A PALAVRA DO EDITOR

UM ENCONTRO PACÍFICO, CIVILIZADO E DE ALTO NÍVEL

Daqui a pouco, às sete e meia da noite, começa a reunião semanal dos grandes cientistas, intelectuais, mestres, sábios, doutores e expoentes culturais da comunidade fubânica.

Normalmente o encontro se realiza às quintas-feiras.

Mas, por conta do Ano Novo, a imponente assembleia foi antecipado para esta terça-feira.

Hoje o nobre palestrante será o colunista Maurício Assuero, o criador da plataforma onde a civilizada reunião é levada a efeito.

Professor Mauríco Assuero, o palestrante de hoje

Maurício discorrerá sobre o tema “Cacofonias”, sobretudo na área musical.

Simplesmente imperdível.

Toda a comunidade fubânica está convocada para participar e abrilhantar o recinto.

Para ter acesso à magnífica assembleia, é só clicar aqui e emburacar de peito aberto no nosso pacífico evento.

 

A PALAVRA DO EDITOR

BOLSONARO ESTÁ DO JEITO QUE QUER – SOZINHO

Poucas coisas parecem deixar mais impacientes os analistas políticos e frequentadores de mesas redondas na televisão do que as pesquisas sobre a aprovação do presidente da república. Os números que registram a popularidade de Jair Bolsonaro deveriam estar em queda – sobretudo depois de nove entre dez cérebros da politologia nacional terem dado como indiscutível e definitiva a derrota maciça que ele teria sofrido nas últimas eleições municipais.

Mas os números estão em alta; o que está em queda são os índices de reprovação. O motivo é que a derrota anunciada não aconteceu, simplesmente, e que Bolsonaro não está na situação de desmanche definitivo que os comentaristas atribuem a ele.

Uma maneira talvez mais prática de se olhar para o “status” atual do presidente é fazer uma comparação com o passado recente. Bolsonaro estaria realmente na miséria descrita pela mídia em geral se estivesse, digamos, na situação em que Dilma Rousseff foi se meter em seu segundo mandato. Mas não está. Basta pensar um pouco. Ele objetivamente não está; desperta a ira dos editoriais, mas parece fazer cada vez mais amigos no Congresso Nacional.

É como nas pesquisas de aprovação: os índices de Bolsonaro sobem entre os congressistas, em vez de cair. Para quem quer o homem fora do Palácio do Planalto, é um problema. Nenhum presidente fica fraco por obter o apoio de senadores e de deputados, por mais viciados que sejam os métodos utilizados para isso.

Também não adianta dizer que Bolsonaro não merece a situação da qual desfruta – ou ficar publicando, dia e noite, tudo o que diz o futuro ex-presidente da Câmara dos Deputados, na sua ideia fixa de falar mal do presidente; ter um comandante “de oposição” como ele é o que qualquer governo pede a Deus e aos 12 apóstolos.

O único problema real para o presidente da República seria a existência, já agora, de um candidato de oposição de verdade – alguém que fosse realmente capaz de arrumar uns bons 70 milhões de votos e vencer, com eles, a eleição presidencial de 2022. Enquanto esse candidato for feito do material que há por aí – “Rodrigo Maia”, “Boulos”, “Doria”, etc. a coisa não sai do lugar. Bolsonaro, nesse caso, está do jeito que quer – sozinho.

A PALAVRA DO EDITOR

DÚVIDA CRUEL

Oh Jussara!
Você é tão linda
Tão jovem ainda
Tão pequenina
Destemida guerreira
Quase uma menina…
Quando você faz juçara
Numa taça me brinda
Fico na dúvida
Qual Jussara escolher:
Jussara com SS
Ou juçara com Ç
A dúvida persiste
E se ela existe
A culpa é da língua.

A PALAVRA DO EDITOR

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FILHÃO NOSTÁLGICO

Zeca Dirceu está com saudade do tempo em que o PT controlava os cofres da Petrobras

“Saudade daquele ‘Brasil quebrado pelo PT’ que tínhamos financiamento habitacional, o dólar estava a R$1,99, dava para viajar, escolher emprego, acesso à educação, aposentar, comprar gás de cozinha a preço justo, comer carne, trocar de carro…”

Zeca Dirceu, deputado federal pelo PT do Paraná e filho do prontuário José Dirceu, com saudade do tempo em que a companheirada – especialmente o paizão – tinha grana de sobra graças à generosidade de empresários amigos e ao saque de estatais.

