Este fim de domingo, com minha providencial preguiça caeté, lendo a coluna do grande amigo, potiguara famoso, doutor de finanças e numerários, Maurício Assuero, fiquei-se-me a pensar sobre o dito “inquérito do fim do mundo”, como o ex-ministro supremo Marco Aurélio Mello disse, e a previsível conclusão: a continuar o estado das coisas, esse inquérito será infinito, não poderá parar, pelo menos, enquanto esta geração estiver viva.
E, o motivo é muito simples; o arquivamento do inquérito, na atual fase, em que não vai nem para frente, nem para trás, não significará a desmoralização total do Supremo Tribunal Federal. Desmoralizado o STF já está. O que haverá será a destruição do Poder Judiciário, de sua base até seu topo, e não somente do STF, mas também, do Ministério Público como um todo. Desde o juiz mais desimportante de uma comarca esquecida lá na cabeça do cachorro, no Amazonas, ou mesmo de um municipiozinho mais xexelento de algum grotão perdido nesta imensidão de terra, até o ministro supremo que come lagosta e bebe vinho premiado. E digo, destruição no sentido literal. Nem o general Tito, filho do imperador Vespasiano conseguiu fazer terra arrasada, como o atual inquérito fará, caso seja arquivado.
O problema desse inquérito é que ele chegou a um ponto sem volta. Esquecendo das lições de Sun Tzu na sua Arte da Guerra, os atuais ministros supremos ultrapassaram um ponto sem volta e sem porta de saída minimamente honrosa que faça com que o inquérito seja arquivado e as honras saiam, pelo menos encardidas, pois limpas já não digo mais.
Sun Tzu já dizia, naquela famosa obra que, todas as vezes que um exército for enfrentar outro exército inimigo, e sendo ele mais poderoso, sempre deve deixar uma porta de escape para esse inimigo, pois, caso contrário só restará àquela força, ou a vitória, ou a destruição completa, e nessa situação, ninguém escolherá a destruição, só restando a vitória, mesmo que o seu inimigo seja mais forte, ou em maior número. Esse é o grande erro que os grupos terroristas islâmicos cometem em relação a Israel, e por isso sempre levam fumo.
No inquérito do fim do mundo, segundo Marco Aurélio, os ministros supremos cometeram esses mesmos erros: falaram fora dos autos, fizeram pré julgamentos, deram declarações açodadas (para a minha querida Violante Pimentel), empavonaram-se em entrevistas adolescentes e dirigidas, deixando o orgulho e o ego falarem mais alto que a prudência e a sabedoria, foram a manifestações de moleques irresponsáveis e espinhentos e caíram na mesma esparrelas desses moleques, com o famoso “derrotamos isso”, “derrotamos aquilo”, pronunciaram-se antes mesmo de ler uma linha de um processo.
O Supremo andou e ainda anda por uma ponte e vai destruindo a ponte atrás de si. Dessa forma, fica sem espaço para recuar, ou mesmo sem caminho lateral. Só há um caminho para ele. Radicalizar ainda mais e andar para frente, mesmo sabendo que o abismo está a poucos centímetros de seus pés. Eu não digo que o STF chegou a um ponto de ruptura, haja vista a nossa ética ser muito, mas muito elástica, então esse cordão ainda pode ser espichado.
Ele, o STF, chegou a um ponto sem volta nesse inquérito. Só resta caminhar para frente, rumo à sua autodestruição como instituição. Não há como voltar porque não existe mais essa ponte que o faria recuar. Não há como andar para o lado, pois não existe espaço para isso, nem, como eu disse, para tentar salvar a toga, com algum encardido. A toga já está suja. O comportamento que se percebe é que, só basta aos ministros, enrolarem as togas sujas e enlameadas em seus ternos bem cortados e seguirem em frente rumo à destruição.
Eu não acredito que nenhum desses ministros supremos não tenham lido Sun Tzu. Leram, mas aplicaram, com sinal invertido, as lições daquele sábio guerreiro chinês. O que resta é a autoaniquilação, e não a do outro, a única saída possível. Destruição que vai abalar os pilares da relação entre o Estado e o cidadão pelo resto do século.
Excelente arrazoado!
É um perfeito resumo do Brasil no presente: graças à leniência/cumplicidade/apoio de outros “poderes” associados, um arremedo de ditadura judiciária que não tem como evoluir sem afundar ainda mais em sua ilegitimidade. E não pode simplesmente desistir e voltar atrás, pois não há como corrigir os imensos erros perpetrados em nome de uma tal “democracia”…
Somos um país sem leis, posto que os pseudo-ditadores as criam a seu talante, desrespeitando tudo o que não lhes convém.
Pode dar certo um país assim?
Não tem como Roberto. Como eu disse, chegou-se a um ponto sem volta. A única saída é a destruição total do judiciário. E isso se dará na base da ignorância, do arbítrio e de mais prisões. Os ministros já perceberam isso, mas como são anões políticos e rasos moralmente, só podem ir para a frente. Não há mais como voltar atrás. Mesmo o projeto de anistia que se arrasta no legislativo terá o condão de pacificar a nação, porque essa hora passou. Só resta partir para a ignorância.
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Né lembra aquela sátira dos 300 de Esparta. Se algum fubanico tiver legal seria mostrar. Só restou aos espartanos enfrentar o exército persa.