XICO COM X, BIZERRA COM I

Palavras dormem quietas, abraçadas aos Poetas, que lhes acariciam ternamente sob o mesmo manto, sob a proteção do mesmo lençol. Despertas, elas viram Poemas. Ou Contos. Às vezes, Novelas ou Crônicas, como esta. Algumas, de tantas que são, transformam-se em longos Romances. Uns escritos terão a sorte de serem lidos e até admirados. Outros, pelo azar bafejados, esconder-se-ão nas veredas escuras dos livros nunca abertos. Outros mais, menos sorte que aqueles, sequer terão despertado o interesse de Editores ou Editoras e, anônimas palavras, assim permanecerão no fundo de uma gaveta, impedidas de provocar emoção em quem as pudesse ler. Continuarão íntimas, apenas, de quem um dia as juntou com cuidado e carinho. Aqueles que alcançam a ventura de verem suas palavras publicadas terão que se submeter aos ‘donos da verdade literária’ (menos mal que hoje são poucos pela falta de quem os leia) que, por ciúme ou inveja, irão hostilizá-los, com críticas infundadas e sem substância cognitiva. E assim vai-se escrevendo até o dia em que a certeza supere a leve impressão de que não vale a pena acordar as palavras. Deixá-las a dormir talvez seja a melhor opção. É o que penso fazer muito em breve. Afinal, como o escritor, também as palavras merecem um bom sono. Pelo menos não infortunarão eventuais leitores.

2 pensou em “O DURO OFICIO DE ACORDAR PALAVRAS

  1. Mestre Zé Paulo,
    Palavras: soa -me racional a ideia de deixá-las a dormir. Só assim não perderão sua magia nem nos submeterão ao risco de suas imprevisibilidades.

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