ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Este fim de semana estava cá, eu, balangando na minha rede de imbira, debaixo de minha taba, espantando mosquito com abano de folha de jissara e coçando a carcundinha de meus cachorros, ao mesmo tempo em que prestava atenção no que uns caraíbas traziam a respeito da fala do Luladrão e o seu pau mandado e boneco de ventríloquo, a senhora Amante, ou Coxa, também conhecida como Gleisi Hoffman a ladra de velhinhos do INSS. A conversa que eu estava assuntando era sobre a reforma trabalhista e a promessa de que, se o corrupto de Garanhuns voltar à presidência, vai anular essa dita reforma. E, na toada da manada, o sindicalismo tupiniquim está mais ouriçado do que formiga quente em dia de correição. Mas, explico, e aí peço ao curumim, um pouco de paciência com este velho caeté.

Dois dos pontos mais importantes da reforma, tanto para o empregador, quanto para o empregado, foi a adoção de critérios mais equilibrados nas demandas da justiça do trabalho (em minúsculo mesmo. Recuso-me a tratar no maiúsculos entidades parasitárias do estado Tupinambá). Com esses critérios, a judicialização de demandas trabalhistas passaram a tratar as partes com maior equilíbrio. Um grande amigo que trabalha na justiça do trabalho aqui do glorioso Mato Grosso do Sul, disse-me que as demandas caíram cerca de 80% de 2018 para cá, tão logo ficou claro que o lado que perdesse pagaria as custas processuais e os honorários. Isso em uma vara, segundo ele, 95% das ações era de má-fé, ou apenas vingança contra o contratador.

O segundo ponto, e talvez o mais significativo, e é aí que Amante e o Ladravaz mais se empenham é o famoso “imposto sindical”. Uma excrescência do tempo daquele Tcholo (índio dos pampas argentinos), o Getúlio Vargas, que atrelava os sindicatos às suas birras. Depois esse imposto virou fonte de arrecadação bilionária para a manutenção de uma estrutura parasitária, inepta, corrupta e antitrabalhador de Pindorama. Era descontado um dia de trabalho de todo trabalhador brasileiro, fosse ele sindicalizado, ou não, para o sustento de uma máquina que, em tese, deveria ser seu porta-voz.

Acontece que o sindicalismo brasileiro perdeu o rumo, perdeu seu norte magnético e sua bússola moral e ética. O sindicalismo brasileiro atrelou-se a uma visão de mundo que não existe mais. Deixou de ser a voz do trabalhador, na busca de melhoria da qualidade do ambiente de trabalho e de qualificação do trabalhador para ser, por um lado, apenas uma banca assistencialista e de distribuição de pão e circo, e, por outro lado, apenas o braço operante de uma quadrilha que se travestiu, há 42 anos, de partido político.

Aqui no Mato Grosso do Sul, o governo do estado conseguiu aprovar uma lei, em 2017 em que o professor que trabalha no regime de contrato passaria a ganhar cerca de 47% menos que o professor efetivo, mas fazendo o mesmo trabalho, com a mesma qualificação e a mesma carga horária. Quando nosso sindicato resolveu fazer uma assembleia para discutir o assunto, Inês já era morta. Ao se questionar porque isso ocorreu, pedi a palavra e disse que, enquanto nossos dirigentes sindicais estavam organizando excursões para ir até Curitiba para dar “bom dia” a um ladrão e corrupto, o governador do estado estava tramando essa crocodilagem. Fui convidado, gentilmente, por dois leões de chácaras, a deixar o recinto, pois, segundo os dirigentes sindicais eu estava tumultuando a reunião.

E essa situação não é exclusiva do sindicato que participo, mas sim, uma realidade nacional. O sindicalismo brasileiro deixou de ter foco no seu sindicalizado. O sindicato, para a maioria dos dirigentes sindicais é apenas uma desculpa para não trabalhar e para usar o sindicalizado como trampolim para o mundo da política. A federação de professores aqui do Mato Grosso do Sul tem, vejam bem, 42 anos de existência. Nesse tempo todo, somente duas pessoas ocuparam a presidência do mesmo. O primeiro, trabalhou apenas 3 meses em sala de aula, se aposentou como professor na direção da federação, depois partiu para ser secretário de educação, logo em seguida deputado federal e sumiu na currutela. O atual já disse que vai lançar-se candidato a deputado estadual (adivinhem por qual partido? Isso mesmo, a quadrilha travestida de partido político), e vai deixar a direção sindical.

Nosso sindicalismo recusa-se a deixar as fraldas. Teima em não crescer. Chama o trabalhador de proletário. Esseoutro dia, conversando com um amigo sindicalista, veio com essa lorota de proletário. Olhei para ele e disse para ele ir em uma empresa como Kepler Weber, International Paper e perguntar lá, quem é proletário. É bem possível que ele saia escorraçado com os ouvidos ardendo de “proletário é a p….”. Deixa pra lá! Esse sindicalismo não quer sindicalizados para lutar por eles. Quer apenas a bolada que o imposto sindical dispunha a cada ano. O sindicalismo brasileiro embarcou na canoa da esquerda para se transformar em entidades parasitas, cheia de vagabundos não sabem o que é local de trabalho, mas que decoram uns bordões tacanhos que seduzem outros que, de maneira vagabunda já perceberam o grande negócio que é um cargo sindical.

