Essa que eu hei de amar perdidamente um dia,
será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.
E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela…
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz… Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste…
E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”
Lindo soneto, poeta!!
Todos os versos são legítimos Alexandrinos. Doze sílabas poéticas, sim, mas não quaisquer dodecassílabos. Guilherme de Almeida possuía grande habilidade e tinha plena consciência de que para serem versos alexandrinos, invariavelmente, precisa-se de uma sexta sílaba poética obrigatoriamente tônica a marcar o final do primeiro hemistíquio.
Grande abraço!