Editorial Gazeta do Povo
O mapa-múndi invertido preparado pelo IBGE e divulgado por seu presidente, Marcio Pochmann: Brasil “quase” acima de todos
Há muitas décadas, os brasileiros alimentam a esperança de ver o país mais desenvolvido e próspero. No entanto, o progresso continua lento – muito aquém do desejado – como revela o mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nesta semana. Segundo o levantamento, o Brasil ocupa, em 2023, a 84ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), exatamente o mesmo lugar de 2015, com um índice de 0,786. Em relação ao ranking atualizado de 2022, houve um avanço modesto: subimos apenas duas posições. Vale lembrar que, na versão inicial do ranking de 2022, o país aparecia em 89º lugar, mas os números foram atualizados posteriormente.
O IDH brasileiro é hoje equivalente ao de Palau, um arquipélago no Pacífico com cerca de 18 mil habitantes, formado por 340 ilhas (algumas minúsculas), ameaçado de desaparecer com a elevação do nível do mar. É também apenas 0,001 ponto superior ao da Moldávia, pequeno país do Leste Europeu com 2,5 milhões de habitantes, que vive sob constante tensão desde a invasão russa à vizinha Ucrânia, pressionado por movimentos separatistas e tentativas externas de interferência política.
Embora o Brasil tenha apresentado aumento contínuo no IDH nas últimas décadas – com exceção do ano de 2015 e do período da pandemia, quando o mundo todo enfrentou retrocessos –, o ritmo do progresso nacional tem sido visivelmente mais lento que a média global. Para se ter uma ideia, em 2002 estávamos na 63ª posição; em 2010, caímos para a 73ª; em 2015, para a 84ª; e, em 2023, com o 86º lugar. E o resultado brasileiro em 2023, poderia ter sido ainda pior. Quando se leva em conta a desigualmente social, o Brasil cai drasticamente, ficando apenas na 105ª posição global.
O resultado – que a máquina de propaganda do governo federal chamou de “salto” na melhoria da qualidade de vida da população e consequência das políticas federais – mantém o país entre os piores da América Latina, à frente apenas de Paraguai (99º), Bolívia (108º) e Venezuela (121º). Ficamos atrás de Chile (45º), Argentina (47º), Uruguai (48º), Peru (79º) e Colômbia (83º). No topo do ranking global estão Islândia (1º), Noruega (2º), Suíça (3º), Dinamarca (4º), Alemanha (5º) e Suécia (6º). Os Estados Unidos ocupam o 17º lugar.
O ranking do Pnud avaliou 193 países com base em dados de 2023 sobre expectativa de vida, escolaridade e padrão de vida, medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita ajustada pela paridade de poder de compra (PPP). No caso brasileiro, a ligeira melhora no índice deveu-se, sobretudo, ao aumento da expectativa de vida, que passou de 74,87 anos em 2022 para 75,85 anos em 2023, e ao crescimento da renda bruta per capita nacional – calculada sem contabilizar deduções de impostos e tributos –, que passou de US$ 17,5 mil para US$ 18 mil. No campo da educação, porém, seguimos estagnados: a média de anos de escolaridade permanece em baixos 8,43 anos, evidenciando mais uma vez a fragilidade estrutural do setor.
Não por acaso, o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), também divulgado recentemente, revelou um dado alarmante: 29% da população brasileira pode ser considerada analfabeta funcional. As avaliações internacionais, com rigor quase implacável, continuam a escancarar o abismo entre o Brasil e as nações que souberam investir de forma séria e contínua em educação e os efeitos nefastos da falta de uma educação voltada para a excelência.
Os dados do IDH evidenciam, mais uma vez, que o país ainda tem um longo caminho a percorrer até alcançar o verdadeiro desenvolvimento. São décadas de negligência, falta de planejamento de longo prazo, investimentos ineficazes por parte dos governos e políticas populistas e eleitoreiras. Virar o mapa-múndi de cabeça para baixo, como fez o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sob a gestão de Márcio Pochmann, não será suficiente para mudar a realidade brasileira e colocar o Brasil entre os países desenvolvidos.
Esse aí mostrou verdadeiramente como o Brasil está atualmente, de cabeça para baixo.
Está vendo como o governo petista realmente deixou o Brasil.