DEU NO JORNAL

CELEBRANDO A QUEDA

Um dia após a Petrobras revelar queda de 33% no lucro líquido, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, resolveu celebrar “resultados sólidos, números positivos e recordes constantes”.

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Quem adivinhar a qual partido esse mentiroso é filiado, vai ganhar um brinde:

Uma foto autografada pelo proprietário do partido dele.

Que não mente nunca!!!

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OS FRENÓLOGOS DO SÉCULO 21

Editorial Gazeta do Povo

Juiz determina USP matricular jovem que teve sua matrícula cancelada após banca avaliadora não considerá-lo pardo.

Cerca de 200 estudantes tiveram a autodeclaração como “pardo” negada pela USP

No fim do século 18, o alemão Franz Joseph Gall formulou uma teoria segundo a qual seria possível identificar traços psicológicos de um indivíduo analisando-se as características de seu crânio – pouco menos de um século depois, Cesare Lombroso foi mais longe, pretendendo estabelecer ligação entre características cranianas e a propensão de uma pessoa ao comportamento criminoso. Hoje a frenologia está totalmente desacreditada como pseudociência, mas o espírito que a moveu segue vivo, atualizando-se de acordo com as demandas do momento. Sua expressão mais atual, ao menos no Brasil, é a das eufemisticamente chamadas “bancas de heteroidentificação”, que na prática são tribunais raciais destinados a decidir se um vestibulando é suficientemente negro para fazer jus às cotas oferecidas por universidades Brasil afora.

Tais bancas chamaram a atenção nacionalmente nos últimos dias por dois casos, ambos ocorridos na Universidade de São Paulo (USP). Os estudantes Alison dos Santos Rodrigues e Glauco Dalalio do Livramento tiveram suas matrículas rejeitadas nos cursos de Medicina e Direito, respectivamente, por decisão da banca avaliadora. Ambos foram aprovados no Provão Paulista, um processo seletivo para alunos de escolas públicas do estado de São Paulo e que tem reserva de vagas para estudantes que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. Alison só foi avisado da exclusão no primeiro dia de aula. Ambos acionaram a Justiça, e Glauco já conseguiu uma decisão favorável.

Um detalhe importante em ambos os casos está no fato de a banca ter tomado sua decisão recorrendo apenas à observação de uma fotografia e a uma videoconferência com o vestibulando, embora seja bastante evidente que qualquer mudança de iluminação em um ambiente pode resultar em uma imagem que torne mais clara ou mais escura a pele de uma pessoa. Agora, o reitor da USP promete que a instituição bancará as viagens dos aprovados até São Paulo, para que eles sejam avaliados pessoalmente, como se esse fosse o verdadeiro problema, e não o caráter totalmente arbitrário de tais bancas de avaliação. No caso de Glauco, a comissão se limitou a dizer que suas características físicas, como “boca e lábios afilados” e cabelo liso, não correspondem ao “fenótipo de pessoa negra”.

Não há soluções simples para a questão, e não seria nada sensato responder ao subjetivismo atual com o estabelecimento de critérios como tamanhos mínimos ou máximos aceitáveis para lábios ou narizes, na tentativa de estabelecer numericamente o que seria um “fenótipo de pessoa negra” ou parda. Isso apenas aumentaria o absurdo da situação, em um país no qual a miscigenação é a regra – por mais que isso desagrade certas alas do movimento negro que tratam essa miscigenação como um “genocídio”, que buscaria a eliminação da população preta através de um suposto “embranquecimento”. O fato é que a controvérsia ressalta as limitações do modelo de cotas raciais em contraposição a outra ação afirmativa, a das cotas sociais – esta, sim, facilmente aplicável pelo uso de critérios inquestionavelmente objetivos, ao beneficiar candidatos egressos de escola pública.

As cotas, raciais ou sociais, surgiram como resposta à patente desigualdade no acesso ao ensino superior – especialmente o público – no Brasil, e a Gazeta do Povo reconhece a legitimidade das ações afirmativas quando estão em sintonia com a finalidade das instituições que adotam tais medidas. No entanto, as cotas deveriam ser uma política temporária para garantir o acesso de uma população que historicamente foi privada de um lugar em instituições de excelência, enquanto se buscaria corrigir o verdadeiro problema, a baixa qualidade do ensino médio público. Repetindo um velho vício brasileiro, o paliativo se tornou permanente enquanto pouco se faz para dar aos estudantes de escola pública, independentemente de sua cor de pele, boas condições de enfrentar os demais vestibulandos por uma vaga na universidade.

