PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Minha única certeza é minha morte.
Virá festiva, com pendões vermelhos,
Provocadora com seu riso forte.
Mas me verá de pé, não de joelhos.

Pode vir de mansinho a forasteira
Ou numa orgia de ossos e fanfarras,
Com dois laços de fita na caveira
E o ágil chocalhar das finas garras.

Eu que os mares amei, e o sol tirânico,
Os flavos grauçás de dorso enxuto,
As moças de maiô e o vento atlântico,

Sereno hei de esperá-la em meu reduto.
E assim ao ver-me, sem sinal de pânico,
A própria morte se porá de luto.

Colaboração de Pedro Malta

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