JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Leopoldo Nachbin nasceu em 7/1/1922, em Recife, PE. Professor, matemático e um dos fundadores do IMPA-Instituto de Matemática Pura e Aplicada e do CBPF-Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Ficou conhecido pela formulação do “Teorema de Nachbin”, usado para estabelecer um limite no crescimento de uma função analítica.

Filho de Léa Drechter Nachbin e Jacob Nachbin, uma família judaica, vinda da Europa em princípios do século XX. Ainda criança demonstrava interesse pela matemática e estudou num colégio onde foi amigo inseparável de Clarice Lispector. Mais tarde, quando já era escritora famosa, ela relembrou a antiga amizade numa crônica – As grandes punições – publicada no Jornal do Brasil em 1967 e dizia que ele era “um dos maiores matemáticos que hoje existem no mundo”.

No colégio foi aluno do prof. Luís Freire, conhecido estimulador de talentos, que o aconselhou a estudar no Rio de Janeiro, para onde se mudou aos 17 anos. A partir de 1940 e, simultaneamente com o curso de engenharia, frequentou como ouvinte o curso de matemática, pois não era permitido a matrícula em dois cursos ao mesmo tempo. Ainda aluno, tornou-se auxiliar de ensino no curso de cálculo infinitesimal, em 1941, e no mesmo ano publicou seu primeiro trabalho acadêmico, aos 19 anos, nos Anais da Academia Brasileira de Ciências. Em 1943 graduou-se em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil.

Em 1947 foi contratado como professor da Faculdade Nacional de Filosofia e no ano seguinte prestou concurso de Livre Docência em Análise Matemática na mesma faculdade. Mais tarde tornou-se professor titular do CBPF-Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e UFRJ-Universidade federal do Rio de Janeiro. Em 1948 foi estudar nos EUA, na Universidade de Chicago e manteve contatos com renomados matemáticos, como André Weil, Jean Dieudonné, Marshall Harvey Stone e Laurent Schwartz.

Na década de 1950 foi empossado na Academia Brasileira de Ciências. Lindolpho de Carvalho Dias, um dos primeiros diretores o considerava “excelente matemático, extremamente competente”. Fundou, também, a ELAM-Escola Latino-Americana de Matemática, em 1967. Foi o primeiro matemático a receber o prêmio Moinho Santista, em 1962 e primeiro brasileiro a palestrar no Congresso Internacional de Matemáticos, na Suécia, naquele ano.

Publicou 10 livros, a maior parte no exterior e centenas de artigos em revistas especializadas. Foi editor da prestigiada série “Mathematical Studies”, publicada pela editora North Holand. Suas contribuições situam-se nas áreas de Análise Funcional, Análise Harmônica, Topologia, Álgebras Topológicas, Teoria da Aproximação e Holomorfia em Dimensão Infinita. Segundo ele mesmo, seu trabalho mais importante é o estudo dos espaços Hewit-Nachbin.

Foi professor visitante e conferencista em renomadas instituições: Institut des Hautes Études Scientifiques (IHES), as Universidades de Paris VI, Chicago, Oxford, professor titular da University of Rochester e da Escola Normal Superior de Pisa. Em 1970, recebeu uma medalha honorífica da Universidade de Liege e, em 1973, recebeu o título de professor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco. Recebeu, em 1982, o Prêmio de Ciências Bernardo Houssay, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e, nesse mesmo ano, por ocasião de seus 60 anos, foi homenageado com um simpósio internacional de matemática realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas concedeu-lhe o título de professor Honoris Causa em 17/8/1989. Faleceu ainda jovem aos 67 anos, em 3/4/1993, em plena atividade. Em agosto de 2014, a biblioteca do Instituto de Matemática da UFRJ passou a denominar-se “Biblioteca Professor Leopoldo Nachbin”.

6 pensou em “OS BRASILEIROS: Leopoldo Nachbin

  1. Fantástico. Um talento fora do comum na área de matemática. O engraçado era que as pessoas, geralmente, não buscavam matemática como formação. A matemática continuava como meio e não fim. A prática era fazer engenharia e só fazia engenharia quem era bom em matemática. Não sei se na época de Magnovaldo como estudante tinha um curso específico sobre matemática. Eu quando estava me submetendo ao vestibular no início dos anos 1980, fui instruído a colocar engenharia como primeira e segunda opções e matemática como terceira… fiz o contrário.

  2. Olá Brito esta sua postagem me levou à uma viagem no tempo! Creio que em seu tempo na Canuto eu ja me dedicava com muita atenção ao IMPA fundado por Nachbin e outros importantes matemáticos. Creio que essa ligação com os matemáticos brasileiros durou até o fim dos livros impressos. Nós tínhamos ótimas ligações com diversos institutos de matemática do Brasil. Abraços

    • Olá Jonny Wolff
      Que alegria receber sua mensagem/comentário!!!
      Me “alembro” sim dos velhos tempos na Livraria Canuto. Do tempo em que atendíamos os grandes centros de estudo da matemática entre outras ciências. Eram grandes lotes de livros importados e embarcados para diversos institutos/universidades em todo o Brasil. Tenho saudades desse tempo. Você está no Ceará, virou cearense? Gostaria de ver o sotaque alemão misturado com o nordestino.

      Grato pelo contato e abraços
      Brito

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