam-se, do Oiapoque ao Chuí, os cretinos que que se escondem por trás das mídias para ameaçar, ofender, humilhar, se fingir de bonzinho para estupros e assassinatos, falcatruas, golpes financeiros e fake news. Urge uma legislação que puna exemplarmente os que praticam tais animalidades.

4. Diante do crescimento das falcatruas acima, praticadas por bandidos cada vez mais especializados, urge uma reestruturação do Código Penal Brasileiro, com penalidades mais severas para alguns cometimentos criminosos. Exemplos: castração física para estupradores de crianças e adolescentes, também para os que cometem feminicídios; redução para 14 anos da idade mínima criminal; erradicação das saidinhas de cadeia; cumprimento de, pelo menos, 75% da pena estabelecida, antes de qualquer benefício; e prisão perpétua para serial killers, e invasores de terra produtiva. Também igualmente aos que atentarem contra o regime democrático e o patrimônio público.

5. Magistrados brasileiros punidos, em última instância, por corrupções ativas e passivas, além de cadeia e afastamento definitivo das funções exercidas, não deveriam receber salários, mesmo após o cumprimento das penas.

6. A Venezuela não tem um governo autoritário, mas ditatorial por derradeiro. E partido político brasileiro que proclamou legítimas as últimas eleições daquele país, é um PT – Partido Transfigurado, de elogiosos passados e absurdas patifarias posturais presentes.

5. O reality show Estrelas da Casa, TV Globo, tem uma amperagem criativa extremamente baixa. Se continuar assim, em breve causará curtos circuitos terminais.

6. Com a eternização do Sílvio Santos, o mais notável animador de auditórios da TV brasileira, também exemplar empreendedor, o Brasil televisivo deverá pôr fim a uma era, voltando-se para eventos mais sedutores, nunca ridiculosos, tampouco me(r)diocráticos, nunca bostolentos.

7. Os crescentes aumentos dos índices de criminalidade estão a refletir o forte declínio da credibilidade pública em instituições tidas como exemplares em passados recentes, como o Parlamento, a Segurança Pública, o Poder Judiciário, as Igrejas e o Sistema Educacional. Razão plena tinha o escritor irlandês Charles Handy: “Não devemos permitir que nosso passado, por mais glorioso que tenha sido, interfira em nosso futuro.”

No mais, é seguir adiante, sempre militando em prol de novos amanhãs pátrios para gregos e troianos pensantes e nunca ruminantes.

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QUESTÃO PREOCUPANTE

Chegado ao fim das Olimpíadas de Paris 2024, uma questão preocupa os meios sociais brasileiros: Por que o Brasil se situa tão mediocremente no Quadro Final das Premiações Olímpicas, sendo uma país continental que deveria ostentar um alto nível atlético?

Lamentavelmente, estamos sendo vitimados por uma estupenda crise educacional, onde se multiplicam os vaidéticos, os incultos, os egolátricos, as bundolatrias, os fundamentalismos, os ruminantes, os que nada entendem de resiliência existencial, os racismos, os feminicídios, os antissemitismos, os populismos liberaloides, potencializando um nível crescente de incivilidade generalizada, de preocupante futuro, acrescida por uma emigração crescente de brasileiros em busca de outros países. Para não falar das comercializações de drogas e armas que agridem a moral social e os bons costumes, com urbanas áreas de poucos sobrados e muitos cortiços.

As quatro pequenas histórias, abaixo, merecem reflexão nunca individual. Elas retratam circunstâncias diferenciadas, onde são confrontados pensares de ontem e consciências de hoje.

a. Um pequeno agricultor adquiriu, depois de um esforço concentrado de vários anos, um terreno cheio de mato e pedregulho. Com um esforço incomum, transformou o terreno árido em uma bela lavoura. Um dia, recebendo a visita de um compadre, que exclamou:

– Amigo, como Deus foi bom procê. Você e Deus produziram uma bela lavoura!!

– Verdade, respondeu o agricultor. Mas você precisava ver o tamanho do matagal no tempo em que Deus cuidava sozinho desse terreno!!

b. Numa aula mata-saudades, acompanhada de muita água-de-coco, um professor narrava a contratação dos serviços de uma profissional do lar. Entrevistando uma delas e solicitando as suas pretensões salariais, ouviu singular resposta:

– Depende. Se for para trabalhar com penso é mais caro. Se for para trabalhar sem penso é mais barato.