Entidades como CUT, Força Sindical, UGT, CGT et caterva estão pouco se lixando para o trabalhador. Apoiam o Ladravaz e sua sanha em desfazer a reforma trabalhista, não porque estejam preocupados com o trabalhador, mas sim com a volta desse famigerado imposto. Isto porque, sem esse dinheiro fácil, eles, em tese, teriam que trabalhar pelo filiado. Vejam como era a situação. Até 2017, o sindicato trabalhando, ou não pelo sindicalizado teria uma boa grana garantida. Aqui, a nossa federação tinha uma bolada de 79 milhões de reais garantidos, após 2018 caiu para menos de 53 mil reais. Por isso estão tão alvoroçados com a promessa de “desfazer” a reforma trabalhista. Não é pelo interesse em proteção aos direitos, que não são direitos, do trabalhador, mas sim pelo dinheiro fácil do imposto sindical.

Como sou caeté e gosto de provocar Nhambiquaras, Tupinambás, Kadwéus, Borôros, entre outros, em uma palestra aqui como senhor Carlos Gabas, aquele guabiru píu grasso do “Consórcio Nordeste”, que pagou uma bolada por respiradores artificiais, para uma empresa com o nome de maconha, durante a pandemia e nunca recebeu os aparelhos e nem o dinheiro pago, sobre a reforma trabalhista e a “perca” de direitos, no arremedo de português que eles usam, em uma universidade daqui de Campo Grande, ouvi esse senhor por 45 minutos falar que a reforma tirou direitos dos trabalhadores, que escravizava o trabalhador, sendo aplaudido pelos alunos profissionais integrantes de DCE.

Depois de toda a verborragia, sendo aberto espaço para questionamentos – questões a favor do palestrante, diga-se de passagem -, pedi espaço, saquei uma constituição que carrego no meu embornal – pode parecer absurdo, mas sou caeté, e como o saudoso Mario Juruna, ando precavido -, abri o capítulo 7 da Magna Carta e pedi ao senhor Gabas que apontasse quais dos 34 direitos inscritos ali, na Constituição de 1988 estava sendo abolido. Disse ainda que, como Direitos Trabalhistas é assunto constitucional, lei ordinária é inepta (caeté também é erudito) para modificar texto constitucional, e depois questionei se ele estava sendo apenas mentiroso, ou canalha? O resultado vocês já sabem. Fui expulso da palestra e solicitado a não mais botar os pés naquela universidade que diz pregar pela pluralidade e tolerância de pensamentos e ideias.

É nesse barco que nosso sindicalismo está. Precisamos, urgentemente, de um novo sindicalismo que se faça pelo sindicalizado e não se torne o algoz do sindicalizado para sustentar uma ruma de vagabundos e parasitas do trabalhador brasileiro.

6 pensou em “SINDICALISMO

  1. Roque bom dia, assino cada palavra de seu texto. Nos anos 70, jovem, sonhador, fiz parte do sindicato que ainda hoje com 51 anos de rodagem(ainda trabalho na iniciativa privada, na empresa onde iniciei minha luta pela sobrevivência), conheci seus calabouços e quando da fundação do PT, abri porquê nosso sindicato ganhava da máfia italiana, coisas absurdas aconteciam com a maior naturalidade. Comentei com meu pai e fui aconselhado para largar tudo enquanto tinha pernas para correr. Hoje sou grato pelos conselhos do meu honrado pai, pois vejo dirigentes sindicais com carrões que muitos patrões da atividade empresarial que eles recebem as contribuições (as minhas como exemplo), não os tem.

    • Fiz o mesmo Luiz. Abandonei, pedi minha desfiliação. Vagabundo nenhum vai se locupletar com o meu dinheiro. Fiquei feliz quando o imposto sindical acabou. Agora, sindicalista, ou trabalha pelo sindicalizado, ou vai ter que pegar no batente de novo.

  2. Sobre a Reforma Trabalhista e os honorários periciais e advocatícios sucumbenciais, o STF – ai, ai… -, em sede de ADI, julgou inconstitucional o pagamento dos honorários se o trabalhador que perder a causa for beneficiário da justiça gratuita.
    Estão de volta as ações de má-fé, ações na base do ‘se colar, colou’…

  3. Justiça do Trabalho pode criar nova onda da covid: a de indenizações absurdas
    CLÁUDIO HUMBERTO, in Diário do Poder – 14 Fev 2022

    Juristas avaliam como certa a tendência de uma onda de indenizações na Justiça do Trabalho para empregados que contraírem covid na volta à rotina. Apesar de ser impossível precisar onde alguém foi infectado, na maioria dos casos, seja no transporte coletivo, em festas ou até em encontros familiares, a expectativa é que seja aplicado o “nexo de causalidade”, concluindo que a infecção foi no ambiente de trabalho. Isso significa, na prática, que vai sobrar novamente para o empregador.
    Tendência negada
    A ministra Maria Cristina Peduzzi, presidente do TST, não vê isso. Ela observa temas mais recorrentes, relacionados a verbas rescisórias.

    Vejam lá o que essa inutilidade está preparando parda enfiar no toba dos empregadores.
    Já está passada a hora de nos livrarmos dessa praga.

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