A todos chamo Chico,
os santinhos do meu altar.
Está sempre ao lado de um bichinho:
cachorro, gato ou carneiro.
Em seu terreiro,
um passarinho, sempre
(acho que ele gostava de música) …
Assim são meus Santos.
Uns de barro, ou de madeira,
até de papel machê,
alguns pintados, na parede pendurados,
e outros mais nem sei do quê …
Mas todos meio carecas
e de roupa marrom que,
não sei a razão, atrai o canto dos pássaros
(acho que ele gostava de música, sim!) …
Tem uns que dormem, preguiçosos.
outros, de seus ofícios ciosos,
mas nunca sós,
cuidando dos bichos e de nós …
Dizem que viveu em Assis. Sei lá!
Não me importa de onde veio,
Se da Italia, ou de Canindé,
Nos cafundós do Ceará.
Basta-me sua proteção,
tê-lo aqui junto de mim.
Qualquer que seja seu canto
será meu Francisco santo …
São todos Xicos, como eu …
É o Santo que me acode
Quando a vida ‘dá um bode’ …
(A propósito, nenhum tenho ao lado de um bode.
Acho que ele gostava mais
do cantar dos Passarinhos que do berrar dos bodes.
Não fosse o meu Santo tão Santo
ia pensar que ele é preconceituoso).
Lembrei de outro Santo. E de Fernando Menezes que viu, na terrinha, um muro pichado que fazia alusão a uma disputa entre Santo António e António Salazar. Dizia assim:
Lisboa cidade bela
Que dois Antónios disputa
Um deles é filho da fé
Ou outro… não é.
Meu Doutor, eu diria:
Um é da clã dos Buarque
Canto que sempre escuto
Outro, vindo de Assis
Ser por demais impoluto
Tem o Mendes, seringueiro
Corajoso, verdadeiro,
Valente por ser matuto …
Brennand, grande artista
Fazendo arte com as mãos
Anysio, de Maranguape
Alegrando os irmãos
Sem falar do Papa Chico
Bem distante do fuxico,
Amigo dos sins e dos nãos …
Por fim, tem o Xavier
Digo sem correr risco
Todos tão grandes, enormes
Gente maior, nao arrisco
E embora sem ser gigante
No meio, e meio pedante
Só por ser um Francisco …
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz…”.
Francisco de Assis, assim como o João que pregava no deserto (sou João e Francisco) deixou uma mensagem de que a vida deve ser simples e que devemos buscar Deus através dos pequeninos, que terão a justiça de Deus.
Uma boa semana a todos, semana que se inicia com esperança.
Esse nosso Xico ( Bizerra ) tem tudo para ser Santo. Ou não?
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Parabéns pela bela postagem, prezado poeta Xico Bizerra!
Tenho veneração pelo nome Francisco, nome do meu pai, que já não se encontra entre nós.
Na minha infância, gostava de uma cantiga de roda, que dizia:
“Pai Francisco entrou na roda…Tocando seu violão…”
E num circo que armava perto da nossa casa, em Nova-Cruz, havia um violeiro que cantava:
“Meu São Francisco de Canindé,
És poderoso, lhe tenho muita fé…
Fiz uma promessa e vou lhe pagar,
Lá na matriz do Ceará
Sou cearense e moro pertinho,
Da sua cidade, onde vivo sozinho…
À vida inteira, um sofredor,
É São Francisco meu defensor…
É milagroso aquele santinho…
O mundo inteirinho,
Lhe tem admiração,
De coração, eu amo e tenho fé,
São Francisco das Chagas de Canindé…”
Um abraço, extensivo a Dulce!
O ‘Pai Francisco entrou na roda’ … inda hoje canto pros netos, Violante tenho até o boneco…
Que beleza, poeta Xico Bizerra! Parabéns!