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NÃO QUERO SER UM “JORNALISTA CORAJOSO”

Luís Ernesto Lacombe

Não quero ser um “jornalista corajoso”

Eu não sou jor-na-lis-ta. Sou jornalista, tenho uma profissão como tantas outras, nem pior, nem melhor, apenas necessária. Não é meu papel procurar ser um catequizador, um transformador, um “consertador”, um professor, um educador, um tutor. Não trabalho para mudar as pessoas, o mundo, para fazê-los evoluir. Se isso for uma consequência natural da minha atuação, ótimo, mas meu objetivo é muito simples: encontrar as melhores histórias reais e em movimento, apurá-las com honestidade, ética, com extremo cuidado e equilíbrio e contá-las da melhor forma possível. E não falo apenas da novidade, do raro, incomum, extraordinário, ainda que isso tudo me interesse também. A ideia é sempre me entregar avidamente aos fatos, não me deixar pautar por nada que não seja a busca pela verdade, para agregar informações verificadas, e verificadas de novo, capazes de atrair o interesse de um grupo considerável de pessoas.

Ouvir todos os lados da história, conseguir enxergá-la por vários ângulos, sem assumir um papel de personagem dela, isso é básico. Não há como buscar a verdade, se não for assim. Portanto, trilhar esse caminho inescapável sem humildade é impossível. Não importa o que cada um faça na sua vida profissional e pessoal, se não formos humildes, estaremos fadados a cometer uma série de erros, de equívocos, de injustiças. O jornalista, mais do que outros profissionais talvez, não pode jamais abrir mão da humildade. E é muito fácil entender por quê. Aquele que não é humilde cria um mundo particular, se acha detentor do correto, do certo, lidando com “verdades próprias”, o que é imperdoável. Um jornalista que se opõe ao mundo real, às experiências já vividas, que abre mão da curiosidade, da desconfiança, que prefere não questionar, não duvidar, não perguntar, não contestar, ele não é um jornalista.

A estrela deve ser sempre a informação, não quem a transmite. A vaidade, a soberba, a prepotência e a arrogância são, digamos, um erro de inteligência. E o que é inteligência, no fim das contas? É a capacidade de perceber a verdade. Longe da verdade não há liberdade, longe da verdade não há jornalismo. Uma pessoa inteligente é, necessariamente, uma pessoa humilde. Quem não é humilde vai sempre distorcer a realidade, já que ignora as referências corretas, já que enxerga tudo como deseja. Alguém que se entrega a ilusões, a mentiras, a fantasias é alguém que aceita ser enganado – por si próprio e por outros –, e, para piorar, que também aceita enganar. É preciso ter compromisso com os fatos; a notícia não pode modificar os fatos. Um jornalista que é escravo de uma causa é refém de si mesmo, dos seus interesses, ele não é jornalista. Se trabalha, então, por uma utopia, por algo que sempre deu errado, se defende o irrealizável, o impossível, como pretende ter credibilidade?

Ninguém deve se pressupor infalível, jornalistas incluídos, claro. As críticas e as indicações de erros cometidos podem conduzir a correções, a retratações. Não há problema nenhum nisso. Críticas bem fundamentadas são importantes, assim como os aplausos merecidos. Não sou movido a elogios, mas fico feliz quando reconhecem meu trabalho. Só que um elogio especificamente tem me incomodado um pouco… Gostaria de não ser chamado de “jornalista corajoso…” Nessa minha profissão, vá lá, em algumas situações, uma pitada de ousadia e coragem é necessária. A questão é que um país em que o jornalista precisa ter coragem para simplesmente buscar e divulgar a verdade não é livre, não é realmente uma democracia.

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A NARCODITADURA VENEZUELANA

Leandro Ruschel

Imagem

Narcoditadura venezuelana, que conta com apoio incondicional de Lula e do PT, segue prendendo opositores. No caso, é o quarto membro da campanha de María Corina que foi preso sob acusações de “planejamento de um golpe”.

Corina está impedida de participar da campanha por decisão do Conselho Eleitoral, controlado pela ditadura.

Na semana passada, Lula disse que Corina tinha que “parar de chorar”, e indicar outro candidato em seu lugar, como ele fez com Haddad.

É uma comparação absurda. Lula foi impedido de concorrer porque estava preso, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em todas as instâncias do Judiciário.

