Vários estudos realizados sobre o uso de Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina concluíram que o vírus Covid 19 apenas é eliminado quando usados esses remédios “in vitro” (em tubo de ensaio), isto é, em laboratório, quando o medicamento é lançado “diretamente” sobre o vírus em um recipiente neutro.
Nesse caso, isto é, de experimentos em tubos de ensaios, muitos outros produtos eliminam o vírus, como o cloreto de sódio, o detergente, o sabão e até a gasolina, sem que isso indique que os componentes desses produtos possam ser usados como remédios profiláticos ou curativos na prevenção ou cura dessa doença.
Quanto às “curas” verificadas pela observação, os pesquisadores informam que elas não são conclusivas, uma vez que mais de noventa por cento das pessoas contaminadas se recuperam, independente de estarem fazendo uso de algum medicamento ou não.
Assim, as pessoas que afirmam “eu me curei usando isso ou aquilo” ou que dizem “conheço vinte pessoas que se curaram usando Ivermectina, ou Cloroquina”, servem-se dessa constatação observacional para reforçar sua crença na eficácia do medicamento – crença que acaba sendo ainda mais reforçada pela opinião de médicos, que acreditam nesse tipo de prevenção ou cura, e na palavra de uma autoridade, como um presidente da república.
Jair Messias Bolsonaro manifestou sua crença nos poderes de ambos os medicamentos para prevenção e cura da Covid 19, de modo que os apoiadores dele tendem a incorporar toda a ideologia bolsonarista a seus sistemas de crenças e escalas de valores, para “não perderem a razão” e manterem a fé em seu modo de ver o mundo.
Se o crente nos poderes desses medicamentos resolvessem fazer uma pesquisa nas publicações disponíveis, verificariam que há pessoas que os usaram como preventivo e foram contaminadas e dentre os que foram tratados com Cloroquina ou Hidroxicloroquina há os que morreram, sendo que os que se curaram, ou não tiveram a doença, podem se contar entre os que têm imunidade natural ou que se curariam com ou sem o seu uso (lembre-se: mais de 90% dos contaminados se curam, aparentemente de forma natural, isto é, independente de terem ou não usado algum fármaco).
Uma triste curiosidade a esse respeito é que o próprio criador do “Kit Covid”, que continha Cloroquina e Ivermectina, o médico Dr. Guido Céspedes, morreu da doença após longo período de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Infelizmente, consta do noticiário a existência de outras infecções e mortes por pessoas e pacientes que fizeram uso dos medicamentos recomendados por Jair Messias Bolsonaro.
Aliás, como ele mesmo havia garantido que, caso adquirisse a doença, ela não passaria de uma gripezinha nele, dada a sua compleição atlética, é de crer que sua cura se deu por seu vigor imunológico e não por ter feito o uso da Cloroquina.
Assim se forma um mito.
Pois bem, os defensores desse uso tentam colocar na parede os que, como eu, duvidam da eficácia desses medicamentos, em face dos fatos e dos dados científicos, perguntando-me: Se pegares o Covid 19 deixarás, então, de fazer uso desses remédios?
Minha resposta pode ser sim ou não, não sei, a oportunidade e os médicos decidirão, mas a verdade é que se eu aceitar usar, ou não, essa decisão particular minha não alterará o fato científico, que é o de que a ciência considera que Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina são inócuas para a Covid 19.