Diante do atordoamento causado, a explicação convincente:

– Se o senhor quiser que eu pense como administrar o cotidiano da sua casa é um salário. Mas se o senhor quiser apenas que eu cumpra as suas ordens, o salário será bem menor.

c. Um endinheirado nordestino, travestido de empreendedor, resolveu observar o milagre japonês no seu endereço de origem, no outro lado do mundo. Comprou passagem ida-e-volta, conseguiu a companhia de um alguém que dominava inglês e partiu lampeiro que só para visitar o berço do sol. Após os desembaraços alfandegários, anunciou seu maior desejo: conhecer, no Japão, um Mestre Zen, desses tidos e havidos como um danado-de-bom na sabedoria. E um Mestre Zen, posto à sua inteira disposição, foi uma cortesia nipônica de primeira hora.

Apresentado ao Mestre Zen, as inevitáveis perguntas abobadas aconteceram, as lógicas menosprezadas. De repente, o Mestre Zen, já com o estômago bem embrulhado, resolveu tomar a iniciativa:

– Você sabe muitas coisas, não é?

– Percebe-se, Mestre?

Sorriso sibilino, todo já análise feita, o Mestre retornou:

– Estou disposto a lhe testar, o amigo concorda?

Peito estufado, sem pestanejar, externou um – Como não, caríssimo Mestre! E com um acréscimo atrevido: – Pode perguntar o que quiser.

O diálogo foi assim, como me contaram:

– O amigo sabe onde está neste momento?

– Claro que sei, Mestre. Estamos num lindo bosque.

– E onde está este bosque?

– Ora, caro Mestre, no Japão.

– E onde está o Japão?

– No nosso planeta Terra, Mestre, com certeza.

– E onde está o nosso planeta?

– Ora, Mestre… No Universo!

– E onde está o Universo, caríssimo brasileiro?

O atordoamento foi pra ninguém botar defeito. O suor principiava a correr, sovaco abaixo. Mas a resposta não tardou:

– Na verdade, caríssimo Mestre, eu realmente não sei.

A ponderação penúltima aconteceu:

– Veja só, o amigo nem sabe onde está e acha que já sabe muito. O amigo ainda tem muito que aprender.

Com muito raivoso, o “notável” brasileiro rebateu sem as conveniências de um bom relacionamento:

– Qual é a sua, Mestre, pois até mesmo o senhor não sabe a resposta correta!

O xeque-mate até hoje não se desinstalou da cuca do endinheirado brasileiro:

– Pois esta é a nossa diferença, amigo caríssimo. Minha ignorância é baseada em meu entendimento, enquanto o seu entendimento é baseado em sua ignorância. Sou um tolo de bom humor, enquanto você é um sério muitíssimo idiota.

Urge uma CNCI – Campanha Nacional pela Cidadania Integral envolvendo TODOS os setores, públicos, empresariais, militares e religiosos, favorecendo a defenestração definitiva do atual NMB – Nível Mediocral Brasleiro, a começar por uma sólida Educação Crítica Básica através de uma reestruturação urgente dos Cursos de Pedagogia do Ensino Superior, atualmente em plena falência instrucional.

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POR UMA DEFECTOLOGIA TERRESTRE

Todos nós temos deficiências físicas, emocionais, morais, comportamentais, espirituais, ideológicas e políticas. Outro dia, fui alertado por uma amiga psicanalista para a leitura de um livro recém editado por uma muito conceituada editora brasileira, páginas indispensáveis para pais, responsáveis, educadores, líderes políticos e lideranças militares, empresariais, religiosas e comunitárias: O ESSENCIAL DE VOGOTSKI, Robert W. Rieber e David K. Robinson (orgs), Petrópolis RJ, Editora Vozes, 2014, 910 p.

A defectologia foi escrita por Vigotski (1896-1934). Em seus estudos, ele relata as suas análises sobre o desenvolvimento e aprendizagem da criança com deficiência, considerando os vários tipos de deficiência, podendo ser intelectual ou física. Para Vigotski, a deficiência era vista até então como um defeito, por isso o nome defectologia, mas isso desclassificava a pessoa, tornando-a inferior.

O meio em que a pessoa está inserida é de extrema importância e faz toda a diferença, ainda mais quando consideramos que a defectologia não é somente para as pessoas com deficiência, mas para qualquer ser humano. A deficiência vem sendo intensamente estudada e os estudos continuam evoluindo. Entretanto, os estudos de Vigotski permanecem contextualizados até o momento e devemos considerar excepcional sua abordagem sobre o desenvolvimento e aprendizagem da pessoa com deficiência.