Já Corina está impedida de concorrer porque a Venezuela é uma narcoditatudura brutal, em que o regime controla a Justiça com mão de ferro. Os chavistas censuram, prendem, torturam e matam adversários.

O apoio de Lula ao regime escancara ainda mais o seu perfil totalitário, e a lorota da sua “defesa da democracia” divulgada pela militância de redação brasileira.

Agora, Lula está ajudando o seu amigo, o narcoditador Maduro, a vender para o mundo a mentira sobre “eleições livres” promovidas pelo regime, com objetivo de levantar sanções contra a Venezuela.

Eleições livres com adversários sendo presos por motivos políticos? Só na “democracia relativa” do descondenado Lula e sua turma.

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O DUPLO PADRÃO LULISTA COM AS MULHERES

Madeleine Lacsko

Lula

Presidente afirma que “apanhou” por dizer que há um “genocídio” em curso em Gaza por parte de Israel

O primeiro ano do governo Lula é aquele em que mais feminicídios foram registrados no Brasil desde que o crime foi tipificado. Fosse qualquer outro presidente, seria um escândalo absoluto. O silêncio sepulcral de organizações feministas e entidades de defesa da mulher é eloquente.

Pior é que o presidente não fala nisso. A primeira-dama, que adora fazer discurso feminista, estava num samba em um restaurante de Brasília com mulheres poderosas e cantoras famosas. Nem um pio sobre uma chaga brasileira.

A igualdade de direitos entre homens e mulheres é uma ideia recente na história da humanidade. Basta piscar para ver tudo regredir. Na região do Oriente Médio, por exemplo, Irã e Afeganistão são exemplos clássicos. Há 50 anos, a vida das mulheres lá era muito parecida com a vida aqui. Agora, elas podem ser assassinadas legalmente por não usar a roupa que o regime fundamentalista exige.

A defesa da mulher é algo que devemos cobrar de qualquer governo. Mas a esquerda é quem levanta a bandeira de defesa da mulher e acusa a direita de não fazer. Pouco importa que hoje a direita eleja mais mulheres que a esquerda, o discurso continua o mesmo.

É assustador que um governo de esquerda, lotado de lacração, seja tão leniente com mortes de mulheres brasileiras. A militância faz um cavalo de batalha por causa de um fiu-fiu na rua ou uma cantada. Mas fica caladinha diante de assassinatos para não desmontar a narrativa.

Mais vergonhosa ainda é a postura diante das 19 mulheres israelenses que permanecem sequestradas pelo Hamas. Há um clamor do mundo livre para que sejam imediatamente libertadas. Infelizmente, o governo brasileiro age como se isso não existisse. Foi ainda pior nesta semana da mulher, em que a ONU divulgou um relatório detalhado e inédito sobre o uso da violência sexual como arma de guerra pelo Hamas. Esta é uma causa mundial de defesa das mulheres, evitar que a violência sexual seja admitida como arma de guerra.

O documento de Pramila Patten, representante especial para Violência Sexual em Conflitos da ONU, é aterrador. Ele descreve um cenário em que a violência sexual era regra, mulheres civis sofrem torturas sexuais e até cadáveres são violados. Afirmou que a situação persiste com as mulheres sequestradas pelo Hamas.

Qual foi a reação do presidente do Brasil no mesmo dia? Posou com uma bandeira da Palestina e voltou a fazer afirmações na mesma linha ideológica que tem dominado suas declarações. Um silêncio eloquente sobre mulheres e uso de violência sexual como arma de guerra.

É um governo que subiu a rampa montando uma imagem lacradora de diversidade, mas entrega algo completamente diferente. Lula foi o primeiro presidente a diminuir o número de mulheres no STF. Trocou ministras mulheres por homens e presidentes de bancos públicos mulheres por homens.

Ontem o ministro Paulo Pimenta resolveu anunciar que a TV estatal, EBC, vai transmitir o campeonato brasileiro de futebol feminino. Parece piada. Três pesquisas de opinião mostraram queda na popularidade do presidente Lula, que chega ao pior nível de seu mandato. A perda entre o público feminino foi significativa.

A direita brasileira está diante de uma oportunidade de ouro para atrair o apoio das mulheres. Resta saber se vai aproveitar ou desperdiçar. Existe na direita um movimento que classifica qualquer reclamação de mulher como mimimi. Também há uma permissividade preocupante com indivíduos de baixo nível, que não respeitam mulheres. Eles passam anos perseguindo, falando pornografia, botando apelido, comentando sobre o corpo e os conservadores fingem não ver, jogam seus princípios e moral no lixo.

