ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Estive retirado, em minha taba, por esses dias, mas não deixei os miolos pararem de funcionar, refletindo sobre temas tão importantes para a vida no planeta, tal como, se a televisão deve ficar na parede esquerda, ou direita, na sala, se um dia colonizaremos plutão, ou se os aliens virão nos visitar, apesar de nossa inteligência. Deparei-me, nesse refletir com um tema tão antigo quanto a própria humanidade: os chifres e outras adjacências no ser humano.

O chifre, galhada, cornos, aspas, chapéu de touro, guampa – e quem souber outros sinônimos, por favor colabore -, é um acessório tão antigo e pertinente à espécie humana, quanto a coceira e o olhar pidão de adolescente para moças novas. Às vezes dolorido, às vezes conformado, às vezes zangado, chifre é um acessório do macho humano quase tão comum que feliz é aquele homem que um dia, seja flertando, namorando, ou casado, nunca os tenha levado. Aliás, eu sempre digo que o chifre é um componente natural e que, um animal sem chifres é, por definição, um ser indefeso, na natureza.

A mais famosa guerra de todos os tempos, cantada por Homero na Ilíada foi, em último caso, causado por um belo par de guampas. A história é basicamente o seguinte: Paris, marido de Helena foi homenageado pela mulher e Menelau, fugiu com o pé de pano, e o chifrudo do rei provocou uma guerra de mais de dez anos contra Tróia. O cornudo em vez de sossegar e ir lustrar a galha, resolveu sacrificar um magote de soldados só para ir à desforra por causa do enfeite que colocaram em sua cabeça.

Homero, em sua sabedoria deu uma grandiosidade épica a uma história, por si só, banal e quase tão natural quanto respirar, inspirando e moldando toda a história e a literatura do ocidente. Também as más línguas contam que Alexandre, rei da Macedônia, fez uma campanha insana, indo dos Bálcãs até a margem ocidental do rio Indo por causa de um suposto chifre que Xerxes iria colocar nele, com seu companheiro predileto, Hefestion. Mas tudo isso são más línguas, eu só estou vendendo peixe como comprei.

Napoleão Bonaparte também entrou pelo cano por causa da Madame Pompadour, que enfeitava a cabeça de Josefina, em companhia do Imperador. Essa atividade chifrística levou os impérios europeus a declararem guerra ao baixinho corso, como forma de vingança à galha levada pela princesa austríaca.

E a atividade guampística segue pela história, envolvendo, também nossos dois Pedros. O primeiro com a Marquesa de Santos, a caganeira que provocou nossa independência e o segundo com as aventuras de alcova com a Condessa de Barral. Na República, o caso mais célebre foi o assassinato de João Pessoa. A história oficial diz que foi em um atentado político, mas os fofoqueiros de plantão dizem que, ele, enciumado por causa de um caso amoroso, de um inimigo político, com certa dama da sociedade paraibana, divulgou cartas dessa senhora para esse político. Em represália, o inimigo passou fogo na língua ferina de João Pessoa.

Mas nem só de chifres veve o homem. Há também, na sociedade pindoramense, alusões à pomba, chibata, mangará, verruma, caceta, pinto, peru, verga e outros nomes. Aliás, a mítica popular diz que ela é proporcional a certas partes do corpo como o nariz, a distância do punho ao dedo médio, ou ao tamanho do pé. Mas tudo isso são apenas ilações e mitos. Particularmente, já foi tempo em que eu dava importância a essas fofocagens de botequim. Ultimamente só paro para pensar quando estou próximo a espirrar. Fico sempre na dúvida se vai ser só um espirro, ou vai vir acompanhado de uma freada de caminhão fenemê, ou a ruptura de um vaso no olho, ou sangramento do nariz, ou pior, a ruptura de um vaso no cérebro.