A PALAVRA DO EDITOR

A PALAVRA DO EDITOR

JOÃOZINHO DORIA, O PÉ DE FEIJÃO E A VACINA

Joãozinho, não bastante ser muito rico, tinha sonhos de grandeza. Queria ser presidente. Dinheiro sem poder é só dinheiro. Poder, sem dinheiro é só poder. E Joãozinho sofria com isso. Os anos passavam e ele circulava assiduamente em meio aos poderosos. Entre suas muitas organizações se incluía a LIDE – Grupo de líderes empresariais que reunia anualmente empresários e poderosos figurões da política nacional num paraíso de Comandatuba (BA). Mas poder, mesmo, ele não tinha. Toda noite, ao contemplar estrelas pela janela do quarto, Joãozinho antevia crescer ali fora um gigantesco pé de feijão que o levaria até elas. Ele queria ser uma estrela luminosa na constelação do poder.

Foi assim que, depois de ocupar alguns cargos, Joãozinho se elegeu prefeito de São Paulo. Glória pequena para os anseios que lhe abrasavam o coração. Assumiu com aprovação de 44% e abandonou o posto, 16 meses depois, com apenas 18%. Queria ser governador de São Paulo.

Havia, porém, uma dificuldade. Como eleger-se governador, se rejeitado pelo povo da capital onde fora prefeito? Joãozinho tinha sua fada protetora. Como todas as fadas, bruxas e gnomos, a fada madrinha de Joãozinho Doria sabia, em 2018, o que apenas os grandes meios de comunicação e institutos de pesquisa, batendo pé no chão, se recusavam a ver: Bolsonaro, tapado de votos, seria presidente da República. E a fada levou-o até ele. Nasceu, ali, para Joãozinho, o que ele imaginava ser o pé de feijão que o levaria aos píncaros do poder político.

Eleito governador, graças ao apoio do capitão, que fez mais da metade dos votos em São Paulo no primeiro turno da eleição, e quase 70% dos votos no segundo turno, Joãozinho marcou território e tomou por inimigo aquele a quem devia sua vitória.

O pé de feijão, porém, em vez de crescer, encolheu. Em seguida sua rejeição voltava a superar sua aprovação. O coronavírus secara a terra? Joãozinho ficou muito triste vendo seu pé de feijão fenecer e flexionar até voltar ao chão. Enquanto isso acontecia, resolveu adotar como modelo o pior ministro do governo Bolsonaro, idolatrado, apesar disso, pela grande imprensa. Se o Mandetta usa o vírus para aparecer diariamente na TV e encanta esse jornalismo de poucas luzes, eu posso fazer a mesma coisa, deve ter pensado ele. E armou palanque paulistano com o noticiário do vírus. Era a exaustiva e depressiva receita da moda.

E o pé de feijão de Joãozinho Doria continuava, claro, sem tomar corpo.

Certo dia, a fada madrinha, já á beira de um ataque de nervos, enviou-lhe um comerciante chinês. O esperto mercador falou de uma vacina capaz de fazer o pé de feijão sarar seus males e crescer a perder de vista. No alto, haveria à sua espera uma harpa encantada, uma galinha poedeira de ovos preciosos, um gigante a derrotar e, claro, a ambicionada faixa de usar no peito.

* * *

As duas últimas pesquisas presidenciais são desalentadoras para Joãozinho Dória. Segundo Paraná Pesquisas (04/12), enquanto o atual presidente tem 36% das intenções de votos, seguido por Ciro Gomes com 12%, ele tem apenas 5%; a pesquisa Poder Data/Band (23/12), posterior, mostra Bolsonaro com 36%, Haddad com 13% e ele, Joãozinho, com apenas 3%. E a Coronavac do mercador chinês parece não ser lá essas coisas. Mas isso é outra história.

A PALAVRA DO EDITOR

O MITO, A CLOROQUINA, A IVERMECTINA E A GASOLINA

Vários estudos realizados sobre o uso de Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina concluíram que o vírus Covid 19 apenas é eliminado quando usados esses remédios “in vitro” (em tubo de ensaio), isto é, em laboratório, quando o medicamento é lançado “diretamente” sobre o vírus em um recipiente neutro.

Nesse caso, isto é, de experimentos em tubos de ensaios, muitos outros produtos eliminam o vírus, como o cloreto de sódio, o detergente, o sabão e até a gasolina, sem que isso indique que os componentes desses produtos possam ser usados como remédios profiláticos ou curativos na prevenção ou cura dessa doença.

Quanto às “curas” verificadas pela observação, os pesquisadores informam que elas não são conclusivas, uma vez que mais de noventa por cento das pessoas contaminadas se recuperam, independente de estarem fazendo uso de algum medicamento ou não.