Cada pessoa é diferente da outra. Sendo assim, as particularidades precisam ser respeitadas e precisa ser também entendido que o ambiente faz toda a diferença na construção de cada identidade. A defectologia de Vigotski faz críticas à forma como as escolas especiais agiam com suas crianças. Para ele, tais escolas não eram canais de viabilização do convívio social e assim não contribuíam para o desenvolvimento psicossocial dos alunos. Os aspectos terapêuticos eram prioritários e as escolas se baseavam nas informações clínicas para conduzir os aspectos pedagógicos em relação à criança. Isso contribuía muito para a estigmatização de parte da infância, levando-a a ser vista como alguém limitado em relação aos outros. O foco não estava na superação ou no desenvolvimento das potencialidades, mas sim em fazer somente o que ela poderia efetivar.

Para Vigotski, a transformação da atitude pedagógica, voltando-se para as habilidades da criança, trariam um atendimento de melhor qualidade. Com essa mudança, outro foco passou a ser a tentativa de desvendar o desenvolvimento infantil da pessoa com deficiência e o que direciona esse desenvolvimento. É importante ressaltar que Vigotski pontuava que a deficiência não é somente um fator biológico, mas antes de tudo carrega em si as causas sociais.

É fundamental ir para além do conhecimento da deficiência da criança, precisar vê-la considerando sua personalidade e o seu meio, posto que dessa forma será possível encontrar mais fidelidade no estudo sobre a deficiência.

Esse processo de compensação se dá pelo enfrentamento travado pelo organismo e a “enfermidade”, como é chamado por Vigotski. A deficiência provoca sintomas variados de dupla ordem. Por um lado, as funções são alteradas e, por outro, o organismo tenta enfrentar o transtorno. O desenvolvimento do ser humano, de forma geral, deve servir como modelo para o entendimento do processo de compensação, pois as dificuldades podem servir de estímulo para as funções compensatórias.

Uma leitura amplamente necessária nas áreas das Ciências da Educação, Antropologia e da Sociologia, potencializando binoculizações estratégias criativas que beneficiariam uma cognitividade cidadã evolucionária.

Por que será que o Brasil, um país-continente, está tendo um desempenho bem aquém das suas potencialidades atléticas, nas Olimpíadas de Paris 2024? Onde estariam as causas principais das nossas atuais deficiências sociais, culturais, econômicas, militares e religiosas? E como enfrentá-las, defenestrando seus responsáveis? Duas questões que uma boa leitura meditativa do livro de Vigotski muito auxiliaria para efetivar uma solução profundamente atenuante.

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ABISMOGRAFIA PLANETÁRIA

Vez por outras, alguém me pergunta se os atuais índices climáticos voltarão ao seu nível normal, diante das volumosa emissões de gases carbônicos, dos desmatamentos criminosos, das guerras alucinatórias provocadas por sectários genocidas, das drogas ilícitas consumidas, dos desânimos elevados dos adolescentes, das gigantescas manadas mentais sem uma mínima criticidade, das epidemias cada vez mais agressivas e das gigantescas desigualdades sociais que se agigantam cotidianamente, distanciando muitíssimo o ter do ser. Para não falar dos PTI – Programas Televisivos Idióticos que diariamente invadem nossos lares, favorecendo a potencialização de amanhãs nulificantes para a grande maioria da humanidade, com a parte pensante já se percebendo também vitimada por trágicas consequências.

Creio que algumas iniciativas poderiam ser tomadas pelas atuais instituições mundiais, públicas e empresariais, reestruturando legislações já superadas, que impossibilitam o não cumprimento rigoroso das criminalidades atuais. Vejamos algumas iniciativas que muito contribuiriam para a restauração da dignidade planetária:

a. Uma Educação Fundamental Integral para todos os quatro cantos do planeta, incluindo noções básicas de autoconhecimento, ética comportamental, empreendedorismo e ações preventivas contra o uso de drogas ilícitas.

b. Uma legislação mundial que puna, com reclusões prolongadas, inclusive com castração químico-física, dos efetivamente julgados por estupros praticados, feminicídios efetivados ou planejados, invasões de terras produtivas, fake news sectárias, corrupção e outros desatinos que provocassem gravames pessoais e societários.

c. Multiplicação dos canais culturais televisivos, que complementariam a CS – Cidadania Solidária de todos os povos.

d. Uma ampla tributação das heranças e fortunas estupidamente gigantescas, sendo a tributação recolhida ao BIP – Banco de Investimento Planetário, dirigido por gente escolhida pelas comunidades do mundo.

