CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

Bairro boêmio de Jaraguá

Logo após a II Guerra aconteceram problemas com a população boêmia no Nordeste, houve proliferação de doenças venéreas, principalmente a gonorreia, a velha Gonô. Os americanos com seus dólares aumentaram a prostituição em nossas terras, trouxeram e disseminaram gonorreia e outras doenças. As prostitutas ficaram infestadas, transmitindo moléstias aos soldados brasileiros e à população nativa, foi considera epidemia na época.

Em Maceió houve um trabalho organizado contra as doenças venéreas. O Ministério da Saúde enviou remédios. Surgiram as camisinhas. O Governo enviou verba para uma campanha de prevenção.

O ponto mais visado foi o bairro boêmio de Jaraguá onde as raparigas exerciam seu trabalho. Naquela época as melhores mulheres frequentavam os casarões da Rua Sá e Albuquerque, as mais baratas ficavam no baixo meretrício, o Duque, o Verde e o Sovaco do Urubu, onde hoje é o Centro de Convenções.

Primeira providência: todas as prostitutas passaram por rigoroso exame. O Posto de Saúde da Praça das Graças se encheu de cafetinas e pupilas na fila dos exames, tiravam a carteirinha de serviço com data de exame carimbado, havia espaço para notificar as revalidações.

A procura foi tão grande que abriram outro ponto de exame na Delegacia de Jaraguá, o delegado da época, Cabo Sobral, se empenhou na campanha com muito zelo. Como autoridade da região, o cabo-delegado fazia ronda diária fiscalizando se todas as operárias do sexo tinham suas carteirinhas carimbadas, exame em dia.

Constatando alguma doença transmissível como gonorréia, cancro, etc… a jovem era obrigatoriamente internadas no Hospital de Doenças Tropicais para tratamento até sarar. Com a cura podia voltar à atividade, ao trabalho.

Nos quartos das pensões foram colocados cartazes preventivos: “EXIJAM A CARTEIRA PROFISSIONAL DE SAÚDE”. Alguns clientes se constrangiam em exigir a carteira das raparigas, pegaram doenças por conta disso. Essas carteiras eram atualizadas no Posto Avançado da Erradicação que havia em Jaraguá, com médicos fazendo novos exames diários e indicando o tratamento adequado se fosse o caso.

A atuação do Cabo Sobral foi fundamental nos serviços da erradicação. Onde havia alguém com suspeita de doença, ele mandava buscar para rigorosa investigação.

Foi formada uma rede de informações em vários cabarés. As raparigas recusavam fregueses quando desconfiavam que eles estivessem infectados. Muitas davam parte na delegacia, entregando o cliente. O delegado levava os acusados para o posto em nome da lei, sob a custódia de seus auxiliares.

Cidadãos da mais alta sociedade constrangeram-se em serem levados por policiais para o Posto Avançado de Jaraguá a fim de serem examinados. Não tinha acordo com o delegado. Geralmente essas denúncias eram fundamentadas e o delegado, além de dar uma bronca no doente fazia verdadeiras investigações policiais com os “criminosos” para descobrir a pessoa que transmitiu a doença, e quem transmitiu a essa pessoa.

As investigações eram constantes. Chamava as pessoas transmissoras da doença, citado pelo doente, até chegar aos sadios. O Cabo Sobral obrigava a todos os envolvidos serem tratados adequadamente pelos médicos, baixando ao Hospital nos casos precisos.

Houve até problemas conjugais. O zeloso delegado chegou a enviar esposas dos contaminados para exames específicos. Alguns suspeitos se livravam confessando ter se contaminado no Recife. Se acaso “entregassem” quem passou a doença, podia ser quem fosse o delegado ia pessoalmente buscá-la para os devidos exames. Como geralmente a pessoa estava também infectada, obrigava a confessar a quem mais ela havia transmitido e com quem havia pegado a doença até chegar ao final do novelo.

Em uma dessas investigações, Gerusa, uma das meninas mais queridas da Boate Alhambra, promíscua como ela só, apareceu doente. O delegado a fez relacionar todos os parceiros da última quinzena. Na relação, havia gente conhecida, inclusive um capitão do Exército e um deputado. O delegado chamou todos os clientes de Gerusa, via carta entregue em mãos, para que fossem devidamente examinados e tratados.

Teve deferência especial com o deputado e o capitão do Exército. Foi pessoalmente à Assembléia Legislativa e ao 20º BC, juntamente com o médico, para que essas autoridades fossem examinadas. O trabalho imprescindível do zeloso Cabo Sobral conseguiu erradicar as doenças venéreas da cidade trazidas pelos soldados americanos.

2 pensou em “EPIDEMIA DE GONÔ

  1. Dizem que na inspeção formou-se uma longa fila de raparigas. Pelas tantas chegou uma velhinha e perguntou para a moça o porque daquela fila. A moça meio constrangida disse que estavam procurando pessoal para colher laranja. Como a velhinha gostava de laranja, ficou na fila.
    A fila andou e quando chegou a vez dela o delegado espantando perguntou:
    -Dona Maricotinha, você por aqui?
    A velhinha respondeu:
    -Olha Dr. eu não trepo mas chupo.

  2. Pois é,dizem que o matuto com gonorreia,doido pra afogar o ganso,saiu de cabaré em cabaré perguntando se tinha alguma quenga com gonorreia.Até que uma das quengas,pensando que a tara do matuto era trepar com alguém de gonorreia,disse que estava com a gonorreia.Treparam até amanhecer o dia.No final da trepada,a quenga disse que tinha mentido,porque não estava com gonorreia.E o matuto disse que quem estava com gonorreia era ele.Né foda?

Deixe um comentário para A fila da Laranja Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *