“Trem de bois” (seis) para uma carga mais pesada
“Naqueles tempos, e desde o princípio……” contavam e contarão sempre os mais velhos, quando tiverem o prazer de serem escutados por uma roda arenada de crianças, ávidas para conhecer os tempos da felicidade.
Pois, atenção! – era assim: mais de uma semana, para dois hábeis carpinteiros, com reduzida quantidade de ferramentas à disposição, trabalharem desde o clarear do dia, até ser necessária a luz de lamparina, na confecção de uma ou das duas rodas de madeira. Com as calejadas e até feridas mãos, mas com Fé na orientação divina, tudo faziam para atender as encomendas.
Muitas encomendas, digamos. Um carro de boi especial, era como um moderno veículo blindado dos dias atuais. Sob encomenda.
Duas rodas de madeira, o “eixo” e a justeza na colocação dos carretéis ou roldanas de encaixe para garantir a movimentação. Em alguns casos, a falta dessa engrenagem suscitava, também, o fabrico de encaixe de madeira. Ali, naquele encaixe, era imaginada uma forma de adicionar o “breu” – por isso, com o tempo de uso, era fácil ouvirmos aquele som irritante e estridente do besouro mangangá” quando as rodas estavam em movimento.
– Diiiiiaaaaa!
Era esse o cumprimento de quem, como “schoffer”, conduzia o carro de boi na estrada vicinal nos povoados e sertões de Norte a Sul. Muitas vezes, aquele cumprimento não encontrava destinatário, que provavelmente havia saído cedo para cuidar da roça. Por centenas de vezes, além do som de mangangá produzido pelo movimento da roda no breu, o que se ouvia era o latir do cachorro e, alguns metros depois, o estalar do chicote no tanger do boi.
Carro de boi no transporte da madeira que será “combustível”
Hoje, os moderninhos das escolas pós-Paulo Freire, se acostumaram rotular um veículo que faz o que fazia o carro de boi, de “utilitário”. Nada contra.
Sem uma única preocupação com o preço da gasolina ou do diesel, os donos de uns poucos carros de boi (esse veículo é puxado por uma parelha de bois e nunca tivemos explicação do “desuso” deles como carne para ser consumida quando envelhecem, ou são substituídos por outras parelhas) estenderam ao máximo a utilização, variando de acordo com a necessidade da demanda.
Transporte em geral, por conta do “modismo” que imperava nos interiores, e por conta do estado vicinal das estradas e dos caminhos sem qualquer tipo de urbanização – mas, também, sem tantos buracos como as modernas estradas estaduais e federais dos dias atuais. Por anos, o boi e não o carro, teve serventia na movimentação da “bolandeira” das casas de farinha.
Eis que, a partir da “pandemia” provocada pelas guerras e de outros movimentos sociais anteriores, surgiram a Ford e a GMC, e nos apresentaram os caminhões movidos pelos combustíveis de hoje – mas com a “partida” dada pelas manivelas. Eita coisa mais antiga!
E isso, de forma paulatina, proporcionou a diminuição que levou ao quase desaparecimento do carro de boi, e, esses animais, finalmente puderam descansar. E, infelizmente, foi a vaca que passou ir para o brejo.
Os carros sem os bois aos poucos perderam utilização
Finalmente, os carros e suas rodas de madeira feitas por mãos hábeis e perseverantes, estão fora de uso (no município maranhense de Mirinzal ainda existem, e funcionam, para bem-servir à comunidade que, pasmem, só dispõe de longas estradas vicinais. Em que pese a ousadia governamental de, um dia, se candidatar para resolver todos os problemas brasileiros.
Tudo, literalmente, carros e rodas, nada mais são hoje, que figuras transformadas em motes de poesias, que falam de saudade. Saudade do homem bom e trabalhador. Saudade da Terra e das suas milhares de serventias.
O boi triste e aposentado já não puxa mais os carros – foi substituído pelo “horse”
A transformação dos tempos que nos apresentou o “utilitário”, preterindo o boi, e preferindo o cavalo, sejamos sinceros, serviu para, ao mesmo tempo levar ao esquecimento aquele romantismo que existia nas fazendas, chácaras e sítios.
As vacas, que passaram a ter mais a presença dos seus machos nas “quarentenas”, estão indo mais ao brejo. Agora, para lavar as mãos (uuuiii!) com álcool em gel.
Em tempos de quarentena, ler algo assim ajuda qualquer um a não ficar maluquin
Mas para abrilhantar ainda mais seu texto sugiro colocar ao final dele este link
https://m.youtube.com/watch?v=plVcT2UFfOk
Domingos, bom dia. Agradecido, amigo. Eu não sabia mesmo que o nome do “schauffer” era “carreiro”. E a gente pensa que sabe muita coisa, né não?
Bom dia ZéRamos! Só voce para regatar estas lindas histórias dos “nossos” tempos de criança e adolescencia. Confesso que não gostava do barulho, achava irritante e só mudei de idéia quando adúltero (êpa, eu quis dizer adulto, esta quarentena esta acabando comigo!), quanto aos caminhões, aprendi a dirigir em um Chevrolet/47 movido a manivela, para passar as marchas, era necessário pisar na embreagem duas vezes (cambio queixo duro), hoje sinto saudedes destem tempos. Bom domingo amigo!
Marcos, uma colherada de emulsão Scott para você, bem cedim e nim jejum, macho véi! Agradecido pelo carinho e pela generosidade do comentário. Vamos defenestrar esse corona, permanecendo em casa e enchendo o saco da mulher!
EU TAMBÉM JÁ FUI CARREIRO
NAS QUEBRADAS DO SERTÃO
MÁS GUARDEI MINHA MACACA
E A VARA DE FERRÃO
MACACA É PRA CABRA RUIM
E PRA BOI DE CARRO NÃO…
A FOTO COM DOIS CARROS DE BOIS AUTÊNTICOS, SÃO DE NOSSA ÉPOCA EM BOA VISTA DO BARÃO, OURO VELHO PB.
ESSE MODELO DE CARROS COM TRES JUNTAS DE BOIS É RIDÍCULO E INAPROVEITADOS, DOIS LEVAM TUDO…
A FOTO DO BOI(?) XIFRUDO, É DE UMA VACA KKKKK
… ESQUELETOS DE CARROS DE BOIS É O QUE MAIS SE VER POR AQUI!!
VALDEIR MORAIS
Valdeir, obrigado companheiro. Essa da “vaca” não teve jeito. Quando percebi as tetas da “bicha” o material já tinha seguido e eu não quis incomodar o Editor pela quantidade de afazeres. Agradecido pela dica. Jamais me irritaria num momento de aprendizado. Que Deus nos tenha, sempre.
Existe uma música de nordestino, que diz, em alguns de seus versos, o seguinte:
Carro de boi que não geme não é bom/
Carro de boi bom é o gemedor.
Desconheço, ignorante que sou, o autor da música. Mas ela sempre surge na memória quando vejo um carro de boi, em alguma foto ou gravura. Viajei algumas vezes entre Santana do Ipanema (AL) e Olho D’Água do Amaro, num carro de boi do meu primo Lourival, que era agricultor e marchante nas feiras semanais daquele município alagoano. Ainda hoje lembro do som que fazia o eixo do carro em atrito com os cocais de umburana, devidamente lubrificados com sebo. Ô sodade da gôta serena!
Hélio, agradecido pelo comentário enriquecedor, irmão. Esse lubrificante eu desconhecia. Que legal! Eu sabia que “sebo de carneiro” era bom e usado no interior, para “abaixar” inchaços. Valeu pela informação.
Bem observado, meu caro Hélio. O sebo era de suma importância para o bom desempenho do carro de boi. As vezes, fico matutando tentando me lembrar das partes que compunham o carro: canzil, canga, fueiro, requevém e tantas outras.
Beni: será que aquela nossa expressão ligada ao povão interiorano, “sebo nas canelas” teria algo com isso? Lembro que, na infância, minha Avó fazia uma meizinha onde continha banha de galinha caipira para curar inflamações nas nossas gargantas.
Grande Zé Ramos e suas belas memórias. Me fez lembrar do meu velho pai, quando jovem. Carreiro dos bons, lá no sertão das Alagoas. Um grande abraço sem covid-19, já que somos idosos e não podemos nos dar a essas extravagâncias.
Beni: muito obrigado. Filho de “carreiro” é “carreirinho”? Me permita dizer uma coisa: ainda nos dias de hoje, a gente encontra em alguns interiores maranhenses, onde ainda existem descendentes de quilombos alguns carros de boi. Existe uma região no Maranhão (no litoral norte), denominada de “Baixada Maranhense”, onde está situada Alcântara, cidade histórica onde funcionará a estação planetária do SVT.