e. Disseminar através da Internet doses maciças de ECs – Esperanças Construtivistas, principalmente pelas áreas ainda insuficientemente autossustentáveis, através de PCLEs – Programas de Capacitação de Lideranças Empreendedoras, ampliando o nível de competitividade sadia dos mais criativos.

f. Fomentar uma espiritualidade essencialmente não-religiosa, potencializando uma transcendentalidade positiva e racional amplamente solidária para com os mais desprotegidos.

g. Reestruturar, nos países menos desenvolvidos, os Curso de Pedagogia, fortalecendo uma geração docente mais qualificada e bem remunerada para a Educação Básica e Secundária, com a edificação de Bibliotecas Municipais atualizadas tecnologicamente e gerenciadas por gente concursada.

h. Erradicar mundialmente a produção de armas e artefatos bélicos de todos os calibres, favorecendo uma serenidade coletiva sempre dotada de intensa liberdade de expressão.

i. Promover uma ampla vacinação planetária, favorecendo todos os povos, pagantes e não pagantes, através da Organização Mundial de Saúde.

i. Difundir estratégias de resiliência para efetivar uma ampla restauração social, econômica e psicológicas do todo planetário, mediante um Humanismo Integrador, sem menosprezo das evoluções beneficentes da IA – Inteligência Artificial.

Finalmente, favorecer uma maior assimilação de uma constatação feita pelo físico teórico Fritjof Kapra, de renome mundial: “A característica mais notável da multifacetada crise global econômica, social e ecológica é que nenhum dos grandes problemas pode ser compreendido de forma isolada. São interligados e interdependentes, e exigem soluções sistêmicas apropruiadas.”

Para se ser resiliente, tem que ser competente, eis o lema para se sair de um sistema global atualmente todofu, do qual não sobreviverá ninguém, se continuar a se ampliar os atuais sintomas predatórios.

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

PITACOS SEM APAGÃO INTERNÉTICO

Alunos universitários, celularáticos, às vésperas dos múltiplos desafios pós-formatura, elaboraram um questionário criativo, lucidamente provocador. E coletaram as respostas através de alguns entrevistados sob critérios absolutamente não aleatórios, intencionais por excelência, por eles não revelados.

Tive conhecimento de algumas das respostas coletadas, na certeza plena de vê-las corretamente enxergadas neste JBF de fama galopante. Sem lenço nem documento, transcrevo-as abaixo, sem sequências nem conexões. Apenas com uma vontade danada de alertar mentes e corações, sem cavilações academicistas, potencializando novas pensações e militâncias.

a. O pior envelhecimento é o mental. Conheço jovens com cucas ultra velhas e idosos com ideários luzidios, sempre à disposição do mundo.

b. A pior praga do serviço público brasileiro é a burocracia. Para toda burocracia, genialidade é aberração. Todo burocrata acredita em algumas infalibilidades administrativas, entre as quais a de que quanto melhores os sistemas de controle melhor a qualidade da produção. O ideal de todo espírito burocrático é transformar todos em ninguém.

c. Numa linguagem hermética, identifica-se facilmente quase sempre uma sintomática insuficiência intelectual, o hermetismo servindo de férrea máscara diante de uma ocupação ou função exercida indevidamente.

d. O papel de todo intelectual deveria ser o de conquistar novas funções, muitas delas apenas parcialmente intelectivas. Para continuamente libertar a inteligência, tornando-a inventiva, apta para a denúncia, o combate e as propostas de reformatação do todo, desvencilhando-se dos mantos protetores, inserindo-se entre os que postulam uma outra ordem social, mais humana e mais justa, democrática por excelência.

e. Conscientização é um compromisso histórico, é tomar posse de uma realidade concreta, postulando uma utopia que exige sólidos conhecimentos analíticos críticos. Conscientizado é todo aquele que vai para o diálogo com o compromisso de ser parte, permanentemente percebendo-se inconcluso.

f. Costuma dividir-se a classe docente em três grandes categorias: a dos instrutores, a dos professores e a dos educadores. Ser educador é preparar, preparando-se também, para um juízo crítico das alternativas propostas através de um processo essencialmente interativo.

g. Todo ser humano alienado é nostálgico, descomprometido com o seu derredor. E o mais lamentável é que todo alienado, por não ter consciência disso, continua praticando os mesmos atos que o vitimou, sempre buscando outras pessoas para também vitimar.

h. Há uma necessidade urgente de se repensar o todo planetário, possibilitando a criação de um integrador projeto mundial, os esforços voltados para as diferenças e não para as semelhanças, para a criatividade e nunca para a mera repetição.

