XICO COM X, BIZERRA COM I

RISCOS E RABISCOS

Uma folha só permanece em branco se o rabiscador que lhe dá vida não encontrar algum lápis pelo caminho. Daí, então, outras folhas também deixarão de estar em branco e todos os riscos se transformarão em rabiscos para alegria do papel. Alegrias que se desenharão em letras, sorrisos que, rabiscados sob a forma de palavras e frases, ajudarão a superar a tristeza de alguns, ou até mesmo estancar lágrimas representadas por eventuais desconfortos daquele que tiver acesso ao papel rabiscado.

RISCAR É BOM

Riscar faz bem às almas, a de quem risca e a de quem vê os riscos. Por isso rabisco de vez em quando, nos blogs, nos jornais, na mídia social (só sei mexer no Facebook) na esperança de que meu texto se preste para minorar a desalegria de quem os vê, para aumentar a esperança de quem os lê. Se isso ocorrer pelo menos uma vez, já valeu a pena rabiscar.

MEU LÁPIS VIVE DE PONTA AFIADA

Se essa for a condição de alegrar alguém, nenhum papel permanecerá em branco à minha frente. Para isso, só ando com um lápis no bolso. E de ponta bem aprumada, riscando e rabiscando minhas besteiragens e bobagices, meus textos e poemas ou simplesmente desenhando curvas e retas, paralelas e perpendiculares. Tanto quanto amar, o importante é ver alguém feliz. Para isso risco e rabisco.

* * *

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

AIRTON BELNUOVO – SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

Caro amigo , boa noite

Fico muito feliz em saber da sua volta a sua família , com a saúde recuperada .

Abaixo vou transcrever um texto que recebi num grupo do Whatsapp e se puder publicar agradeço .

“Alguém sabe o nome do funcionário do Village Mall que foi assassinado há pouco por assaltantes ?

Sua idade? Quantos filhos tinha? Seus interessantes, planos,sonhos?

Ninguém sabe, claro. Ele não foi morto na Amazônia e não era ligado a ONGs .

Era um simples trabalhador. Foi assassinado no Rio .

O mesmo Rio onde as operações policiais nas favelas estão suspensas desde 2020 por ordem judicial. Por isso , o velório do trabalhador não será exibido no horário nobre da TV .

Nenhum comitê será formado para acompanhar as investigações sobre a sua morte. Ninguém vai entoar um canto fúnebre em sua homenagem, em frente a ONU .

No Brasil todas as vidas importam, menos a vida de homem comum .

Esse homem agoniza, sozinho, no estacionamento de um shopping.

Agonizam junto com ele a liberdade, a democracia, e a fantasia do “estado democrático de direito” .

Texto de autor desconhecido , que eu assino embaixo .

Abraços ,

PENINHA - DICA MUSICAL

A PALAVRA DO EDITOR

DOMINGO DE SOL

Caros amigos, tive alta hoje pela manhã, depois de oito dias internado por conta de desmantelos pós-operatórios.

Tudo bem, tudo sob controle e tomando a devida medicação.

Já estou em casa neste domingo de sol aqui na minha querida Recife.

Gratíssimo pela força de vocês, meus estimados fubânicos.

Vamos voltar à rotina nesta gazeta escrota.

Um grande abraço para todos!!!

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

ARAEL COSTA – JOÃO PESSOA-PB

Caro Papa Berto

Pedindo-lhe que sirva de intermediário às minhas desculpas a Chupicleide, pelo atraso na remessa do devido ajutório das suas libações, este mês “tão atrasado como o pagamento da Malária”, como diziam os antigos, defendendo o pessoal que lutava contra esse mal, ornando a porta das casas com uma inefável bandeira amarela, enquanto as fiscalizavam e dedetizavam, com “ardor febril”.

Como até bem pouco tempo, vivi um caminhar, uma verdadeira odisseia, assemelhada com a sua, embora as máquinas que perscrutaram a minha “caixa dos peitos” não encontraram muitos defeitos e isto permitiu que voltasse a gozar de uma liberdade relativa, com direito a um tratamento fitoterápico, com caldo de uvas e outros cereais, que minhas atendentes pessoais quase imaginam adornar meu tornozelo com uma bela pulseira, ainda não feito.

Mas, esse trilhar de laboratórios e consultórios terminou por me fazer produzir esse escrito, que ouso passar a suas mãos, após tê-lo acolhido em um “blog” local de nome “Ambiente de Leitura”, que me fez esta gentileza.

Assim me senti e, agora, ouso pensar ter ocorrido o mesmo consigo, infelizmente, parece-me, sem direito à fitoterapia.

Um abraço do súdito, Arael

R. Meu caro, sua generosa doação já está na conta desta gazeta escrota.

E chegou no dia certo, pois Chupicleide estava mesmo tramando encher a cara neste domingo, para celebrar a alta que tive hoje, depois de oito dias internado por conta do desmantelo pós-cirúrgico.

