SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

O COMEDOR DE CHIMANGO

Foto de Marco Haurélio

As malas ele arrumou.
Fez o que a mente pedia
Pegou logo um avião
E se mandou pra Bahia
Para matar a saudade
Que sem dó lhe consumia.

Um chimango bem gostoso
Ele queria comer
Do jeito que ele gostava
Só Maria pra fazer
Quem come o chimango dela
De outros não quer saber.

Era grande seu desejo
Fervia a imaginação
Chegava a lamber os lábios
Ruminando a tentação
Contava cada segundo
Suspirando de emoção.

– Maria você me aguarde
Que não demoro a chegar
Pra comer o seu chimango
Eu vou a qualquer lugar
Meu desejo lhe garanto,
Dessa vez eu vou matar.

Não demorou muito tempo
Chegou ao alto sertão
A viagem não foi longa
Pois ele foi de avião
Com chimango na cabeça
Não perdeu a direção.

Parecendo um menino
Já na casa de Maria
O biscoito de polvilho
Sem parar ele comia:
– Sem comer o seu chimango
Eu não saio da Bahia.

PENINHA - DICA MUSICAL

XICO COM X, BIZERRA COM I

BANQUETE DAS TRAÇAS

29.10 – Dia Nacional do Livro

Passo a passo a traça passa
Sem ter pressa no passar
Penso e peço não se impeça
Dar-se à traça o seu traçar
Torço e rezo com meu terço:
Que não possa, sem apreço
Verso e prosa destroçar

A traça abandona seu casulo e vem habitar minha estante. E é lá que, sem qualquer constrangimento, travessa, ela traça tudo que é troço que tenha letras. Alguém já tinha me advertido: ‘Cuidado com as traças. Elas não sabem ler, mas adoram livros’. Papel nenhum escapa, novelas ou contos, crônicas ou versos. Os bons, traça-os. Os ruins, destroços que só à traça interessa, ela também os traça. Quando muito, sobra uma capa. Daquelas duras. Apenas por isso. Às vezes se empanturra com volumosos romances e tira gosto petiscando pequeninos poemas. Lancha kai-kais. Outras vezes, apenas belisca crônicas breves, de pouco alfabeto, parecidas com as que teimo em escrever, poucos parágrafos, nenhum travessão.

Fome Devastadora

A tudo devora, sem dó nem piedade. Não as impeço, não tento impedi-las: de nada adiantará. Surpresas há: um Saramago, restou quase intacto. Certamente não gostaram do cardápio português, do seu pouco tempero, sem quase nenhum condimento, ponto ou vírgula. Já outros, começavam pelo prólogo, como se antepasto fosse. Alguns, como meu Manoel de Barros preferido e por mim tantas vezes lido e relido, foi devorado a partir da página 53, aleatoriamente, sem critério lógico nenhum. Ao fim, sobreviveu apenas o índice onomástico. Acho que em respeito às pessoas e bichos importantes ali contidos. João Cabral escapou porque sua Poesia é dura como uma pedra. Mas tenho dúvidas se a Poesia concreta sobreviverá à gula das traças … Fico a perguntar-me: por quantos serão lidas minhas mal tecladas e traçadas ‘croniquetas’, extraídas com tanto esforço e paridas de meu sofrido e limitado intelecto? Ou servirão apenas de alimento suprindo a sanha avassaladora por ‘literatura’ desses bichinhos pequenos e vorazes, de instinto faminto e destruidor?

Traças Virtuais

Bicho mais ‘letrado’ que a traça não há. Até merecia uns versos, tivesse eu a certeza de que não seriam por ela traçados. Pior: mesmo que eu esconda minha biblioteca nas nuvens do Windows, não demora surgirá um hacker que, maldosamente, inventará traças cibernéticas, perigosas vilãs virtuais, devoradoras de bits que porão a perigo minhas pobres e suadas letrinhas. Minha vingança é a eterna esperança que elas venham a engasgar-se com umas reticências ou com um ponto e vírgula perdido no meio de um Drummond de minha biblioteca …

