A PALAVRA DO EDITOR

O colunista fubânico George Mascena, no dia 2 deste mês de agosto, publicou aqui um texto com este título: SANGUE NO PALÁCIO: A HISTÓRIA DO PADRE QUE MATOU O BISPO

Um relato que conta como o Padre Hosana de Siqueira matou a tiros o bispo da diocese de Garanhuns, Dom Francisco Expedito Lopes, no mês de junho de 1957, cuja leitura eu recomendo aos leitores que ainda não acessarem este texto.

Um crime chocante que abalou Pernambuco e o Brasil, e que foi notícia no mundo todo.

Eu tinha 11 anos de idade e me recordo perfeitamente da comoção que o fato causou.

Naquele tempo, Palmares ainda não havia ascendido à condição de bispado e a nossa paróquia era subordinada à diocese de Garanhuns. Dom Expedito foi o bispo que me crismou.

Quiterinha, minha saudosa mãe, antes de se encantar me deu de presente a sua coleção de revistas O Cruzeiro, que ela comprava semanalmente.

Entre os vários números que tenho aqui comigo, um deles contém a matéria sobre o assassinato de Dom Expedito, de onde tirei as fotos que estão a seguir.

Na foto abaixo, à esquerda, aparece o Padre Hosana, logo após a ser preso. Continuou com a cara mais cínica do mundo. Na foto à direita, aparece Dom Expedito, baleado no peito, ainda vivo, em seus últimos minutos, sendo consolado pelo Padre Acácio Rodrigues Alves.

Padre Acácio viria a ser o primeiro bispo da Diocese de Palmares, criada no ano de 1962.

Já na condição de bispo, Dom Acácio teve uma participação muito importante na minha vida, quando eu fazia militância política estudantil naquele interior agitado dos tempos do governo Arraes.

Conversei muito com aquele bispo querido, aquelas dúvidas de adolescente em tempo de mulher, meio menino, meio homem.

Teve uma noite que invadimos a madrugada e amanhecemos o dia, conversando no terraço do Palácio Episcopal. Ele mais ouvia do que falava.

Dom Acácio é personagem do meu romance A Guerrilha de Palmares.

Na foto abaixo, Dom Expedito aparece junto com Padre Hosana, seu assassino, destacados pelos círculos. 

Na fileira de baixo, do lado esquerdo aparece um padre careca, de óculos escuros. É o Padre Abílio Américo Galvão, o sacerdote que me batizou e me deu a primeira comunhão.

Na fileira seguinte, logo atrás de Padre Abílio, aparece o Padre Acácio, que viria a ser o primeiro bispo de Palmares, e em cujos braços Dom Expedito morreu.

Padre Abílio foi uma figura marcante na história de Palmares e na minha infância. Levei muitos cascudos dele pra me portar direito nas procissões.

Não tem um só menino da minha época que não tenha levado cascudo de Padre Abílio!

Eram as paixões da vida dele: tomar torrado (rapé) e dar cascudo em menino.

Na ilustração abaixo, está a minha certidão de batismo com a sua caprichada assinatura: Padre Abílio Américo Galvão. 

Uma saudade me bateu nos peitos e eu não resisti: tive que contar essa história.

Peço desculpas aos meus pacientes leitores.

4 pensou em “O PADRE QUE MATOU O BISPO

  1. Eu, Eustáquio Chaves da Silva
    Profissão – jornalista, professor de história e teologia. cidade de nascimento Olinda pernambuco hoje aos 72 anos sinto saudades a minha infância foi ouvir os sinos das Igreja soarem eu aprendi todos os toques dos sinos das Igrejas da minha cidade, eu fico triste quando vejo notas como essas tenho certeza que Deus soberano colheu Dom Expedito e Biantífico Santo Espedito

  2. Pingback: PALMARES TAMBÉM FUI PRA RUA | JORNAL DA BESTA FUBANA

  3. Realmente quando ocorreu esse trágico assassinato ainda não era nascida, mas, me parece que aconteceu a pouco ttempo Pernambuco um incidente parecido com esse não foi?

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