i. Uma Universidade somente sobreviverá, no atual século, se um nível de convivialidade entre os especialistas das áreas mais diversas for alcançado. Um docente que se preze não pode ser um especialista destituído de consistente cultura geral, como também não pode ser um generalista densamente superficial.

j. São apenas quatro os mandamentos da RT – Religião Tecnocrática: 1. Só é justo o poder exercido em nome do saber; 2. Saber, só o conhecimento técnico-científico; 3. O poder é exercido acima das paixões e das ilusões; 4. O saber técnico-científico é a única fonte capaz de fornecer os critérios e os métodos decisórios.

No mais é seguir sempre de olhos e mentes abertos, buscando sempre fazer a hora, sem esperar acontecer. Apesar dos lás e dos lôs.

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

FATOS E FEITOS

1. Num restaurante sulista, após carraspana das boas, um Zebostinha emergente, possuidor de celular 5G, muito arroto e quatro neurônios, agrediu um zelador de automóveis, chamando-o de homem de cor. Sem perder a calma, o crioulo respondeu: “Meu caro irmão branco, quando eu nasci, eu era negro, depois eu cresci, e continuei negro; quando eu pego sol, eu sou negro; quando sinto frio, eu permaneço negro; quando eu tenho medo, eu sou negro; quando adoeço, continuo negro; e no dia em que eu morrer, ainda serei negro. Enquanto você, homem branco, quando você nasce, você é rosa; quando você cresce, você fica branco; quando você pega um sol, você fica vermelho; quando sente frio, você fica azul; quando sente medo, você fica verde; quando adoece, fica amarelo e quando morre vira cinza. Como é que você, amigo, ainda tem a cara de pau de me chamar de homem de cor?!”.

2. De Roberto Rosselini, o grande cineasta: “Não sou um pessimista. Perceber o mal onde ele existe é, na minha opinião, uma forma de otimismo”.

3. Um mal-encarado entrou com ares de ferrabrás num bar, jogando tudo para o alto. Da mesinha encostada quase na porta, um aleijado foi arrancado, suas muletas indo parar bem longe. Não se dando por satisfeito, o marginal lorotou com uma senhora recém-casada, passando as mãos pelos seus quadris sensuais, com ares de endemoniado. Foi perturbando a vida de todos os presentes, até se deparar com um homem acabrunhado, solitariamente a segurar um copo semi-cheio, na face fielmente estampada a tristeza de nunca mais ter sido vencedor naquilo. Mais atrevido que antes, o baderneiro arrancou o copo das mãos do pobre coitado, ingeriu o conteúdo de uma só talagada, continuando a provocar para ver se causava mais embaraço:

– Reaja, imbecil. Parece um demente, frouxo e ababacado!! É ou não é macho??

O pobre coitado, sem quase ânimo, retrucou com ares de despedida:

– Amigo, hoje, decididamente, é meu dia de azar. Acordei e desci 20 andares, por falta de energia no bairro onde moro. Na garagem, constatei que o pneu do meu carro estava furado. Já irritado, depois da troca, saí estabanadamente e bati num veículo que passava em frente ao meu prédio, pagando uma nota preta pela avaria causada, porque o danado era produto importado. Cheguei tarde ao trabalho, discuti com o patrão, um atoleimado que nada conhece de globalização, sendo demitido, indo para casa mais cedo, onde dei de cara com a minha mulher, nua, nos braços do meu melhor amigo, vizinho de muitos anos, também pelado, com tudo de fora e para o alto. Parti para a briga e levei dele umas bofetadas que me deixaram todo ensanguentado. Ao abrir a torneira do chuveiro do banheiro, para poder me lavar, levei puta choque, que quase arrancou meu braço. Agora estou aqui, quieto, me preparando para o suicídio, pedindo a Deus coragem para terminar com a minha vida, e vem um salafrário como você e ingere meu copo de veneno. Boa viagem, amigo!

4. Para os intoxicados pela impaciência, a recomendação do notável Albert Einstein: “O mais importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de ser. Não podemos fazer nada senão contemplar extasiados os mistérios da eternidade, da vida, da maravilhosa estrutura da realidade. É mais que suficiente tentarmos simplesmente compreender um pouco desse mistério a cada dia. Nunca perca a sagrada curiosidade.”

5. E entenda sempre: Um megalômano é um ser humano que pensa que se ele não tivesse nascido, o mundo precisaria saber por quê. Sem tirar nem o por nem o quê.