FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Li e muito aplaudi o artigo do sociólogo Demétrio Magnoli, intitulado Mourão e os manés, publicado na página A7 da Folha de São Paulo, sábado 7 de janeiro, parecendo adivinhar os barbarismos cometidos, no dia seguinte, na Capital Federal, financiados por alguns manés fascistas portadores de alguns bons reais, auferidos sabe Deus como.

Em dezembro passado, reli Vinicius de Moraes e me extasiei com um dos seus poemas, aquele que dá um oportuno puxão de orelha nos autoconsiderados “puros”. E não sei por qual razão me lembrei daqueles que se imaginavam delegados do Povo Brasileiro para promoverem, através de uma ações financiadas, destruição física de instituições federais brasilienses, mesmo que para isso se jogasse na cesta de lixo uma soberania nacional ainda muito fragilizada pelos inúmeros sucateamentos provocados, no último mandato, por um dirigente inculto, ambicioso, truculento, covarde e fujão.

Creio que a ilação feita se deveu por causa de uma leitura não recente de dois trabalhos, um do professor José Walter Bautista Vidal, PhD em Física, e um outro do também PhD, embora em Economia, Adriano Benayon do Amaral. Publicados numa coletânea recebida pelos correios e denominada Movimento Nativista – Brasil Acima De Tudo, cujos documentos divulgados são chancelados pelo Núcleo de Estudos Estratégicos Matias de Albuquerque, à época sob a coordenação do coronel paraquedista Francimá de Luna Máximo, da Reserva do Exército Brasileiro.

Nas considerações do professor Bautista Vidal, denominadas “O Gatt e o Brasil – A Lei das Patentes”, ele se declara testemunha da perplexidade de um alto funcionário da OCDE, a organização dos países ricos, “diante da maneira como altos funcionários brasileiros capitulam, de modo desnecessário e estranho, ante interesses de corporações transnacionais e de países hegemônicos”. E é o próprio Vidal quem complementa: “de tanto capitularem terminam se transformando em ofertadores de benesses para os ricos, às custas da miséria do povo brasileiro”.

Nas análises do professor Benayon há um trecho dele que merece ser aqui citado, por muito oportuno: “Muitos podem pensar que não temos boa vontade em relação à nova moeda e ao ‘plano’ econômico em marcha. Não se trata disso. Nós desejamos o bem do País e estamos justamente contrariados com o seu desgaste, causado pela maneira superficial e enganosa de fazer política econômica”. E o PhD em Economia ainda afiança: “O que estão chamando de nova ordem internacional pode ser tudo, menos ordem. A concentração contínua contradiz o próprio centro, que, ao se hiperinflar, termina por atrofiar as semiperiferias e extinguir toda a seiva das periferias. Esgotadas estas, não haverá mais centro”.

E os versos do poeta? Transcrevo duas estrofes suas, encarecendo ao leitor amigo, aqueles pensantes que não xingam as dignas mães de ninguém, dispensar mais uns minutos de reflexão, para o bem de um Brasil para todos os brasileiros racionais. A primeira: “Ó vós, falsos Catões, chichisbéus de mulheres/ Que só articulais para emitir conceitos/ E pensais que o credor tem todos os direitos/ E o pobre devedor todos os deveres”. A segunda: “Ó vós, homens da sigla; ó vós, homens da cifra/ Falsos chimangos, calabares, sinecuros/ Tende cuidado porque a Esfinge vos decifra…/ E eis que é chegada a vez dos verdadeiros puros”.

Sejamos cada vez mais reflexivos. Menos puritanos, mais capacitados, consistentes e fraternos. Menos preocupados em enviar esculhambações para articulistas ou cartas às redações, horrorizando-se com expressões aparentemente chulas ou interpretando o que nunca foi escrito.

Sejamos mais solidários com todos aqueles que ainda ousam sonhar um Brasil para brasileiros, inserido num Concerto das Nações, onde prevalecerão portentosos comentários criativos e muita coragem propositiva para salvaguardar interesses nativos.