Devoraram minha Barsa
Meu Aurélio e meu Houaiss
Nem Pessoa escapou
João Cabral e outros mais
Só restou um caderninho
Sem nada escrito, branquinho
Sem letras, na frente e atrás

PENINHA - DICA MUSICAL

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

ESCLARECIMENTO NECESSÁRIOS

Muita gente mete os pés pelas mãos quando não sabe como assimilar ética e moralmente o binômio dinheiro x espiritualidade, ignorando por completo os ensinamentos milenares contidos nas lições emitidas pelo Nazareno Jesus, por Paulo, o apóstolo dos Gentios e outros talentos, como Salomão, tido e havido como um dos homens mais inteligentes de toda a História do Mundo, depois do Filho de Deus.

Recentemente, uma editora paulista lançou um livro que já vendeu, em diversas línguas, mais de um milhão de exemplares: GANHE O MUNDO SEM PERDER A ALMA: O QUE A SABEDORIA MILENAR NOS ENSINA SOBRE DINHEIRO E ESPIRITUALIDADE, Tiago Brunet, São Paulo, Buzz Editora, 2025, 205 p. Livro que carrega um balizamento oportuno logo na primeira orelha: “O antídoto contra o amor ao dinheiro é ter a espiritualidade como prioridade.”

Para o conhecimento de muitos, o Tiago Brunet é um brasileiro que vive pelo mundo afora disseminando uma Sabedoria Milenar através de palestras proferidas em mais de 30 países do mundo. Teólogo formado pela Flórida Christian University, onde também concluiu o Mestrado, tem seus livros publicados em mais de 15 países, apresentando o programa Café com Destino, tornando-se o guia espiritual com mais seguidores do planeta, fundador da Casa de Destino, onde idealizou o Método Destiny, capacitando gente de todos os segmentos empresariais e financeiros, além de inúmeros apreciadores do assunto. Um método que excelentemente orienta como se pode ganhar dinheiro, sempre voltado para uma vida de paz, harmonia familiar, equilíbrio emocional, solidariedade social e racional espiritualidade. Uma capacitação que bem encaminhar o ser humano para uma eternidade luminosa.

A partir de Mateus 16,26 – O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira? Pois não há nada que poderá pagar para ter de volta essa vida -, o Brunet tece, em seu livrop-guia, oportunos balizamentos, explicitados abaixo por amostra sem prioridade:

– Na escala social do mundo há os mais variados níveis, desde os vulneráveis sociais de extrema pobreza, até os construtores de ecossistemas, os superbilionários.

– No mundo, os seres humanos são determinados por três tipos de destinos: os destinos rígidos, os destinos flexíveis e os destinos planejados. Nestes últimos, incluso está o Bill Gates, que depois de fazer fortuna com a Microsoft, instituiu uma fundação, a Gates Foundation, que investe bilhões de dólares em vacinação de crianças e adultos pelo mundo, contribuindo para a eliminação de doenças contagiosas em áreas extremamente carentes.

– Todo destino precisa que você lhe corresponda. Neste campo existem dois tipos de pessoas: os destinados e os alienados, os que sabem prosperar e os que tudo jogam fora por consumismos exibicionistas.

– Existem 4 tipos de mentalidade: 1. Mentalidade de sobrevivente; 2. Mentalidade de executor; 3. Mentalidade de empreendedor; 4. Mentalidade de destino.

– Tem gente que até tem vontade de ficar rico ou de conquistar algumas coisas, mas revela que não é um destinado, decidindo ficar alienado, sempre falando mal de quem prospera ou brilha, portando-se como eternos complexados.

Por fim, Brunet relembra o Provérbio 11,24: “Algumas pessoas gastam com generosidade e ficam cada vez mais ricas; outras são econômicas demais e acabam ficando cada vez mais pobres.”

Saibamos SER, antes de apenas TER. Atentando para o escrito numa residência paulista, uma pichação dotada de muita sabedoria: “Quem apoia os pobres seus, fica cada vez mais perto de Deus.”

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

SER POETA

Poeta Zé Vicente da Paraíba em foto de 2005, em Altinho-PE

Ser poeta é ver as flores
E as dores cotidianas!

