O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas… e à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o ideal nalguma encruzilhada…
As horas morrem sobre as horas… Nada!
E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida,
Volta pensando: “Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada “…
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta o horizonte pela esfera…
E a Vida passa… efêmera e vazia;
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia…
Raul de Leoni, Petrópolis-RJ (1895-1926)
Belíssimos versos. Um dos grandes portas brasileiros.
Raul de Leoni é um dos poetas que mais admiro. E esse cantinho aqui do jornal fubânico eu sempre visito.
Infelizmente, morreu muito novo. A tuberculose o levou.