PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: – “Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria”…
E, pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A Lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos…
E os arcanjos dirão no azul, ao vê-la,
Pensando em mim: – “Por que não vieram juntos?”.

Alphonsus de Guimaraens, Ouro Preto-MG (1870-1921)

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