E vem a primavera. E os prados novamente
Cobriram-se de luz, de flores, de verduras;
Fez-se azul todo o céu, azul e transparente
Como um pálio de gaze aberto nas alturas.
E eu disse assim comigo: “Às minhas desventuras
Aos pesares que eu sofro, e tornam-me descrente,
Vão enfim pôr um termo os beijos e as ternuras
Daquela que eu espero e de quem vivo ausente.”
E assentei-me, esperando-a, à beira do caminho…
O cair de uma folha, a música de um ninho
Lembravam-me o seu passo e a sua voz, criança!
E afinal veio o inverno e foi-se a primavera,
E cheio de saudade e sempre à sua espera,
E à força de esperar perdi toda esperança.
Colaboração de Pedro Malta