PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Nua. Lambendo-lhe a epiderme lisa
por sob a qual o sangue tumultua,
caiu-lhe aos pés, em flocos, a camisa,
deixando-a nua… inteiramente nua…

O pé, que a alvura do banheiro pisa
mal os dedinhos róseos insinua
na água, que em largos círculos se frisa,
logo, fugindo lépido, recua…

Passa por todo o corpo um arrepio,
duros e brancos, hirtam-se de frio
seus dois peitinhos. Tímida, medrosa,

corre a mão sobre o ventre torneado…
Nisto, lembrando, acaso, o namorado,
toda se tinge de um rubor de rosa…

José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque, Recife-PE (1867-1934)

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