Quando o poeta Castro Alves – o mais belo espetáculo de juventude e de gênio que os céus da América presenciaram, no testemunho de Jorge Amado – escreveu A Cruz da Estrada, em 1865, no Recife, ele buscava reverenciar um escravo morto pela estupidez humana de então, encarecendo aos passantes que deixassem a marca da sepultura em paz dormir na solidão. Sua poesia bem que poderia, hoje, ser uma excelente bússola para os profissionais de todas as idades e especialidades. Que, atônitos, ainda não perceberam a chegada de um século fascinante e cruel, a definição sendo de Henrique Iglesias, ex-presidente do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. E que ainda não prestaram a devida atenção para mandamentos que necessitam ser apreendidos pelos que desejam preservar sua trabalhabilidade por longo tempo, mormente pela velocíssima emersão da IA – Inteligência Artificial. Ei-los, abaixo, para os desatentos do pedaço:
a. Nunca critique à toa, sempre busque colaborar – Toda colaboração resulta na ampliação da profissionalidade do colaborador, posto que quem ajuda também aprende, inúmeras vezes apreendendo mais que o próprio lado beneficiado.
b. Nunca se omita, sempre participe – Não se solidarize com as posturas dos três macaquinhos chineses, percebendo analiticamente a parábola dos talentos (Mt 25,15-30), transmitida pelo Homão da Galileia, uma personalidade cada vez mais analisada por estudiosos dos mais diferenciados ramos científicos. Uma parábola que tem uma descomunal força reestruturadora sob o viés empreenedorista, advinda de uma mente infinitamente sábia.
c. Mantenha suas relações no melhor nível possível – Nunca feche definitivamente uma porta, nem jamais apregoe “desta água não beberei”, pois o amanhã pode nos reservar surpresas nunca dantes imaginadas. Cervantes já dizia, pela boca do Dom Quixote, que quem perde sua coragem, perde tudo. Acautele-se contra os azedumes, distanciando-se dos sem humor, que contaminam sempre com muita facilidade. Mantenha-se sempre vivo, situado e datado, como recomendava o notável educador pernambucano Paulo Freire, hoje Patrono da Educação do Brasil.
d. Resolva os seus problemas e os do seu derredor com serenidade comportamental – Cuidado com os PL’s (porras-loucas) e os PT’s (picas tontas), que oferecem soluções doidivanas, que terminam por asfixiar tudo e todos, nada resolvendo.
e. Nunca haja como PC (piolho-de-cu). Afaste-se sempre dos que enxergam defeitos mil em tudo. Busque ser moralizador, jamais moralista, nunca esquecendo o que proclamava Dom Hélder Câmara, o sempre amado e jamais esquecido ex-arcebispo de Olinda e Recife: Até um relógio parado tem razão duas vezes ao dia.
f. Nunca abandone seu barco – Amplie culturalmente sua consciência, preservando sempre a sua individualidade crítica, sem jamais descambar para os individualismos pernósticos, frequentemente autofágicos.
E, sempre, caminhando, cantando e louvando o Eterno, saiba fazer a hora, nunca esperando acontecer.