Mote deJosué Dantas & Rubenio Marcelo

Ser poeta é conduzir
O Dirigível dos sonhos,
Ter nos momentos risonhos
Elementos pra fluir.
Mas se um dia cair
Pedir forças soberanas,
Pois as fraquezas humanas
Carecem de apoiadores.
Ser poeta é ver as flores
E as dores cotidianas!

Ser poeta é descrever
Cada beleza nativa,
O canto da Patativa
Saudando o alvorecer.
Uma rosa florescer
Nos jardins ou nas savanas
E as morenas serranas
Escutando os cantadores.
Ser poeta é ver as flores
E as dores cotidianas!

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

A HORA DA COLHEITA

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Colheitadeiras operando na “safra 3”

“Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os fizerdes, então, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua novidade, e a árvore do campo dará o seu fruto – Levítico 26:3-4”

Vovó Buretama, a “analfabeta” de quem vivo falando vez ou outra por aqui, sempre me disse, por experiência e doutorados da vida: “quem semeia ventos, colhe tempestades”.

E, também vez ou outra, reforçava: “quem planta feijão, nunca vai colher jaca ou maxixe”.

Foi a semente da maldade que a “esquerda” plantou. Escolheu sorrateiramente a família. Os lares de hoje estão contaminados com tudo o que não presta.

Antes das principais refeições, orava-se em agradecimento ao que se comeria. Nos dias atuais, corrompidos pelas ideias da esquerda, dedilha-se celulares. É a Teoria da Libertação de Paulo Freyre.

Valores morais e religiosos foram jogados no lixo. Quem os defende, virou misógino, fascista ou, “atrasado e descontextualizado”.

A mãe que vê o filho ou a filha se tornando homossexual, diz que o ama. Está mentindo de forma deslavada. Amaria, isso sim, se apontasse o caminho da retidão, da religiosidade e da obediência aos princípios divinos. Mas, esse não é o assunto da postagem.

Na ainda “Cidade Maravilhosa”, um Governo que não veio de famílias abastadas e tradicionais está agindo de forma a ser elogiada. Montou uma equipe de trabalho de desconhecidos da mídia venal, e, nesta semana que passou, sem o apoio federal (solicitado por três vezes), pôs em prática a intenção de manter a denominação do Rio de Janeiro de Cidade Maravilhosa.

Eliminou com suas forças estaduais 117 traficantes e terroristas, contrariando o que defende o Executivo/Judiciário em Brasília. Lamentavelmente, a força policial desprotegida, perdeu quatro dos seus hoje “heróis”.

“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará – Gálatas 6:7”

A hora da colheita da terceira safra chegou. Foi “apenas” uma pequena parte, embora tenha tocado a campainha do aviso que garante que nem todos são parceiros e coniventes com os bandidos que resolveram viciar crianças nas escolas, aterrorizar famílias que, por falta de posses financeiras, se escondem nos morros e favelas cariocas.

As máquinas operaram a fizeram a varredura da safra

E o bêbado sem equilibrista, agora, ao ser flagrado com batom na cueca dizendo que “traficantes são vítimas dos usuários”, disse que “se enganou, e não era aquilo que queria falar”. Só faltou assumir que, mais uma vez estava sob os efeitos da Pirassununga.

O que amedronta mesmo, é que, antes, coisa de dois ou três anos atrás, os bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro apareceram nas poucas notícias divulgadas pela mídia venal. Senador Camará, Campo Grande, Santa Cruz, Santíssimo, Bangu e Padre Miguel apareciam com mais frequência no noticiário.

Agora é a Cidade Maravilhosa como um todo.

Nos anos 60 e 70, Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu dominavam a preferência dos ainda desconfiados criminosos e traficantes. Eis que, em Caxias apareceu a figura de Tenório Cavalcante que, pelo bem ou pelo mal, fez com que muitos batessesm em retirada.

Os fugitivos se abrigaram debaixo dos viadutos, onde nasceram algumas favelas, subiram os morros e ficaram. Se estabeleceram dando sinal positivo para a venda das drogas e de armamento importado com entrada pelas fronteiras.