Gratíssimo pela força. 

E vamos ao texto que você nos mandou.

* * *

OS SINOS DE MINHA ADOLESCÊNCIA – ARAEL COSTA

“Sempre, às seis horas da manhã
No Largo do Maracanã
Eu ouço com emoção
Uma mensagem que o sino
Da igrejinha do Divino
Dirige ao meu coração…”

A Deusa do Maracanã ▪ Jaime Guilherme

Cumprindo a última etapa de um périplo de exames que o desvelo e a competência de meu cardiologista, Dr. José Mário Espínola, me impôs, vi-me imobilizado em uma máquina curiosa – talvez, quem saiba, vinda pela mão de Stanley Kubrick em “…Uma Odisseia no Espaço”, que se propunha a espionar o interior de meu peito, já não tão juvenil, em busca de algum desvio de conduta.

Nessa imobilidade, restava-me tão somente o pensar – livre, como bem mencionava o escritor Millôr Fernandes, que foi conduzido a recordações gradas, como a despertada pelo José Nunes, em sua crônica “Um passeio pela memória” (in Ambiente de Leitura Carlos Romero) —, que me trouxe de volta a um período marcante de minha vida, vivida naquelas trilhas que José Nunes, com a cumplicidade do Jornalista Gonzaga Rodrigues, restaura nas mentes de quantos viveram naquelas paragens e naquela época.

Embora já conhecesse algumas daquelas trilhas, percorridas em épocas anteriores, o período em que residi na Rua Duque de Caxias deu-me novas trilhas e marcou-me de forma considerável, dando-me lembranças das mais valiosas, pois representou o ritual de minha passagem para a via adulta, aumentando meus horizontes.

Já não foram apenas a Rua Duque de Caxias, a Praça 1817 e o Ponto de Cem Réis. Aditaram-se ao roteiro a Rua Visconde Pelotas, a Avenida General Osório e até as icônicas Ladeira da Borborema; a Ladeira de São Francisco e a Rua da Areia.

Festa das Neves bem próxima.

Carnaval e seu corso, que ainda existia, na porta de casa.

Mas, nem tudo são flores…

As cercanias das muitas veneráveis igrejas ali localizadas, a par do conforto espiritual que nos davam, também apresentavam, notadamente para os integrantes de minha geração residentes na área, algum dissabor, quando ”sempre às 6 horas da manhã” a alvorada festiva dos sinos daquela área urbana, lembrava a todos a obrigação de fé, a ser cumprida nas missas que lá se celebravam.

Nessa imobilidade a que a máquina curiosa me submetia, continuei a rememorar outros pequenos episódios da vida vivida na Rua Duque de Caxias e sua vizinhança, notadamente aquele instante em que as firmes badaladas de muitos sinos, onde infelizmente não estava a “…mensagem que o sino da igrejinha do Divino…”, mas o toque de despertar que não mais nos deixavam dormir, após essa hora, notadamente nas madrugadas às vezes chuvosas e frias dos domingos, quando nosso desejo era ficar um pouco mais na cama, após noitadas de sábado.

Acabado o exame, com a máquina curiosa silenciada, voltei à realidade dos dias presentes, não me restando outra situação que não lamentar a atual situação de abandono daquela área que me trouxe, e, decerto, a muitos outros daquela época, tantas recordações.

Igreja de São Bento

DEU NO JORNAL

CONCLUSÃO FATAL

Luís Ernesto Lacombe

O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, durante a campanha

O que dizer de quem acredita em promessas que não podem ser cumpridas? O mundo real é tão escancarado que é difícil compreender essa gente. Só o delírio para explicar a devoção por regimes como o de Cuba, da Venezuela, da China… Gente que não enxerga, ou faz questão de não ver. Gente sem informação, sem conhecimento, sem memória. Gente que sonha, ignorando os pesadelos que o socialismo, o comunismo, que essa porcariada toda impõe diariamente, e sem piedade, a quase 2 bilhões de pessoas. É tão difícil assim entender que já não deu certo, que nunca dará?

Nenhum avanço econômico pode estar ligado à falta de liberdade. Não há como defender uma ditadura, não importa qual seja. Não há como defender o Partido Comunista Chinês. Danem-se os crescimentos recordes do PIB, se o ar que se respira é denso, é tenso, se todo passo é vigiado. Quer ser uma superpotência? É justo, desde que, primeiro, se torne um país livre e democrático. E para isso, claro, não há como apostar num Estado opressor, controlador de tudo e de todos.

Agora, caminha a Colômbia para um buraco sem fim de fracassos. Um ex-bandido no poder, guerrilheiro ligado a narcotraficantes, prometendo, de cara, libertar criminosos. E já se conhecem seus crimes por vir… Aumento de impostos, dos gastos do governo, da dívida pública, aumento do Estado… Intervenção constante na economia, tabelamento de preços, impressão de dinheiro, programas sociais a rodo… Aversão ao capital privado, estatização generalizada… A Colômbia vai quebrar.

