O presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou que está disposto a se encontrar pessoalmente com Lula
Muita gente segue sem entender o que houve no telefonema entre Donald Trump e Lula. As condições de Trump estão mantidas. Vi no UOL que, quando Lula falou em retomar a amizade de 201 anos entre o Brasil e os Estados Unidos, Trump respondeu dizendo que também era preciso retomar a liberdade de expressão e o Estado de Direito. São condições básicas. A liberdade de expressão é garantida pela Constituição, mas temos visto uma onda de censura, proibida pela Lei Maior, em decisões inconstitucionais que são gravíssimas. Já o Estado de Direito é caracterizado por princípios que estão no artigo 5.º da Constituição, sobre os direitos e garantias fundamentais: juiz natural; amplo direito de defesa; inércia do juiz; iniciativa do Ministério Público; a casa como asilo inviolável; liberdade de expressão, vedado o anonimato.
Trump está ciente de tudo isso. E, se até ele sabe, imagine se nós não soubéssemos, nós que estamos aqui no Brasil. Essa vai ser a linha, a coluna vertebral da negociação entre Marco Rubio, em nome de Trump e do governo dos Estados Unidos, e os ministros Mauro Vieira e Fernando Haddad, além do vice-presidente Geraldo Alckmin. Eu não sei que argumentos o trio brasileiro terá; precisarão montar um coro negacionista, dizendo que não existe aquilo que todos percebem.
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Deputado que vira ministro trai seu eleitor e ainda dá desculpa hipócrita
Vejam só a hipocrisia de André Fufuca, deputado que está licenciado para ser ministro do Esporte. O PP o puniu; não o expulsou, mas tirou dele a vice-presidência nacional do partido. E ele respondeu dizendo que “minha fidelidade é primeiramente ao povo que confiou o seu voto e me concedeu a honra do mandato. Neste sentido, seguirei lado a lado com o presidente Lula”. Incrível: ele afirma uma coisa para logo em seguida negar tudo o que acabou de dizer. Fidelidade aos 135 mil maranhenses que votaram nele? Mas ele não vai ficar ao lado dos maranhenses, que são seus mandantes, que lhe deram o mandato para representá-los; vai ficar ao lado de Lula. Como é possível que uma mente consiga fazer um paradoxo desses? E Celso Sabino é a mesma coisa: preferiu ficar ao lado de Lula em vez de ficar ao lado do partido e dos seus 141 mil eleitores paraenses.
Falo disso mais uma vez porque ambos foram exonerados do governo só para voltar à Câmara na noite de terça e votar a favor da medida provisória que cobraria R$ 17 bilhões a mais dos pagadores de impostos. Aí, sim, eles foram coerentes: continuaram contra o povo. Tomara que o povo tenha memória no ano que vem, na hora de renovar os mandatos dos dois.
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Aos poucos, CPMI do INSS vai rompendo a blindagem
A CPMI da Previdência está fazendo avanços maravilhosos, lambendo a sopa quente pelas bordas, já que há um movimento forte para blindar todo mundo nesse escândalo que tem muito dinheiro envolvido: R$ 6 bilhões, roubados de 2,3 milhões de idosos; é muita crueldade.
Quem depôs foi José Lins de Alencar Neto, que, segundo o Estadão, está sendo investigado pelo Coaf porque em dois meses, julho e outubro do ano passado, ele movimentou R$ 4,4 milhões, quantia totalmente incompatível com a renda dele. Alencar Neto foi administrador da Associação de Aposentados e Pensionistas Nacionais e da Associação de Aposentados e Pensionistas Brasileiros – os nomes são quase iguais, um é “nacional”, o outro é “brasileiro”. A advogada Cecília Rodrigues Mota, diretora dessas duas entidades, movimentou R$ 10 milhões também em transações incompatíveis com sua renda dela, e o Estadão afirma que, segundo a polícia, ela é reincidente. A Associação de Aposentados e Pensionistas Brasileiros tem um escritoriozinho minúsculo em Fortaleza, e controla 173,2 mil aposentados e pensionistas.
Esse é um assunto que merece ser comentado todos os dias. É tanta coisa acontecendo na CPMI que nem temos tempo de contar, mas eu vou acompanhar, porque quem cometeu um roubo tão grande e tão cruel contra idosos não pode ficar impune.