O terceiro obstáculo é o grupo que não quer atrair mulheres e nem sabe direito o que é política, opera no desequilíbrio emocional delirante. Se qualquer mulher reclama de Lula, eles atacam a mulher em vez de apoiar. Embarcam num delírio de que ela apoiou Lula ou que não apoiou Bolsonaro o suficiente. Deliram algo sobre o passado dela, que julgam conhecer porque ouviram de algum fofoqueiro ou marginal na internet. E então fazem a burrada de bater em quem critica Lula, em vez de ampliar as críticas.

Depois das últimas pesquisas e do fiasco do governo em diversas pautas feministas, a direita tem diante de si um campo fértil para atuação. Já conseguiu executar a tarefa com grupos de trabalhadores, como aqueles de aplicativo. Também conquistaram grande parte da população de baixa renda que votava na esquerda. Com as mulheres, a direita será inteligente ou repetirá o comportamento de Lula? Só o tempo dirá.

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A GUNVERNANÇA DO DEMAGOGEIRO

O Dia das Mulheres passou despercebido, pelo menos na agenda oficial de Lula (PT), para quatro das ministras que o petista mantém na Esplanada e ainda não conseguiram nem um cafezinho em 2024 com o chefe.

Não há registro oficial de Simone Tebet (Planejamento), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) em despacho privado com Lula, este ano.

Lula também evita “foto com a crise”. Ricardo Lewandowski (Justiça) a cara da crise após fuga de presos em Mossoró (RN), não foi recebido.

Márcio França, que passou 2023 sem despacho com o chefe desde o rebaixamento de ministério, só em janeiro conseguiu ser recebido.

Não surpreende Mauro Vieira (Relações Exteriores) ser o ministro com mais agenda, afinal, Lula passou 62 dias fora do Brasil em 2023.

Nísia Trindade (Saúde) é a ministra mais recebida: três reuniões. Nem parece que o país contabiliza 1,3 milhão de casos prováveis de dengue.

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É misoginia que chama?

Deve ser determinação da presid-anta de fato, a gastadeira Esbanjana: não receber as fêmeas.

Isso é cagado e cuspido a cara da gunvernança demagogeira do Ladrão Descondenado.

E o fedor da bosta que ele espalha nos ares vai aumentando a cada dia que passa.

Um verdadeiro hospício de insanidade petralha.

E tem gente descerebrada que ainda defende fazer o L.

É de lascar!!!

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NA CADEIA D’ALÉM MAR

Além de persona non grata em Israel, pelas ofensas aos judeus, Lula também não poderá pisar em Portugal caso o líder do partido Chega, de direita, vença as eleições deste domingo (10).

André Clemente declarou publicamente que, se Lula ousasse ir a Portugal, seria preso.

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Vamos torcer pela vitória de André Clemente hoje.

E, caso seja eleito, vamos rezar pra que o Ladrão Descondenado invente de passear em Portugal.

Seria um acontecimento mundial arretado: o maior mentiroso do Brasil novamente atrás das grades.

Desse vez lá do outro lado do Atlântico.

Vai ser arretado!

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O PERIGO DA DÍVIDA E DOS DÉFICITS CRÔNICOS

Editorial Gazeta do Povo

Cédulas de dólar sendo impressas no Bureau of Engraving and Printing norte-americano.

Cédulas de dólar sendo impressas no Bureau of Engraving and Printing norte-americano

No próximo ano, o mundo completará 80 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O suicídio de Hitler, em 30 de abril de 1945, é uma das datas simbólicas que marcam o fim daquela trágica guerra e coincidiu com o primeiro ano de funcionamento da grande reforma econômica resultante da Conferência de Bretton Woods, realizada em julho de 1944. Três ocorrências de alta relevância foram aprovadas e implantadas com a finalidade de reconstruir a infraestrutura dos países devastados pela guerra e promover o crescimento econômico e o desenvolvimento social das nações: 1. A criação do novo padrão monetário mundial pela introdução do padrão-dólar em substituição ao padrão-ouro; 2. a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI), destinado a fornecer financiamentos para cobrir déficits nas contas externas dos países e promover a expansão do comércio internacional; e 3. a criação do Banco Mundial (composto de quatro instituições financeiras) para conceder empréstimos de longo prazo para investimentos públicos em áreas essenciais e eficazes ao crescimento econômico e combate à pobreza.

