ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Esta segunda semana, depois que sai da preguiça dengosa, cai na quarentena provocada pelo “coronga” vírus, que é mais uma ferramenta política do que propriamente um alarme generalizado, haja vista ele ser menos letal que “espinhela caída”, ou “leiteira virada”, como diziam os antigos. E, para passar o tempo eu me divido entre fazer os serviços da casa – solteirice é bom, mas tem horas pesa -, ler alguns livros, ver poucos e raros filmes antigos. Estava recentemente assistindo aos faroestes do Sergio Leone. Tanto pela narrativa, pela fotografia, como pela trilha sonora do genial Enio Morricone. E nas horas vagas fico catando carrapato da carcunda dos meus cachorros.

Mas isso são elucubrações para eu poder retomar um texto de duas semanas atrás quando falei sobre o fascismo e seu adjetivo, fascista, tão na moda que está mais parecendo pereba em moleque do que conceito político e ideológico. Mas não quero me ater sobre o fascismo do século XX que, como disse é irmão bastardo do socialismo científico de origem marxista, que mata na mesma proporção. Quero voltar ao assunto do “fascio”, no seu conceito histórico.

As legiões romanas, quando iam à guerra, ou iam impor a sua “pax romana”, ou A Paz de Roma, sempre levava em suas legiões estandartes com as letras SQPR – Senatus Populosque Romanum – ou, em uma tradução livre, O Senado e o Povo Romano. Mas o que quero que se note, e uma busca rápida pelo Google imagem demonstra isso, é que esse estandarte ia com uma águia de asas abertas segurando dois ramos de oliveira e duas setas. Os ramos se entrelaçam na base formando um “fascio”, ou feixe que simbolizavam e ainda simbolizam a coerência de valores, a objetividade única, e unidade.

Apesar de se passar mais de dois mil anos desde a Roma Imperial, esse mesmo símbolo pode ser visto em diversas bandeiras e símbolos de diversos países. Mas, aí o gaiato vai me dizer que estou forçando a barra e fazendo interpretações esdrúxulas. Não. Estou apenas demonstrado como aquela ideologia de unidade, de convergência de valores e objetivos comuns organizou e ajudou a construir as nações modernas e permanecem no imaginário coletivo das pessoas.

Note-se o chamado Grande Selo Americano: é formado por uma águia segurando no bico uma faixa com a inscrição E pluribus unus, ou seja, “De Muitos, Um’. Na garra direita segura um ramo de oliveira com 13 folhas e 13 azeitonas (olha o sentido de unidade, de fascio), e na garra esquerda 13 flechas. A interpretação mais aceita é que o ramo de oliveira com 13 folhas e 13 azeitonas, ou olivas significam as 13 colônias originais, e a águia olhar para a oliveira e não para as flechas indicam que o país prefere a paz e não a guerra, mas que, se for precisa, ela vai para a guerra. No entanto, a interpretação subjacente é que, tanto a oliveira, as olivas e as flechas remetem para um mesmo pensamento: unidade, feixe de objetivos comuns que se pode atingir pela paz, mas se for preciso será assegurado pela guerra. O dístico em latim é a quintessência dessa versão. Nada mais condensa a ideia de unidade “fascio”, do que isso.

Mas essa visão se tem também no Brasão da República do Brasil. Um ramo de oliveira que se une em um feixe na base, com um ramo de tabaco ancorado em uma espada sobre uma estrela de 21 pontas com uma faixa com a data de proclamação da república. Se no texto anterior eu falei sobre a essência fascista da Carta brasileira, o Brasão Nacional não poderia deixar mais óbvio o conceito de feixe. Porém, tal qual o símbolo americano, ele remete á ideia de unidade, de concerto de objetivos, de unidade de valor.

E tem mais. A mesma ideia de “fascio” pode ser observada na bandeira mexicana, na bandeira boliviana, na do Equador, da Venezuela, entre outros países. Mas, note-se, nenhum desses países adotou o fascismo como metodologia política. Mesmo porque a criação desses símbolos é anterior ao fascismo ideológico do século XX que nasceu com o mesmo erro hereditário do socialismo: acreditar que para se chegar a uma sociedade igualitária deve-se eliminar aqueles que não concordam com suas taras morais.

O “fascismo” histórico não deixa de ter sua essência baseada na força. Isso ocorre porque, via de regra, ele tendia a condensar e cristalizar a vontade de um povo em um sistema organizado e com desejo de perpetuidade, daí ele estar sempre associado ao ramo da oliveira (paz), quanto à espada, ou flechas (guerra). Nesse sentido, ele busca uma relação de equilíbrio e serenidade entre essas duas dimensões. O fascismo do século XX, por sua vez, ao ser parido pelas mentes doentias que pariram o socialismo esqueceram-lhe de batizar com água benta e sal, e o batizaram com sangue e chicote, tal qual o seu irmão bastardo, o socialismo.

Então, quando eu vejo os canhotinhas de Iphone e os liberais de beira de praia chamando um, ou outro de fascista, eu fico pensando que marca de orégano esse povo anda fumando, pois falam daquilo que não sabem, e até daquilo que sabem eles pervertem o sentido. Enquanto essa dúvida não se evapora de minhas ideias, vou aproveitar a quarentena forçada e continuar catando carrapato da carcunda de meus cachorros.

2 pensou em “FASCISMO 2

  1. Muito bom, Roque. Uma aula. Você conclui falando sobre o orégano que o pessoal da esquerda está fumando. Eu acho que misturaram com esterco. É incrível como sai sandices dessas mentes. Na minha opinião estão usando apenas um lado do cérebro.

    • Meu caro Maurício.

      Como sempre um gentleman. Essas bobagens que escrevo é só para para passar o tempo e “não morrer de silêncio” como diz um grande poeta paraibano, Políbio Alves, que se tornou objeto da minha pesquisa de doutoramento no Campus de Três Lagoas da UFMS, onde estudo. Mas tenho algo a discordar de você. Nenhum dos dois lados está usando parte nenhuma do cérebro. Acredito eu que estão usando a parte final do intestino grosso para poderem pensar e agir conforme essa parte dita a eles.

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