Só Zé Ramos, tendo nascido no início da década de quarenta, do século passado,seu artigo,transportou-me para um tempo que o choroso cantar de um carro de boi fazia com que a molecada deixasse seus folguedos para tentar pegar uma carona no carroção, isso é, se o carreteiro deixasse.Quanto a vaca da foto, era a diversão do boi de carro, depois de um longo dia de serviço pesado né não ? ( Nesses tempos bicudos, se cuide companheiro)
Paulo: saúde meu irmão. Depois que postei a vaca e enviei para o nosso papável Editor, foi que percebi as tetas da bicha. E como não sei de nenhuma vaca “trans”, tive que assumir o engano. Mas, a sua observação me deixou curioso: por que raios, só o boi puxava os carros? Por que só os jumentos e os burros puxam carroças. Afinal, muitos querem esquecer essa coisa de “gênero”, né não? Vou pesquisar. Vou descobrir o e-mail de Pablo Vitar. Talvez ele saiba e me explique.
BOA TARDE BENI TAVARES, SE VOCÊ CONSULTAR O GOOGLE, VOCÊ ACHA, MAS VAMOS LÁ:
CABEÇALHO E A HAVE, PARTE QUE SEGURA O TAMOEIRO NA CANGA
CANGA COM QUATRO CANZIS E DUAS BROCHAS ( AS ARREATAS DE COURO QUE PRENDE NO PESCOÇO DO BOI)
CHEDAS, PARTES LATERAIS ONDE COLOCA-SE OS FUEIROS E PRENDE A MESA,QUE É COMPOSTA DE COSTELAS
CHUMACEIRAS: DUAS PEÇAS FIXADAS NAS CHEDAS, ONDE O EIXO RODA
DUAS RODAS
Grande Valdeir. Obrigado pela dica, mas acho que lá no meu sertão, algumas dessas coisas eram conhecidas com outros nomes.
Dom José Ramos:
Como – sempre!!! – as tuas crônicas fazendo “vir a furo”as nossas saudades mais recônditas, mas tão iguais em conteúdo – somente variando na localização dos fatos e com as personagens (não necessariamente femininas) envolvidas.
A propósito, “personagem” é – sempre – “a persoangem”, a não ser que alguém me prove (du-vi-de-ô-dô!!!) que há uma única palavra portuguesa terminada em “-gem” que use o artigo definido “o”.
Ao contrário do espanho -l em que o nosso final “-gem” é “-je”, e que, então, usa o artigo definido “el” (o nosso “o”).
“Trocando das bolas pro saco”, que coisa mais linda a personificação antológica que tu fizeste do “carro de boi” (aqui para os meus lados é “a carreta”) , quando “ele” saúda a vizinhança, com o ranger do seu eixo, a dizer:
– Diiiiiaaaaa!
Sobre a palavra ““schoffer”, pelo contexto, creio que tu quiseste dizer, em francês, “chauffeur”, que – em português – originou “chofer” (condutor, motorista).
Curiosidade:
Substituindo a tração humana e/ou animal, surgiu a à-vapor(-d’água, ou seja, pelo vapor resultante da água em ebulição.
Portanto, os veículos da época – como tração e/ou condução, tinham que ter uma caldeira aquecida a fogo, como nas “marias-fumaça” do nosso tempo.
Do verbo francês “chauffer” (aquecer) surgiu o substantivo “chauffeur” (aquecedor), pois o condutor, naturalmente, tinha que manter a caldeira aquecida para a produção de vapor d’água – que iria mover a máquina.
Por tradição, apesar da evolução das máquinas e da função, o condutor conservou o nome de “chauffeur”, que – como a França era considerada a fonte da cultura moderna – nós “papagaiamos”, isto é, copiamos, foneticamente, como “chofer”, pois isso era “chic” fazer, na época.
Quanto a tal de “corona vírus”, isto é o “coroa vírus”, pois, preferencialmente, ataca os “véios, já que, biologicamente, temos tudo reduzido, desde o tamanho do “tico” até a imunidade, sem contar que, alguns, têm outros “achaques” da idade.
Porém, como se diz, aqui “pros meus lados”:
“NINGUÉM VIVE SÓ DE AMOR E PASTEL DE BRISA”.
Logo esse absurdo de confinamento geral, inventado ou por ignorância, ou por pretextos eleitoreiros, pois para os políticos – verdadeiras lombrigas que só sobrevivem na merda e sugando o sangue dos outros – é interessante que seestabeleça o caos, para eles surgirem como “salvadores da pátria” e terem a próxima eleição garantida.
Que caos???
Pela falta de dinheiro, gerada pela quebradeira geral – desde o “bolicho” (botequim) da esquina até as grandes empresas, que sem gerar $$$, consequentemente, não poderão pagar os seus empregados (e, por economia destroçada, os demitirão) e os seus fornecedores (a quem acontecerá o mesmo).
