Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho.
Se a noite me atribui poder de fuga,
sinto logo meu pai e nele ponho
o olhar, lendo-lhe a face, ruga a ruga.
Está morto, que importa? Inda madruga
e seu rosto, nem triste nem risonho,
é o rosto, antigo, o mesmo. E não enxuga
suor algum, na calma de meu sonho.
Oh meu pai arquiteto e fazendeiro!
Faz casas de silêncio, e suas roças
de cinza estão maduras, orvalhadas
por um rio que corre o tempo inteiro,
e corre além do tempo, enquanto as nossas
murcham num sopro fontes represadas.
Carlos Drummond de Andrade, Itabira-MG (1902-1987)
Cario Colega Pedro Malta
Fiquei estupefacto, como se dizia antigamente, ao ver que você publicou diversos poemas de Francisca Julia, minha última biografada na coluna “Memorial” e mais ainda ao saber que publicou também poemas de Gilka Machado, uma das próximas biografadas. Estou pensando em consultá-lo antes de biografar algum(a) poeta para fazer o devido link encaminhando os leitores para a poesia.
Caríssimo Brito,
Seu comentário/proposta muito me honra e , apesar da avançada idade, espero poder ajudá-lo nesse seu valioso trabalho.
Fraterno abraço
Caro Pedro Malta
Sua idade, digo, experiência avançada será de muita valia
Agradecidíssimo
Abraços