Assim, as pessoas que afirmam “eu me curei usando isso ou aquilo” ou que dizem “conheço vinte pessoas que se curaram usando Ivermectina, ou Cloroquina”, servem-se dessa constatação observacional para reforçar sua crença na eficácia do medicamento – crença que acaba sendo ainda mais reforçada pela opinião de médicos, que acreditam nesse tipo de prevenção ou cura, e na palavra de uma autoridade, como um presidente da república.

Jair Messias Bolsonaro manifestou sua crença nos poderes de ambos os medicamentos para prevenção e cura da Covid 19, de modo que os apoiadores dele tendem a incorporar toda a ideologia bolsonarista a seus sistemas de crenças e escalas de valores, para “não perderem a razão” e manterem a fé em seu modo de ver o mundo.

Se o crente nos poderes desses medicamentos resolvessem fazer uma pesquisa nas publicações disponíveis, verificariam que há pessoas que os usaram como preventivo e foram contaminadas e dentre os que foram tratados com Cloroquina ou Hidroxicloroquina há os que morreram, sendo que os que se curaram, ou não tiveram a doença, podem se contar entre os que têm imunidade natural ou que se curariam com ou sem o seu uso (lembre-se: mais de 90% dos contaminados se curam, aparentemente de forma natural, isto é, independente de terem ou não usado algum fármaco).

Uma triste curiosidade a esse respeito é que o próprio criador do “Kit Covid”, que continha Cloroquina e Ivermectina, o médico Dr. Guido Céspedes, morreu da doença após longo período de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Infelizmente, consta do noticiário a existência de outras infecções e mortes por pessoas e pacientes que fizeram uso dos medicamentos recomendados por Jair Messias Bolsonaro.

Aliás, como ele mesmo havia garantido que, caso adquirisse a doença, ela não passaria de uma gripezinha nele, dada a sua compleição atlética, é de crer que sua cura se deu por seu vigor imunológico e não por ter feito o uso da Cloroquina.

Assim se forma um mito.

Pois bem, os defensores desse uso tentam colocar na parede os que, como eu, duvidam da eficácia desses medicamentos, em face dos fatos e dos dados científicos, perguntando-me: Se pegares o Covid 19 deixarás, então, de fazer uso desses remédios?

Minha resposta pode ser sim ou não, não sei, a oportunidade e os médicos decidirão, mas a verdade é que se eu aceitar usar, ou não, essa decisão particular minha não alterará o fato científico, que é o de que a ciência considera que Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina são inócuas para a Covid 19.

A PALAVRA DO EDITOR

LINHA DE CONDUTA

A liberdade de imprensa, como se sabe, não significa apenas que os veículos de comunicação e os jornalistas têm o direito de publicar tudo aquilo que querem – respondendo, naturalmente, pelas consequências do que disseram. Tão importante quanto isso para a liberdade de imprensa é o direito de não se publicar nada daquilo que não se quer. Ninguém pode ser legalmente forçado a ficar em silencio. Ninguém, da mesma forma, tem a obrigação de falar seja lá o que for.

O começo, o meio e o fim dessa história toda se resume numa noção bastante simples: um órgão de imprensa não vive nem morre em função do que publica ou deixa de publicar, e sim em função da confiança que os leitores têm ou não têm nele. Aí não há Constituição, código de princípios editoriais ou operação de marketing que resolva: ou o público confia ou vai embora sem dizer nada, e em geral não volta nunca mais.

Uma das atividades mais antipáticas que se pode exercer neste ofício é a de fiscal de conteúdo. Você sabe o que é isso: a atitude de dizer, o tempo todo, que o veículo tal fez isso ou aquilo de errado, que deveria fazer assim e não deveria ter feito assado etc. Como dito acima, quem resolve essas coisas é o público que paga por elas.

O quanto um veículo de comunicação deve engajar o seu conteúdo nesta ou naquela linha de conduta editorial ou política, portanto, é problema privativo de cada um. Neste momento, por exemplo, um dos traços mais comuns entre a maioria deles é a ausência de informações que, de maneira direta ou indireta, possam criar dúvidas sobre a necessidade de combater a qualquer custo a epidemia da covid-19. Essa ou aquela notícia pode ser interpretada como uma objeção ao “distanciamento social”, à luta global contra o vírus ou à ação das autoridades legais na gestão da doença? Então não vai ser publicada.

