PROPAGANDA À MODA ANTIGA
Na cidade de Pau dos Ferros, RN, há um alto-falante montado sobre uma bicicleta que, rua acima rua abaixo, faz ressoar, de modo audível, a propaganda de uma farmácia denominada Menino Jesus. A propaganda anuncia, a preços módicos, a existência de medicamentos contra doenças diversas. Os nomes dessas doenças são enunciados sob os ditames do arcaísmo, a bem dizer, gritados os nomes arcaicos, sob o imperativo do vernaculismo regional.
Vejamos: antojo, espinhela caída, dor nos quartos, dor de viado, moleira mole, quebranto, frieira, cobrelo, lombriga, pereba, curuba, gastura, sovaqueira, impingem, piloura, pano branco, sânie, bicheira, bicho-de-pé, fastio, bucho quebrado, dente queiro, corpo reimoso, micuim, sete-couros, difruço, papeira, tísica, esporão-de-galo, íngua, solitária, estalecido, boqueira, calombo, resguardo entupido, menino preguiçoso, tosse de cachorro, pé desmentido, e por aí além.
A opção de enunciar os títulos arcaicos das enfermidades pode até não incrementar o faturamento da farmácia, mas, é preciso convir, revela uma maneira assaz industriosa, e evidentemente bem-humorada, de chamar a atenção da clientela para o estabelecimento, cujo nome, aliás, inspira a ideia de santidade e confiança. Cada qual engenha como acha que deve engenhar.