A grande depressão econômica ocorrida nos anos 1930, com toda a tragédia social que provocou, e os efeitos da guerra levaram à predominância das ideias e teorias de John Maynard Keynes, considerado por muitos o maior economista do século 20, que colocam o setor público como agente da reconstrução e motor da retomada do crescimento econômico. A descomunal queda do Produto Interno Bruto (PIB), o elevado desemprego, a volumosa perda de patrimônio derivada da crise do mercado de ações, a fome, as tragédias familiares e a desesperança foram o pano de fundo para a adoção das soluções propostas por Keynes.

Keynes tinha sólida formação em economia e experiência em finanças públicas adquirida no tempo em que trabalhou no Tesouro britânico, no qual ingressou em 1915 com a missão de preparar a equipe do país que participaria do Tratado de Versalles, destinado a definir as sanções à Alemanha após a derrota germânica na Primeira Guerra Mundial. Vendo o estrago derivado da guerra, que durou de 1914 a 1918, mais os efeitos negativos da grande depressão dos anos 1930, Keynes publicou sua obra magistral em 1936, sob o título de A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, na qual ele apresentou uma sofisticada teoria para explicar o funcionamento do capitalismo e concluir que, em momentos de recessão, o Estado deve aumentar os gastos públicos, especialmente em obras de infraestrutura, para estimular a demanda agregada, gerar empregos e promover a recuperação.

As ideias de Keynes e sua proposta de elevação dos gastos públicos receberam pesadas críticas dos economistas que viam o governo como uma ameaça quando liberado para gastar acima das receitas tributárias. Os críticos argumentavam que, uma vez feitos gastos elevados e contraídos déficits orçamentários, os governos acabariam adotando duas medidas nocivas no longo prazo: aumento de impostos e emissão de dinheiro, prática que resultaria inevitavelmente em inflação e empobrecimento da população. Keynes respondeu que, em face da recessão, o governo poderia gastar mais e pagar com emissões monetárias, sem aumentar tributos, pois o mundo estava vivendo sob deflação (queda de preços); logo, a emissão de dinheiro não provocaria aumento de preços.

Os críticos argumentavam que, ainda que os déficits orçamentários promovessem a recuperação da economia, se os governos continuassem com seus gastos e déficits, inevitavelmente a inflação se instalaria e causaria recessão, desemprego e empobrecimento. Keynes alegava que, após retomado o crescimento, o governo deveria reduzir os gastos, voltar ao equilíbrio orçamentário e eliminar o déficit. Ou seja, a teoria keynesiana previa aumento de gastos do governo sob a forma de programas de investimentos e pagos com emissão monetária, sem aumento de impostos, apenas enquanto durasse a recessão.

Keynes falhou em não entender a natureza humana, especialmente a natureza dos políticos e a lógica do poder, que é sempre crescente. Governos e políticos têm como lógica gastar cada vez mais e aumentar o grau de intervenção na economia. Os governos do mundo nunca mais pararam de gastar e se tornaram cronicamente deficitários em escala tão elevada que, mesmo aumentando sistematicamente a carga tributária, tiveram de recorrer ao aumento da dívida pública e emissão de dinheiro para cobrir seus rombos.

No caso brasileiro, a carga tributária era de 21% do PIB quando dos trabalhos da Assembleia Constituinte que culminou com aprovação da nova Constituição Federal, em outubro de 1988. No ano seguinte, em 1989, foi feita uma reforma tributária e, desde então, a carga tributária vem crescendo sistematicamente, estando hoje em 34% em valores efetivamente ingressados nos cofres públicos. Mesmo com essa elevação da carga tributária, os déficits públicos continuaram aumentando, de forma que o setor estatal seguiu se endividando em tal grau que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – o que inclui os estados e municípios – entrou o ano de 2024 equivalendo a 74% do PIB anual. Em resumo, a soma de alta carga tributária, déficits crônicos e alta dívida pública constitui um grave perigo, tanto que o Banco Central vem manifestando preocupação com a trajetória da economia brasileira. Se essa tendência persistir, o Brasil pode vir novamente a colher baixo crescimento econômico, recessão e inflação. Eis aí um problema que merece atenção e vigilância da sociedade sobre as autoridades responsáveis pela gestão macroeconômica do país.