JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

Foto de Marco Antônio Robert Alves

O Tempo não perde tempo
Nem para em qualquer segundo
Contando seus breves passos
Passa igual pra todo mundo
Tudo que é massa perece
Só o Tempo não envelhece
Em seu andar vagabundo.

Sequer fica moribundo
Ou com o tempo se estraga
Porque é o senhor de tudo
E tudo o Tempo apaga
Perde o belo a sua beleza
Perde o rico a sua riqueza
Na ponta da sua adaga.

Há quem diga ser uma praga
Essa justiça tão forte
Do Tempo girando imune
Que pra ele nada importe
Sem qualquer acepção
Só o Tempo em sua ação
Nunca encontrará a morte.

A tudo dá o passaporte
Pra o reino dos acabados
Os que eram já não são
Os que são serão passados
E para o tempo do além
Somente o Tempo não tem
Os seus segundos contados.

4 pensou em “ADAGA INFALÍVEL

  1. E é tempo de menos sofrer e mais agradecer…

    Sufrimos demasiado por lo poco que nos falta, y gozamos poco de lo mucho que tenemos. (William Shakespeare)

    Ótimo domingo, poeta!!!!!!!

    • “Estar ou não estar. Eis a questão.”
      William Shakespeare

      Com o Tempo não há disfarce. Ele está – e é – o tempo inteiro.

      Obrigado, Sancho!

  2. Jesus Ritinha de Miúdo,

    Esse extraordinário ADAGA me lembra e muito minha Vó Dinda.

    Sem papas na língua, quando lhe perguntavam sobre as saídas misteriosas de Vovô Manuel, ela sarcasticamente dizia:

    – Meu fio, aquilo a adaga já capou faz é tempo. Não faz nem o dever de casa, e eu acho é bom porque pelo menos não fica me “impurtunano à noite.”

    Nessa época Caetano Veloso ainda não havia nem pensado em compor a ótima “Oração ao Tempo.”

    O tempo é inexorável para tudo que é vida.

  3. O Tempo existe desde sempre, para sempre existirá.
    Só o Tempo não se preocupa com o tempo.
    Dizem até que ele “é o senhor da razão.”
    Quem ousará discordar?

    Obrigado, Cícero.

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