Hoje, parte daquela gente teve herdeiros. Os herdeiros cresceram, desceram os morros e saíram das favelas e foram estudar – e trabalhar com venda nas universidades (“Quem foi, tem raiz, nunca deixará de ser”). Alguns viraram empresários e encurtaram o caminho para a política, com a vantagem de ter cacife para o suborno.

“Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz – Tiago 3:18”

Pois, a seguinte fala teria tido com autor o Ex-Presidente João Figueiredo: “Vocês querem, então vou reconhecer “esse” sindicato como Partido (PT). Mas não esqueçam que “esse” partido um dia chegará ao poder e lá estando, tudo fará para instituir o COMUNISMO. Nesse dia, vocês vão querer tirá-los de lá. E para tirá-los de lá, será a custa de muito SANGUE BRASILEIRO!”

Vaticínio!

Profecia!

Repito a fala da Vovó Buretama: “quem semeia ventos, colhe tempestades”.

JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

OS BRASILEIROS: Vladimir Herzog

Vladimir Herzog nasceu em 27/6/1937, em Osijek, Iugoslávia. Filósofo, jornalista, professor e dramaturgo. Assassinado pela ditadura militar, em 1975, tornou-se figura central no movimento de restauração da democracia no País. Apresentou-se voluntariamente no II Exército, em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB-Partido Comunista Brasileiro e foi encontrado pouco depois em sua cela num simulado suicídio por enforcamento.

Filho de Zora Wolner e Zigmund Herzog, uma família de origem judaica fugida da Alemanha nazista para a Itália e depois para o Brasil, após o termino da II Guerra Mundial. Formado em Filosofia pela USP-Universidade de São Paulo, em 1959, naturalizou-se brasileiro em 1961 e trabalhou em importantes jornais do Brasil e na BBC de Londres. Na década de 1970 foi professor de jornalismo na ECA-Escola de Comunicações e Artes da USP e dirigiu o departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Foi também aficionado pela fotografia, cinema e teatro. Nesta época foi vinculado ao PCB e passou a atuar no movimento de resistência contra a ditadura militar.

Em 1974, o general Ernesto Geisel assumiu o governo com o propósito de manter a “distenção”, com um discurso de abertura política. Tal política não encontrava respaldo no II Exército, em São Paulo, comandado pelo General Ednardo D’Ávila Mello. Segundo ele, os comunistas estavam infiltrados no governo do Estado, chefiado por Paulo Egydio Martins, criando certa tensão entre ambos. O general linha dura intensificou a repreensão política e o CIE-Centro de Informações do Exército centrou uma ofensiva contra PCB, do qual Herzog era afiliado, mas não desenvolvia atividades clandestinas.

Seu amigo, o jornalista Paulo Markun, chegou a informá-lo que seria preso, mas ele não se sentiu intimidado. Em 24/10/1975, foi convocado pelo Exército para depor sobre suas ligações com o PCB. Negou qualquer ligação com o Partido, mas ficou preso com mais dois jornalistas: Duque Estrada e Rodolfo Konder. Estes jornalistas foram encaminhados para um corredor, de onde ouviram a ordem para trazer a máquina de choques elétricos. Em seguida Konder foi obrigado a assinar um documento, onde afirmava ter aliciado Vladimir para se afiliar ao PCB. Pouco depois, Konder também foi levado à tortura e a partir daí Vladimir não foi mais visto com vida. No dia seguinte, o SNI-Serviço Nacional de Informações, em Brasília, recebeu uma mensagem constando que naquele dia “cerca de 15h, o jornalista Vladimir Herzog suicidou-se no DOI/CODI do II Exército”. Segundo o jornalista Elio Gaspari, “no porão da ditadura os ‘suicídios’ tornaram-se comuns”.

Era um jornalista conhecido do público e sua morte causou certa comoção social. Em 31/10/1975 foi realizado um ato ecumênico na Catedral da Sé, conduzido por Dom Evaristo Arns, reunindo milhares de pessoas, em sua homenagem e protesto pelo assassinato. A catedral não comportou tanta gente lotando a Praça da Sé. Entre as pessoas, figuravam políticos, artistas e intelectuais, como o filósofo francês Michel Foucault, cujas aulas na FFCCH da USP tiveram que ser interrompidas. Depois do AI-5, em 1968, foi a primeira grande manifestação de protesto da sociedade civil contra a ditadura militar. A Praça da Sé foi tomada por policiais, seus cavalos e cachorros até as escadarias da Catedral.

