FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

O meu maior desejo atual, de nordestino brasileiro caminhante e sempre desejando alcançar um nível mais elevado de pensação, é o de ver, em todas as capitais nordestinas, uma Feira Anual de Livros, favorecendo uma ampla elevação crítico-cultural de todas as nossas comunidades, independentemente de crenças religiosas e partidos políticos. Para elas seriam oferecidos livros para todas as idades e escolaridades, etnias e regiões, favorecendo sempre gregos e troianos ainda não ruminantes.

Aproveitando este canto do Jornal da Besta Fubana, uma iniciativa sementeira, de excelente nível desabilolante, do amigo escritor Luiz Berto, autor do premiado O Romance da Besta Fubana, de muitas consagradas edições, indicaria aos estimados leitores algumas leituras que favoreceriam todos aqueles que buscam ser brasileiros mais conscientes das suas responsabilidades pessoais, familiares e comunitárias. A ordem dos livros não tem qualquer relevância, apenas exigindo dos leitores um grau médio de escolaridade e muita garra meditativa e rabiscativa. São apenas cinco indicações, para todos os gostos e balizamentos mentais. Ei-las:

a. ALÉM DA ORDEM: MAIS 12 REGRAS PARA A VIDA, Jordan B. Peterson, Rio de Janeiro, Alta Books, 2021,412 p. O autor, considerado pelo New York Times como “o mais influente intelectual público no mundo ocidental da atualidade”, trabalhou durante muitos anos como psicólogo clínico, também tendo sido docente aplaudido das Universidades de Harvard e Toronto. Tem um estilo bastante objetivo para jovens, atuando sempre como vacina ótima no combate às cretinizações contemporâneas das redes sociais e dos ambientes comunitários de todos os níveis.

b. TER OU SER: UMA INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO HUMANISTA, Erich Fromm, São Paulo, Planeta do Brasil, 2024, 256 p. Páginas escritas há décadas pelo famoso filósofo e sociólogo (1900-1980), de plena utilidade ainda diante da necessidade de uma radical mudança qualitativa dos níveis éticos comportamentais contemporâneos, principalmente após o acelerado desenvolvimento tecnológico das últimos três decênios, quando os que mais possuem materialmente são os possuidores de gigantescos níveis de alienação, somente contemplando os próprios umbigos, numa caminhada radicalmente autodestrutiva.

c. A SOCIEDADE PERFEITA: AS ORIGENS DA DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL, João Fragoso, São Paulo, Editora Contexto, 2024, 352 p. O autor, docente titular por concurso da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresenta um panorama bastante diferenciado daquele que analisa o capitalismo comercial atuando em terras brasileiras, explicitando a origem das desigualdades na sobrevivência das relações feudais do mundo ibérico.

4. A AVENTURA DO PENSAMENTO: UM PASSEIO PELA HISTÓRIA DA FILOSOFIA E PELOS GRANDES NOMES DOPENSAMENTO OCIDENTAL, Fernando Savater, Porto Alegre, L&PM, 2015, 344 p. O autor é um dos pensadores mais conhecidos da atualidade, espanhol nascido em 1947, aclamado pelos seus esforços em tirar a Filosofia dos pedestais que a colocaram, tornando-a um meio saudável de despertamento mental de uma consciência crítica indispensável na atual pós-modernidade. Segundo Savater, Filosofia não deveria ser uma disciplina, mas o instrumento ideal para uma nova binoculização civilizatória, potencializando amanhãs mais regionalmente solidários.

5. ESCRAVIDÃO: DO PRIMEIRO LEILÃO DE AFRICANOS EM PORTUGAL ATÉ A LEI ÁUREA: VERSÃO DA TRILOGIA CONDENSADA E ADAPTADA AO PÚBLICO JOVEM, Laurentino Gomes, Rio de Janeiro, Globo Livros, 2023, 320 p. Uma leitura familiar indispensável para quem deseja identificar os ainda persistentes níveis escravistas de milhões de irmãos afro-brasileiros.

Os livros acima são simples sugestões para o início de PDs – Procedimentos Desalienantes, ensejando uma Cidadania Brasileira mais consistente para enfrentar os atuais sectarismos imbecilizantes, os hipnóticos fundamentalismos religiosos, os hipócritas populistas, os influencers e os idioters, ambos amplamente interrelacionados sobrevivencialmente. Leituras úteis para todos aqueles que buscam ser, cotidianamente, uma metamorfose ambulante, capazes plenos de fazer a hora sem esperar acontecer.

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