O futuro presidente do país, que foi amigo de Hugo Chávez, também fala em “justiça social”, em “justiça racial”, mesmo que se saiba que verdadeiramente só existe justiça, sem complementos, a mesma para todos, ou deixa de ser justiça. São os “ungidos” de que fala Thomas Sowell, aqueles que têm “superioridade moral”, que têm a cara de pau de desconfiar da realidade, já que ela não condiz com a visão dos socialistas. Todas as evidências, todos os fatos são contrários às suas ideias. Então, o real é suprimido e anuncia-se um mundo de fantasias.

Sempre vendendo utopias, os socialistas estão voltando ao poder, prontos para manter os pobres na pobreza, dependentes do Estado. Já faz tempo que esse bando se apropriou da bondade, da fraternidade, da solidariedade. Eles têm poderes demoníacos para enganar, para iludir. Discordar deles, ainda que com base em fatos e acontecimentos irrefutáveis, é ser considerado egoísta, insensível, mau. Estamos todos em perigo. A realidade foi bloqueada, como bem explica Thomas Sowell, “para que uma perigosa ação em curso possa prosseguir cegamente até sua conclusão fatal”.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

NOSSAS ESTAÇÕES

Primavera no deserto de Atacama

A escola de antigamente ensinava. A de hoje, apenas faz de conta. Quer números, quer ranking, quer justificativas para as dotações orçamentárias – e estaciona na mentira. Muitos dos que ensinam (ou dizem fazer isso) não sabem sequer para si próprios.

Pois, ainda na escola antiga, aprendi que são quatro as “estações” climáticas no ano, assim:

Estação do ano é uma das quatro subdivisões do ano baseadas em padrões climáticos. São elas: Primavera, Verão, Outono e Inverno.

Inicialmente o ano era dividido em duas partes: 1 – O período quente (em latim: “ver”): era dividido em três fases: o Prima Vera (literalmente “primeiro verão”), de temperatura e humidade moderadas, o Tempus Veranus (literalmente “tempo da frutificação”), de temperatura e umidade elevadas, e o Æstivum (em português traduzido como “estio”), de temperatura elevada e baixa umidade; 2 – O período frio (em latim: “hiems”) era dividido em apenas duas fases: o Tempus Autumnus (literalmente “tempo do ocaso”), em que as temperaturas entram em declínio gradual, e o Tempus Hibernus, a época mais fria do ano, marcada pela neve e ausência de fertilidade.

Posteriormente, para ajustar as estações à posição exata dos equinócios e solstícios, correlacionados com a influência da translação associada à mudança no eixo de inclinação da Terra, convencionou-se, no Ocidente, dividir o ano em somente quatro estações. Vale a pena lembrar que certas culturas ainda dividem o ano em cinco estações, como a China. Países como a Índia dividem o ano em apenas três estações: uma estação quente, uma estação fria e uma estação chuvosa.

Já no continente africano, países como Angola só têm duas estações, a das chuvas, quente e úmida, e o cacimbo, seca e ligeiramente mais fresca, principalmente à noite.

Foi na escola, também, que aprendi a iniciação filosófica, de que “o homem é um produto do meio em que vive”. Assim sendo, provavelmente, somos partes das estações climáticas do ano.

Que estação seríamos, quando ficamos irritados?

E quando ficamos tristes?

Ou, ainda, quando ficamos alegres?

Por que não “renovamos” a plasticidade externa do corpo, ou o que há de interno, quando passamos pelo “outono” – o nosso outono?

As árvores o fazem pela fotossíntese – além das condições naturais que a Terra lhes oferece. Novas folhas, novos galhos e um crescimento contínuo, sempre em preparativos para novos frutos.

Nossas células são diferentes, sei. Em que pese vivermos na mesma Terra que vivem as árvores, nossa fisiologia é diferente.

Mas, infelizmente, a Terra é habitada por pessoas que são continuadamente ervas daninhas. Não crescem, não mudam, não passam por nenhum outono.

PENINHA - DICA MUSICAL

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

TRÊS CORAÇÕES “SEM FUTURO”

Meu coração sofredor
Já se acostumou no tédio
Inquilinas do amor
Abandonaram seu prédio
E nas clínicas das paixões
Não encontra um só remédio.

Francisco Evangelista

Meu coração sofre assédio
Diário da solidão
Quando quer se levantar
Vem outra desilusão
E bota pra beijar a lona
De novo meu coração.

Jr. Adelino

O meu não tem jeito não
Parece que por pirraça
Se ilude com toda dama
Tropeça em qualquer trapaça
Se não surgir quem lhe salve
Termina em banco de praça.

Wellington Vicente