És Aquela que tudo te entristece
Irrita e amargura, tudo humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.
Aquela que o sol claro entenebrece
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina e aquece!
Mar-Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chão como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!
És ano que não teve Primavera…
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!…
Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)
Eu acho que a rapariga a quem foi dedicada este poema não ficou muito orgulhosa.
Eu não consigo imaginar palavras mais duras para descrever alguém.
No fim ainda a trata com ironia; “Ó Princesa Encantada da Quimera!…”
Bela sabia ser cruel com maestria.