PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Triste encanto das tardes borralheiras
que enchem de cinza o coração da gente…
A tarde lembra um passarinho doente
a pipilar os pingos das goteiras…

A tarde pobre fica horas inteiras
a espiar pela vidraça, tristemente,
o crepitar das brasas nas lareiras…
Meu Deus! o frio que a pobrezinha sente!…

Por que é que esses arcanjos neurastênicos
só usam névoa em seus efeitos cênicos,
nenhum azul para te distraíres?…

Ah! se eu pudesse, tardezinha pobre,
eu pintava trezentos arco-íris
neste tristonho céu que nos encobre…

Mário de Miranda Quintana, Alegrete-RS (1906-1994)

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