É assim que não se lê nada – ou quase nada, o que acaba dando na mesma – sobre as denúncias internacionais de fraude maciça no combate à covid que envolvem a Organização Mundial de Saúde. Não se menciona que a vacina chinesa a ser distribuída pelo governo do Estado de São Paulo (e paga diretamente com o dinheiro dos seus impostos) não fora autorizada até há pouco por nenhuma agência reguladora de medicamentos do mundo – nenhuma que possa realmente ser levada a sério. Não se publicam, a não ser como coisinhas sem importância, os episódios de corrupção em modo extremo ocorridos nas despesas públicas feitas para lidar com a epidemia. Não se publicam as raras sentenças judiciais contra atos ilegais cometidos pelas autoridades; na verdade, não se publica nada que possa pôr em dúvida a legalidade de qualquer coisa feita pelos “governos locais” – da Lei Seca ao número de pessoas que podem estar presentes na sua casa na ceia de Natal.

Os comunicadores, na verdade, estão viajando num bonde mais ou menos mundial – destinado, em geral, às classes médias altas, à população intelectual-cultural-artística e aos políticos dessa vasta sopa que vai da meia-esquerda em diante, e faz meia-volta na direção dos políticos que neste momento querem parecer “de esquerda”. A covid passou a ser a carteirinha de identificação mais utilizada para as pessoas deixarem evidentes as suas posições políticas e aquilo que supõem ser o seu equipamento ideológico. Usar máscara em público no decorrer de uma reportagem, por exemplo, tornou-se uma espécie de manifesto pessoal: “Uso máscara; logo existo como militante contra o fascismo”.

A imprensa tem o direito de impor a si própria os deveres que entende adequados à sua função. Junto com isso, tem o ônus de responder por suas decisões perante o público.

A PALAVRA DO EDITOR

PLANO SÃO PAULO, FASE MIAMI

João Dória foi a Miami e voltou com a rapidez de um Zorro, o cavaleiro mascarado. Esses heróis de cara tapada são muito velozes. A reversão do Plano Miami só não foi mais rápida que a coletiva do Butantã para anunciar que não haveria coletiva.

Os dados da vacina chinesa previamente anunciados não existiam. Nesses casos é melhor mesmo cancelar a divulgação. Que fique claro: não ter o que divulgar não é problema nenhum para a equipe científica do Plano São Paulo. Todos são muito bem treinados no teatro amador e capazes de improvisar horas a fio sobre o nada. Mas nesse caso era melhor uma aparição curta, cirúrgica, apenas para recauchutar as expectativas e prometer que a novidade seria quente. Como se faz nas novelas – o próximo capítulo sempre será o melhor. Mesmo assim, a autoridade do Instituto aproveitou os holofotes para dizer que a sua vacina é a melhor de todas.

Em se tratando de ciência, desinibição é tudo.

Foi assim que o Plano São Paulo avançou para a fase Miami – e recuou em menos de 24 horas. Essa é a beleza da ciência: o monitoramento rigoroso da fenomenologia faz com que tudo possa mudar em questão de segundos. No caso, foi de um sofisticado equipamento chamado desconfiômetro que veio o alarme para a correção de rumo. Dória não tem desconfiômetro – ninguém é perfeito – mas como as reações ao Plano Miami bateram no teto da Escala Richter, os androides que assessoram o governador importaram às pressas um desconfiômetro de Pequim e constataram o problema.

Quando João Dória aborta uma missão porque está pegando mal é sinal de que o problema é grande. Como todo mundo sabe, o governador de São Paulo é imune ao constrangimento. Nenhum imunizante na história da medicina conseguiu tanta eficácia quanto esse bloqueador de vergonha. E não vá achando que Dória perdeu essa imunidade. Ela continua 100% eficaz – ou seja, o paciente permanece sem qualquer vestígio de culpa, remorso ou embaraço no sangue. Mas se os sensores do desconfiômetro chinês indicaram que estava pegando muito mal, era melhor seguir a ciência e mudar a maquiagem.

O erro básico detectado estaria no fato de que o avanço do Plano São Paulo para a fase Miami não estava sendo bem compreendido. A população do estado brasileiro trancado pelo seu governador não entendeu por que ele se mandaria para um estado americano sem lockdown. O povo nunca entende nada. Mas a explicação é simples: Dória sabia que passar o Natal em liberdade era uma experiência arriscada, e se ofereceu sozinho como voluntário para a perigosa missão sob as palmeiras de Miami. É nessas horas que se reconhece um estadista. Na praia e sem máscara se reconhece qualquer um.

Dória se arriscou por seu povo. Agora cabe ao seu povo se arriscar por ele, saindo do trancamento totalitário e hipócrita. Como não haverá jatinho para todos, a fase Miami terá de ser aplicada no Brasil mesmo. Praia, palmeira e coqueiro não vão faltar. Mas sejam solidários e não se esqueçam de retribuir o confinamento ao confinador.