Aqui, na gloriosa Campo Grande, temos um ditado que, quanto maior e exposição de um determinado bem, menor é o tamanho da bengala do indivíduo. Se assim for verdade, o que tem de homem de pinto pequeno nesta região dá para encher uns cem caminhões bitrem. É carro em que o indivíduo tira as partes traseiras e mete caixa de som e sai andando no último volume, carro rebaixado, caminhonetes super-hiper grandes, correntes que deixam o sujeito com a carcunda envergada para frente, e por aí vai.

Quanto à história da nareba, penso que foi algum turco com uma napa de sugar todo o ar da redondeza que inventou essa história e ela pegou. Aliás, os gregos já veneravam um deus, cujo nome era Priapo que tinha uma chibata que chegada nos joelhos – Te cuida negão da internet -, e que abençoava homens jovens e velhos na antiga arte da sedução e conjunção carnal, a famosa trepada.

Chifres, pintos e homens caminham sempre juntos até a morte de algum deles chegar. Nem sempre na mesma época, ou na mesma ocasião. Há situações, e são inumeráveis, em que a pomba vai primeiro, o homem depois, e o chifre por último. Aliás, na senectude do homem, sempre desaconselho um homem velho se casar com uma mulher nova.

Casamento de homem velho com uma mulher nova é igual orelha de vaca, longe do rabo, mas muito perto do chifre. Conta-se, uma história aqui em Campo Grande, que certo senhor, já beirando os oitenta, mijando naquilo que era seu, ou seja, nos pés, resolveu se casar com uma mocinha de vinte e cinco. Ao fazerem os exames médicos o resultado dela foi AS, ou seja, Apto para o sexo. No caso dele saiu a sigla AAPM, apto apenas para mijar.

Mas, como disse, são coisas da vida, ou apenas algo que alguém colocou na sua cabeça. E assim caminha a humanidade, chifrando e levando chifres, mas com toda a felicidade do mundo.

12 pensou em “SOBRE CHIFRES E OUTRAS ADJACÊNCIAS

  1. Eita Roque, suas reflexões inteligentíssimas são imperdíveis. Eu, pessoalmente, posso não ir à missa de domingo, mas não posso perder a leitura de seus ensinamentos.
    Maravilhoso!
    Tenha um final de semana cheio de saúde, paz e alegria, e, se tiver que lidar com guampas, tome cuidado com a reação dos guampados.
    Grande abraço,
    Magnovaldo

  2. Roque, quando vier para o lado de cá, não deixe de conhecer o bar dos cornos. Vai se divertir ao de “garçom, aqui nessa mesa de bar, você já cansou de escutar, centenas de casos de amor….”

  3. Valeu Roque, seu conhecimento cornístico é supimpa, tenho um conhecido que usa uma gaiada de respeito, é assumido, e quando bebe, é a diversão da mesa, fala sobre cornagem, da risadas e afirma, “dá pros outros mas dorme comigo, mantem a casa, paga o colégio das crianças, o aluguel, me dá uma grana pro buteco, temos carro zero todos os anos e eu ainda como e afirma: quem é o côrno, eu ou eles?

  4. Parabéns pelo excelente texto, querido Roque. Rir faz bem à saúde!
    Aqui em Natal, um dentista cornudo que já se encantou, dizia abertamente que chifre é igual a dente. Só dói quando está nascendo. Depois, a dor passa e o corno se acostuma.
    Juca Chave, na música “Sou Sim, e Daí?”(1972), repete o refrão diversas vezes: “Esta é a vida que eu sempre quis, eu sou cornudo mas eu sou feliz…”

    Uma ótima semana!

    https://www.letras.mus.br/juca-chaves/364548/

    • Violante, minha querida amiga. Nessas horas eu incorporo o espírito de Tavares, o marido canalha… “sou, mas quem não é…”. e rir de chifres, principalmente os dos outros, é a melhor coisa que tem… felicidades e boas risadas

  5. Casar com mulher mais nova não é mais problema. Aproveito para dar um conselho para os companheiros maduros: um “amigo” de 75 anos, há coisa de 10 sem dar uma, fez reposição hormonal e voltou à ativa. Tem recurso.

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