CAPÍTULO XV
Depois de ter tido uma segunda noite inesquecível com Maria Bago Mole, a dona do famoso cabaré homônimo, Seu Bitônio Coelho, o fazendeiro mais durão e temido da Zona da Mata de Carpina (PE), retorna à fazenda, não mais contrariado por ter acordado fora do horário habitual.
Chegando à fazenda por volta das onze horas da manhã, encontra todos os empregados apreensivos e preocupados no pátio da casa grande, pensando haver lhe acontecido alguma coisa grave, mas quando pressente o patrão sorridente e amável apear o cavalo e mandar um dos capangas retirar a sela, quedam-se e esperam a ordem do homem, que calado estava, calado ficou, não informando nada sobre o acontecido, limitando-se apenas a ordenar aos subordinados as tarefas do dia. “Paulo faça aquilo. Pedro aquilo outro. João, recolha o gado e bote ração para aqueles”…etc. etc. e tal.
Depois de dar as ordens aos empregados, Seu Bitônio Coelho entra no casarão, abre as janelas e se dirige até as governantas na cozinha, dar-lhes um bom dia inesperado, retorna à sala, e começa a pensar em Maria Bago Mole, da noite inesquecível que tivera com ela, dos prazeres que ela lhe proporcionou e, além de sentir que estava apaixonado, começou a ter ciúmes dela, imaginando-a naquele cabaré cheio de homens doidos para comê-la! O que fazer para tirá-la dali se ela não quer? Se ali é o seu universo particular e de trabalho?
Foi nesse momento que aquele homem durão, acostumado lidar com vacas, cavalos brabos e capangas rudes, sentiu estar dominado por um sentimento jamais vivido em toda sua vida. Maria Bago Mole havia lhe domado o coração!
Da segunda para o sábado Seu Bitônio Coelho ficou absolutamente inquieto, sonhou com Maria Bago Mole todas as noites sempre nos braços de outros homens e acordava durante a noite todo suado, com o ciúme lhe dominando e sufocando o peito ao ponto de ele ficar irreconhecível!
Ansioso e só pensando em Maria Bago Mole, no sábado logo cedo manda seu capanga Simeão Pau Preto pôr a sela no cavalo branco, vestiu sua calça e camisa de linho branco e se mandou para o Cabaré para se encontrar com a dona do seu coração!
Em lá chegando, veio-lhe uma tempestade de ciúmes por causa dos homens que cercava sua Amada que, quando o avistou, largou todos os afazeres administrativos do cabaré e saiu correndo na direção dos braços do seu homem:
– Oi amor! Estava com muitas saudades! Você não imagina a eternidade que foram esses dias sem você! E aplicou-lhe um beijo bem demorado! Pegou-lhe pelas mãos, tirou-lhe a sela do cavalo e o chamou para ficar com ela no aposento do cabaré, local onde tivera sua primeira noite nupcial.
Se ele estava doido de paixão, mais apaixonado ficou com todo o carinho, atenção e dedicação dispensado por Maria Bago Mole, que lhe sabia dar o que ele nunca tivera na vida: amor, prazer, liberdade e sonhar!
Naquele sábado ficou com Maria Bago Mole novamente, e mais uma vez quando se levantaram já passava das dez horas do dia! Curiosamente o homem durão que ficou contrariado da primeira vez, se levantou relaxado, de bem consigo mesmo e deu um beijou na amada demoradamente. Foi até o sanitário do cabaré, tomou um banho de cuia, enxugou-se e voltou ao aposento onde Maria Bago Mole o esperava nua de bunda para cima!
Depois de dar uma demorada e prazerosa furufunfada, ambos se levantaram, trocaram de roupa e ela o levou carinhosamente até onde estava o cavalo apeado, guardando o segredo de que lhe parecia estar prenha, e ele também deixando para outra oportunidade que iria pedir-lhe que abandonasse o cabaré para ficar com ele definitivamente…
Muito bom texto, seu Cícero. Curioso pra saber se Maria Bago Molinho realmente está a caminho e se a prenhez, se for o caso, será suficiente para fazer a empresária priquitorial abandonar seu empreendimento para viver com o Coronel. Como sempre torço pela vitória do amor, espero que isso aconteça.