Recomendaria leituras construtivistas que sedimentem iniciativas convincentes, sem ódio e sem medo, tampouco intenções fascistoides. Uma delas: A RECONSTRUÇÃO DE UM ESTADO PARA O SÉCULO XXI, Francisco Gaeta e Miguel Lago, Rio de Janeiro, Editora Cobogó, 2022, 256 p. Páginas que orientam como profissionalizar as transições de governo, favorecendo o exercício de uma sadia convivialidade entre os de pensares diferentes. Sem agressões nem fugas acovardadas. Nem xingamentos impróprios.

Saibamos jogar, nas latas de lixo da História, aqueles comentários que apenas apedrejam ou insultam as dignas mães brasileiras, talvez porque os detratores nunca tenham sido abençoados por uma.

7 pensou em “PARA OS “PUROS”, INCULTOS, MANÉS E ALOPRADOS

  1. Minha maldição não vai para a digníssima senhora sua mãe. VAI PARA O SENHOR!

    CONSIDERE-SE EXCOMUNGADO!

    Não se pode servir a dois senhores. Ou é cristão, mesmo que hipócrita e babosamente, como o senhor, ou se apoia comunistas.

  2. Não entendo como este jornal, que tem colunistas do porte de Augusto Nunes, Adonis Oliveira, Alexandre Garcia, José Paulo Cavalcanti, Guilherme Fiuza, J.R. Guzzo, e tantos, tantos outros de altíssimo gabarito, dá espaço para um comuno-petralha senil e desmiolado feito esse tal de Fernando Gonçalves. Isso é um esquerdinha cego que só a porra. E ainda se diz cristão. Puta merda!!!!!!!!!!!!!!!!

    • Glauco, o JBF tem o caráter de favorecer um debate amplo de ideias. Não tenho autorização do editor pra falar isso, mas tivemos aqui colunista declaradamente lulista daquele que não enxergavam um fio de cabelo de lula com algum nível de culpa. Eu acredito que essa forma de aproxima mais de um espaço democrático.
      Todos nós temos o direito de discordar de qualquer texto aqui publicado. Eu já discordei demais de um determinado colunista que pra não parecer nada pessoal, preferi deixar de comentar a coluna, embora continue lendo.
      Já discordei de Fernando e volto a fazê-lo porque entendo que a expressão “manés” não traduz o respeito de um kardecista pelo sentimento de um povo. A doutrina nos ensina a nos colocarmos no lugar do outro quando formos julgar – nem cabe a nós fazer isso. Em sã consciência quem discorda dos atos de 08/01 não pode ter amnésia e esquecer o que Bruno Maranhão fez com o MST no governo Lula. Não pode esquecer que o MST tocou fogo no ministério da agricultura, não pode esquecer que eles invadiram um laboratório de pesquisa em São Paulo e acabaram com 20 anos de pesquisa, não pode esquecer que invadiram a usina belo monte.
      Eu sou um cientista porque faço ciência, assim como Fernando fez como professor, e tenho receio de que breve poderei agir como Galileu perante a inquisição. Herói morto não serve pra nada.

  3. Agradeço aos “elogios” feitos, que muito comprovam o nível de serenidade dos comentaristas, todos eles certamente democráticos de cabo a rabo.

  4. “Não há nenhum registro na história de que comunistas foram vencidos por meio de diálogos, reclamações, ameaças e bravatas. O comunismo sempre foi vencido e erradicado por meio das armas, porque o poder das armas é o único poder que os criminosos temem.” (Marco Frenette). Fica a dica.

  5. Prezado Sr. Fernando,

    Fique bem claro que a última coisa que eu me considero é DEMOCRATA. Muito mais especialmente quando se trata do tipo de “democracia” pregada pelos comunas, que nem o senhor, apenas para se utilizarem de uma multidão de retardados para açambarcarem o poder.

    Assim, pode guardar a sua “democracia” para o senhor mesmo. Estou fora!

  6. Pingback: NÃO PODE ESQUECER | JORNAL DA BESTA FUBANA

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