Sem falar nos autônomos, desde o vendedor de rua até os pequenos negócios, que são os maiores movimentadores da economia informal.
Sem os “pilas”, como pagar a comida, o aluguel, a luz, a água et caterva?
Outro dístico da minha zona:
‘NINGUÉM DÁ O QUE NÃO TEM”.
Por isso sou a favor do Presidente Bolsonaro quando diz que deve-se fazer um isolamento vertical, ou seja;
Os “veios” que sejam protegidos como ”manda o figurino”, e os demais que voltem ao trabalho, se possível, usando uma simples máscara cirúrgica – que custa entre R$0,50 a R$2,00 (as mais sofisticadas).
Basta ter 2: uma para usar, por dia, que após isso deve ser higienizada ou desinfecionada (com a passagem de um chumaço de algodão embebido em álcool ou uma lavagem de água e sabão – e pendurada ao sol ou ao vento para secar).
Resumindo: uma “nas fuças”; outra higienizada ou desinfeccionada secando (para usar no outro dia).
Assim, neste mútuo não infectar, não ser infectado, tudo pode continuar normalmente, com “nada de novo no castelo dos Abrantes”.
Mas meu amigo, tomara Deus que eu esteja errado.
Se o medo paralisa, no desespero e na fome a irracionalidade espontânea impera.
O brasileiro é muito pacífico, mas o instinto de sobrevivência é o maior e mais poderoso de todos.
Quando começarem a se conscientizar da perda de emprego e de trabalho, com a, consequente, falta de dinheiro, o desespero e a fome (inadiável) vão fazê-los explodir e agir.
E aí, basta um “incendiário” de plantão – para servir de “égua-madrinha” – e os seres humanos (agora uma manada irracional”) correrão atrás a obedecer a qualquer um dos seus desmandos.
Volto a repetir:
Tomara DEUS que eu esteja errado, pois se eu não estiver, o caos se instalará, e roubos, furtos e saques de alimentos e, até, de medicamentos, acontecerá, com violência ou não.
E a extrema imprensa e os demagogos, para se vingarem da perda de suas “tetas” e “mutretas”, já estão agindo há um bom tempo, espalhando o medo e a desesperança.
Assim o barril de pólvora (da convulsão social) está, cada vez mais, se enchendo, e os rastilhos (do medo, da desesperança, do desespero, do desemprego, da falta de dinheiro e da fome) já estão sendo preparados.
E até as doenças – que matam, há tempos e diariamente, muitíssimo mais que o tal de “coroa vírus”, foram propositalmente, esquecidas.
Não demora muito, qualquer morte – “matada” ou “morrida’ – será por “coroa vírus”.
Será também o vilão no “descabaçamento”, na perda da “pregas do cu”, na prenhez indesejada, no “guapeamento”, na “dor de corno”, na “doidice”, na calvice, na unha encravada, et caterva.
Assim, para qualquer médico ou profissional de saúde não haverá dúvida alguma: trata-se de “coroa vírus” ou uma variante.
Para o farmacêutico bastará uma medicação.
Para o advogado, o cliente agiu sob forte comoção ocasionada pelo “coroa vírus”.
Enfim, qualquer problema de saúde mental ou corporal, ou de morte, ou de atitude, tudo será por influência ou atuação ou conseqüência do onipresente “coroa vírus”.
Resta falar que daqui a 9 meses teremos uma enorme geração “coroa vírus”.
Pois fazer o quê, pondo, obrigatoriamente, um macho e uma fêmea convivendo no mesmo espaço, sem novela, nem futebol, sem o bar da esquina aberto, sem os/as amigos/amigas para conversar e se distrair???
É dê-lhe “fuque-fuque”, “nheco-nheco” e “varifum”, até, se possível, enjoar.
E, quando o dezembro chegar, o presente de Natal será um chorinho novo, no pedaço.
Quero ver a criatividade brasileira no nomear essa multidão de recém-nascidos, das medidas absurdas contra o “coroa vírus”, do tipo:
“Gélson”, “Alcossôn”, “Alcogélson”, “Viruslei”, “Viruslene”, “Virusgel”, “Viruzeca”, “Coronário”, “Gripino”, “Epidêmio”, “Epidemina”, “Pandêmio”, “Pandemina”, “Confino”, etc..
E tenho dito!!!
Um baita abraço,
Desde o Alegrete – RS,
Adail.
AAA: muito bom teu comentário desde os pampas. Agradecido e volte sempre, antes mesmo de sorver a boa erva, chê!