Apesar desse aparato repreensivo a missa ocorreu tranquila até o final com cerca de 8 mil pessoas em seu interior e milhares nas escadarias e na Praça. Ao final, carros sem placa atiraram bombas de gás lacrimogênio contra os participantes. A indignação geral contra a ditadura ficou marcada também no seu túmulo e grafado na lápide: “Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados”. A indignação mobilizou muitos artistas a manterem o protesto e registrá-lo, tal como Gianfrancesco Guarnieri, em 1976, quando escreveu e encenou o espetáculo teatral Ponto de Partida, com o objetivo de mostrar a indignação da sociedade brasileira diante do ocorrido. Para sua esposa Clarice, não foi um consolo saber que sua morte desencadeou a primeira reação popular contra a brutalidade da repressão política do regime: “Vlado contribuiria muito mais para a sociedade se estivesse vivo”, declarou.

Recebeu diversos tributos póstumos, garantindo a permanência de sua memória. Em 2009, foi inaugurado o Instituto Vladimir Herzog com 3 objetivos: (1) organizar todo o material jornalístico sobre sua história, como meio de auxílio a estudantes e pesquisadores; (2) promover debates sobre o papel do jornalista e também discutir sobre as novas mídias e (3) tornar-se a curadoria do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, outorgado anualmente. Em 20/5/2016, após mais de 40 anos do ocorrido e três tentativas anteriores, o Caso Herzog chegou à CIDH-Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA- Organização dos Estados Americanos, onde foi julgado em 2018 e o Brasil foi condenado por crime de lesa-humanidade por não investigar, julgar ou punir os responsáveis pela morte do jornalista Vladimir Herzog.

Ainda em 2016, a Câmara Municipal de São Paulo prestou-lhe homenagem com uma estátua estilizada em bronze, com os braços abertos, com mais de 2 metros de altura, localizada na Praça Vladimir Herzog (inaugurada em 2013) no centro de São Paulo. Dois centros acadêmicos batizaram seu nome: O CAVH-Centro Acadêmico Vladimir Herzog da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, e o Centro Acadêmico de Jornalismo da UFPB-Universidade Federal da Paraíba. Em 2023 foi oficializado o dia 25 de outubro como “Dia Nacional da Democracia”, marcando a data do assassinato do jornalista. Em 25/10/2025 foi celebrada uma missa na Catedral da Sé lembrando os 50 anos de sua morte.

Alguns livros contam sua história, legado e sua importância para o reestabelecimento da democracia no País: Vlado, retrato da morte de um homem e de uma época, de Clarice Herzog e Paulo Markun, publicado em 1985 pela Editora Brasiliense; A sangue quente: a morte do jornalista Vladimir Herzog, de Hamilton Almeida Fº, publicado em 1986 pela Editora Alfa-Ômega; Meu querido Vlado: a história de Vladimir Herzog e do sonho de uma geração, de Paulo Markun, publicado em 1997 pela Editora Objetiva; Dossiê Herzog: prisão, tortura e morte no Brasil, de Fernando Pacheco Jordão, publicado em 7ª edição em 2021 pela Editora Autêntica e As duas guerras de Vlado Herzog: da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil, de Audálio Dantas, publicado em 2012 pela Editora Civilização Brasileira e ganhador do Prêmio Jabuti naquele ano.

Encontra-se em fase de produção um filme sobre seus últimos dias e a trajetória percorrida por sua esposa, Clarice Herzog, para desmascarar o argumento defendido pela ditadura que foi um suicídio. Em 26/6/2025 foi assinado um acordo pela AGU-Advocacia Geral da União prevendo a indenização de 3 milhões à família de Vlado e o pagamento mensal de R$ 34,5 mil à viúva Clarice Herzog, 50 anos após o assassinato. Na ocasião, o Ministro da AGU pediu desculpas à família pelo fato ocorrido durante da ditadura.